sábado, 28 de agosto de 2021

RESUMO DA SESSÃO NAS CONCLUSÕES DO ORADOR

 

Em 05.02.2020 o Respeitável Irmão, Raimundo Nonato Rebouças, Loja Emídio Fagundes, REAA, GORN (COMAB), Oriente de Natal, Estado do Rio Grande do Norte, faz a seguinte pergunta:

 

RESUMO DA SESSÃO

 

Caro Irmão Pedro Juk: O Secretário de Liturgia e Ritualística da minha Obediência vai retirar do nosso ritual “o resumo de tudo o que foi tratado na sessão”, alegando que isso já faz parte da ata que será lavrada pelo Secretário e, portanto, não vê necessidade desse procedimento.

Na sua visão isso está correto? O Orador pode no final da Sessão dar as conclusões sem


fazer o resumo da referida Sessão?

Fico na expectativa da vossa opinião.

 

CONSIDERAÇÕES.

 

De fato, isso nada mais é do que uma redundância, para não dizer um artifício para dourar a pílula, pois o Orador, ao declarar que os trabalhos transcorreram j e pp, certamente já os qualificou dentro da legalidade.

Assim, para o bem da liturgia maçônica, o ritual não deveria citar que o Orador, nas suas conclusões finais, fizesse qualquer resumo da sessão.

Considere-se que por si só a simples manifestação do Orador ao final dos trabalhos já denota a legalidade, pois se no curso da sessão, hipoteticamente algo errado tivesse ocorrido, certamente que o Guarda da Lei já teria se manifestado e não esperado o final da sessão para alertar sobre a ilegalidade.

Contudo, é de bom alvitre que o ritual antes seja corrigido, suprimindo assim essa expressão redundante e desnecessária de se fazer um “resumo de tudo que foi tratado na sessão”.

Destaco que essa qualquer intervenção no ritual, a mesma deve obedecer aos trâmites regulamentares, pois o Secretário Estadual, mesmo que coberto de razão, não pode simplesmente, por sua conta, intervir no texto legalmente aprovado.

Corrigido o ritual, entendo que o Orador então deveria apenas saudar os visitantes em nome da Loja e a posteriori simplesmente declarar que os trabalhos daquela sessão transcorreram dentro dos princípios e leis, estando tudo j e p.

Por certo que a ata (balaústre) já relata de modo objetivo o decurso da sessão.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

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AGO/2021

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

APRENDIZES E COMPANHEIROS NÃO PODEM OCUPAR CARGOS

 

Em 18.01.2021 O Respeitável Irmão Adão G. Russi de Oliveira, Secretário Estadual Adjunto de Orientação Ritualística da III Região, GOB-MS, Estado de Mato Grosso do Sul, apresenta a questão seguinte:

 

APRENDIZES E COMPANHEIROS OCUPANDO CARGOS.

 

Necessito de uma orientação vossa. O assunto se refere a possibilidade de Aprendizes e Companheiros exercerem funções no Ocidente em “Sessão Ordinária”, quando a Loja tiver sete Mestres ou mais, porém não em número suficiente para preencher todos os cargos.

Pergunto se os Aprendizes e Companheiros, na falta de Mestres para preencher todos os cargos (22 segundo o Ritual), podem exercer funções como por exemplo de Mestre de


Harm
e 2º Diác?

É difícil ver uma Loja com sete Mestres se revezando em cargos, que no meu entender necessitariam de pelo menos nove Mestres, enquanto três ou quatro Aprendizes e outro tanto de Companheiros ficam estáticos, simplesmente assistindo.

Resumindo: Aprendizes e Companheiros podem exercer função no Ocidente, como a de Mestre de Harm e 2º Diác?

 

CONSIDERAÇÕES:

 

Sob o ponto de vista legal, o Art. 229 do Regulamento Geral da Federação do GOB prevê no § 1º que os cargos são privativos de Mestre Maçom.

Sob essa óptica, Aprendizes e Companheiros não podem ocupar cargos sob nenhuma hipótese, mesmo sendo no Ocidente.

De certa forma, iniciaticamente Aprendizes e Companheiros em Loja ocupam lugar nos topos das Colunas do Norte e do Sul respectivamente.

Isso significa que no REAA o exercício de cargos somente é permitido àquele que completou a jornada iniciática, isto é, depois de ter passado pelos topos do Norte e do Sul, recebeu o grau de Mestre Maçom, alcançando assim a plenitude maçônica, condição que, dentre outros, lhe dá o direito de exercer ofício no canteiro simbólico (Loja).

