Em 12/09/2017 o Respeitável Irmão
Leonardo Pimentel (Théodore Henri Du Tschudy), Loja Arautos do Progresso, 30,
Rito Adonhiramita, GOIPE (COMAB), sem mencionar o nome do Oriente, Estado de
Pernambuco, apresenta o que seguem pedindo comentários:
OS PROTOCOLOS DOS SÁBIOS DO SIÃO
Não sei se viste uma publicação de um dos intelectuais que Brasil produziu
o Gustavo Barroso. Trata-se da publicação dos "Protocolos dos Sábios de
Sião". Numa versão que baixei internet dessa tradução por Gustavo Barroso,
tinha sempre notas capitulares de tópicos a serem discorridos, onde sempre
relacionava essa supostas teorias da conspiração com a Franco-maçonaria.
Contando com sua sapientíssima mente meu Amado Irmão peço-te ajuda pela revelar
ou entender o que se faz jus e/ou o que são puras elucubrações.
COMENTÁRIO.
Indubitavelmente o livro que causou mais
estrago e caluniou a Maçonaria foi essa famigerada fraude inventada no início
do século XX, mais precisamente em 1901, pelo anti-semita e membro da polícia
política do Czar, Sergei Aleksandrovick Nilus, cujo imbecil livreto ficou bem
conhecido como os Protocolos dos Sábios do Sião.
Mesmo os mais famosos detratores e
perseguidores da Ordem não conseguiram alcançar o estrago que essa obra
falaciosa causou.
Mesmo as “exposures”
de Samuel Prichard em 1730 intitulada “Masonry
Dissected” e a do Abade Perau em 1744
denominada “L’Ordre des Francs-Maçons Trahi et Leur Secret Révelé”, ou ainda, em 1730, o publicado no Daily Journal de Londres nº 2998, “Mystery of Free-Masonry” e, mesmo as
bulas papais, não conseguiram atingir esse resultado.
Assim também não atingiu esse intento, o
padre Augustinho Barruel com a sua obra antimaçônica “Memórias do Jacobinismo”,
bem como Paul Rosen com seu “Satã Y Cia”
em 1888 e também o embusteiro Léo Taxil, codinome de Gabriel Antonio Jogang
Pagés com suas detrações e invenções de práticas demoníacas falsamente atribuídas
à Ordem a pedido da Igreja, etc.
Já não se pode dizer o mesmo do falacioso livreto
“Os Protocolos dos Sábios do Sião” que se diferenciou de todas as outras
tentativas de caluniar a Maçonaria. Essa praga literária conseguiu se espalhar
pelo mundo feito uma erva daninha.
Como uma epidemia ele serviu de anteparo para
racistas do naipe do monstro nazista Adolf Hitler, do fascista Mussolini e ainda
do ditador espanhol Francisco Franco que, como “Átilas Modernos”, cometeram toda
a sorte de barbarismo contra a humanidade.
Na realidade, essa má fadada obra criada por
Sergei Nilus nasceu de um plágio distorcido que se baseou numa obra filosófica
do advogado francês Maurice Joly intitulado “Diálogos no Inferno entre
Maquiavel e Montesquieu”, também conhecido como “A Política de Maquiavel no
Século XIX”.
O tendencioso Sergei Nilus distorceu o
conteúdo literário de Maurice Joly e o adaptou para as suas necessidades
racistas e preconceituosas fazendo com que o texto parecesse tratar de um
Congresso Sionista supostamente ocorrido na Basiléia em 1897. Segundo o
rocambolesco Nilus, esse Congresso teria se reunido em vinte e quatro sessões,
nas quais os Sábios do Sião, com a conivência da Maçonaria haviam elaborado um
plano para a destruição econômica do mundo – era, segundo o lunático Nilus, um
plano judaico-maçônico de dominação mundial.
O autor tendencioso facilmente envolveu a
Maçonaria na sua trama caluniosa por saber que a liturgia maçônica comumente trata
de lendas bíblicas, passagens e palavras ligadas à civilização hebraica – vide
essa influência, sobretudo no REAA.
Verdadeiramente, o escrito de Nilus nada mais
era do que uma chula adaptação em plágio da descrição satírica da obra de
Maurice Joly que se referia à política de Napoleão III.
Embora servido como excelente material de
apoio para tendenciosos caluniadores e adeptos do racismo que só divulgam
aquilo que lhes é conveniente, essa falcatrua caluniosa, conquanto o estrago já
feito, não tardaria a ser descoberta, o que ocorreu nos dias 16 e 17 de agosto
de 1921 quando toda essa história mentirosa fora desmascarada e publicada pelo
“Times”.
Conforme nos explica o autêntico maçonólogo e
padre espanhol José Antônio Ferrer Benimeli, in tradução publicada na revista A Trolha, nº 17, página 3 de maio
de 1984, a origem dessa fraude seria descoberta quando um correspondente do “Times”, em Constantinopla, havia
encontrado em uma casa de livros, abandonado por um oficial do antigo exército
do Czar e que havia pertencido à
polícia secreta “Okhrana”, um volume
escrito em francês, do qual faltavam as primeiras páginas, da obra de Maurice
Joly - os Diálogos no Inferno entre Maquiavel e Montesquieu.
