sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

ESPADA MAÇÔNICA - SEU COMPRIMENTO


Em 04/12/2019 o Respeitável Irmão Ericson Simonetto, sem mencionar o nome da Loja, REAA, GOB-SC, Oriente de Criciúma, Estado de Santa Catarina, apresenta a questão seguinte:

COMPRIMENTO DA ESPADA

 
Ainda em conversação com os Irmãos de Criciúma para trazê-lo ao nosso Oriente.
Mas tenho uma dúvida, e pode me ajudar, eu acredito. Seria sobre a espada do Cobridor, pois percebo que algumas oficinas, a espada tem tamanho menor que as normais, existe algum simbolismo para tal instrumento? O Correto é a espada de tamanho menor?
No aguardo do entendimento do Irmão. Pois senão tem nada a ver, por que esta espada se faz presente nas Lojas?

CONSIDERAÇÕES

A espada utilizada na liturgia da Moderna Maçonaria é uma arma branca que se compõe de uma lâmina de aço com dois gumes e acabamento pontiagudo, protetor e cabo. Em média a sua lâmina possui comprimento aproximado entre 65 cm a 70 cm e o seu cabo com aproximadamente 18 cm. Esse comprimento dá a espada a possibilidade de ser embainhada, sobretudo pelos oficiais que, por dever de ofício, dela se utilizam como seu objeto de trabalho.
A faixa do Mestre tem origem no boldrié (talabarte) que servia para trazer dele pendente a bainha que acondicionava a espada. Isso pode ser constatado atualmente na descrição da Faixa do Mestre onde alguns rituais mencionam a existência de um dispositivo nele preso para acondicionar a espada – "Na extremidade interna da faixa existe uma presilha que serve de suporte para a espada", in Ritual do 3º Grau, Mestre Maçom, REAA, GOB, página 22, edição 2009 em vigência.
No simbolismo do REAA não está previsto o uso de punhais, adagas ou outros elementos do gênero que não seja a da espada com o tamanho acima mencionado. Destaque-se que essas são medidas meramente construtivas e condizentes com o uso do objeto, não existindo nelas, portanto, qualquer significado esotérico, místico ou com outras interpretações do gênero.
A título de esclarecimento, o uso coletivo da espada em Loja originou-se principalmente na Maçonaria francesa. Visando dar caráter de igualdade, todos os Mestres Maçons presentes em Loja, independente da sua classe social, portavam espadas. Esclareça-se que na França dos séculos XVII e XVIII a espada, além de ser uma arma utilizada pelos reis e militares, também era um símbolo de nobreza e era utilizada principalmente por elementos que compunham as classes mais abastadas.



T.F.A.

PEDRO JUK


FEV/2020

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

RETARDATÁRIO - PARA QUEM SE DIRIGE O COBRIDOR INTERNO


Em 03/12/2019 o Respeitável Irmão André Ricardo Ferraz Roque, Loja Barão do Rio Branco, 03, REAA, GOIPE/COMAB, sem mencionar o nome do Oriente, Estado do Pernambuco, apresenta a seguinte questão:

PARA QUEM SE DIRIGE O COBRIDOR.


Gostaria de tirar a seguinte dúvida: Quando um Irmão chega atrasado e bate à porta do Templo, a quem o Guarda do Templo deve se dirigir para comunicar a chegada do Irmão? Ao Segundo Vigilante e este ao Primeiro Vigilante que por sua vez comunica ao Venerável Mestre ou o cobridor comunica diretamente ao Venerável?

CONSIDERAÇÕES.

