quinta-feira, 15 de novembro de 2018

PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA - UM BREVE COMENTÁRIO


PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA

UM BREVE COMENTÁRIO


                  Por Pedro Juk



I - INTRODUÇÃO


Como todos os fatos da história social, a implantação do regime republicano no Brasil não foi um evento isolado e acontecido numa circunstância do acaso. Fez sim parte de uma de uma complexa malha de episódios inter-relacionados, cujo movimento teve uma lenta maturação que envolveu vidas e interesses que transformaram e moldaram muitos destinos.
A ruptura institucional e a substituição de uma ordem legal por outra de natureza diversa tem sido uma característica de crise na história das civilizações. A vida humana vive em vários campos de atuação e o engajamento dela numa corrente filosófica e social é base multifacetada de possibilidades das diversas realizações humanas, inclusive, naturalmente, daquelas voltadas para a construção social.
Os seres humanos, como criaturas da natureza, não estão destinados apenas às organizações sociais a que pertencem e com qual integram, mas também individualmente na ordem natural com a qual interagem. Não de forma necessariamente racional, retiram uma força, uma criatividade e um poder impossíveis de serem obtidos por uma transmissão meramente formal. Daí a relevância de um fator que simplesmente foge à causa e o efeito da - a liderança individual.
Nas condições de liderança individual a exterioridade da República Brasileira deve muito de seus traços a Benjamim Constant. A formação da República no Brasil também se formou sob a influência da ideologia do Positivismo de Augusto Comte que propugnava “O amor por princípio, a ordem por meio e o progresso por fim”, o que se destaca no lema “Ordem e Progresso” do nosso Pavilhão Nacional.
A Proclamação da República foi um dos marcos da história contemporânea que, sem dúvida, influenciou os destinos da Nação Brasileira. Como não poderia deixar de ser o movimento viveu sob a influência e contribuição da Maçonaria, cuja qual sempre esteve presente nos movimentos libertários.
Já no Século XVIII a Maçonaria brasileira, inspirada no liberalismo da Francomaçonaria francesa, sempre esteve presente no cenário revolucionário e político, o que culminaria no Século XIX com o ato republicano no Brasil.
No desenrolar dos acontecimentos republicanos, destacam-se três questões abrangentes que se constituiriam na espinha dorsal desta revolução - a “Questão Religiosa”, “Abolição dos Escravos” e a “Questão Militar”.
A despeito de outros movimentos e acontecimentos, sem sombra de dúvidas a Proclamação da República foi a maior revolução da História do Brasil e contou com a participação decisiva dos maçons.
Vale a pena lembrar que já nos idos anos de 1.822, ano da proclamação da Independência do Brasil, vislumbrava-se o anseio republicano quando dentro do Grande Oriente do Brasil os partidários de Joaquim Gonçalves Ledo defendiam um Brasil totalmente republicano após a sua independência das cortes portuguesas.
Em 1.870, 48 anos após ter se tornado o Brasil um país independente, precedendo as crises do governo imperial, aflora-se o primeiro manifesto republicano de inspiração maçônica. Naquela oportunidade, Joaquim Saldanha Marinho, Grão-Mestre de uma facção dissidente do GOB denominada Grande Oriente ao Vale dos Beneditinos, liderava o então manifesto. Nesse mesmo período também era empossado como Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil o chefe do gabinete ministerial da monarquia, o Irmão Visconde do Rio Branco.
Datado de 03 de dezembro de 1.870, esse manifesto republicano fora redigido pelo então futuro Grão-Mestre da Maçonaria brasileira, Quintino Bocaiúva.
Posteriormente a esse manifesto e concomitante à intensa campanha abolicionista, fermentava-se cada vez mais nas lides maçônicas a empreitada republicana, o que seria marcada pela Convenção de Itu ocorrida em 1.873 e que acabou se espalhando por praticamente todas as Lojas Maçônicas do País.
Na realidade esse era o indício de que o Império começava a sua derrocada. Em consonância com os fatos que levariam à Proclamação da República e com a participação efetiva e direta dos maçons ativava-se a propaganda política em São Paulo liderada pelos Irmãos Américo Brasiliense de Almeida Melo (Loja América), Rangel Pestana (Loja América), Campos Sales (Loja Independência de Campinas), Bernardino de Campos (Loja América), Ubaldino do Amaral (Loja Constância), dentre outros.
Naquela oportunidade a sede da maior propaganda política do País era a cidade de Itu. Nela, em 10 de novembro de 1.871 reuniam-se setenta e oito partidários da república. Sob a presidência do Irmão João Tibiriçá Piratininga era então criado o primeiro Clube Republicano que serviu como núcleo do movimento. Em 18 de abril de 1.873 realizava-se a primeira convenção republicana no Brasil que ficou conhecida como a “Convenção de Itu”. Dela participaram 134 convencionais, dentre os quais faziam parte os Irmãos Campos Sales e Prudente de Morais que mais tarde chegariam à presidência da república.
Vale a pena mencionar que atualmente o Museu Republicano encontra-se no casarão onde se realizou a Convenção de Itu - Praça Padre Miguel, em frente à Igreja Matriz que na época era a residência do Irmão Almeida Prado.


