quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

DIALÉTICA RITUALÍSTA COMUM AOS RITUAIS MAÇÔNICOS

Em 20.07.2022 o Respeitável Irmão Carlos Fernandes dos Santos, Loja Acácia, 0177, GOB-RJ, REAA, Oriente do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, pede esclarecimentos para o que segue:

 

REPETIÇÃO DE DIÁLOGO

 

Agradeço se o respeitável Irmão pudesse esclarecer as razões para que o REAA possua uma metodologia na ritualística de repetição do diálogo entre o Venerável Mestre e seus Vigilantes. Esse formato contido nos Rituais do REAA segue o mesmo padrão dos Rituais de 1804, 1820/21? Seria um exercício de desenvolvimento permanente de autodisciplina?

Refiro-me a forma de circular a palavra, onde o Venerável Mestre anuncia, 1º Vigilante repete, 2º Vigilante repete e informa ao 1º Vig que por sua vez retorna ao Venerável Mestre.

 

CONSIDERAÇÕES.

 

Na realidade a dialética ritualística empregada na liturgia maçônica é uma característica dos ritos maçônicos, embora entre eles possam existir algumas diferenças de locução.

Assim essa arte de diálogo busca a universalidade da Maçonaria, pois diz-se que a Maçonaria e universal e o Universo é uma Oficina.

Coletivamente, as Lojas representam a oficinas trabalhando espalhadas pela face da terra.

Em linhas gerais, a superfície de uma Loja corresponde a segmento retangular situado sobre a Terra. Geralmente essa simbólica porção territorial é orientada no seu comprimento do Leste para o Oeste e na sua largura do Norte para o Sul.

                   Graças a isso é que a posição das Luzes da Loja (Venerável e Vigilantes) é
determinada conforme o rito. No caso do REAA, historicamente estruturado na forma dos Antigos, o Venerável Mestre fica no Leste desse segmento (onde nasce o Sol); o 1º Vigilante no Oeste (noroeste), onde o Sol de põe; e o 2º Vigilante no Sul, sobre o meridiano do meio dia (para ver a passagem do Sol de Leste para o Oeste).

É com base nessa amplitude simbólica que a dialética maçônica atua. É como se as extensões na sala da Loja representassem grandes distâncias e para tal as mensagens chegassem por repetição ou mesmo enviadas por mensageiros. É preciso lembrar que nesse contexto tudo na Loja é simbólico. Basta observar que no mesmo ambiente está representado o lugar que o Sol nasce e se põe diariamente.

Historicamente essa amplitude simbólica remonta aos nossos antepassados (Maçons Operativos) e as construções das antigas catedrais, cujos canteiros de obras, pela grandeza das edificações, eram imensos e setorizados entre os três dirigentes dos trabalhos - o dirigente geral (Mestre da Obra), o encarregado pelas ferramentas e operários (1º Vigilante) e o que fiscalizava as atividades no ofício (2º Vigilante). As suas ordens eram geralmente transmitidas por mensageiros.

Inegavelmente toda essa complexa estrutura operativa de trabalho acabaria influenciando os costumes da Maçonaria dos Aceitos e logo a Moderna Maçonaria.

Assim, esse conjugado operativo (ofício) e especulativo (aceitos) resultou na formalidade dialética que conhecemos atualmente, até porque a Loja, que outrora fora um canteiro de obras, hoje é uma oficina especulativa de trabalho.

Portanto nada mais natural que nos dias atuais seus processos de trabalho imitem o ambiente das enormes e antigas construções.

Foi desse modo é que a dialética foi introduzida nos rituais modernos, mencionando personagens que supostamente estão distribuídos à distâncias consideráveis nos pontos cardeais e colaterais da Terra (universalidade maçônica).

É isso que caracteriza a arte do diálogo iniciático maçônico, aperfeiçoado simultaneamente com a evolução dos rituais a partir do século XIX.

Por fim, é bem verdade que todo esse “mise en scène” também possui seu caráter iniciático.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

http://pedro-juk.blogspot.com.br

jukirm@hotmail.com

 

JAN/2023

Nenhum comentário:

Postar um comentário