A presença de um retardatário pedindo ingresso deve ser anunciada no momento propício pelo Cobridor Interno ao 1º Vigilante.
Tem existido alguma controvérsia em relação a essa prática, sobretudo porque alguns alegam estar o Cobridor Interno ocupando a Coluna do Sul e o 1º Vigilante se encontra Coluna do Norte, portanto ele deveria primeiro comunicar o 2º Vigilante. Mas não é isso que se dá, pois se assim fosse, durante a abertura dos trabalhos o 1º Vigilante também teria que comunicar o 2º e este mandar o Cobridor verificar se o Templo se acha coberto. Ora, sabe-se perfeitamente que não é esse o procedimento previsto, pois é dever do 1º Vigilante ter ciência da cobertura do Templo (pelo menos é isso que prevê a maioria dos rituais do REAA).
Embora o atraso não esteja previsto, ou institucionalizado, na verdade a prática correta seguindo essa lógica é a de que o Cobridor Interno informe diretamente ao 1º Vigilante, pois ele está posicionado no extremo do Ocidente, próximo à porta e, por conseguinte, próximo do Cobridor.
Assim, respondendo a sua questão, o Cobridor Interno, em sendo o momento propício, comunica o 1º Vigilante que, por sua vez, comunica o Venerável Mestre.


T.F.A.

PEDRO JUK


FEV/2020

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

USO DO CHAPÉU NA MAÇONARIA - SIGNIFICADO



Em 14/12/2019 o Respeitável Irmão Jaime Pedrassani, Loja Sophia, nº 60, REAA, GLMERS (CSMB), Oriente de Porto Alegre, Estado do Rio Grande do Sul, apresenta a seguinte questão:

CHAPÉU DESABADO


Caro Irmão Pedro. Uma vez mais, recorro à vossa sábia orientação: em que momento do ritual de instalação do novo Venerável Mestre ele passa a usar o chapéu? Seria no momento em que lhe é transferida a joia, malhete, avental e punhos?

CONSIDERAÇÕES.

Como resposta objetiva, deve receber o chapéu assim que ele for instalado no trono.
A rigor, no REAA, sob o ponto de vista da originalidade, qualquer Mestre Maçom deveria usar chapéu negro e desabado quando trabalhando nas Lojas abertas em Câmara do Meio. Como Venerável Mestre ele deveria se apresentar aos trabalhos sempre usando cobertura, não importando o grau simbólico.
Reitero, essas colocações se prendem principalmente à tradição no REAA, o que infelizmente nem sempre é atendida nos rituais vigentes.
De qualquer modo, aproveito para deixar um pequeno arrazoado pertinente ao uso da cobertura da cabeça pelos Mestres Maçons, principalmente para que essa tradição não caia no esquecimento e também como repúdio a certas "chacotas" proferidas por alguns maçons que, por não conhecer a Maçonaria a contento, às vezes nos brindam com comentários desairosos, inconvenientes e de refinado mau gosto.
Segue um breve relato sobre o porquê dos fatos.
Por conta da influência hebraica na Maçonaria, segue o seguinte resumo sobre a cobertura da cabeça utilizada no judaísmo: Na tradição judaica, para os que atendem aos seus mais rígidos princípios, o homem deve sempre trazer a sua cabeça coberta, o que ocorre desde o brit-milá (circuncisão no oitavo dia de vida) por simbolizar a aliança abraâmica  - a aliança que Abrão fez com Deu. Na prática, entretanto, de modo geral a cobertura da cabeça - que no judaísmo utiliza-se o kipá - é obrigatória somente durante as cerimônias litúrgicas.
Em Maçonaria, a cobertura da cabeça, que é feita com um chapéu negro e desabado, é imprescindível (ou pelo menos deveria ser) para todos os Mestres Maçons em trabalho no 3º Grau, muito embora existam ritos que também utilizem cobertura para Aprendizes e Companheiros.
Além da herança hebraica, em Maçonaria boa parte desse costume advém das cortes europeias, quando o rei, na presença dos seus inferiores hierárquicos, cobria a cabeça como sinal de superioridade – é como deve fazer o Venerável em sessão no Grau de Aprendiz e Companheiro. Já em presença com seus pares, todos se cobriam.
No tocante à herança hebraica, sob o ponto de vista místico é nítida a sua influência, pois em Maçonaria, sobretudo considerando aspectos teístas, assim como no judaísmo, trazer a cabeça coberta, além do significado de que acima da cabeça do homem existe algo transcendental, onisciente, onividente e onipresente, que é Deus, o "Grande Arquiteto do Universo", também demonstra a pequenez humana e a prostração do homem perante Deus, o que, em linhas gerais, procura demonstrar que por ser a cabeça a sede da mente e do conhecimento, estando ela coberta, evidencia a incapacidade humana de entender o Criador. Em última análise é uma demonstração de submissão do homem a Deus.
Ainda sobre a cobertura da cabeça na Maçonaria, a título de esclarecimento cabe comentar o porquê de o chapéu negro ser "desabado", isto é, com abas caídas. Segundo alguns historiadores, tal como o saudoso Irmão Francisco de Assis Carvalho, o Xico Trolha, a característica desabada servia para esconder o rosto, dificultando a identificação facial do usuário do chapéu, sobretudo quando a discrição e o anonimato eram elementos muito importantes nas ações de combate que a Maçonaria travava contra o despotismo e a crueldade dos regimes totalitários.
Por fim, me cabe dizer que infelizmente na atualidade o uso do chapéu na Maçonaria não tem tido a importância merecida, possivelmente porque muitos "entendidos" simplesmente não sabem da sua história na Ordem e muito menos o que essa parte da indumentária maçônica significa para o iniciado.


