Em 01/02/2019 o Respeitável Irmão Paulo Assis Valduga, Oriente de São
Borja, Estado do Rio Grande do Sul, apresenta o que segue:
COLUNAS VESTIBULARES
Li a
vossa consideração sobre as CCol\ Vestibulares que devem ser da
ordem (se assim estiver correto) ou estilo egípcias. Talvez já tenha abordado
este tema com o Irmão, mas não encontrei a resposta na vossa pasta em meu
computador. Cumpre informar que é uma senhora pasta de respeito, desde os
antigos tempos do JB News.
Também questionei
a esse respeito o Ir\ José Castellani que foi
categórico e esculhambou meus argumentos: as CCol\ são do tipo Egípcio.
Na minha
santa ignorância, as CCol\ egípcias tinham vários formatos,
nem sempre em representação do lótus e sempre feitas de pedra calcária, mais fácil
de lapidar.
Outrossim,
sendo os israelitas de origem Cananéia, penso que as CCol\ deviam seguir a ordem das CCol\ desta cultura, como se vê em algumas
imagens de templos ou nas placas de argila, ou seja: retas ou cônicas.
Como, se
realmente existiram tais CCol\, assim como o famoso Templo de
Salomão, elas poderiam ser produzidas em forma de lótus em bronze e ainda ocas
com a tecnologia daquela época?
Além,
onde está escrito que eram em forma de lótus, se ainda hoje não foi encontrado
nenhum vestígio do Templo de Salomão e, por conseguinte das CCol\.
Parece
que a Bíblia não informa o estilo das CCol\, embora ela seja um conjunto de
histórias que foram transmitidas verbalmente até o cativeiro na Babilônia.
Não estou
contestando a vossa consideração, tampouco desmerecendo a vossa cultura, apenas
não me conformo com esta determinação dentro dos meus parcos limites de
conhecimento quer maçônicos quer profano e procurando, humilde e
fraternalmente, luzes para esta nebulosa (para mim) interpretação.
Com um
grande e fraterno abraço ao mesmo tempo que rogo desculpas se fui grosseiro ou
imprudente.
CONSIDERAÇÕES.
Caro Irmão, esse ideário maçônico, criado para
formatar uma alegoria, não trata de originalidade histórica. Na realidade, muitas
dessas instruções foram hauridas das lições Prestonianas, pois Sir William
Preston, primeiro professor de Maçonaria, precisava dar sentido dialético e
didático para os seus ensinamentos maçônicos.
Aproveitando-se de diversas manifestações hauridas
da civilização humana, Preston criou para a Maçonaria um sistema de preleções
para instruir os obreiros nas Lojas. É bem verdade que muitas vezes essas
instruções vinham temperadas por influências religiosas, sobretudo pelo contexto
social e religioso que reinava na Inglaterra dos séculos XVII e XVIII.
No tocante às duas Colunas do pórtico do Templo
e a Maçonaria, as Colunas Gêmeas é um desses casos. Tratá-las no instrucional
maçônico não significa se estar perscrutando academicamente suas raízes
históricas (em alguns pontos até é possível, mas não no geral). Assim, muitas exterioridades
tratadas nas instruções maçônicas não passam de um conjunto de ideias cujo
objetivo é contextualizar pelo exemplo os ensinamentos na Maçonaria – aparecem como
símbolos, emblemas e até mesmo como narração alegórica onde o conjunto de
elementos evoca, por comparação, outras realidades. Foi nesse contexto que
escrevi que as Colunas do Pórtico eram babilônicas, isso porque à época
presumida do Primeiro Templo era comum os formatos desproporcionais desses
pilares, cujos quais geralmente possuíam o formado de um falo, sobretudo porque
os antigos povos o adoravam como símbolo de fecundidade da Natureza. Essas
Colunas (babilônicas), que não tinham o propósito de sustentação, possuíam formatos
desproporcionais e eram adornadas muitas vezes por motivos egípcios, tais como papiros
gigantes e flor de lótus. A flor de lótus simbolizava a exuberância da Natureza
revivida, enquanto as folhas de papiros simbolizavam a espiritualidade, onde
Isis havia construído com folhas de papiros um barco para procurar os despojos
do seu marido-irmão Osíris, este assassinado por Set (ou Tifão) – Lenda de Osíris,
Isis e Hórus (cultos solares da antiguidade).
Aliás, era comum os egípcios estilizarem as
colunas dos seus templos como fossem gigantes pés de papiros que brotavam do
solo em direção ao firmamento (tetos decorados com estrelas) – o Mundo e o Universo.
A bem da verdade todas essas representações tinham
a finalidade de constituir uma alegoria natural. A fertilidade da Natureza nada
mais é do que um produto dos cultos solares da antiguidade. As Colunas do
pórtico do Templo representavam os limites da movimentação do Sol na sua eclíptica
anual. Dado a isso é que essas Colunas B e J não eram “pilares de sustentação”.
A sua presença fálica e desproporcional (comuns às babilônicas) marcava a
fertilidade do verão e o adormecimento da Natureza no inverno.
Por assim ser, não dá para tratar dessa questão
como aspecto acadêmico da arqueologia, porém como elementos do simbolismo
utilizados pela Maçonaria Especulativa como pano de fundo na criação de uma
instrução que traz nas suas entranhas lições de aprimoramento baseadas no reciclar
da Natureza.
Veja
o que o Mestre Theobaldo Varolli Filho idealizou como instrução maçônica tendo
por base uma das Lições Prestonianas utilizadas nas preleções inglesas e que
envolvem as Colunas do pórtico do Templo:
“As duas
CCol\ são tidas como 18 côvados de altura, 12 de circunferência,
12 de base e 5 nos capitéis, num total de 47. Suas dimensões estão contra todas
as regras de arquitetura, para mostrar que a Sabedoria e o Poder do Divino
Arquiteto estão além das dimensões e dos julgamentos dos homens; são de bronze
para resistir o dilúvio, isto é, à barbárie, pois o bronze é o emblema da
eterna estabilidade das Leis da Natureza, base da doutrina maçônica. São ocas
para guardar os utensílios apropriados aos conhecimentos humanos; enfim, as
romãs são símbolo equivalente ao feixe de Esopo: milhares de sementes contidas no
mesmo fruto, numa mesma substância, num mesmo invólucro, imagem do povo maçônico,
que por mais multiplicado que seja, constitui uma mesma família. Assim a romã é
o símbolo da harmonia social, porque somente com as sementes apoiadas umas às
outras é que o fruto toma a sua verdadeira forma”.
Veja meu Irmão, embora um pouco temperada pelo
teísmo inglês, essa preciosidade de instrução não trata da história, porém da
aplicação de filosofia, onde o teatro iniciático é montado feito um mosaico de
símbolos para arranjar uma alegoria.
Nesse sentido, muitas características
construtivas, como é o caso das Colunas, não podem ser levadas historicamente ao
pé da letra, já que as mesmas não têm esse desiderato no emblema de fundo
maçônico. Essa é a identidade do ecletismo maçônico, juntar inúmeras manifestações
do pensamento humano para criar a sua doutrina.
Foi o que eu pude entender da sua súplica,
podendo, entretanto, não ter sido satisfatória a resposta, pelo que desde já me
penitencio.
T.F.A.
PEDRO
JUK
JUNHO/2019
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