Ainda, segundo Ferrer Benimeli, o arguto
jornalista inglês correspondente do Times
que havia descoberto o livro, ao lê-lo, logo se deu conta de que ele continha
uma série de passagens estritamente parecidas, senão paralelas, com o texto dos
Protocolos dos Sábios do Sião de Nilus – o correspondente inglês conhecia
perfeitamente o livreto de Nilus, pois o próprio “Times” já o havia também publicado em maio do ano anterior.
Por esse feito, não lhe foi difícil
identificar que o dito livro encontrado se tratava da obra do advogado francês
Maurice Joly intitulada Os Diálogos no Inferno entre Maquiavel e Montesquieu, cuja
qual fora publicada em Bruxelas no ano de 1864 e possuía um total de 337
páginas, além de uma advertência composta por mais três páginas.
No que diz respeito à verdadeira obra de
Maurice Joly, seu conteúdo tratava de dirigir uma eloquente sátira contra a
política de Napoleão III, cujo qual é apresentado na obra como um déspota que
sabe guardar as aparências de um regime liberal. Em nenhuma oportunidade o nome
de Napoleão III é mencionado por Joly. É Maquiavel quem fala por ele e
Montesquieu representa o papel de homem honesto que se escandaliza com o
cinismo do seu interlocutor.
Desse diálogo literário que envolve as
arguições de Maquiavel representadas pela aborrecida política de Napoleão III,
é que Sergei Nilus, o militar pertencente à polícia política do Czar da Rússia,
plagiou e compôs o seu calunioso livreto que tanto mal causou à humanidade - “Os
Protocolos dos Sábios do Sião”.
Assim, acreditar que existiu um Congresso
Sionista na Basiléia em 1897 onde os Sábios do Sião teriam elaborado um plano
de destruição do mundo com a conivência da Maçonaria só se baseando num escrito
que é comprovadamente um fruto de imaginação construído sobre um plágio mal
elaborado e estabelecido sobre uma descrição satírica da política de Napoleão
III que fora publicada em 1864, é verdadeiramente uma estupidez.
A despeito de todos esses comentários, mesmo que
comprovada à fraude já no primeiro quartel do Século XX, provavelmente no
intuito de suprir ideais preconceituosos, muitas edições dos Protocolos dos
Sábios do Sião continuaram a ser publicados pelo mundo, inclusive na atualidade
e bem ao gosto dos partidários do segregacionismo, dos caluniadores e dos preconceituosos.
Hitler, por exemplo, com o seu Mein Kampf e em conjunto com a sua
camarilha de assassinos nazistas exterminou milhares de judeus, maçons e outras
minorias sociais ainda nos meados do Século XX, sabendo-se que muitas das suas atitudes
odiosas e radicais encontraram justificativas nos famigerados Protocolos
construídos pelo imaginário de Sergei Nilus.
Assim também ocorreu com o ditador Francisco Franco
na Espanha ao por em prática a sua política de perseguição e exterminação –
maçons ibéricos foram assassinados aos milhares.
Perscrutando a história, ver-se-á que ainda
outros ditadores do ódio racial também enveredariam para o mesmo caminho tortuoso
da discriminação embasada nas falcatruas caluniosas dos Protocolos dos Sábios
do Sião.
No Brasil, para não fugir à regra, esse maldito
livreto também apareceu, e ainda aparece publicado por grupos que disseminam
ódio e racismo.
Há que se registrar que por aqui esse embuste
literário de Nilus foi muito apreciado pelo fascista Filinto Müller, inimigo da
Maçonaria, chefe da polícia política de Vargas, torturador e personagem
envolvido em várias arbitrariedades que ferem os direitos humanos. Torturador,
esse fascista ganhou notoriedade internacional no atuar no caso da prisão e
deportação para a Alemanha nazista de Olga Benário, executada em Bernburg em
1942.
Quanto ao “intelectual” Gustavo Barroso que é
mencionado na questão acima, acredito que ele, pela sua “intelectualidade”, pelo
menos deveria saber que o famigerado livreto intitulado Os Protocolos dos
Sábios do Sião, de conteúdo calunioso já havia sido comprovadamente desmascarado
desde o ano de 1921. Mas, ao contrário disso, mesmo assim ele se manteve a
favor do embuste, inclusive contribuindo com pareceres da sua lauda e sempre
favoráveis ao texto mentiroso e que aparecem em edição dos Protocolos por aqui
publicada.
Embora alguns autores não o rotulem como
anti-semita, por outro lado não é o que parece quando Gustavo Barroso se coloca
em conivência com esses ideais.
Dadas essas considerações, infelizmente boa
parte dos maçons brasileiros da atualidade se encontra alheia à realidade e
desconhece completamente essa história.
Desafortunadamente, ainda a imensa maioria
das Lojas não instrui e nem relata esses fatos que contribuíram com barbarismos
contra a Sublime Instituição e a perseguição aos nossos Irmãos do passado.
Assim, ao concluir, deixo a orientação que para
melhor conhecimento sobre essa barbárie publicada no início do Século XX e que
ainda se faz presente entre nós, que monte-se uma grade para pesquisa começando
por autores como o padre José Antônio Ferrer Benimeli in Maçonaria e Satanismo, como Francisco de Assis Carvalho in O Avental Maçônico e ainda em outras literaturas
a respeito como as de autoria do padre maçonólogo Valério Alberton, do Irmão Leon
Zéldis, de José Castellani, Alec Mellor, etc.
T.F.A.
PEDRO
JUK
DEZ/2017.
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