II - AS QUESTÕES DECISIVAS


Considerando a perda de apoio que o Império sofreria naquela oportunidade, apareceriam três questões que influenciaram diretamente na Proclamação da República – a Questão Religiosa, a Questão Militar e a Abolição da Escravatura.

Questão Religiosa – a bem da verdade essa questão se originou longe do Brasil durante a unificação da Itália. Destaque-se que essa unificação foi obra da Maçonaria e da Carbonária Italiana, movimento esse liderado pelos maçons Mazzini e Giuseppe Garibaldi, inclusive esse último ficou conhecido pela sua participação direta da Guerra dos Farrapos.
A perda do poder temporal do Papa causa mais próxima da unificação da Itália, acabou vindo de encontro aos acontecimentos do Brasil. Em 1.870 esse fato culminaria com o conflito entre os Bispos e a Maçonaria brasileira envolvendo também o Império.
Em resumo, o motivo principal dessa contenda foi a saudação do padre maçom Almeida Martins ao Irmão Visconde do Rio Branco, então chefe do Conselho Ministerial do Império e Grão-Mestre do GOB. Essa saudação se dera durante uma solenidade a dois de março de 1.873. Por ser maçom, o padre seria suspenso de suas atividades religiosas pelo Bispo.
No intuito de se compreender melhor esse fato, há que se considerar a situação da Igreja brasileira naquele período da história. Conforme mencionava o Irmão José Castellani, a igreja se dividia em dois cleros distintos: o dos interesses econômicos e o dos princípios teológicos e direitos canônicos.
Esclarecendo. De um lado, estava o clero da casa grande das fazendas, onde as “sinhás” (esposas dos grandes latifundiários da terra de então) sonhavam em ter um filho padre - que lhes proporcionasse uma maior intimidade com os “santos”.
Essa pequena burguesia sonhava então em mandar os filhos aos seminários para obter instrução gratuita e posição social como se isso fosse uma questão econômica. É bem verdade que a posição da Igreja no período imperial vivia sim ligada à ordem econômica-social relegando, não em raras oportunidades e para segundo plano o mote principal que era o de ordem espiritual. Sob essa égide o povo então comparecia às cerimônias religiosas como se fosse participar de uma folgança desprovida de propensões teológicas e carregada de crendices e superstições.
No outro lado, entretanto, existia o clero formado por sacerdotes cultos, com seus princípios teológicos e de direito canônico que se inconformavam com as crendices populares, religiosidade supersticiosa, sincretismo religioso e paternalismo imperial. Foi essa elite clerical, representada aqui por Dom Antonio de Macedo Costa e Dom Vital de Oliveira que entrou em conflito com o governo imperial ao suspender o padre Almeida Martins que fizera uma homenagem ao Irmão José Maria Paranhos, o Visconde do Rio Branco. Começava aí a escaramuça que envolveria alguns bispos, maçons e o governo imperial.
Dom Vital de Oliveira era bispo de Recife. Chegado recentemente da Europa e carregado de ideias antimaçônicas originárias do Papa Pio IX, que passou a detestar a maçonaria por conta de julgá-la responsável pela perda do seu poder temporal pela unificação da Itália, Dom Vital assim proíbe missas encomendadas por maçons. Esses, então seguros de sua força política, publicam uma lista de importantes nomes da sociedade brasileira que pertenciam à Maçonaria, inclusive aqueles que eram padres. Dom Vital, irado com a situação, imediatamente suspende esses padres maçons e também ordena que qualquer pessoa que pertencesse à Maçonaria fosse abolida das irmandades religiosas. Como suas ordens não foram literalmente obedecidas, Dom Vital lança um interdito contra igrejas e capelas dessas irmandades. Devido a essa situação, os maçons apelaram para a Coroa através do Irmão Visconde do Rio Branco, então ministro de estado do Império e Grão-Mestre do GOB. Rio Branco assim se manifesta: “A Maçonaria não é Sociedade Ati-Religiosa e funesta às Instituições Sociais”. Porquanto, o governo imperial acata Rio Branco e ordena Dom Vital, por considerar os bispos como funcionários públicos, a retirar os interditos.