T.F.A.

PEDRO JUK


FEV/2020

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

IDADE SIMBÓLICA DO MESTRE


Em 02/12/2019 o Respeitável Irmão Luiz Antonio, Loja Paz e União, 80, GLMMG (CMSB), Oriente de Capinópolis, Estado de Minas Gerais, solicita o seguinte esclarecimento:

IDADE SIMBÓLICA DO MESTRE


Sou mestre Maçom e tenho uma dúvida.
Quanto a pergunta: qual a idade de Mestre Maçom? Qual é correto: s aa e m, ou
s aa ou m?
Fiz leitura em algumas liturgias, mas não consegui saber.
Se puder me ajudar.

CONSIDERAÇÕES.

O modo correto dessa grafia é s aa e m (o grifo é meu).
Em linhas gerais, os "s aa" correspondem ao tempo de aperfeiçoamento que levou o maçom para chegar até a Câmara do Meio. Esse caminho intelectual, que tem tudo a ver com o gênio da criação, demonstra ação e conhecimento.
Simbolicamente cada a desse período iniciático corresponde a uma das Artes e Ciências Liberais da Antiguidade que o Mestre aprendeu para paulatinamente poder subir a escada sinuosa que leva a Árvore da Vida (A A M É C).
De modo prático os "s aa" também traduzem as s virtudes aplicadas durante a vida do iniciado: as virtudes teologais da Fé, Esperança e Caridade, somadas às virtudes da Justiça, Prudência, Temperança e Coragem.
Esotericamente se explica que os s aa correspondem à vida material e é demonstrada na trajetória dos s primeiros pp dados na execução da Marcha do Mestre, enquanto que o o e último p, de cunho espiritual, se completa no Oriente demonstrando a passagem pelo pórtico e o renascimento do Mestre.
O p dado além do s corresponde ao termo "e m" na expressão alusiva à idade do Mestre. Em síntese os s aa se referem à trajetória material e o complemento "e m" se refere ao espiritual. Não à toa que na representação da Lenda, o Mestre é simbolicamente revivido para ingressar no Oriente da Loja.
Assim, "s aa e m" demonstra a imortalidade daquele que afirma ter conhecido a Acác. Dividindo a expressão em duas partes, s aa revela a obra construída pelo Mestre, enquanto que "e m" revela a sua perenidade, ou seja, prevalecerá para sempre na mente dos pósteros. Morre o homem, mas fica a sua obra.
Dada essa abreviada consideração, afirma-se então: o Mestre tem "s aa e m" (o grifo é meu), ou seja, ilimitadamente sua idade vai além dos "s aa" (eternidade). A expressão denota sentido afirmativo e não alternativo.
Concluindo, em Maçonaria se aprende que a Luz vem do Oriente, portanto cada Mestre Maçom deve ser uma Luz para a prática das boas obras.


T.F.A.

PEDRO JUK


FEV/2020

domingo, 23 de fevereiro de 2020

ESTRELA FLAMEJANTE FIXADA NO DOSSEL


Em 02/12/2019 o Respeitável Irmão Sergio Antunes, Loja Acácia, 177, REAA, GOB-RJ, Oriente de Niterói, Estado do Rio de Janeiro, apresenta o que segue:

ESTRELA FLAMEJANTE - INSTRUÇÃO DO GRAU DE COMPANHEIRO.