O número de sete Mestres é a quantidade mínima necessária de obreiros para se abrir uma Loja, já que tradicionalmente três Mestres a governam, cinco Mestres a compõe e sete Mestres a completam.

Desse modo, com sete Mestres é possível abrir e fechar uma Loja, não sendo necessário, com isso, que todos os cargos estejam preenchidos, bastando para tal estarem ocupados aqueles imprescindíveis no rito, como as três Luzes governantes (Venerável e Vigilantes), as cinco Dignidades que compõe a Loja (as Luzes mais o Orador e o Secretário) e ainda, para a completar, o Cobridor Interno e o Mestre de Cerimônias.

No caso do REAA, para a liturgia da transmissão da palavra o Mestre de Cerimônias e o Secretário assumem temporariamente o ofício dos Diáconos.

Nessa conjuntura, os obreiros que ainda não alcançaram a plenitude maçônica não podem exercer cargos, mesmo em casos precários onde estejam presentes apenas sete Mestres.

É sob essa óptica que o RGF do GOB menciona no seu Art. 229 que os cargos em Loja são privativos dos Mestres Maçons. Também prevê no Art. 96, item XXII, realizar Sessões com, no mínimo, 7 Mestres Maçons.

Entre outros importantes significados simbólicos, o número de sete Mestres para constituir a Loja é antigo e pode ser encontrado nos velhos manuscritos de obrigações das corporações de ofício da Idade Média que não raras vezes já mencionavam o número de 3 para governar, 5 para a compor e 7 para a completar.

Numa síntese iniciática, dentro da Moderna Maçonaria o maçom somente poderá exercer cargo em Loja após de ter sido consagrado Mestre Maçom, isto é, entre o Esquadro e o Compasso, ou por todos os quadrantes da Loja.

Finalizando, a questão não é só a de quem esteja presente nos trabalhos para assumir um cargo. O caso é o de que não se pular pode nenhuma das etapas da senda iniciática. Só alcança o topo da escada sinuosa aquele que a subiu por 3, 5, e 7 degraus.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

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jukirm@hotmail.com

 

 

AGO/2021

 

SISTEMA DE ORIENTAÇÃO RITUALÍSTICA E CONSELHOS DE MESTRES INSTALADOS

 

Em 12.01.2021 o Respeitável Irmão Hiroshi Murakami, Loja Antonio Vieira de Macedo, nº 1.611, REAA, GOB-RJ, Oriente de Niterói, Estado do Rio de Janeiro, faz a seguinte pergunta:

 

APLICAÇÃO DO SOR E REUNIÃO DE MESTRES INSTALADOS

 

Quando poderemos e deveremos iniciar a introduzir na Ritualística do primeiro grau as suas modificações?

Com relação a Reunião de Mestre Instalados para discutir assuntos administrativos o que


sempre se fez nesta Loja poderia dar uma orientação específica para todos?

 

CONSIDERAÇÕES.

 

O SOR – Sistema de Orientação Ritualística, GOB-RITUALÍSTICA - https://ritualistica.gob.org.br - traz orientações, correções e adequações para os rituais em vigência do GOB e deve ser aplicado de imediato. O SOR é amparado pelo Decreto 1784/2019 do Grão-Mestre Geral que é o guardião dos rituais do GOB. O Decreto 1784 encontra-se publicado no Boletim do GOB sob o nº 31 do mês de outubro de 2019. Para acesso ao SOR são necessários o GOB CARD, a Palavra Semestral e o CIM.

Quanto a questão dos Mestre Instalados, pelo que consta eles apenas se reúnem em Conselho quando designado pela Obediência para a Instalação de um Venerável Mestre – vide o Capítulo III, do Mestre Instalado, RGF, Artigos 42, 43, 44 e 45. Destaco que Mestre Instalado não deve ser tratado como um grau, mas como categoria especial honorífica. É inclusive vedada a criação de Conselhos de Mestres Instalados com o fito de coordenar ou supervisionar as atividades das Lojas.

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

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AGO/2021

quinta-feira, 26 de agosto de 2021

SIMBOLISMO DOS TRÊS DEGRAUS

 

Em 11.01.2021 o Respeitável Irmão Orlando dos Santos Souza, Loja Amor ao Trabalho do Rio, 10, Grande Oriente do Rio de Janeiro (COMAB), REAA, Oriente de Olaria, Estado do Rio de Janeiro, formula a seguinte questão:

 

ORIGEM E SIMBOLISMO DOS TRÊS DEGRAUS NA PORTA DO TEMPLO.

 

Gostaria de alguma informação sobre a origem, o significado e simbolismo dos três degraus que ficam a entrada da porta no Ocidente, na entrado do Templo. Ah, é interessante que ninguém contabiliza como degraus do Templo.

