segunda-feira, 27 de novembro de 2017

DISCORDÂNCIA DE RESPOSTA - LADO QUE O VENERÁVEL INGRESSA NO ALTAR

Em 03/09/2017 o Respeitável Irmão Carlos Alberto de Souza Santos, Loja Harmonia e Concórdia, 4.418, REAA, GOB-RJ, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a seguinte questão:

DISCORDÂNCIA DE RESPOSTA.


Meu Irmão Pedro Juk, aqui vos fala é o irmão Carlos Santos que por várias vezes recorreu ao irmão na época em que fui Secretario Adjunto de Ritualística do GOB/RJ. Inclusive

cheguei a conversar com o irmão pelo telefone.
Bom o motivo de meu contato é que pela primeira vez discordo do Irmão na seguinte questão:
Pois bem, no JB News 2283 o Irmão respondeu a pergunta de um irmão Cícero Luiz Calazans de Lima, sem declinar o nome da Loja, REAA, GOB-AL, Oriente de Maceió, Estado de Alagoas em julho de 2016.
Pergunta do irmão:
1 - A ida do Venerável Mestre ao oriente para tomar assento no seu lugar é pelo lado norte ou sul? E por quê?
Sua resposta:
Não é uma questão de circulação, até porque no Oriente ela não existe, todavia a praxe tem sido que, chegando ao Altar, nele se ingresse pelo lado Norte e dele se saia pelo lado Sul. A situação é apenas pela praticidade do procedimento, já que quem ingressa no Oriente, o faz obrigatoriamente vindo da Coluna no Norte (ingressa-se no Oriente pelo nordeste). Assim a distância percorrida até o Altar fica a mais curta possível. O mesmo acontece com a saída, já que do Oriente obrigatoriamente se sai ingressando na Coluna do Sul (sai pelo sudeste). A ordem é só pelo exercício utilitário, não existindo nesse procedimento nenhum motivo esotérico ou outro qualquer que racionalmente possa ser imaginado.
Pois bem, penso eu e como hoje mestre de Cerimônias tenho o seguinte procedimento: Não é uma questão de circulação, até porque no Oriente ela não existe, todavia a minha praxe tem sido, chegando ao altar, nele ingresse o Venerável Mestre pelo lado Sul pelo motivo que o Venerável foi instalado no trono de Salomão ingressando pelo lado Sul.
OBS: Penso que se tomou assento pela primeira vez, subindo pelo Sul é por ali que deve tomar assento sempre.
Meu irmão, aguardo o seu retorno, pois para mim será muito valioso.
Aguardo ansiosamente também o seu retorno a Secretaria de Ritualística do REAA – GOB.

CONSIDERAÇÕES.

Primeiro um fraterno abraço ao meu estimado Irmão Carlos Alberto.
Vamos à questão da sua discordância.
Veja: essa prática de Instalação não é original no REAA\, sendo a mesma mais um enxerto adotado pelo GOB desde 1968 usando um Ritual de Instalação encomendado e feito por um respeitável Irmão oriundo de outra Obediência.
Esse ritual adotado foi sistematicamente urdido e adaptado, não indo nem de perto ao encontro do que verdadeiramente prevê a Instalação da Moderna Maçonaria anglo-saxônica de onde esse costume é original (na Instalação inglesa não existem “práticas esotéricas”).
O verdadeiro ritual de instalação inglês não trata de lendas, sinais, gestos e segredos à moda desses rituais conhecidos aqui na Maçonaria brasileira.
Sabe-se perfeitamente que na França, de onde o REAA\ é oriundo, o termo Instalação é meramente sinônimo da posse de um Mestre Maçom eleito para dirigir uma Loja.
A despeito desses comentários, o GOB reeditou seu ritual de Instalação em 2009 e nele colocou o Mestre Instalador conduzindo o novo Venerável ao trono pelo Sul. Na realidade, isso nada tem de extraordinário, senão uma forma simplificada e mais cômoda para que, após estar o Venerável em posição no seu lugar de direito, o seu condutor se coloque à sua direita. É somente nesse sentido que o Instalador, caminhado de costas, traz o Venerável entrando pelo Sul para que ele, automaticamente já fique à direita do empossado.
Embora essa prática até possa parecer uma regra fundamental que dê origem ao lado de se ingressar no sólio, na verdade não o é, sendo apenas um meio para facilitar o deslocamento dos dois personagens na oportunidade – o Instalado e o Instalador.
Assim, partindo da premissa da não originalidade da Instalação no escocesismo é que eu dei a resposta ao Irmão Cícero que fora mencionada na sua questão, ou seja, afirmei que se ingressa pelo lado norte do Altar e, dele se sai, pelo seu lado Sul (não é uma questão de circulação).
Fica ainda o alerta de que toda a liturgia dos três autênticos Graus da Moderna Maçonaria Universal não sofre, em hipótese alguma, influências ritualísticas de procedimentos que não lhes são originais - é o caso dessa cerimônia esotérica de Instalação.
Ainda outros comentários sobre o assunto no REAA\:
Note--se que o Venerável ingressa coincidentemente por onde originalmente ele é abordado durante os trabalhos (geralmente pela sua direita, ou seu ombro direito). É o caso, por exemplo, do Primeiro Diácono quando o aborda durante a transmissão da Palavra; dos Oficiais quando fazem a coleta com as respectivas bolsas (Propostas e Informações e de Solidariedade); do Mestre de Cerimônias quando leva ao Venerável Mestre a Ata e o Livro de Presenças para a sua assinatura; na Iniciação quando o Experto conduz o Candidato ao Altar para bater e pedir passagem pela terceira porta simbólica durante a terceira viagem, etc.
Se existe abordagem pelo seu lado esquerdo (Sul) nos trabalhos da Loja, ela somente acontece na prova da Taça Sagrada, já que a liturgia desse teatro necessita de condução abrupta do candidato quando em retirada. Assim, por razões óbvias, o protagonista fica o mais próximo possível da saída do Oriente.
Entretanto, vale a pena comentar que a prova da Taça também não é uma prova original no escocesismo e, com isso, ela teve que sofrer adaptação para o lado Sul do Altar.
Outro exemplo de adaptação, mas que também não pode influenciar à ritualística do simbolismo é a entrega das ferramentas simbólicas durante a cerimônia de Instalação e Posse das Dignidades e Oficiais. Embora esses procedimentos aconteçam pelo lado Sul do Altar, eles também em nada influenciam o lado pelo qual o Venerável Mestre ingressa no Altar.
Por assim ser, eram essas as minhas justificativas meu Irmão, embora não as coloque com caráter laudatório, até porque, muitas delas, eu volto a repetir, não fazem parte da verdadeira cultura do REAA\.
Entendo que se consuetudinariamente a Instalação é uma realidade na Maçonaria Brasileira, assim devemos cumprir, entretanto, se faz cogente também que compreendamos que Mestre Maçom Instalado não é grau, senão um título honorífico dado àqueles que foram eleitos para dirigir uma Loja Simbólica. Por extensão, nenhum ato litúrgico da Cerimônia de Instalação deve reger ou coordenar a espinha dorsal da ritualística do franco-maçônico básico.

P.S. – A grande possibilidade dos meus auxílios à ritualística do GOB está na vitória do Irmão Barbosa Nunes ao Grão-Mestrado Geral em 2018.


T.F.A.

PEDRO JUK


NOV/2017

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