Dado ao acontecido, esse episódio é então definido como “Questão Religiosa” e a partir daí o clero, embora não se tornasse antimonarquista, passaria a ficar indiferente em relação ao regime imperial. Em síntese esse acontecimento acabou se transformando num dos fatores que auxiliou na derrocada do Império.
Abolição da Escravatura – é evidente que foi por pressões internacionais oriundas de ações maçônicas na Inglaterra e na França que no Brasil movimentos de maçons pela libertação dos escravos fossem desencadeados.
No Reino Unido a realeza, integrante da Grande Loja Unida da Inglaterra e do Parlamento Britânico, esse com considerável representação maçônica, aprovam a 25 de março de 1845 a Lei Aberdeen (Bill Aberdeen) determinando que a partir daí todo o navio brasileiro que transportasse escravos seria aprisionado pela marinha britânica. Essa foi uma forma de pressionar a Coroa Brasileira a extinguir o tráfico de escravos.
Em decorrência das pressões internas e externas, a 4 de setembro de 1850 é aprovada a Lei Euzébio de Queiroz extinguindo definitivamente o tráfico de escravos. Destaque-se que essa lei fora elaborada e apresentada no Congresso pelo maçom Euzébio de Queiroz Coutinho Matozo Câmara (em 1855 ele viria fazer parte do Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceito na maçonaria brasileira).
Em 1867 o comitê francês de emancipação do Grande Oriente da França apela ao governo brasileiro para a libertação total dos escravos. O chefe de gabinete Zacarias de Góes então responde ao pedido mencionando que após a guerra que o Brasil travava contra o Paraguai, daria a mais ampla atenção ao pedido.
Em 1869 Ubaldino do Amaral e José Leite Penteado da Loja Perseverança III ao Oriente de Sorocaba, mencionava a apresentação de uma caixa denominada “Emancipação” que visava à libertação de crianças de dois a cinco anos do sexo feminino, ficando as mesmas sob a proteção da Loja.
Em 1870 o Irmão Rui Barbosa, na Loja América apresenta a relação de 12 artigos que pretendiam obrigar as Lojas, através de verba especial, a alforria das crianças escravas (vide Obras Completas de Rui Barbosa e manuscrito original que se encontra nos arquivos da Casa de Rui Barbosa). Aspirava também Rui Barbosa que os candidatos à iniciação maçônica declarassem livres as meninas nascidas de escravas suas e obrigava às Lojas a promover a educação delas.
Com as pressões aumentando a campanha abolicionista recebe adesões de maçons de peso e de muitos republicanos como Américo Brasiliense, Américo Campos, Luiz Gama, Francisco Glicério, José do Patrocínio, Antonio Bento, Joaquim Nabuco, Quintino Bocaiúva, Visconde do Rio Branco, Silva Jardim, Rui Barbosa, Ubaldino do Amaral, dentre outros.
Devido às influências e pressões é aprovada em 28 de setembro de 1.871 a Lei Visconde Rio Branco, sendo mais conhecida como a Lei do Ventre Livre. Praticamente com isso dava-se o golpe de misericórdia na escravatura. Na realidade, sem tráfico e sem reprodução a extinção da escravatura era apenas uma questão de tempo. Assim, sequencialmente se daria a 28 de setembro de 1.855 a Lei dos Sexagenários e por fim a 13 de maio de 1.888 a Lei Áurea.
A bem da verdade, os acontecimentos que culminaram com a abolição dos escravos acabou causando grande descontentamento nos proprietários de terras. Pela brevidade da sua promulgação, a abolição causaria sérios problemas de ordem social. Pela repentina maneira com que ocorreu, a Lei Áurea foi muito mais que uma libertação. Ela foi também uma marginalização de ex-cativos que viria se sedimentar com danosas consequências sociais no futuro. Um ato mais sentimental do que racional, e mais político do que social, o 13 de maio foi mais um dos fatores geradores da queda do Império. O seu desenvolvimento acabou tirando o apoio dos grandes latifundiários ao regime imperial. Destaque-se que num tempo em que o país era essencialmente agrícola eles eram os responsáveis diretos pela economia.
A Questão Militar – sem dúvida esse foi o fator mais importante no desencadeamento da queda do Império. Constituindo-se de atritos entre o exército e o governo, eles não se limitaram aos quartéis, porém tiveram também a participação política.
Os partidos, Liberais e Conservadores, sempre buscavam proteção e apoio das forças armadas. Os Liberais tinham no maçom Manoel Luiz Ozório (Gal. Ozório) o seu conselheiro, enquanto que Luiz Alves de Lima e Silva (Duque de Caxias), maçom, tornava-se o líder militar dos Conservadores.
