segunda-feira, 25 de setembro de 2017

CERIMÔNIA DE INSTALAÇÃO INDISCRIMINADAMENTE NA MAÇONARIA BRASILEIRA

Em 02/07/2017 o Respeitável Irmão Fabrício Gentil da Silva, Loja Caridade e Segredo, nº 3, Grande Loja Maçônica da Bahia, REAA, Oriente de Cachoeira, Estado da Bahia, apresenta a seguinte questão:

CERIMÔNIA DE INSTALAÇÃO.


Bom dia Amado Irmão. Como falado anteriormente pelo Face book, peço a vossa sabedoria, luzes na seguinte questão:
Quais razões levaram os ritos maçônicos praticados no Brasil a se inspirarem (ou em alguns casos, copiarem) a Cerimônia de Instalação do Rito de York?
Já vi coisas escabrosas, tais como um Grão-Mestre presidir, uma Cerimônia de Instalação de um Venerável de uma Loja no Rito Schröder (Rito em que esta cerimônia não existe!!!!!).
Sem falar na tal "instalação" de obreiros que atingiram tantos anos de Maçonaria como "prêmio" sem nunca terem sido eleitos para dirigir uma Loja!!
Finalmente, essa obsessão por instalação é uma prática brasileira na Maçonaria?
Fico muito grato pelas respostas, sou um admirador do seu trabalho.

CONSIDERAÇÕES.

Eu já comentei muito sobre essa contradição que assola a Maçonaria brasileira. Na verdade a inclusão da cerimônia de instalação em ritos de vertente latina é, além de contraditória, também um atentado contra os costumes e a liturgia, tal como a do Rito Escocês Antigo e Aceito.
Cerimonial de instalação é original apenas na vertente inglesa de Maçonaria, nunca na francesa.
Aqui no Brasil, por exemplo, o Rito Escocês Antigo e Aceito (rito de origem francesa) sofreu essa inserção indevida já nos meados do século XX dentro de uma Obediência que procurava na época receber reconhecimento da Maçonaria Norte-americana.
Como no Brasil boa parte dos maçons “acha bonito”, mas não sabe para que serve o “bonito”, o hábito enxertado não tardou a contaminar irrestritamente toda a Maçonaria brasileira, o que vem se seguindo indiscriminadamente até a atualidade.
Não é o caso de entrar no mérito ritualístico e litúrgico da Instalação brasileira, até porque ela, além de ser produto de enxertia, ainda adota rituais inadequados oriundos de cópias mal feitas e até mesmo, em alguns casos, com grosseiras invenções que contaminam inclusive o próprio ritual York praticado por aqui.
Instalação no Grande Oriente do Brasil indiscriminadamente para todos os ritos surgiu a partir do ano de 1968 por influência de Irmãos oriundos das Grandes Lojas Estaduais brasileiras que já a praticavam. Na época o GOB adotou um ritual elaborado e adaptado para os seus ritos, cujo qual já trazia no seu contexto inúmeras práticas contraditórias que seriam introduzidas inclusive em ritos que não possuem cerimonial de instalação na sua história, como foi o caso do REAA\.
Como a boca se entorta conforme o hábito do cachimbo (para não dizer outra coisa), não tardaria para que a Instalação se tornasse uma prática por aqui consuetudinária, ao ponto de alguns nem sequer admitirem o início de uma discussão acadêmica sobre o assunto. Então, o quê fazer? Penso que nada.
Infelizmente, além de produto de enxertia, tem sido difícil esclarecer para boa parcela dos Mestres Instalados brasileiros (já que Instalação acabou sendo real em todos os ritos da Maçonaria Tupiniquim) que esse é apenas um título especial honorífico conforme especifica - no caso do GOB - o Art. 42 do RGF, e não um grau maçônico.
Além disso, equivocadamente tem sido comum muitos acharem que esse “título honorífico” lhes dá o direito de interferir nos trabalhos da sua Loja e, em alguns casos, até de outras Lojas, o que é mesmo lamentável.
Como bem se sabe, não é só no Rito Schröder que Instalação não existe, mas em muitos outros ritos que compõem a Maçonaria. Na verdade essa não é uma prática unânime.
É sabido também que inadequadamente a atual conjuntura faz com que todos os ritos acabem se sujeitando aos regulamentos da Obediência, o que faz com que, especificamente nesse caso, exista uma flagrante interferência sobre a cultura, doutrina e essência dos sistemas ritualísticos que compõem a Maçonaria brasileira.
Em síntese, a contradição é justificada por aprovações ao gosto daqueles que simplesmente “acham” sem antes avaliar adequadamente cada situação. Esses, porém nunca saberão e nem estarão preocupados em explicar o porquê das coisas.
Além desse angu de caroço, ainda existem os que acreditam que tempo de maçonaria está relacionado com a Instalação. Lamentavelmente esses também não sabem que Instalação é ato diretamente relacionado àquele que foi eleito para dirigir uma Loja ou, em alguns casos, àquele eleito para dirigir a Obediência. Ora, tempo de Maçonaria em hipótese alguma dá o direito à Instalação. Nada justifica um absurdo desses.
Carecemos compreender que no Brasil somos filhos espirituais da Maçonaria francesa e que na França, Instalação significa simplesmente a posse na cadeira principal da Loja daquele que foi legalmente eleito para dirigi-la. Cumprido o seu tempo ele será apenas o ex-Venerável. Na França desconhece-se o título de Mestre Instalado.
É verdade, entretanto que no Brasil também se pratica a vertente inglesa e, nesse caso, indubitavelmente nela, mas apenas nela, é legítima a Instalação.
Assim, a cerimônia de Instalação é prática oficial no Craft (inglês) onde o Mestre Instalado é o Venerável e o ex-Venerável é o “Past Master”, ou aquele que já passou pela Instalação. Por extensão um Past Master é um Mestre Instalado.
Muitos ainda precisam compreender que o Rito Escocês Antigo e Aceito, apesar do título “Escocês”, é um rito de origem francesa, portanto nele não existe originalmente Instalação, ou pelo menos não deveria existir.
Penso que se todos assim um dia compreendessem; essa “estória” de Mestre Instalado por aqui passaria a ser contada de outra maneira. Mas por enquanto, mesmo que contraditório, sejamos cumpridores dos nossos regulamentos.


