Em 17/06/2018 o Respeitável Irmão Zanetti, Loja D. Pedro II, REAA, GOB
PR, Oriente de Guaratuba, Estado do Paraná, solicita esclarecimento para o
seguinte:
A CORDA DE NÓS NO PAINEL
Foi nos questionado por um Aprendiz
com relação ao painel do grau.
Por que a corda de 81 Nós é
representada por sete. Qual o significado de ser sete?
Aguardamos ajuda do querido Irmão,
pois nas consultas que fizemos nos trouxeram mais duvidas pelas diversas
interpretações dadas nos trabalhos.
CONSIDERAÇÕES.
Segue abaixo um trecho do livro de minha autoria Exegese Simbólica para
o Aprendiz Maçom, Editora Maçônica A Trolha, 2007, Londrina – Pr, página 99 e
seguintes. Esse livro, além do seu conteúdo sobre a história da Maçonaria, eu nele
produzi uma boa parte que aborda a simbologia dos Painéis da Loja de Aprendiz
relativos ao REAA e ao Craft Inglês, conhecido como Rito de York.
Nesse sentido vou destacar por grifo a parte onde há referência a
respeito da Corda e o Painel, destacando que na sequência ainda farei mais
alguns comentários a respeito.
A CORDA, OS LAÇOS E AS BORLAS – Nas Lojas escocesas
é encontrada no alto das paredes, próxima ao teto e acima das Colunas
Zodiacais.
Possuindo o número de oitenta e um nós com o nó
central situado sobre o trono e acima do Delta na parede oriental (Retábulo do
Oriente), a partir dele estende-se em ambos os lados até o Ocidente terminando
em borlas nas laterais da porta de entrada da Loja - partindo do nó central, a
Corda possui quarenta nós de cada lado.
No Painel da Loja de Aprendiz ela está representada
por uma corda que contém sete nós e acompanha a parte oriental, setentrional e
meridional do Painel em cujas pontas pendem duas Borlas. É a representação
sintética da Corda de Oitenta e Um Nós que, a despeito do espaço, não poderia
ali ser representada em toda a sua extensão, portanto, os sete nós concebidos
no painel são representativos daqueles que se apresentam na corda completa
colocada nas Lojas Escocesas.
Quanto a sua origem, ela advém dos canteiros
medievais, onde a mesma circundava o local da obra e era presa por argolas de
ferro em pequenos postes no intuito de estabelecer os limites do canteiro.
Junto à sua entrada,
a corda interrompida era fixada em dois postes maiores.
Do ponto de vista simbólico, no escocesismo, o
conjunto da corda, dos nós e das borlas contém uma gama de significados. O nó
central localizado acima do Delta representa o número um, a unidade
indivisível, o símbolo do “Criador ou o Princípio e Fundamento do Universo”. Os
quarenta nós de cada lado, extraindo-se o nó central, representam o número da
penitência e da expectativa (quarenta foram os dias do dilúvio, quarenta anos
passou Moisés no Sinai, quarenta dias durou o jejum de “Jesus”). O número
oitenta e um alude ao quadrado de nove, que, por sua vez, é o quadrado de três,
número considerado perfeito como unidade ternária e de alto valor místico entre
todas as antigas civilizações (aplicação da Geometria).
Quando tomada por uma interpretação esotérica, a
Corda simboliza a união fraternal e espiritual entre todos os maçons espalhados
pela face da Terra. Alude a uma mesma comunhão de ideias e objetivos da
Maçonaria – as fibras unidas umas às outras constituem a solidez da corda –
interpretação análoga ao feixe de Esopo.
Pela sua abertura junto à porta de entrada da Loja
donde pendem as duas Borlas, significa o dinamismo da Ordem Maçônica e o seu
sentido progressista de estar aberta às novas ideias que possam contribuir para
a evolução humana e para o progresso geral da ciência e da humanidade.
Quanto à exegese simbólica dos nós, ou laços, esses possuem o
significado da ligação e do enlace entre os Obreiros em qualquer parte do
mundo, cujo vínculo encontra-se no compromisso da aliança que os liga. Revelada
principalmente pela virtude do amor e da fraternidade.
Como eu escrevi no meu livro mencionado acima, a Corda no Painel
representa aquela de 81 Nós que circunda a sala da Loja. Como no Painel o espaço
é restrito, provavelmente o artista ao pintar o Painel, acabou optando por
representa-la com apenas sete nós - também conhecidos como “laços do amor”.
Na realidade a interpretação do símbolo é a mesma já que um representa o
outro. A diferença é a de que no Painel o número de nós está abreviado.
Assim, independente do número de nós que vai ao Painel, o importante é
que o nó central, pelo seu significado simbólico conforme descrito no trecho do
livro acima, coincida sempre como o centro e ao alto do quadro.
Vale a pena comentar que ao longo da história da Maçonaria Especulativa,
os Painéis, desde quando saíram diretamente no chão das tabernas dos maçons
antigos (eram riscados com giz e carvão) e passaram para tapetes e quadros,
muitos deles acabariam aparecendo com gravuras diversas.
Em particular sobre a corda e os nós no Painel, nunca houve um número
exato na sua representação – alguns com a corda desenhada com três nós, outros com
cinco e outros ainda com sete. Obviamente que com o passar dos tempos as
Obediências, através dos seus ritos, acabariam dando uniformidade aos símbolos.
Desse modo a Corda de Nós no Painel do REAA acabou se consolidando, na sua
grande maioria, representada com sete nós.
A despeito desses comentários, a preferência pelo número “sete” tem sido
muito comum na Maçonaria, destacando-se que ele representa o “shabat”, ou o Dia da Criação. Nesse
particular, esotericamente o número “sete” está presente na simbologia maçônica
como elemento da Obra e a sua criação, nesse caso, a criação relacionada à
construção de um novo Homem.
O maçom, ao atingir o final da sua senda iniciática terá percorrido
simbolicamente longos sete anos, entretanto ao concluir essa jornada o Mestre
verá que ainda precisa aplicar os seus conhecimentos, o que em síntese
significa que a sua jornada continua além dos sete anos.
Maiores detalhes bibliográficos sugiro consultar o livro “Exegese
Simbólica para o Aprendiz Maçom” da minha autoria, assim como recomendo
consulta no Blog do Pedro Juk em http://pedro-juk.blogspot.com.br
P.S. 1 – Procuro buscar exegese do modo mais racional possível. Muitos
comentários hauridos da imaginação de alguns autores podem ser encontrados.
Assim deixo ao leitor a opção de escolha.
P.S. 2 – Pode existir variação no símbolo dependendo do Rito. Objetivamente
essas considerações se enquadram principalmente para o REAA.
T.F.A.
PEDRO JUK
AGO/2017
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