Em 24/08/2021 o Respeitável Irmão José Antonio Silva dos Santos, Loja Guaicurus, 4.317, REAA, GOB-MS, Oriente de Campo Grande, Estado do Mato Grosso do Sul, solicita o que segue:
CHAPÉU DO MESTRE
Prezado
Irmão Pedro Juk, por favor me disserte sobre o uso do chapéu no grau de Mestre
REAA.
COMENTÁRIOS.
Comento sobre o uso do chapéu na Moderna Maçonaria:
Em primeira instância esse comentário aborda superficialmente,
sob o ponto de vista místico, a influência hebraica em alguns ritos maçônicos, em
especial aspectos que se adequam ao Rito Escocês Antigo e Aceito.
Sob a óptica do misticismo, assim como no judaísmo a cobertura da cabeça retrata o conceito de que acima da mente falível do homem existe “Deus”, o Arquiteto Criador. É um emblema transcendental da onisciência, da onividência e da onipresença da Divindade.
De certo modo essa alegoria evidencia a caracterização
da pequenez da progênie
humana perante o “Criador”, ou seja, a incapacidade do homem
em entender a divindade.
De maneira agnóstica isso resume, em última
análise, a prova de subordinação do homem a “Deus”. Nos rígidos conceitos do
judaísmo, por exemplo, a cobertura da cabeça deve se fazer presente desde o “brit-milá” (circuncisão no oitavo dia de
vida e simboliza a aliança abraâmica com “Deus”).
Na prática judaica de cobrir a cabeça é comum o
uso em todas as cerimônias litúrgicas do “kipá”,
que é o solidéu (do latim soli Deo –
só a Deus).
Em relação à Moderna Maçonaria, alguns dos seus
ritos têm o hábito tradicional de cobrir a cabeça, ou com um chapéu negro e desabado,
ou com uma cartola ou mesmo com uma cobertura de formato tricórnio.
Essas concepções foram até aqui abordadas porque
é inegável a influência do misticismo hebraico em boa parte da Moderna
Maçonaria.
No caso do REAA, originalmente nas sessões de Aprendiz
e Companheiro apenas o Venerável Mestre se cobre, enquanto que no grau de
Mestre, todos se apresentam cobertos.
A despeito dos conceitos transcendentais aqui já
comentados, sob o aspecto figurado o uso do chapéu na Maçonaria é também haurido
das cortes europeias, principalmente do Século XVIII na França, quando era
costume o rei em cerimonial e na presença de seus inferiores hierárquicos,
cobria a sua cabeça como penhor da sua superioridade (sugere o Venerável em
sessões do Primeiro e Segundo Graus). Já em reunião com seus pares, mesma hierarquia,
todos tinham a cabeça coberta (como em Câmara do Meio onde só ingressam Mestres).
Em linhas gerais, no REAA essa prática destaca que
em Lojas do primeiro e segundo grau o uso do chapéu fica restrito ao Venerável como
fiança de sua superioridade e de autoridade na Loja. Já em Câmara do Meio a
prática de todos se apresentarem cobertos implica num penhor de igualdade entre
os Mestres, assim todos se apresentam com as suas cabeças cobertas.
De modo prático, infelizmente na atualidade o
uso do chapéu negro e desabado em Loja tem se resumido em apenas um vestígio de
caráter um tanto quanto antiquado, já que muitos rituais nem mesmo preconizam
mais o seu uso (provavelmente por ignorância de alguns ritualistas).
Felizmente no GOB, o SOR – Sistema de
Orientação Ritualística para o Grau de Mestre do REAA, buscando manter viva
essa tradição, torna obrigatório o uso do chapéu nas sessões magnas de
Exaltação e recomenda o seu uso para o Venerável Mestre também nas sessões
ordinárias (econômicas) de qualquer grau simbólico.
Maçonaria inglesa o uso do chapéu é praticamente ignorado. No Rito Escocês Antigo e Aceito (rito de origem francesa) geralmente o chapéu desabado tem sido usado apenas no terceiro Grau. No rito Adonhiramita todos usam o chapéu negro e desabado, independente do Grau simbólico, pelo menos é o que prevê a tradição nesse Rito.
Quanto ao formato do chapéu ser desabado, ele é
relativo à moda de tendências regionais hauridas principalmente da Maçonaria
praticada na França no século XIX. O formado desabado em muitas circunstâncias servia
também para proteger a identidade do usuário – a aba caída dificultava a
identificação de quem o usava, principalmente à noite quando os maços se dirigia às reuniões nas velhas tabernas.
Obviamente que todo esse entendimento apenas
faz sentido na Moderna Maçonaria, pois no seu período operativo não há qualquer
referência de uso de cobertura da cabeça.
São esses os comentários.
T.F.A.
PEDRO
JUK
MAIO/2015
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