terça-feira, 4 de abril de 2017

VELAS E A LUZ

Em 11/03/202017 o Irmão Sílvio Biss, Loja Cavaleiros da Arte Real, 3.245, REAA, GOB-PR, Oriente de Curitiba, Estado do Paraná, solicita o seguinte:

VELAS E A LUZ.


O meu contato com o Irmão se faz pela necessidade em apresentar uma peça de arquitetura para aumento de salário em minha Loja.
O tema a ser trabalhado é as velas e acredito que o título do trabalho seja "As velas e seu simbolismo".
Como no ERAC em que participei no meio do ano passado, o Irmão foi fonte de conhecimento ilimitada e exemplo de humildade, gostaria de poder contar com alguns comentários, dicas e curiosidades sobre este tema pouco discutido.

CONSIDERAÇÕES.

No meu ponto de vista – autêntico – as velas, em se tratando da liturgia maçônica, simplesmente simbolizam as Luzes da Loja, ou as Luzes menores, dependendo a vertente do rito.
No caso do Rito Escocês Antigo e Aceito, elas, as Luzes dos candelabros, se agrupam em determinadas quantidades e são acesas de acordo com o grau simbólico em que a Loja esteja trabalhando. Associadas às Luzes da Loja elas idealizam aqueles que dirigem os trabalhos – o Venerável Mestre, o Primeiro e o Segundo Vigilantes como elementos representantes principais das ferramentas especulativas do aprimoramento no canteiro (Loja).
O termo “Luz, ou Luzes da Loja” é muito antigo e é classificado como um Landmark da Ordem por mencionar imemorialmente que uma Loja Maçônica será sempre dirigida por três Luzes.
Sob o ponto de vista figurado, conforme a quantidade de Luzes acesas nos candelabros de três braços do Templo, cada Luz representa - no REAA - o aperfeiçoamento humano adquirido. Em linhas gerais representa o iniciado maçom que percorre a sua senda iniciática galgando cada um dos três Graus Simbólicos.
Em síntese é a Luz, e não a vela a representante do esclarecimento alcançado pelo obreiro no simbolismo da Maçonaria Universal.
No simbolismo escocês, as Luzes litúrgicas compõem a alegoria da evolução natural sugerida pelos ciclos conhecidos como as estações do ano. Agrupadas em grupos de três em três, as Luzes litúrgicas aludem à primavera, ao verão e ao outono, já os três meses do inverno não são representados nessa alegoria porque essa estação sugere a prevalência das trevas (dias curtos e noites longas). É quando a Terra fica viúva da Luz. Graças a esse apólogo que o maçom, como peça integrante da Natureza, em busca do aprimoramento, segue a Marcha da Luz – vindo do Ocidente, lugar das trevas, ele percorre o caminho iniciático até o Oriente que é o lugar da Luz. Inúmeras são as referências feitas à Luz no simbolismo maçônico.
Cabe também mencionar que não se devem confundir as luzes que iluminam o ambiente, inclusive as previstas como auxiliares para leitura e escrita, com as Luzes litúrgicas.
Devido à evolução do conhecimento humano, a Moderna Maçonaria tem adotado lâmpadas elétricas no lugar de velas. Isso não implica em desrespeito algum para com a liturgia maçônica, já que no passado, as velas, geralmente de cera de abelhas para diminuir a poluição no ambiente, eram usadas simplesmente pela inexistência de energia elétrica. Havia velas em candelabros ou mesmo tocheiros que serviam à liturgia e também para clarear o recinto.
Outras luzes mencionadas na liturgia maçônica são aquelas intituladas como estrelas e que sevem para as comissões de recepção. Essas luzes não são de cunho iniciático, senão como lembrança de um passado distante quando Irmãos recepcionavam os visitantes prestando-lhes auxílio iluminando o caminho que os levava ao recinto de trabalho.
Ainda existe uma Luz litúrgica pendente do teto na Câmara do Meio, porém essa não deve ser aqui abordada nessa oportunidade.
De modo geral ainda existem Ritos maçônicos, não é o caso do Escocês, que tem na sua liturgia, cerimônias que envolvem luzes e velas, entretanto esse simbolismo é próprio de algumas outras doutrinas ritualísticas que não me cabem aqui serem comentadas.
Existem ainda determinados rituais especiais das Obediências brasileiras que mencionam outras luzes e seus respectivos acendimentos cerimonias em sagrações e outras generalidades. Só posso comentar que neles também não existem explicações racionais, portanto, por essa característica, não merecem considerações da minha parte por serem meras cópias e adaptações de outros rituais anacrônicos.
Assim, em nome da autenticidade maçônica, eu prefiro buscar suporte no produto resultante da Verdade, daí os meus apreços objetivarem a Luz como aquilo ou aquele que esclarece, ilumina ou guia o espírito, não propriamente à vela como elemento produtor da Luz, afinal na liturgia maçônica a Luz é a faculdade de percepção; é o juízo; e a Inteligência, e não a vela, ou a lâmpada que fornece iluminação.


T.F.A.

PEDRO JUK


ABRIL/2017

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