Em 13.11.2022 o Respeitável Irmão Charleston Sperandio de Souza, Loja Fraternidade Guanduense, 1396, REAA, GOB-ES, Oriente de Baixo Guandu, Estado do Espírito Santo, faz a pergunta seguinte:
O PAVIMENTO E O ORIENTE
Sou professor universitário, com alguns artigos
escritos no Jornal O Malhete. O motivo que me faz contata-lo, é um
questionamento que eu fiz em Loja e ninguém soube responder, e o qual faço o mesmo
ao Irmão, para que, se souber possa me explicar.
Questionamento: Por que o pavimento mosaico
fica só no Ocidente, não contemplando o piso do Oriente?
CONSIDERAÇÕES.
É porque no primeiro ritual para o simbolismo do REAA datado de 1804 na França,
não era mencionado Oriente elevado e nem separado por balaustrada.
A bem da verdade, nos primórdios do simbolismo do REAA a sala da Loja não
possuía nenhum desnível, portanto o espaço de trabalho era todo no mesmo nível
e sem delimitação do Oriente, tal como se dá no Rito de York.
muitos elementos do hoje nominado Rito de York – por exemplo, o 2º Vigilante posicionado no meridiano do meio-dia.
Comentários a parte, a partir de 1816 com a criação das Lojas
Capitulares do REAA pelo Grande Oriente da França (essa é uma longa história) é
que apareceria o Oriente elevado e separado no templo.
A razão pela qual essa substancial alteração veio ocorrer foi pela necessidade
de se criar um espaço destinado santuário Rosa Cruz, o que em linhas gerais
acabaria, de certa forma, separando o Oriente do Ocidente da Loja. Assim, nas
Lojas Capitulares o Oriente passava a abrigar somente Irmãos do corpo capitular,
enquanto que o simbolismo ficava restrito ao Ocidente do templo.
Nessas circunstâncias vale mencionar que as Lojas Capitulares abrigadas
pelo Grande Oriente da França eram compostas pelos três graus simbólicos (Aprendiz,
Companheiro e Mestre), mais as Lojas de Perfeição e Capítulo, ou seja, até o 18º
do REAA, ficando com o 2º Supremo Conselho da França, apenas os graus
concernentes ao Kadosh e ao Consistório.
Nesse contexto, o Athersata, governador do Capítulo, era também o
Venerável Mestre da Loja simbólica. Esse foi o motivo das adaptações feitas no espaço
de trabalho.
Todavia, essa irregularidade capitular inserida no simbolismo por ordem
e graça do Grande Oriente da França estava com os seus dias contados e não
tardaria a deixar de existir. Já no final do século XIX e começo do XX o
Capítulo voltava para o 2º Supremo Conselho da França, ficando sob a égide do
Grande Oriente apenas os três graus simbólicos, ou o franco-básico universal.
Contudo, embora extintas as Lojas Capitulares do seio da Potência
Simbólica, inexplicavelmente o formado de Oriente separado e elevado acabou permanecendo
no simbolismo do REAA.
Na verdade, o espaço oriental elevado que outrora servira ao santuário
Rosa Cruz da Loja Capitular, agora se evidenciaria como lugar reservado aos
Mestres Maçons e aos ex-Veneráveis, esses últimos sobejamente conhecidos como
Mestres Instalados.
Assim, na conjuntura iniciática os Aprendizes e Companheiros ocupam o
Ocidente da Loja, Norte e Sul respectivamente, e os Mestres o Oriente, por ser
este reservado apenas àqueles que alcançaram a plenitude maçônica.
Em relação ao pavimento mosaico e o templo, o mesmo paulatinamente viria
se consolidar no simbolismo do REAA como um dos Ornamentos da Loja.
Inicialmente como um dos símbolos constantes nos Painéis da Loja, no decorrer
dos tempos ele passou literalmente a compor o chão da Loja – The Beautifull
Checkred Floor.
Composto por quadrados brancos e pretos dispostos sobre o piso de modo
oblíquo, o pavimento mosaico do REAA se diferencia do tapete utilizado pelo
Rito de York porque esse último se assemelha a um tabuleiro de xadrez.
Desse modo, graças à permanência do Oriente elevado e separado, costume haurido
das extintas Lojas Capitulares, houve-se por bem determinar que o pavimento mosaico
ocupasse no REAA apenas o piso ocidental do templo, inclusive o átrio.
Destaque-se que o pavimento mosaico deve ocupar a totalidade do piso ocidental.
Não há pavimento mosaico no Oriente da Loja.
Já no contexto iniciático, o pavimento mosaico, que ocupa todo o piso do
Ocidente da Loja, simboliza o solo terrestre, ou mundo material, espaço das
pedras lavradas por aonde transita o iniciado. Quanto ao Oriente, que é
restrito ao Mestres, simboliza o mundo espiritual. Esotericamente aponta o
lugar onde o Mestre revivido ingressa após a sua Exaltação.
T.F.A.
PEDRO JUK - SGOR/GOB
http://pedro-juk.blogspot.com.br
MAR/2023
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