 
Lendo a sugestão de 3º instrução de Companheiro, me veio uma dúvida:
Aprendi que a Estrela Flamejante fica sobre o 2º Vigilante e com a explicação que consta nas perguntas 4, 6 e 7. Já, o Pentagrama, que fica acima do Dossel do Venerável Mestre é que tem a explicação da pergunta 5 (Homem Vitruviano).
Então, qual o significado da Estrela, acima do Dossel? Ou ela não deveria existir?

CONSIDERAÇÕES.

A Estrela Flamejante, objeto de estudo do Companheiro Maçom no REAA, é um símbolo de origem pitagórica que vai pendente do teto sobre o lugar do 2º Vigilante ao Sul no meridiano do Meio-Dia, aparecendo também como um dos elementos simbólicos que compõem o Painel da Loja de Companheiro.
Esse símbolo, de caráter intermediário por se colocar entre o Sol no Oriente e a Lua no Ocidente, é uma estrela de cinco ponta (Pentagrama) e traz no seu centro a letra G (Geometria).
Dentre outros, ela simboliza o Homem no seu juízo e estado perfeito tal como a "criatura" criada pelo "Criador" (um ápice voltado para cima).
Assim, a Estrela Flamejante, de luz cálida por se colocar entre as duas luminárias terrestres e pendente do teto, não é um astro ou estrela pertencente ao mapa estelar da abóbada. Nesse sentido, ela não pode ser confundida com um corpo celeste pertencente ao firmamento.
Em termos de liturgia maçônica inerente ao REAA, a Estrela Flamejante somente aparece junto ao meridiano do Meio-Dia e como figura dentro do Painel da Loja.
Desafortunadamente alguns rituais anacrônicos chegaram até a apresentar a Estrela no alto do dossel e até mesmo dentro do Delta, impingido a ela, com isso, significados diferenciados, provavelmente para justificar essas colocações não recomendadas no REAA.
Assim, os títulos de Estrela Hominal (Homem Vitruviano), Pitagórica, Pentagrama, etc., são designações inerentes a uma única Estrela, a Flamejante, ou Estrela de Cinco Pontas - aquela que fica sobre o lugar do 2º Vigilante e no Painel do Grau. Nada mais é mencionado a respeito no Ritual do 2º Grau do REAA (GOB) em vigência, portanto, Estrela fixada no dossel não existe.
A propósito, todo o ideário iniciático do 2º Grau, que de longe é o grau mais genuíno da Maçonaria sob o ponto de vista histórico, está contido nessa emblemática e riquíssima alegoria. Isso pode ser constatado em se compreendendo o verdadeiro significado da senha de reconhecimento do C M.


T.F.A.

PEDRO JUK


FEV/2020

sábado, 22 de fevereiro de 2020

COLUNAS ZODIACAIS NO RITO BRASILEIRO?


Um Respeitável Irmão do Rito Brasileiro de Loja da constelação do GOB-PR me enviou, para meu parecer, uma peça de arquitetura versando sobre Colunas Zodiacais no Rito Brasileiro. Alegam os instrutores da Loja que o Aprendiz apresentou um trabalho com conteúdo inerente ao REAA e não ao Rito Brasileiro.

COLUNAS ZODIACAIS.


