sexta-feira, 27 de agosto de 2021

APRENDIZES E COMPANHEIROS NÃO PODEM OCUPAR CARGOS

 

Em 18.01.2021 O Respeitável Irmão Adão G. Russi de Oliveira, Secretário Estadual Adjunto de Orientação Ritualística da III Região, GOB-MS, Estado de Mato Grosso do Sul, apresenta a questão seguinte:

 

APRENDIZES E COMPANHEIROS OCUPANDO CARGOS.

 

Necessito de uma orientação vossa. O assunto se refere a possibilidade de Aprendizes e Companheiros exercerem funções no Ocidente em “Sessão Ordinária”, quando a Loja tiver sete Mestres ou mais, porém não em número suficiente para preencher todos os cargos.

Pergunto se os Aprendizes e Companheiros, na falta de Mestres para preencher todos os cargos (22 segundo o Ritual), podem exercer funções como por exemplo de Mestre de


Harm
e 2º Diác?

É difícil ver uma Loja com sete Mestres se revezando em cargos, que no meu entender necessitariam de pelo menos nove Mestres, enquanto três ou quatro Aprendizes e outro tanto de Companheiros ficam estáticos, simplesmente assistindo.

Resumindo: Aprendizes e Companheiros podem exercer função no Ocidente, como a de Mestre de Harm e 2º Diác?

 

CONSIDERAÇÕES:

 

Sob o ponto de vista legal, o Art. 229 do Regulamento Geral da Federação do GOB prevê no § 1º que os cargos são privativos de Mestre Maçom.

Sob essa óptica, Aprendizes e Companheiros não podem ocupar cargos sob nenhuma hipótese, mesmo sendo no Ocidente.

De certa forma, iniciaticamente Aprendizes e Companheiros em Loja ocupam lugar nos topos das Colunas do Norte e do Sul respectivamente.

Isso significa que no REAA o exercício de cargos somente é permitido àquele que completou a jornada iniciática, isto é, depois de ter passado pelos topos do Norte e do Sul, recebeu o grau de Mestre Maçom, alcançando assim a plenitude maçônica, condição que, dentre outros, lhe dá o direito de exercer ofício no canteiro simbólico (Loja).

O número de sete Mestres é a quantidade mínima necessária de obreiros para se abrir uma Loja, já que tradicionalmente três Mestres a governam, cinco Mestres a compõe e sete Mestres a completam.

Desse modo, com sete Mestres é possível abrir e fechar uma Loja, não sendo necessário, com isso, que todos os cargos estejam preenchidos, bastando para tal estarem ocupados aqueles imprescindíveis no rito, como as três Luzes governantes (Venerável e Vigilantes), as cinco Dignidades que compõe a Loja (as Luzes mais o Orador e o Secretário) e ainda, para a completar, o Cobridor Interno e o Mestre de Cerimônias.

No caso do REAA, para a liturgia da transmissão da palavra o Mestre de Cerimônias e o Secretário assumem temporariamente o ofício dos Diáconos.

Nessa conjuntura, os obreiros que ainda não alcançaram a plenitude maçônica não podem exercer cargos, mesmo em casos precários onde estejam presentes apenas sete Mestres.

É sob essa óptica que o RGF do GOB menciona no seu Art. 229 que os cargos em Loja são privativos dos Mestres Maçons. Também prevê no Art. 96, item XXII, realizar Sessões com, no mínimo, 7 Mestres Maçons.

Entre outros importantes significados simbólicos, o número de sete Mestres para constituir a Loja é antigo e pode ser encontrado nos velhos manuscritos de obrigações das corporações de ofício da Idade Média que não raras vezes já mencionavam o número de 3 para governar, 5 para a compor e 7 para a completar.

Numa síntese iniciática, dentro da Moderna Maçonaria o maçom somente poderá exercer cargo em Loja após de ter sido consagrado Mestre Maçom, isto é, entre o Esquadro e o Compasso, ou por todos os quadrantes da Loja.

