Em 28.07.2021 o Respeitável Irmão Dirceu Aparecido Machado Borges, Loja Justiça e Caridade, 1293, REAA, GOB-GO, Oriente de Itumbiara, Estado de Goiás, formula a questão seguinte:
INSTRUÇÃO DO COMPANHEIRO
No Sistema de Orientação Ritualística para o REAA, Ritual de Companheiro
Maçom, o Eminente Irmão sugere, ao final, uma Terceira Instrução (sobre o
Painel do Grau em Loja de Companheiro).
Notei que o diálogo que compõe a referida orientação é somente entre o
Venerável e o 1º Vigilante. Como o mesmo é um pouco extenso, tomei a liberdade
de perguntar ao Irmão se não se poderia dividir as respostas também com o 2º
Vigilante, até para não ficar um pouco cansativo.
No aguardo, agradeço antecipadamente.
CONSIDERAÇÕES.
A intenção de ter colocado apenas o 1º Vigilante, sem a participação do
2º Vigilante, foi para cumprir a regra das tradições, usos e costumes, onde
orginalmente é o 1º Vigilante quem instrui o(s) Companheiro(s) no caso do REAA.
Notadamente perceba que no Ritual de Aprendiz do REAA, GOB, já consta
na sua página 18, da Disposição e Decoração do Templo a separação do ofício de instruir entre os dois Vigilantes, pelo menos simbolicamente.
A propósito, esse costume advém da Maçonaria de Ofício, quando quem
ministrava os ensinamentos ao Fellow Craft (Companheiro de Oficio) era o 1º
Warden, mais tarde o 1º Vigilante. Obviamente estamos falando de Maçonaria Operativa
quando os operários eram de fato cortadores e assentadores da pedra calcária, destacando
que na época existiam apenas duas classes de operários. Essas classes
profissionais não eram graus especulativos, saliente-se.
Nesse período da nossa história, ainda não existia o grau especulativo
de Mestre Maçom. O dirigente dos trabalhos era um Companheiro experimentado,
cujo qual era então conhecido como Mestre da Obra.
Assim, no passado operativo, quando um pedreiro era admitido, o 2º Warden
era quem primeiramente o recebia e o instruía no ofício, enquanto que o 1º
Warden, era quem ensinava as regras mais avançadas da arte de construir aos
Companheiros.
A bem da verdade esse costume era também um respeito à hierarquia já
utilizada nos canteiros de obras.
Destaque-se que na época não existiam templos maçônicos elaboradamente
decorado e nem ritos maçônicos especulativos com os seus planteis simbólicos. A
Loja, ou o alojamento, era de fato uma oficina de trabalho onde os operários
especializados elevavam a obra (catedrais, igrejas, abadias, mosteiros, etc.).
Mais tarde, por volta do século XVII, com o advento da Maçonaria dos aceitos,
ou especulativa, e finalmente, no século XVIII a Moderna Maçonaria, as práticas
passaram a ser simbólicas, contudo, muitas tradições e costumes ainda permaneceriam
– e até hoje permanecem - mesmo que de modo alegórico e emblemático.
Assim, atualmente não importa onde os Aprendizes e Companheiros,
conforme o Rito, ocupem lugar em Loja, pois quem oficialmente os instrui, com
base nos velhos costumes, são os Vigilantes, ou seja, o 2º os Aprendizes e o 1º
os Companheiros.
O REAA, preservando essas tradições, adota essa hierarquia. Enganam-se aqueles
que pensam que é necessariamente o Vigilante da Coluna o instrutor. Tudo faz
parte do canteiro especulativo e nele muitas práticas se derivam nos nossos antepassados
oriundos das Guildas de Construtores da Idade Média – é preciso se respeitar
essa regra.
Dando por concluído, a terceira instrução do Companheiro sugerida pelo
Sistema de Orientação Ritualística no REAA procura manter a tradição de que é ofício
do 1º Vigilante, do Norte, instruir os detentores do 2º Grau, no Sul.
T.F.A.
PEDRO JUK
http://pedro-juk.blogspot.com.br
JAN/2021
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