Em 20.07.2022 o Respeitável Irmão Carlos Fernandes dos Santos, Loja Acácia, 0177, GOB-RJ, REAA, Oriente do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, pede esclarecimentos para o que segue:
REPETIÇÃO DE DIÁLOGO
Agradeço se o respeitável
Irmão pudesse esclarecer as razões para que o REAA possua uma metodologia na ritualística
de repetição do diálogo entre o Venerável Mestre e seus Vigilantes. Esse
formato contido nos Rituais do REAA segue o mesmo padrão dos Rituais de 1804, 1820/21?
Seria um exercício de desenvolvimento permanente de autodisciplina?
Refiro-me a
forma de circular a palavra, onde o Venerável Mestre anuncia, 1º Vigilante
repete, 2º Vigilante repete e informa ao 1º Vig que por sua vez retorna ao Venerável
Mestre.
CONSIDERAÇÕES.
Na realidade a dialética ritualística empregada
na liturgia maçônica é uma característica dos ritos maçônicos, embora entre
eles possam existir algumas diferenças de locução.
Assim essa arte de diálogo busca a
universalidade da Maçonaria, pois diz-se que a Maçonaria e universal e o
Universo é uma Oficina.
Coletivamente, as Lojas representam a oficinas
trabalhando espalhadas pela face da terra.
Em linhas gerais, a superfície de uma Loja
corresponde a segmento retangular situado sobre a Terra. Geralmente essa simbólica
porção territorial é orientada no seu comprimento do Leste para o Oeste e na
sua largura do Norte para o Sul.
Graças a isso é que a posição das Luzes da Loja (Venerável e Vigilantes) é
determinada conforme o rito. No caso do REAA, historicamente estruturado na forma dos Antigos, o Venerável Mestre fica no Leste desse segmento (onde nasce o Sol); o 1º Vigilante no Oeste (noroeste), onde o Sol de põe; e o 2º Vigilante no Sul, sobre o meridiano do meio dia (para ver a passagem do Sol de Leste para o Oeste).
É com base nessa amplitude simbólica que a
dialética maçônica atua. É como se as extensões na sala da Loja representassem
grandes distâncias e para tal as mensagens chegassem por repetição ou mesmo enviadas
por mensageiros. É preciso lembrar que nesse contexto tudo na Loja é simbólico.
Basta observar que no mesmo ambiente está representado o lugar que o Sol nasce
e se põe diariamente.
Historicamente essa amplitude simbólica remonta
aos nossos antepassados (Maçons Operativos) e as construções das antigas
catedrais, cujos canteiros de obras, pela grandeza das edificações, eram
imensos e setorizados entre os três dirigentes dos trabalhos - o dirigente geral
(Mestre da Obra), o encarregado pelas ferramentas e operários (1º Vigilante) e
o que fiscalizava as atividades no ofício (2º Vigilante). As suas ordens eram
geralmente transmitidas por mensageiros.
Inegavelmente toda essa complexa estrutura
operativa de trabalho acabaria influenciando os costumes da Maçonaria dos
Aceitos e logo a Moderna Maçonaria.
Assim, esse conjugado operativo (ofício) e
especulativo (aceitos) resultou na formalidade dialética que conhecemos
atualmente, até porque a Loja, que outrora fora um canteiro de obras, hoje é uma
oficina especulativa de trabalho.
Portanto nada mais natural que nos dias
atuais seus processos de trabalho imitem o ambiente das enormes e antigas
construções.
Foi desse modo é que a dialética foi
introduzida nos rituais modernos, mencionando personagens que supostamente
estão distribuídos à distâncias consideráveis nos pontos cardeais e colaterais
da Terra (universalidade maçônica).
É isso que caracteriza a arte do diálogo
iniciático maçônico, aperfeiçoado simultaneamente com a evolução dos rituais a
partir do século XIX.
Por fim, é bem verdade que todo esse “mise
en scène” também possui seu caráter iniciático.
T.F.A.
PEDRO JUK
http://pedro-juk.blogspot.com.br
JAN/2023
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