De pronto devo mencionar que não há como comentar um tema que envolve as Colunas Zodiacais no Rito Brasileiro, isso simplesmente porque elas não pertencem ao corolário simbólico desse rito, fato que pode ser constatado no seu próprio ritual em vigência, onde em momento algum há referência a essas Colunas.
Entendo que a Loja não deveria solicitar ao Aprendiz um trabalho envolvendo um tema que não pertence ao seu Rito e, pior ainda é depois alegar que o que texto apresentado pelo Aprendiz tinha muito a ver com outro Rito e não com o Brasileiro. Ora, mas isso é muito lógico, pois as Colunas Zodiacais são alegorias iniciáticas do escocesismo, não do Rito Brasileiro – parece que o Aprendiz se virou como pode.
As Colunas Zodiacais pertencem à decoração dos templos do REAA e representam as etapas de aperfeiçoamento maçônico pelas quais passam os Aprendizes, Companheiros e Mestres. Entenda-se que isso é doutrina do REAA, e não do Rito Brasileiro.
Em linhas gerais, no escocesismo cada Coluna Zodiacal projeta na base da abóbada a correspondente constelação do Zodíaco, sugerindo com isso, emblematicamente nas paredes do Templo, o alinhamento Terra, Sol e Constelação Zodiacal que se dá durante o percurso anual que o nosso Planeta faz em torno do Sol. A essa faixa de constelações dá-se o nome de Zodíaco. Desse modo, dependendo do ponto no espaço pelo qual esteja passando o planeta Terra, inclinado em aproximadamente 23º sobre o seu plano de órbita, produzem-se as estações do ano (opostas em cada hemisfério terrestre). Esses ciclos se dividem em quatro grupos que englobam cada qual três constelações (3 x 4 = 12). Esse equilíbrio do Universo, em relação à Terra em que vivemos, é representado no REAA como uma alegoria iniciática, associando os ciclos da Natureza às etapas da vida humana. Destaque-se que essa associação é feita por um Rito que nasceu no hemisfério Norte, portanto os ciclos naturais são aqueles que ocorrem na meia-esfera setentrional.
Para seguir esse ciclo como rota iniciática, no REAA as Colunas Zodiacais se distribuem nas paredes do Templo coincidindo com as estações do ano no hemisfério Norte – Áries, no topo do Norte e junto ao canto com a parede ocidental corresponde ao dia 21 de maço que é o início da primavera no Norte. Simboliza o Aprendiz que acaba de ser iniciado ao sair das profundezas da terra (Câmara de Reflexão) para renascer na Luz da primavera que se sobrepõe às trevas do inverno. É uma alegoria do renascimento e o caminho pelo ciclo da vida.
Entenda-se então que esse emblemático caminho é representado pelas doze Colunas Zodiacais e só fazem sentido para os ritos que têm os Aprendizes ocupando o topo da Coluna do Norte e os Companheiros o topo da Coluna do Sul. Não há como inverter o Zodíaco, pois se assim fizéssemos estaríamos invertendo a posição do Universo. Com isso, ritos que colocam seus Aprendizes na Coluna do Sul não têm como se servir dessa alegoria.
Embora o Rito Brasileiro tenha se originado basicamente no REAA, o seu nascimento, diferente do Escocês que viera do Norte, se deu no hemisfério Sul e com isso o seu caminho iniciático se inverte onde os Aprendizes ocupam o Sul e os Companheiros os Norte. Dado a isso não há como seguir a disposição das Colunas Zodiacais que originalmente e de acordo com o Universo indicam um caminho iniciático que se inicia em Áries colocado na Coluna do Norte. Inverter as Colunas Zodiacais para se adequar ao rito que se originou no hemisfério Sul não é possível pois isso seria contraditório ao que prevê a Lei Natural. Em síntese, não há como trazer uma constelação que se situa na abóbada ao Norte simplesmente para o Sul. Seria conflitante inverter posições das constelações que se apresentam fixas no firmamento.
Dessa forma, o Rito Brasileiro, originalmente não adotou as Colunas Zodiacais, pois seria ilógica a sua caminhada iniciática já que a primavera no hemisfério Sul não se inicia em Áries, porém em Libra, sobretudo levando-se em conta que a caminhada iniciática deve, em qualquer circunstância, se iniciar no extremo do Ocidente, como em Áries, por exemplo, e não em Libra que se situa próxima à grade do Oriente. Cabe destacar que o termo "topo" das Colunas do Norte e do Sul corresponde às paredes Norte e Sul na parte Ocidental do Templo.
Assim, reitera-se que o Rito Brasileiro não tem no seu corolário simbólico as Colunas Zodiacais decorando seu Templo. Se elas porventura viessem aparecer nesse rito elas seriam produto de equívoco. A isso dá-se o nome de enxerto. Pode até parecer bonito, mas não condiz com a doutrina do rito. Essa é uma conduta que só semeia incertezas.
Dado a esses comentários é que muito me estranha ver Mestres Maçons solicitarem a um Aprendiz da sua Loja uma peça de arquitetura abordando um símbolo, uma alegoria, ou um tema estranho ao rito por ela praticado. Seria interessante que os "instrutores" da Loja tivessem antes o discernimento de saber que não há como fazer alterações na originalidade iniciática de um rito em detrimento de outro - no caso do REAA para o Rito Brasileiro. O certo é escolher um tema condizente com o rito que a Loja pratica.
Finalizando, cabe ainda comentar que as mensagens colhidas dos símbolos devem satisfazer a doutrina do rito, nunca se adotando emblemas aleatoriamente simplesmente por acha-los bonitos ou interessantes. A Maçonaria, como uma Instituição investigadora da Verdade, não admite no seu seio conceitos e concepções que não possuam fundamento. Explicar um símbolo ou uma alegoria é necessário antes saber a razão da sua presença na estrutura doutrinária daquele rito. Trocando em miúdos, é saber antes o porquê de ele estar ali colocado. Embora o objetivo da Moderna Maçonaria seja um só, cada rito possui características próprias que merecem rigorosa observação.