Com a morte de Caxias e Ozório, os partidos partiram atrás dos seus substitutos. Os Liberais na pessoa do Gal. Correa da Câmara (Visconde de Pelotas) e os Conservadores na pessoa do Gal. Deodoro da Fonseca, maçom iniciado no Rio Grande do Sul e que posteriormente seria Grão-Mestre do GOB.
Pelotas e Deodoro eram militares na acepção da palavra e jamais deixaram que questões partidárias influíssem na coesão do exército, instituição militar essa que havia sustentado a independência da Pátria e assegurado a unidade nacional.
A Maçonaria possuía em seu quadro um grande número de irmãos que eram militares, dentre eles destacavam-se líderes como Caxias, Ozório, Deodoro da Fonseca, Benjamin Constant, Floriano Peixoto, Lauro Sodré, Hermes da Fonseca e Gomes Carneiro.
Os primeiros atritos entre políticos e militares aparecem causados principalmente pelo brio dos militares e já pela inabilidade de políticos e ministros da época. Esse clima então acabou por propiciar no levante militar final que causou a queda da Coroa e o nascimento da República no Brasil.
Sob a égide desses acontecimentos, os principais fatos que desencadearam o descontentamento foram as punições em 1.885 aplicadas ao Tenente Coronel Cunha Matos e ao Major Sena Madureira pelo então Ministro da Guerra que era civil. Com respostas e críticas a esses pronunciamentos produzidas pela imprensa, o fato acabou sendo tomado como uma injúria aos militares.
Tendo total apoio do Deodoro, Sena Madureira sustenta a legitimidade de sua posição, obtendo também o apoio do Visconde de Pelotas, oportunidade em que no senado chefiou ataque ao Ministro civil pela sua punição a um militar, mostrando aí, independentemente de cores partidárias (Liberais ou Conservadores), a total coesão das forças armadas. Esse fato acabou por ser um duro golpe no Império.
Sob esse clima, o Governo ameaça punir Deodoro e este não se dá conta e forma reuniões de oficiais no Rio Grande do Sul, onde eram questionadas abertamente as atitudes do Império – um civil punindo um militar!
A situação se agravou a tal ponto de se tornar a mesma intolerável, oportunidade em que o General Deodoro da Fonseca fora demitido do seu posto recebendo ordens para se recolher à Capital do Império. Mesmo na Capital, o movimento militar acabaria por aumentar em 1.887. Capitaneado pelo Irmão Deodoro, em atitude de provocação ao Império, o mesmo tinha como seu secretário o Major Sena Madureira, personalidade tida pelo Império como um insubordinado, indisciplinado e faccioso.
Na sequência dos acontecimentos e numa demonstração de coesão militar, independente de partidos políticos, Deodoro assina juntamente com Pelotas o Manifesto do Parlamento e à Nação, cujo qual fora redigido pelo Irmão Rui Barbosa, sendo naquela ocasião criado o Clube Militar que teve como seu primeiro presidente o Irmão Deodoro da Fonseca.
Um aspecto que não pode ser esquecido é o de considerar que apesar das controvérsias, os velhos chefes militares, com a patente de major para cima, tinham grande respeito pelo Imperador, sobretudo pelas suas participações na Guerra do Paraguai. Esses velhos militares lembravam-se costumeiramente de Dom Pedro II como homem forte dos sentimentos nacionais sustentado pelas Forças Armadas. Todavia, as fileiras do exército também possuíam um grande número de jovens oficiais advindos das escolas militares e que estavam altamente doutrinados pelo professor de maior prestígio da escola militar, o não mais não menos denominado “Pai da República”, o Irmão Benjamin Constant, um dos mais categorizados republicanos e crítico do governo Imperial.
A par das atividades militares, era grande a efervescência republicana nas Lojas Maçônicas.
A demanda entre o governo e os militares chega ao seu ápice em 1887, oportunidade na qual os fazendeiros solicitam ao governo imperial a colaboração militar na caça de escravos fugitivos, no que os Irmãos Deodoro e Benjamin Constant enviam uma mensagem através do Clube Militar solicitando a dispensa do exército “de tão vergonhosa e infamante missão”, o que soaria oposição ao governo imperial.