Finalizando, a questão não é só a de quem esteja presente nos trabalhos para assumir um cargo. O caso é o de que não se pular pode nenhuma das etapas da senda iniciática. Só alcança o topo da escada sinuosa aquele que a subiu por 3, 5, e 7 degraus.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

http://pedro-juk.blogspot.com.br

jukirm@hotmail.com

 

 

AGO/2021

 

6 comentários:

  1. Primeiramente gostaria de cumprimentar o valoroso irmão pelo conteúdo apresentado. No entanto gostaria de ressaltar que mesmo ocorrendo embasamento para que os irmãos aprendizes e companheiros não assumam cargos, este fato acaba ocorrendo em virtude da falta de comprometimento dos mestres que pouco apressem nas seções obrigando assim, que, para a continuidade dos trabalhos e com o intuito de fortalecer as colunas com aqueles presentes os irmãos aprendizes e companheiros acabam por assumir cargos não destinados aos mesmos, pois em dados momentos nem que os mestres presentes assumam mais de um cargo é o suficiente para a realização dos trabalhos, assim onde fica o erro.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Caro Irmão. Não se conserta um erro cometendo outro. Se fazem, estão cometendo delito maçônico desrespeitando o regulamento. T.F.A.

      Excluir
  2. Meu Amado Irmão Pedro Juk, boa noite.
    Meu nome é Basílio Luiz, sou obreiro da ARLS. Igualdade Justiça e Trabalho, jurisdicionados ao GOB-MG, do Or. de Sete Lagoas-MG.

    Gostaria de dar minha contribuição em sua visão Ritualística e Normativa.
    - Na Idade Média Meu Amado Irmão, nunca teve o Gr. Mestre de ofício, só existia o Gr. de Apre. e Comp.
    - Não permitir que um apre. ou Como. Não trabalhem e nem falem, somente fiquem nas suas colunas, vendo MM. preguiçosos, que nunca leram 1 Livro, defenderem que tudo dá Maçonaria, está no Ritual, na Constituição e no RGF.

    Defendo até meu último suspiro, o direito do Amado Irmão se manifestar, mas, da acordo totalmente.

    Acredito que Simbólicamente, o Apre. e o Comp. devem buscar mais aprenderem que compartilharem conhecimento, mas, Simbólicamente, não ao pé da letra.
    Defender ao pé da letra, é o mesmo de defender uma parábola do Cristo, sem interpreta-la, a época, os costumes e as leis Judaicas.

    Na minha humilde compreensão, aprendizes e Companheiros que trabalham desde cedo, são possíveis bons MM.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Este comentário foi removido pelo autor.

      Excluir
    2. Este comentário foi removido pelo autor.

      Excluir
    3. Primeiro Meu Irmão, eu nunca falei em grau de Mestre de Ofício na Maçonaria Operativa, mas Mestre da Loja como dirigente do Canteiro Operativo, esse Mestre de Obra, estamos cansados de saber que era um Companheiro experimentado.
      Aprendizes Admitidos e Companheiros do Ofício na Maçonaria Primitiva não eram graus, contudo, classes de trabalhadores.
      Na Moderna Maçonaria, Companheiros e Aprendizes não ingressam no Oriente por uma questão iniciática . Oriente é o lugar de Mestres, ou seja, aqueles que representam a experiência sublimada pela cerimônia de Exaltação. Não podemos fazer da liturgia uma brincadeira de faz de conta. Também eu não disse que Aprendizes e Companheiros fiquem calados.
      Repare que o consulente é do GOB e eu deixei claro que pela legislação também não é permitido que Aprendizes e Companheiros ocupem cargos.
      O Irmão discordar é um direito seu, assim como eu dou as minhas respostas embasadas em fatos e não de opinião.
      A escalada iniciática é representada por inúmeros fatores que decoram a Loja e orientam o caminho por onde o iniciado deve passar. A propósito, não existe meia-verdade, portanto não é uma questão de "pé da letra". Afinal numa escola de aperfeiçoamento humano as lições são aplicadas conforme a regra. Assim, certamente teremos uma boa colheita. T.F.A.

      Excluir

      Excluir