Em 03/09/2017 o Respeitável Irmão
Carlos Alberto de Souza Santos, Loja Harmonia e Concórdia, 4.418, REAA, GOB-RJ,
Rio de Janeiro, RJ, apresenta a seguinte questão:
DISCORDÂNCIA DE RESPOSTA.
Meu Irmão Pedro Juk, aqui vos fala é o
irmão Carlos Santos que por várias vezes recorreu ao irmão na época em que fui
Secretario Adjunto de Ritualística do GOB/RJ. Inclusive
cheguei a conversar com o irmão pelo telefone.
Bom o motivo de meu contato é que pela
primeira vez discordo do Irmão na seguinte questão:
Pois bem, no JB News 2283 o Irmão respondeu
a pergunta de um irmão Cícero Luiz Calazans de Lima, sem declinar o nome da
Loja, REAA, GOB-AL, Oriente de Maceió, Estado de Alagoas em julho de 2016.
Pergunta do irmão:
1 - A ida do Venerável Mestre ao
oriente para tomar assento no seu lugar é pelo lado norte ou sul? E por quê?
Sua resposta:
Não é uma questão de circulação, até porque no Oriente ela não existe,
todavia a praxe tem sido que, chegando ao Altar, nele se ingresse pelo lado
Norte e dele se saia pelo lado Sul. A situação é apenas pela praticidade do
procedimento, já que quem ingressa no Oriente, o faz obrigatoriamente vindo da
Coluna no Norte (ingressa-se no Oriente pelo nordeste). Assim a distância
percorrida até o Altar fica a mais curta possível. O mesmo acontece com a
saída, já que do Oriente obrigatoriamente se sai ingressando na Coluna do Sul
(sai pelo sudeste). A ordem é só pelo exercício utilitário, não existindo nesse
procedimento nenhum motivo esotérico ou outro qualquer que racionalmente
possa ser imaginado.
Pois bem, penso eu e como hoje mestre
de Cerimônias tenho o seguinte procedimento: Não é uma questão de circulação,
até porque no Oriente ela não existe, todavia a minha praxe tem sido, chegando
ao altar, nele ingresse o Venerável Mestre pelo lado Sul pelo motivo que o
Venerável foi instalado no trono de Salomão ingressando pelo lado Sul.
OBS: Penso que se tomou assento pela
primeira vez, subindo pelo Sul é por ali que deve tomar assento sempre.
Meu irmão, aguardo o seu retorno, pois
para mim será muito valioso.
Aguardo ansiosamente também o seu
retorno a Secretaria de Ritualística do REAA – GOB.
CONSIDERAÇÕES.
Primeiro um fraterno
abraço ao meu estimado Irmão Carlos Alberto.
Vamos à questão da
sua discordância.
Veja: essa prática de
Instalação não é original no REAA\, sendo a mesma mais
um enxerto adotado pelo GOB desde 1968 usando um Ritual de Instalação
encomendado e feito por um respeitável Irmão oriundo de outra Obediência.
Esse ritual adotado foi
sistematicamente urdido e adaptado, não indo nem de perto ao encontro do que
verdadeiramente prevê a Instalação da Moderna Maçonaria anglo-saxônica de onde
esse costume é original (na Instalação inglesa não existem “práticas esotéricas”).
O verdadeiro ritual
de instalação inglês não trata de lendas, sinais, gestos e segredos à moda
desses rituais conhecidos aqui na Maçonaria brasileira.
Sabe-se perfeitamente
que na França, de onde o REAA\ é oriundo, o termo Instalação
é meramente sinônimo da posse de um Mestre Maçom eleito para dirigir uma Loja.
A despeito desses
comentários, o GOB reeditou seu ritual de Instalação em 2009 e nele colocou o
Mestre Instalador conduzindo o novo Venerável ao trono pelo Sul. Na realidade,
isso nada tem de extraordinário, senão uma forma simplificada e mais cômoda
para que, após estar o Venerável em posição no seu lugar de direito, o seu
condutor se coloque à sua direita. É somente nesse sentido que o Instalador,
caminhado de costas, traz o Venerável entrando pelo Sul para que ele,
automaticamente já fique à direita do empossado.
Embora essa prática até
possa parecer uma regra fundamental que dê origem ao lado de se ingressar no
sólio, na verdade não o é, sendo apenas um meio para facilitar o deslocamento
dos dois personagens na oportunidade – o Instalado e o Instalador.
Assim, partindo da
premissa da não originalidade da Instalação no escocesismo é que eu dei a
resposta ao Irmão Cícero que fora mencionada na sua questão, ou seja, afirmei
que se ingressa pelo lado norte do Altar e, dele se sai, pelo seu lado Sul (não
é uma questão de circulação).
Fica ainda o alerta de
que toda a liturgia dos três autênticos Graus da Moderna Maçonaria Universal
não sofre, em hipótese alguma, influências ritualísticas de procedimentos que
não lhes são originais - é o caso dessa cerimônia esotérica de Instalação.
Ainda outros
comentários sobre o assunto no REAA\:
Note--se que o
Venerável ingressa coincidentemente por onde originalmente ele é abordado durante
os trabalhos (geralmente pela sua direita, ou seu ombro direito). É o caso, por
exemplo, do Primeiro Diácono quando o aborda durante a transmissão da Palavra;
dos Oficiais quando fazem a coleta com as respectivas bolsas (Propostas e
Informações e de Solidariedade); do Mestre de Cerimônias quando leva ao
Venerável Mestre a Ata e o Livro de Presenças para a sua assinatura; na
Iniciação quando o Experto conduz o Candidato ao Altar para bater e pedir
passagem pela terceira porta simbólica durante a terceira viagem, etc.
Se existe abordagem
pelo seu lado esquerdo (Sul) nos trabalhos da Loja, ela somente acontece na prova
da Taça Sagrada, já que a liturgia desse teatro necessita de condução abrupta
do candidato quando em retirada. Assim, por razões óbvias, o protagonista fica
o mais próximo possível da saída do Oriente.
Entretanto, vale a
pena comentar que a prova da Taça também não é uma prova original no
escocesismo e, com isso, ela teve que sofrer adaptação para o lado Sul do
Altar.
Outro exemplo de
adaptação, mas que também não pode influenciar à ritualística do simbolismo é a
entrega das ferramentas simbólicas durante a cerimônia de Instalação e Posse
das Dignidades e Oficiais. Embora esses procedimentos aconteçam pelo lado Sul
do Altar, eles também em nada influenciam o lado pelo qual o Venerável Mestre
ingressa no Altar.
Por assim ser, eram
essas as minhas justificativas meu Irmão, embora não as coloque com caráter
laudatório, até porque, muitas delas, eu volto a repetir, não fazem parte da
verdadeira cultura do REAA\.
Entendo que se
consuetudinariamente a Instalação é uma realidade na Maçonaria Brasileira,
assim devemos cumprir, entretanto, se faz cogente também que compreendamos que
Mestre Maçom Instalado não é grau, senão um título honorífico dado àqueles que
foram eleitos para dirigir uma Loja Simbólica. Por extensão, nenhum ato
litúrgico da Cerimônia de Instalação deve reger ou coordenar a espinha dorsal
da ritualística do franco-maçônico básico.
P.S. – A grande possibilidade dos meus
auxílios à ritualística do GOB está na vitória do Irmão Barbosa Nunes ao
Grão-Mestrado Geral em 2018.
T.F.A.
PEDRO JUK
NOV/2017
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