Em
12/05/2018 o Irmão Pablo Alejandro, GOB-PR, praticante do REAA, adequando um
espaço para servir de Loja me fez a seguinte consulta:
DEGRAUS EM LOJA DO REAA.
Qual a posição do GOB
quanto ao número de degraus que sobem do Ocidente para o Oriente: um degrau
para o Oriente, três para o sólio, dois para o Primeiro Vigilante e um para o
Segundo, conforme mencionam muitos Irmãos ou é como está no Ritual onde se sobe
ao Oriente por três degraus. O que é correto?
COMENTÁRIO.
Já comentei inúmeras vezes nos meus escritos
que no recinto destinado aos trabalhos de uma Loja simbólica do escocesismo,
topograficamente existem nele “sete” degraus.
O número sete está presente por duas razões:
a primeira como número cabalístico alusivo ao símbolo da criação e a segunda
como referência às Sete Ciências e Artes Liberais da Antiguidade – Gramática,
Retórica, Lógica, Aritmética, Geometria, Música e Astronomia.
Sob o aspecto da criação o número sete remete
genericamente àquilo que a Moderna Maçonaria se propõe a criar nas suas Lojas,
isto é, um novo homem, aprimorado espiritual e socialmente para a construção de
uma sociedade melhor. Desde as mais remotas civilizações o misticismo do número
sete está intimamente ligado à criação e o Criador.
Já sob o aspecto que envolve as Sete Ciências
e Artes Liberais, elas denotam emblematicamente o aperfeiçoamento do obreiro e
a sua aplicação na Obra. Sintetizando, é a jornada iniciática que o maçom
percorre passando pelas três portas por onde ele bateu na sua Iniciação pedindo
passagem. A primeira porta no Segundo Vigilante por onde se sobe por um degrau,
a segunda no Primeiro Vigilante por dois degraus e finalmente no Venerável por
onde se sobe por quatro degraus sendo, um degrau para o Oriente e mais três
para o sólio. Perceba-se que no trajeto completo de ascensão a partir do
Segundo Vigilante até o Venerável Mestre, existem sete degraus, o que, em
primeira análise, significa elevação para o aperfeiçoamento.
Eis aí a razão de existirem sete desníveis
dispostos dessa forma na topografia de uma Loja do REAA\.
Ratificando: um para o piso do Segundo Vigilante, dois para o piso do Primeiro
Vigilante, um do piso do Ocidente para o piso do Oriente e daí, mais três para
o piso onde descansa o sólio. A soma de todos esses degraus por onde passa o
iniciado é igual a sete.
Entretanto, infelizmente não é bem isso que
orientam alguns dos nossos rituais. Desafortunadamente determinados ritualistas
ainda “acham” que os sete degraus aparecem apenas no trajeto ocidente - oriente
- sólio, fazendo então uma analogia equivocada da situação mencionando quatro
degraus para o Oriente e mais três para o sólio, esquecendo, todavia, daqueles
que levam aos lugares dos Vigilantes.
Outros ainda, sem levar nada disso em
consideração, provavelmente por nada compreenderem e adotando a lei do menor
esforço, simplesmente copiam costumes de outros Ritos que genuinamente, por
questões históricas, a exemplo do Rito Moderno ou Francês, adotam quatro degraus
para se subir do Ocidente para o Oriente. É o caso do que acontece atualmente
no escocesismo com os rituais do GOB.
A propósito, que fique bem claro que no Rito
Moderno é correto se subir do Ocidente para o Oriente por quatro degraus, mas
não do Rito Escocês Antigo e Aceito.
Na realidade o que é tradicional no
escocesismo são mesmo os sete degraus, porém como já comentado, somados a
partir do Segundo Vigilante.
A título de ilustração é oportuno mencionar
que historicamente no primeiro ritual simbólico do REAA, datado de 1804 e
elaborado na França, nem mesmo existiam esses degraus, senão apenas os três que
levavam ao Altar ocupado pelo Venerável Mestre. Os sete degraus, contados a
partir do Segundo Vigilante, somente apareceriam mais tarte e na medida em que
paulatinamente ia se construindo o arcabouço doutrinário do Rito – evolução dos
rituais.
Assim, dados a esses comentários é que o
Ritual em vigência do GOB\ está equivocado.
Corretamente ele deveria seguir a regra dos sete degraus somados a partir do
Segundo Vigilante e não prever quatro degraus para se subir do Ocidente para o
Oriente. Nesse sentido, espera-se que em breve o GOB reveja essa orientação e
coloque as coisas nos seus devidos lugares.
No tocante à edificação de novos templos eu
tenho sugerido que esses degraus, conforme especifica o ritual em vigência, não
sejam construídos em definitivo, mas que se constituam por estrados de madeira
revestidos sobre o piso. Assim, quando as coisas voltarem aos seus devidos
lugares, os ajustes construtivos ficam menos traumáticos na construção.
Trocando em miúdos, sugere-se a construção de todo o piso do recinto no mesmo
nível e, de modo provisório, sobre ele erguem-se os degraus com estrados de
madeira revestida, o que certamente facilitará adequações futuras.
Eram essas as orientações.
T.F.A.
PEDRO
JUK
JULHO/2017
Nenhum comentário:
Postar um comentário