III - CONCLUSÃO.


Dom Pedro II, minado pela doença do diabetes previa o seu fim e a conseqüente ascensão ao trono da herdeira Princesa Izabel e do seu marido, o Conde D’Eu. Para amofinar o respeito de Deodoro pelo Imperador, estabeleceu-se uma rede de intrigas persistente e sutil sobre o Conde. Dizia-se que por ser francês e com a ascensão de Izabel, sua esposa ao trono, consequentemente haveria a entrega da Coroa à França. Comentava-se sorrateiramente que a Princesa nada mais era do que um mero instrumento à serviço do clero. Evidentemente que o fato era a mais pura invencionice política, cuja trama visava mesmo apressar o fim do Império.
O levante preparado em segredo nos meios militares e nas rodas republicanos onde era expressivo o número de maçons, a revolução deveria ocorrer no dia 20 de dezembro daquele ano, porém, o receio de hesitação de última hora, fez com que mais um boato aparecesse. Dizia-se ardilosamente que o governo havia decretado a prisão de Deodoro. A mais pura invencionice. Dado a isso, na madrugada do dia 15 de novembro de 1889 iniciava-se o movimento de tropas, embora já no dia 10 de novembro houvesse se decidido a queda do Império em uma reunião na casa de Benjamin Constant com Francisco Glicério e Campos Sales – todos eles maçons.
De tudo preparado, o único obstáculo era ainda a afeição do Irmão Deodoro pelo Imperador. Dado a isso entra então em cena, mais uma vez, o “Pai da República”, o Irmão Benjamin Constant.
Com seu poder de convencimento, Deodoro acabou desempenhando papel decisivo no comando da tropa. Na verdade, sabia-se que Deodoro desejava aguardar a morte de Dom Pedro II, o que parecia bem próximo devida a sua enfermidade, e assim criar o novo governo. Apreensivo e diante disso, Constant alertou a Deodoro sobre os “perigos que ambos correriam daí em diante se por ventura e de acordo com as atuais circunstâncias, viesse a sobreviver o governo imperial”.
É nessa oportunidade que Benjamin Constant usa então de um ardil final e decisivo. Disse ele a Deodoro que o Imperador entregaria a presidência do gabinete ministerial ao senador Silveira Martins, inimigo pessoal e irreconciliável de Deodoro. Obviamente esse era mais um dos ardis do Irmão Constant visando não se colocar tudo o que fora arquitetado a perder. Sem dúvida essa foi mais uma decisiva intervenção desse valoroso homem e maçom denominado Pai da República e o maior articulador do movimento.
Foi assim que se deu a implantação da República no Brasil. Sem derramamento de sangue, essa pacífica mudança de regime também se deve a outro valoroso Irmão – Floriano Peixoto, o Marechal de Ferro. Não participando do movimento, já no dia 14 de novembro, portanto à véspera do movimento militar, quando interpelado pelo Ministro da Guerra sobre a situação nos quartéis, informava Floriano Peixoto que tudo ia bem, mesmo sabendo que era grande a agitação na caserna. Assim, quando recebera ordens para que ele combatesse os republicanos, o Irmão Floriano Peixoto de pronto respondeu: “As bocas de fogo no Paraguai senhor Ministro, eram inimigas; aquelas que vossa excelência agora está vendo, são brasileiras”.
Concluindo; esse breve relato histórico teve o desiderato de relatar, mesmo que superficialmente, alguns dos importantes acontecimentos que envolveram a implantação da República no Brasil. Com isso buscou-se acusar como houve a participação de maçons em todo esse processo transitório, tanto nas camadas civis, assim como nas militares e religiosas. Com isso procurou-se trazer para as páginas da história da Maçonaria brasileira alguns fatos que raramente aparecem à luz do conhecimento.

E.T. – Devo essas pesquisas a autores de primeiro nível como José Castellani, Frederico Guilherme da Costa, Kurt Prober e Hercule Spoladore, autores esses que recomendo sua bibliografia àqueles que pretendem se aprofundar nesse tema.




                           PEDRO JUK.
Secretário Geral de Orientação Ritualística - GOB


NOV/2018


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