Em 20/10/2022 o Respeitável Irmão Milton Souza, Loja União do Horizonte, 119, REAA, GLEGO (CMSB), sem mencionar o Oriente, Estado de Goiás, apresenta o que segue:
ALEGORIA MAÇÔNICA
Caro Irmão Pedro Juk.
Mas o que preciso de você é sobre o fato de não estar conseguindo
explicar a contento sobre ALEGORIA. As vezes pedem que eu separe quais são as
alegorias e quais são os símbolos eis um pouco de dificuldades. Às vezes acho
que muitos símbolos também são Alegorias, por uma outra visão ou utilidade.
Quais dos seus livros ou postagem esclarece sobre o assunto, numa
linguagem bem feijão com arroz?
CONSIDERAÇÕES.
Alegoria é uma exposição figurada de um pensamento. É um conjunto de símbolos
que designa a expressão de uma ideia por uma sucessão de imagens e figuras.
Além da linguagem individual dos símbolos, a Maçonaria se faz também
valer de alegorias. De certo modo uma alegoria é uma ideia abstrata que se
manifesta por meio de símbolos para torna-la compreensível.
Alegoria é um elemento metafórico ilustrado por símbolos. Por exemplo, a
do Templo de Jerusalém (Salomão) quando relacionada à construção simbólica do
Homem; a do caminho iniciático quando associada ao teatro da Natureza; a das
viagens iniciáticas quando relacionadas aos ciclos da vida humana; a das pedras,
bruta e cúbica, quando conexas com o homem iniciado e o elemento da Obra; etc.
No que diz respeito aos símbolos, em Maçonaria eles expressam figuras,
ou objetos individualizados e convencionais elaborados com o desiderato de representar
alguma coisa (emblema, insígnia).
Os símbolos maçônicos representam a maneira velada pela qual a Maçonaria
ministra aos iniciados as lições de moral e ética que fazem parte da sua
doutrina.
De maneira geral, os símbolos utilizados pela Maçonaria são instrumentos
ou figuras ligados à arte (ofício) da construção. Por exemplo: Compasso; Esquadro;
Maço, Prumo, Avental, Pedra Bruta, Pedra Cúbica, etc.
No contexto prático das alegorias, tomando como exemplo as que aqui já foram
citadas, nesse caso o Templo de Jerusalém, demonstra-se o ideário de um ser humano
preparado, o mais próximo possível da perfeição, para ser o habitat da Criação
– metaforicamente é a ideia de que o Templo seja o próprio Homem.
Com essa natureza, a alegoria do Templo abriga dentro de si um
encadeamento se símbolos que o constroem. Nesse particular é possível citar alguns
deles: o Altar principal corresponde ao Sanctum Santorum; o Oriente corresponde
ao Sanctum; o Pavimento Mosaico corresponde ao grande pátio; as Colunas
Vestibulares correspondem o Pórtico; etc.
Assim, todos esses elementos unidos representam metaforicamente a
alegoria do elemento ideal, aperfeiçoado e dedicado.
Como elemento emblemático, o Templo também é a oficina de trabalho onde
o Iniciado opera sobre si mesmo a transformação e, em outra conjuntura, que não
a alegórica, o Templo também foi o elemento base principal para se construir a
Lenda do 3º Grau.
No caso do REAA e a alegoria que abriga o caminho iniciático e o teatro
da Natureza, metaforicamente ela compara a vida simbólica do maçom à revolução
anual da Natureza, ou seja, sugere que as etapas de aperfeiçoamento do homem iniciado
sejam figuradamente correspondentes aos ciclos da Natureza – primavera, verão,
outono e inverno (infância, juventude, maturidade e morte).
Resumidamente, o encadeamento de símbolos que formam essa alegoria é demonstrado
visualmente no Templo pelas constelações do Zodíaco e as respectivas Colunas
Zodiacais. Esses elementos simbólicos constituem parte de uma decoração apropriada
para um rito solar. Enfim, esse ideário alegórico procura demonstrar que o Iniciado
é um elemento que faz parte da Natureza.
No caso da alegoria que envolve as viagens simbólicas, comuns na
liturgia do REAA, cada viagem se refere ao deslocamento do iniciado, relatando
o seu próprio percurso, assim como o das civilizações e das sociedades humanas.
Os elementos alquímicos da Terra, Ar, Água e Fogo, inerentes às viagens simbólicas,
eles são os vetores iniciáticos que constroem, no REAA, essa figura metafórica
de linguagem (veja o que representa cada uma dessas viagens no ritual durante a
Iniciação).
No caso da alegoria que condensa as Pedras, Bruta e Cúbica (duas das três
joias fixas da Loja) como seu ideário, ela manifesta figuradamente o estágio
inicial de aperfeiçoamento do maçom (Aprendiz), seguida de uma visível evolução
que fora adquirida pelo aprendizado resultante do trabalho perseverante (Companheiro).
Metaforicamente, a Pedra Bruta e a Pedra Cúbica exprimem o estado do elemento
primário suscetível ao aprimoramento nos dois primeiros ciclos iniciáticos.
Já na conjuntura exclusiva dos símbolos, individualizados ou conjugados,
eles exprimem interpretações que tanto podem ser de viés alegórico ou místico.
Nesse sentido, seguem alguns exemplos de símbolos e os seus significados:
o Compasso: individualmente simboliza a justa medida, mas também simboliza a
espiritualidade e o conhecimento humano; o Esquadro: símbolo da retidão de
caráter, simboliza também a materialidade humana; o Maço: símbolo do caráter a
serviço da razão e da inteligência; o Prumo: simboliza a profundidade de
conhecimento, o equilíbrio, a estabilidade e a justiça (não pende como as
oblíquas); o Avental: simboliza o trabalho que honra e dignifica o homem; a Pedra
Bruta: de maneira individualizada representa o início, o homem passível de
aperfeiçoamento (elemento primário tal como retirado da jazida); a Pedra Cúbica:
simboliza o Homem evoluído e preparado, representa o elemento próprio para ser
utilizado na edificação, etc.
Obviamente que em se tratando de símbolos e alegorias, estes exemplos não
se esgotam por aqui. Contudo, acredito que com esses elementos básicos seja
possível compreender muitos desses fundamentos elementares da ritualística maçônica.
Espero que esse conteúdo seja útil para a sua súplica.
T.F.A.
PEDRO JUK
http://pedro-juk.blogspot.com.br
MAR/2023
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