Questão que faz em
19/02/2020 o Aprendiz Maçom, Irmão Erson Vieira da Silva, Loja Campos Sales,
1.307, REAA, GOB-SP, Oriente de Santa Bárbara D'Oeste, Estado de São Paulo.
LOJA SIMBÓLICA
CONSIDERAÇÕES.
Antes alguns comentários
breves sobre as palavras loja, símbolo, simbólico, simbolismo e simbologia:
Loja - em linhas
gerais, o termo menciona as acomodações - geralmente térreas - de uma edificação
que abriga um estabelecimento comercial em loja.
O vocábulo
em Maçonaria se refere ao local em que se dão as atividades maçônicas, ou o
local onde realizam os seus trabalhos (sessões). Por extensão o termo também
designa a Corporação Maçônica, assim como a reunião dos Irmãos em Loja quando
essa é aberta ritualisticamente (conforme o rito).
Vale
a pena mencionar que a Maçonaria latina não raramente adota o nome de
"templo" para designar o seu local de trabalho, embora isso não seja
apropriado, sobretudo por dar à Maçonaria uma conotação de religião, o que não condiz
com a realidade maçônica.
A
bem da verdade, a palavra Loja teve primeiramente aplicação nas guildas
dos canteiros medievais (ancestrais da Maçonaria). Segundo historiadores
autênticos - como José Castellani - o vocábulo Loja aparece pela primeira vez
no século XIII, mais propriamente em 1292 num velho documento de uma guilda (indica-se
pesquisar esse termo).
Resumindo,
as guildas de mercadores adotariam o nome loja para designar o
local que lhes servia para depósito, assim como para também realizar as vendas
dos seus produtos manufaturados. Já as guildas artesanais adotariam o espaço
intitulado loja para acomodar seus locais de trabalho, mais conhecidos
por oficinas dos artesãos.
Assim,
foi das guildas de mercadores que se originaram as casas comerciais, ou
lojas do comércio, enquanto que as dos artesãos deram nome às organizações de
construtores (canteiros medievais) que ficariam mais tarde conhecidas como a Franco-maçonaria.
Cabe aqui uma
observação importante. Na amplitude do seu significado, o vocábulo loja,
salvo em Maçonaria, não deve ser tomado de modo generalizado, senão se levando
em conta o idioma empregado. Desse modo, em francês, por exemplo as lojas
comerciais são os magasins e em inglês os magazines. Já o termo loja
em Maçonaria, tanto como lodge
em inglês ou loge em francês, dentre outros, sempre
designará uma Corporação Maçônica.
Símbolo – é a figura, marca
ou objeto que possui significado convencional. É também a emblema, sinal,
indício e outros do gênero. Em Maçonaria os símbolos constituem o modo velado pelo
qual os iniciados recebem conhecimentos de moral e ética como parte dos seus
ensinamentos. Na Sublime Instituição os símbolos, na sua maior parte, se
constituem por instrumentos ou figuras ligadas à arte da construção, cuja
interpretação, sem licenciosidade, pode ser de caráter alegórico ou místico. Destaque-se
que os ancestrais da Maçonaria, em seu período operativo, ou de ofício, com
aproximados 800 anos de história foram as corporações de canteiros que
ficariam conhecidas a posteriori por Franco Maçonaria.
Simbólico – o vocábulo menciona
aquilo que é relacionado ao símbolo, assim como o que tem caráter de símbolo.
Também é a ideia representada por meio de símbolos, como a escrita, por
exemplo. O termo também menciona aquilo que se faz por símbolos, a exemplo do
gestual utilizado nas votações.
Simbolismo – em se levando em consideração
o mote desses apontamentos, é o sistema composto por símbolos proposto a
lembrar fatos, ou exprimir ideias. Assim, em Maçonaria Simbólica é o sistema de
emblemas e alegorias por ela utilizado com o objetivo de fazer lembrar as suas
grandes lições de moral e ética. Por óbvio essa aplicação se dá no chamado
simbolismo maçônico que é a Maçonaria Universal, ou seja, aquela que abriga
apenas e tão somente os graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre (universais e
obrigatórios).
Simbologia – o termo menciona o
tratado acerca dos símbolos. Em Maçonaria, o estudo e a interpretação (exegese)
dos símbolos é que compõem uma vasta e complexa simbologia (conforme os ritos
maçônicos). Todo esse conhecimento adquirido somente é acessível aos iniciados.
Dados
esses comentários, a Maçonaria Simbólica é assim denominada porque a transmissão
aos iniciados dos conhecimentos é feita através do significado dos diversos
símbolos que compõem o seu arcabouço doutrinário. Reitera-se assim que qualquer
que seja a interpretação simbólica, ela deve estar longe da prática licenciosa.
Em síntese, os símbolos não se apresentam ao iniciado para que ele, à sua
maneira e entendimento os interprete. Os emblemas trazem consigo regras e
ideias formadas que estão muito longe de meras ilações e palavreados vazios.
Desse
modo, uma Loja Simbólica, além de ser uma corporação maçônica (representada pelo
Estandarte), é também o lugar, espaço ou recinto onde se realizam os trabalhos
ritualísticos maçônicos. De maneira abrangente, a própria constituição de uma
Loja, conforme o rito adotado se estabelece num elemento simbólico. A Loja representa
simbolicamente um canteiro de obras estilizado onde os maçons trabalham no seu
aperfeiçoamento para, como construtores sociais, mais tarde servirem à
humanidade que busca um mundo melhor (arrume o homem e consertarás o mundo).
Porquanto,
é um grande equívoco se imaginar que os espaços de trabalho maçônico se comparam
a recintos onde homens possam expor os seus proselitismos religiosos e
políticos.
A Loja
Simbólica representa a oficina de trabalho onde a pedra bruta,
matéria prima de outrora, seja hoje simbolicamente o próprio obreiro que
trabalha no seu desbaste pessoal (interior), de tal modo que, percorrendo os caminhos
iniciáticos, ele mesmo se transforme numa pedra cúbica e preparada para compor as paredes elevadas do templo simbólico dedicado à Virtude Universal.
Em
linhas gerais esse é o significado de um elemento maçônico simbólico denominado
Loja que tem por objetivo abrigar no seu interior construtores que formam a
Moderna Maçonaria. A Loja Simbólica é a representação de um canteiro de obras
que outrora agregava as corporações de ofício dos pedreiros da Idade Média.
T.F.A.
PEDRO JUK
JUNHO/2020
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