terça-feira, 18 de julho de 2017

LIVRO DA LEI - ABERTURA E JURAMENTO

Em 01/06/2017 o Respeitável Irmão Julio Cesar Bomfim, Loja 22 de Abril, 152, sem mencionar o nome do Rito, Grande Oriente Paulista (COMAB), Oriente de Alumínio, Estado de São Paulo, através do meu Blog http://pedro-juk.blogspor.com.br solicita o seguinte esclarecimento.

LIVRO DA LEI - ABERTURA E JURAMENTO


Tenho uma duvida, se a Maçonaria não tem religião, por que na abertura dos trabalhos sempre é feita a leitura de um trecho da Bíblia? Por que não lemos um trecho do Alcorão ou da Torá?

CONSIDERAÇÕES.

Não é o caso da Maçonaria não ter religião, o caso é que ela não é uma religião, todavia não proíbe os maçons que eles sejam adeptos da sua própria religião, desde que cada um a cultue nos seus próprios templos, não usando os recintos das Lojas maçônicas para nelas professar sectarismos religiosos.
A priori as coisas precisam ser mais bem analisadas. São dois pontos de vista que precisam ser levados em consideração. Veja: Existe o juramento (obrigação) sobre o Livro da Lei prestado pelo candidato na ocasião da sua Iniciação, Elevação ou Exaltação, e existe a liturgia de abertura da Loja que obrigatoriamente é feita na presença das Três Grandes Luzes Emblemáticas, ou Luzes Maiores da Maçonaria (é um Landmark imemorial, espontâneo e universalmente aceito da Ordem).
No primeiro caso, a Moderna Maçonaria consuetudinariamente orienta, na maioria dos seus Ritos e Trabalhos, que cada candidato tenha o direito de prestar a sua obrigação sobre o Livro que simboliza a religião pela qual nele ele professa a sua fé. Assim, dependendo da ocasião na Sessão Magna, junto da Bíblia no ato do juramento pode ser colocado outro Livro que oriente a fé do protagonista - o que pode ser o Corão para os muçulmanos, a Torá para os judeus, etc.
Entretanto observe-se a seguinte regra: se o candidato tiver que prestar obrigação sobre outro Livro que não seja a Bíblia, mesmo assim ela deverá permanecer disposta sobre o Altar com o Esquadro e o Compasso na forma de costume – de modo algum ela deve ser removida ou substituída. Nesse caso, o outro Livro ficará arrumado de tal modo que não interfira no conjunto emblemático primário (Bíblia, Compasso e Esquadro).
Sendo prestada a obrigação e constituída a consagração (depende do Rito), respeitosamente o segundo Livro pode ser retirado, permanecendo apenas o conjunto emblemático original.
A tradição da Bíblia como Luz Emblemática é reminiscente de épocas primitivas da Ordem, já que a Maçonaria Operativa floresceu no período medieval sob a égide da Igreja Católica – isso é parte da história da Sublime Instituição.
Assim, na Moderna Maçonaria geralmente ela tem sido conservada como o Livro da Lei Moral, porém sem nenhuma afirmativa de que se possa considerar como adoção de uma religião.
Em Maçonaria o Livro da Lei não tem o sentido de pregação religiosa, mas sim representar um código de moral e ética pelo qual o candidato se submete a cumprir. Nesse sentido outros Livros, além da Bíblia podem, junto com ela, possuir o mesmo significado se a ocasião exigir. Em síntese, usar também o Livro onde o candidato professa a sua fé para que ele preste sobre ele o seu juramento.
De modo prático, é oportuno mencionar que havendo necessidade de se usar de outro Livro que não seja a Bíblia para os préstimos da obrigação (juramento) em uma sessão maçônica, a Loja deve preventivamente estar preparada para essa ocasião, evitando atropelos de última hora, inclusive comunicando antecipadamente o candidato dessa possibilidade.
Segundo caso. Quando se tratar apenas da abertura da Loja, situação essa onde nela não existe nenhuma tomada de obrigação (juramento) senão a prática ritualística para a abertura dos trabalhos de acordo com o Rito, apenas permanece sobre o Altar dos Juramentos as Luzes Emblemáticas, ou Luzes maiores previstas no ritual. A liturgia desse procedimento também nada tem a ver com religião.
Além do mais, considere-se que a abertura da Loja se desenvolve conforme o rito praticado e nesse caso alguns dos procedimentos podem se diferenciar. Existem ritos que preveem a leitura de um trecho do Livro da Lei, no caso a Bíblia, outros que apenas predizem a abertura do Livro expondo-o sobre o Altar e outros ainda que só preconizem a sua presença sobre o Altar sem que o mesmo nem seja aberto.
A despeito disso, nas ocasiões de abertura dos trabalhos da Loja, independente da crença dos seus adeptos, não se prevê a presença de outro, ou de outros Livros da Lei além do previsto, até porque mesmo naqueles ritos que seguem alguma leitura, os trechos neles destacados não são tomados como preces, orações ou súplicas religiosas, mas sim como destaques relativos a um conjunto de regras de conduta.
É em face disso que ao termino dessas leituras não é nem mesmo apropriada à repetição do termo “assim seja” (amém), senão o de se fazer um breve silêncio reflexivo. A propósito, Maçonaria não é religião e a presença da Bíblia ou de qualquer outro Livro religioso na sua liturgia não é motivo para se tecer essa afirmativa.
Assim, por todas essas considerações até aqui emitidas que, no primeiro caso é possível, se a ocasião exigir, a colocação de outro Livro da Lei além da Bíblia no ato de uma obrigação (juramento), entretanto, já no segundo caso, para a abertura dos trabalhos da Loja, isso não é necessário, bastando para tal apenas a presença do Livro da Lei previsto no ritual.
Concluindo, essa compreensão somente é possível quando o maçom efetivamente separa as práticas comuns à sua crença religiosa das práticas que constituem a liturgia maçônica – só assim ele compreenderá que Maçonaria não é religião. A Maçonaria propõe aos seus membros que cada um procure conforto espiritual na sua crença, exigindo apenas do maçom a crença em “Deus” como “Arquiteto Criador”, ou “O Grande Arquiteto do Universo”, cujo titulo a “Ele” concebido tem por objetivo conciliar todos os homens no seio da Loja.


T.F.A.

PEDRO JUK



JULHO/2017

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