quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

QUESTÕES SOBRE MAÇONARIA - RITUAIS, ESPADA, ORIGENS...

Em 17/10/2017 o Respeitável Irmão Juvenal Cordeiro Barbosa, Loja Novo Tempo, 19, REAA, Grande Oriente de Mato Grosso do Sul (COMAB), Oriente de Campo Grande, Estado do Mato Grosso do Sul, apresenta as questões abaixo:

QUESTÕES SOBRE MAÇONARIA – RITUAIS, ESPADA, ORIGENS, ETC.


1.     Os rituais na maçonaria têm por função criar, manter e reavivar estados mentais nos indivíduos, a fim de manter a coesão social?
2.     A ciência oculta foi um dos vetores que deu impulso a criação da maçonaria?
3.     Ouvi "certa feita” que a cadeia de união não é formada por todos os membros da Loja, mas por somente doze maçons e não é formada em circulo, mas um triângulo equilátero, com vértice para o oriente, tem sentido essa informação?
4.     O uso da espada na maçonaria foi herdade de quem?
5.     Fala-se, comenta-se que a Maçonaria nasceu sem ter um autor, pois ela vive por vida própria e existirá enquanto houver homens livres e justos. Procede?
  
CONSIDERAÇÕES

1 - Rituais - autenticamente ritos e rituais foram criados já na Moderna Maçonaria (século XVIII) no sentido de ordenar os trabalhos maçônicos conforme o rito. Disciplinando os trabalhos, por extensão, a ritualística também disciplina o homem. Na realidade a liturgia associa o trabalho operativo das construções do passado ao trabalho especulativo que visa melhorar (aperfeiçoar) o homem. Ao contrário da Maçonaria de Ofício que tinha como matéria prima a pedra calcária, a especulativa substitui simbolicamente a pedra pelo ser humano - consertai o homem e melhorarás o mundo.Reavivar estados mentais me parece não se coadunar muito com o propósito racional da Maçonaria. Quanto à coesão social ela é mais dada ao quadro da Loja na busca do aprimoramento e a construção do ambiente social onde a Loja se situa (no respectivo Oriente).
2 - Ciência oculta - jamais, embora alguns teimem em trazer suas convicções de credo para dentro da Ordem, a verdadeira Maçonaria não atua nessa área. Ocultismo não é de forma alguma matéria maçônica. Como maçons nós devemos respeitar as convicções de cada um, entretanto nada autoriza que essas convicções se constituam em proselitismos dentro nos nossos Templos. Os artefatos e artifícios maçônicos não foram criados para servir às crenças, tanto coletivas como individuais.
3 - Cadeia de União - pura bobagem, esse número de integrantes e demais citações é pura especulação. Existem ritos que tem as suas particularidades, outros que nem adotam a Cadeia de União. No REAA\ a mesma só é formada para a transmissão da Palavra Semestral. Nela, em se tratando do escocesismo, não há orações, preces, pedidos de ajuda e outras coisas do gênero. Existem ritos que receberam enxertos e dramatizam essas ocasiões. Eu prefiro não comentar por entender que isso é contraditório em relação aos autênticos propósitos da Ordem. Diz o verdadeiro preceptor maçônico: “fanatismo e superstição são flagelos da humanidade”.
4 - Espada - como arma ela sempre foi usada para defender os trabalhos maçônicos e são objetos de trabalho dos oficiais que tem por ofício cuidar da porta do Templo. Assim o seu uso nesse sentido é muito antigo. Eu diria desde o período medieval.
Agora outras práticas como abóbadas, pálios, etc., nada mais é do que prática especulativa que se espalhou, principalmente na Maçonaria francesa no século XVIII.
Despida de especulações, verdadeiramente a espada, tirando a sua função como arma, na França ela foi adotada como símbolo de igualdade num período em que só portavam espadas os elementos mais abastados financeiramente - a aristocracia. Nesse sentido, a Maçonaria desconsiderando esse critério, deu a todos os seus membros, independente das suas classes social, o direito de usar a espada, tudo na condição simbólica de exprimir igualdade entre os seus membros.
5 -  Origens da Maçonaria - suas raízes autênticas se deram simplesmente pelo meio do ofício da arte da cantaria e das construções na Idade Média.
A Maçonaria possui aproximadamente oitocentos anos de história, portanto é equivocado se acreditar que ela já existisse na Antiguidade. O que existem são lendas que geralmente tem o desiderato de montar o arcabouço doutrinário da Sublime Instituição. Isso está muito longe de ser considerado fato histórico.
Suas origens autênticas estão nos canteiros medievais do passado, cujos quais eram protegidos naquela época pela Igreja Católica. Cronologicamente nossos ancestrais foram membros das Associações Monásticas, depois das Confrarias Leigas e por fim da Francomaçonaria. Tudo isso era o Ofício Franco.
Por razões históricas e a declínio das Corporações de Ofício, as Lojas Operativas começaram a aceitar elementos estranhos à arte de construir (especulativos). O período de aceitação teve por objetivo dar suporte para manter as Lojas que haviam perdido o prestigio pelo advento do Renascimento e da queda do estilo gótico no norte da Europa. Com isso, tem-se como registro que o primeiro maçom especulativo ingressou na Maçonaria no ano de 1600 da Escócia. Desde aí a Maçonaria construiu vários capítulos da sua história num período de transição e que seria mais tarde transformado definitivamente na Moderna Maçonaria (especulativa por excelência) com o advento da fundação da Premier Grand Lodge em Londres no ano de 1717. Para melhores esclarecimentos sugiro a leitura de um livro da minha autoria denominado Exegese Simbólica para o Aprendiz Maçom, Tomo I – Editora A Trolha.
Assim, um autor ou fundador específico para a Maçonaria realmente não existe, mas o seu embrião adveio da própria necessidade de organização dos construtores medievais. Atualmente como construtora social, é muito provável que enquanto existir o gênero humano ela sempre estará presente.

T.F.A.

PEDRO JUK


JAN/2017

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