Em 03/04/2017 o Respeitável Irmão
José Luiz Horner Silveira, Loja Renovação, 3.387, REAA, GOB-SC, Oriente de
Florianópolis, Estado de Santa Catarina, solicita o seguinte esclarecimento.
REAA - FERRAMENTAS DO APRENDIZ
Mais uma vez recorro à sapiência do
nobre Irmão.
Eis minha dúvida:
É correto dizer que as ferramentas do
Grau de Aprendiz maçom no GOB são a régua de 24 pol, o maço e o cinzel?
Ou apenas o maço e o cinzel, já que a
régua não está representada em nosso painel.
CONSIDERAÇÕES.
Esse tem sido um
equívoco adquirido pela não observação das particularidades dos Ritos e
Trabalhos das duas principais vertentes maçônicas.
Não é uma questão
de “Aprendiz maçom do GOB”, mas
deveria ser genuinamente a do Aprendiz Maçom do REAA. Infelizmente no Brasil
muitos rituais enxertados com costumes de outros ritos foram editados e
aprovados o que acabou por nos trazer dúvidas como a aqui tratada.
Verdadeiramente no
escocesismo simbólico o Primeiro Grau detém como ferramentas de trabalho apenas
o Maço e o Cinzel, enquanto que a Régua de 24 Polegadas é um dos instrumentos
do Companheiro Maçom. Isso pode ser facilmente observado nas alegorias
originais francesas do Aprendiz e do Companheiro usadas no REAA, onde
sinteticamente se vê o Aprendiz desbastando a Pedra Bruta e nela aplicando no
ofício o Maço e o Cinzel, enquanto que na alegoria do Segundo Grau é
perfeitamente visível a Régua como uma das ferramentas trazidas pelo
Companheiro para aplicar na Pedra Cúbica. Isso não acontece por acaso, pois as
alegorias representam as etapas (idades) de aperfeiçoamento e os métodos
aplicados (pelas ferramentas) para se chegar ao resultado apropriado de acordo
com a doutrina do Rito.
Do mesmo modo, há
que se observar o conteúdo dos respectivos Painéis do Grau do Rito, a despeito
de que eles não estejam ainda deturpados. Visualizando cada Painel, no do
Aprendiz não aparece a Régua, já no de Companheiro, ela se faz presente. Isso
acontece porque o conjunto dos símbolos contidos nos Painéis significa a Loja aberta
de acordo com o Grau, portanto o conjunto alegórico é disposto de tal modo que
lembrem as práticas ritualísticas executadas nos trabalhos litúrgicos,
principalmente naqueles que acontecem durante as cerimônias de Iniciação e de
Elevação.
Dadas essas
explicações e para melhor esclarecimento da dúvida apresentada na questão que
envolve o uso da Régua no Primeiro Grau em alguns rituais escoceses, primeiro cabe
lembrar que o Rito Escocês Antigo e Aceito, apesar do vocábulo titular
“escocês”, é um rito originário da França.
Dito isso, o uso da
Régua Graduada é comum no Grau de Aprendiz, mas na vertente inglesa de
Maçonaria, ou seja, no Craft inglês e não no escocesismo simbólico que é de
vertente francesa. Além do que, não há como esquecer que os costumes litúrgicos
maçônicos, embora com o mesmo objetivo, muitas vezes se diferem entre os seus
ritos e rituais, sobretudo quando observadas às suas origens e as suas
estruturas doutrinárias.
Desafortunadamente,
sobretudo na Maçonaria brasileira, essa mania desenfreada das Obediências em
editar exponencialmente rituais, muitas práticas e costumes próprios de alguns
ritos acabaram sendo enxertados em outros, sobretudo por obra da desatenção e
pelo próprio desconhecimento de causa dos seus artífices.
Provavelmente no
Brasil, o equívoco específico relativo à Régua no Primeiro Grau do REAA ocorreu
- bem como outras não menos importantes - no início do segundo quartel do
século passado por razões históricas que envolveram uma Obediência e o seu reconhecimento,
mas esse é fato que não merece aqui ser comentado. Naquela oportunidade muitas
práticas do Craft norte-americano, que por sua vez é originário do inglês,
acabariam por aqui aportando incorretamente no escocesismo.
Concluindo, independente
de ritual dessa ou daquela Obediência, em se tratando do escocesismo original,
a Régua de 24 Polegadas não é instrumento do Aprendiz, senão do Companheiro.
Ritual do escocesismo que porventura exarar ao contrário estará nocivamente o misturando
com práticas de outros ritos, o que pode tornar contraditório ou dúbio o
sentido da sua interpretação.
T.F.A.
PEDRO JUK
MAIO/2017
Informações valiosas, sendo indispensável o seu compartilhamento!
ResponderExcluirEssa é a minha intenção ao publicar no meu /blog.
ResponderExcluir