T.F.A.

PEDRO JUK - SGOR/GOB


FEV/2020

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

REAA - SE DIRIGINDO À LOJA PARA USAR A PALAVRA


Em 01/12/2019 o Respeitável Irmão Álvaro Matos da Costa Filho, Loja Fé e Perseverança, 426, REAA, GOB-SP, Oriente de Jaboticabal, Estado de São Paulo, solicita esclarecimentos.

SE DIRIGINDO À LOJA PARA USAR A PALAVRA.


Mais uma vez venho solicitar a sua orientação em relação à saudação que ocorre em Loja estando presente o Soberano Grão Mestre quando este não estiver presidindo a sessão.
Devo saudar primeiramente o Venerável Mestre e os Vigilantes e em seguida o Grão Mestre e demais autoridades?

CONSIDERAÇÕES.

Já expliquei inúmeras vezes que conforme especifica o Ritual de Aprendiz do REAA em vigência, saudações em Loja somente são feitas ao Venerável Mestre quando da entrada e saída do Oriente e às Luzes da Loja (Venerável e Vigilantes) após o ingresso pela Marcha do Grau. Também se faz a saudação quando um obreiro, antes do término dos trabalhos, for autorizado a se retirar definitivamente.
Cabe também mencionar que saudação é feita unicamente pelo Sinal Penal do Grau. Parada formal não é saudação, porém é um artifício de comportamento quando se estiver empunhando ou conduzindo algum objeto na ocasião da saudação.
Dito isso, também já expliquei que os procedimentos ritualísticos para o uso da palavra nada têm a ver com "saudação" a alguém, justamente pelo motivo acima mencionado.
Assim, um obreiro ao fazer o uso da palavra fica à Ordem e protocolarmente se dirige à Loja (isso não é saudação). Nesse sentido, ele à Ordem (sem desfazer o sinal porque não é saudação) se dirige, independente de quem esteja presente, por primeiro ao Venerável Mestre, Primeiro e Segundo Vigilantes (menciona apenas os cargos), em seguida às autoridades presentes, porém sem a necessidade de denomina-las individualmente e, por fim, de modo genérico aos demais Irmãos.
Outra forma bastante comum é a de que depois de já ter se dirigido protocolarmente às Luzes da Loja, nomina-se a mais alta autoridade presente (que não a Bandeira Nacional) se dirigindo, em seu nome, às demais autoridades.
Tudo isso ocorre com o obreiro à Ordem, o que não é saudação, mas a forma protocolar de como se dirigir à assembleia em Loja aberta, ressalvados os direitos daqueles que podem falar sentados, todavia esses, se preferirem falar em pé, ficam à Ordem – por óbvio, compondo o Sinal de Ordem.
Estando à Ordem e concluída a sua fala, antes de sentar, desfaz o Sinal de Ordem na forma de costume.
Concluindo e reiterando, o usuário da palavra, em qualquer circunstância se dirige à assembleia por primeiro mencionando hierarquicamente os cargos dos detentores dos malhetes. Somente depois deles é que, se estiver presente, o Grão-Mestre.

T.F.A.

PEDRO JUK


FEV/2020