MAÇONARIA SEM MISTÉRIO – UM MINUTO DE
PROSA.
As datas
solsticiais e os cultos solares da antiguidade são temas importantes para o
estudo e a compreensão da "Arte Maçônica". Como atualmente vivemos um
período solsticial de inverno no hemisfério norte (berço de origem da Maçonaria)
é oportuno lembrar um dos dois personagens que, por influência da Igreja, são
tidos como protetores da Ordem.
Pela própria
história das confrarias de construtores medievais, o solstício de inverno no
hemisfério boreal se associa a pratica profissional dos cortadores e
entalhadores da pedra calcária. Esses, então construtores de mosteiros,
abadias, igrejas e catedrais eram protegidos pela Igreja-Estado. Assim, no
período em que os rigores do inverno não permitiam o trabalho na sua plenitude,
ansiosamente os operários esperavam pelo final das agruras da estação gélida em
que a Terra fica "viúva" do Sol (noites longas e dias curtos).
Como que a existir
um elo entre essa alegoria solsticial e os Ofícios Francos, João, o Evangelista
já era lembrado desde então como aquele que “divulgou a Luz”. Por óbvio, tudo
em alusão Àquele que veio para trazer de volta a Luz ao mundo. O "Natalis
Invicti Solis", desde o mitraísmo persa, parece misteriosamente concordar
com o nascimento de Jesus - nesse caso Ele conhecido como a “Luz do Mundo”.
Não obstante às
convenções alegóricas dos cultos solares da antiguidade (base da grande maioria
das religiões), as confrarias medievais de construtores - precursoras da
Maçonaria - como que a cumprir os ditames da Natureza, também dividiam o seu
tempo (semestral) se utilizando das datas solsticiais próprias do hemisfério
norte do nosso Planeta - o de início do verão em junho e o de início do inverno
em dezembro.
A despeito das
questões relativas ao andamento profissional da própria confraria e as estações
propícias para o trabalho, havia também a influência da Igreja expansionista na
época que associava esses Santos Protetores aos ditames dos seus domínios.
Por conta disso a
Igreja se utilizou das datas solsticiais de inverno e de verão, o que fez com que
João, o Batista (o que previu a Luz) e João, o Evangelista (o que pregou a Luz)
se consolidassem como patronos das Guildas de Construtores, e por extensão à
Franco-Maçonaria, que viviam sobre o seu protetorado.
Sob o aspecto
filosófico e doutrinário, essa alegoria busca demonstrar figuradamente que essa
Luz se reporta a “Jesus”, Ele tido pelo Cristianismo como a “Luz do Mundo”.
É devido a isso que
a data do Seu nascimento fora adequada e fixada pela igreja justamente num
solstício de inverno do hemisfério Norte.
Na realidade esse
teatro natural representa que no inverno os dias são curtos e as noites longas,
o que, em primeira análise, simboliza um tempo em que as trevas acabam
prevalecendo sobre a Luz – Jesus, nesse caso, veio para dissipar as trevas.
Como o período é o
de solstício hibernal ao Norte, a Maçonaria, cujo berço de nascimento é desse
mesmo hemisfério, tem por tradição comemorar no dia 27 de dezembro a data de um
dos seus Patronos, João o Evangelista, ou aquele que "espalhou a Luz".
Destaque-se nesse caso que a Maçonaria, além das influências da Igreja (uma das
suas protetoras da época) é reconhecidamente tida como um instrumento de Luz
porque combate as trevas da ignorância.
Sob essa conduta, a
Moderna Maçonaria professa seu objetivo construindo uma Obra de Luz, Luz essa
que tem por desiderato iluminar (esclarecer) o Homem preparando-o para lutar contra
os flagelos da humanidade, aqui muito bem representados pelas trevas da
superstição e da ignorância.
Nesse sentido,
João, o Evangelista, por ter tido a missão de disseminar a Luz (Evangelho), tem
na Ordem Maçônica um caráter não religioso, mas simbólico, representativo e
patronal de um personagem ligado ao esclarecimento.
Foi assim que esse
"pregador", no momento em que ao Norte a Terra fica viúva da Luz, acabou
se consolidando na Maçonaria como um patrono insigne do “esclarecimento”.
Ratifico: nessa alegoria não está em jogo nenhuma demonstração dogmática de fé
religiosa ou religiosidade, mas sim a de demonstrar um ícone importante que traz
na sua companhia a nobre missão de levar a mensagem da Luz.
Dentre outros, a
Luz nos traz a Esperança para que tenhamos um ano novo iluminado pelo bem e
pela solidariedade. Enfim, assim como o Sol simbolicamente inicia sua jornada
de retorno a partir do Sul para o Norte, que também tenhamos notícias alvissareiras
para novo ano que se aproxima. Que de fato o ano de 2019 seja mesmo uma “boa
nova”.
PEDRO JUK
27/12/2018
Publicado
no Blog do Pedro Juk em Opinião – http://pedro-juk.blogspot.com.br
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