T.F.A.


PEDRO JUK


SET/2017

7 comentários:

  1. Faltam decisão e atitude para a correção desse e tantos outros equívocos!

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  2. O grande problema que enfrentamos são os que fazem rituais. A grande maioria nada mais é do que um copista de anacronismos. Fazerm rituais, viram Lei e nós, escravos desses carimbos e convenções do direito latino somos obrigados a cumprir. Se você questionar esses avatares do invencionismo eles se arrepiam e evocam o que está escrito.
    Enquanto isso, como marionetes nos submetemos às suas vontades.

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    1. Positivo.
      Desde que acompanho teus escritos, sabemos das inúmeras tentativas de reverter esse quadro, ainda que já tenha ocupado funções relacionadas, mas que não tinham a autonomia necessária para tanto. O que é deveras lamentável, pois vosso conhecimento e experiência, aliados ao estudo constante e bom senso, só poderiam resultar em benefício do correto!

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  3. E isso aí Mano. Mas não desanimo da minha luta. Um dia talvez consigamos furar os crânios blindados.

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  4. E há lojas que o conselho de instalados age como os donos da loja...sou instalado, mas sou o patinho feio da "minha" loja por ser talvez o único que não concorda com tal situação entre os instalados. Simplesmente ignoram o que ouviram ao serem exaltados a mestres...

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Conselho de Mestre Instalado é apenas aquele que a Obediência designa para "instalar" um Mestre Maçom eleito para dirigir uma Loja. Cumprida essa missão ele é imediatamente dissolvido. Coselhos montados à revelia por Irmãos que acham que podem interferir na vida da Loja é algo inaceitável. Aos adeptos do absurdo eu digo que Mestre Instalado é apenas um título distintivo e não um grau maçônico. Espero que um absurdo desses não esteja previsto em algum regulamento das nossas Obediências.
      Entendo que muitos acham bonito certos procedimentos, porém sob o ponto de vista autêntico e numa Instituição que investiga a verdade, eu não posso compactuar com procedimentos que, no cerne da razão, não conseguem ser plenamente justificados.
      Não há como generalizar também atitudes de grupos isolados que se acham os reis da cocada preta. Eu, e muitos Irmãos do GOB que conheço, certamente não se enquadram nesses grupelhos de vaidosos (o Irmão sabe do que eu estou falando).
      T.F.A.

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