 

CONSIDERAÇÕES.

 

O número três como unidade ternária sempre está presente nas concepções iniciáticas da Moderna Maçonaria. Especialmente, no caso dos degraus, aqueles que levam ao sólio.

Corretamente (embora isso muitas vezes não se apresente), no REAA, o espaço de trabalho da sala da Loja deve conter sete degraus assim distribuídos: um degrau para o Oriente, três para o sólio, dois para a cátedra do 1º Vigilante e um para a do 2º Vigilante.

Essa distribuição de degraus na Loja, quando somada chega ao número sete, número este que tem alto valor para a doutrina iniciática.

Dentre outros, o número sete representa no REAA a criação; o shabat, e envolve as propriedades de uma obra construída conforme as exigências da Arte.

Ainda o número sete alude às Sete Ciências e Artes Liberais. Dividida por Boécio em trivium e quadrivium, menciona no primeiro grupo a Gramática, a Retórica e a Lógica e no segundo grupo a Aritmética, Geometria, Música e Astronomia. Todas matérias apropriadas para as instruções especulativas da Moderna Maçonaria, com destaque para a Quinta Ciência – a Geometria.

Assim o ternário menciona o trivium, como também representa os três graus d
a Moderna Maçonaria no seu franco-maçônico básico universal, ou seja, Aprendiz, Companheiro e Mestre. Alguns rituais apresentam os três degraus na Loja de Aprendiz, tanto no Painel (pórtico), assim como no sólio, como a representação hierárquica das Luzes da Loja – o 1º degrau para o 2º Vigilante; o 2º para o 1º Vigilante e o 3º para o Venerável Mestre. Essa distribuição pode ser conferida na disposição topográfica dos lugares das Luzes da Loja – três para o trono, dois para o 1º Vigilante e um para o 2º Vigilante.

Algumas gravuras também trazem nos degraus as respectivas joias desses cargos.

Três degraus também sugerem, simbolicamente, o tempo de aprendizado do iniciado na sua primeira etapa da jornada.

Infelizmente, nem sempre encontramos a decoração correta para o REAA, sobretudo na distribuição desses degraus. Tem sido comum encontrarmos quatro degraus para o Oriente, em vez de um, o que é um equívoco, mas que infelizmente é característica em muitos templos do escocesismo que sofreram influência do Rito dos 7 Graus, ainda no século XIX.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

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AGO/2021

terça-feira, 24 de agosto de 2021

ROMPENDO O PASSO. PÉ ESQUERDO OU PÉ DIREITO? - REAA

 

Em 08.01.2021 o Respeitável Irmão Errol Foltran, Loja Luz e Fraternidade, 1.828, REAA, GOB-PR, Oriente de Cascavel, Estado do Paraná, solicita o seguinte esclarecimento.

 

PÉ ESQUERDO OU PÉ DIREITO

 

Surgiu uma dúvida em uma conversa entre os Irmãos sobre o início da Marcha (seja nos passos ritualísticos, durante entrada em Loja, ou mesmo do Mestre de Cerimônias/ Hospitaleiro, ou qualquer outro Irmão, ao estar em pé e à ordem e saindo para circular pela Loja.

Alguns Irmãos argumentam que, quando estamos em pé e à ordem, com os pés em


esquadria, e o pé esquerdo para a frente, o primeiro passo deve ser dado com o pé esquerdo. Outros Irmãos argumentam que deve ser iniciada a marcha com o pé direito.

Você pode nos esclarecer sobre esse assunto?

 

CONSIDERAÇÕES.

 

Como bem especifica o SOR (Sistema de Orientação Ritualística) do GOB, forma-se a esq com os pp unidos pelos cc. Desse modo, a esq assim formada fica com o ângulo interno voltado para a frente e não para o lado.

O REAA, cujo seu primeiro ritual do simbolismo foi constituído em 1804 na França teve por base a revelação intitulada As Três Pancadas Distintas, exposure essa pertinente à Grande Loja dos Antigos de 1751 na Inglaterra.

Assim, pelo costume “antigo” no REAA o p e não vai apontado literalmente para a frente, contudo cada pé segue aproximadamente orientado pelas interseções das linhas oblíquas do Pavimento Mosaico.

No caso de se estar à Ord forma-se normalmente a esq com os pp uu pelos cc. Quem estiver à Ord se posiciona em pé normalmente, de tal modo que o corpo não fique de lado, mas de frente. Essa correção está bem clara no SOR implantado na plataforma do GOB-RITUALÍSTICA.

No que diz respeito a execução da Marcha do Grau, o procedimento com os pés é o mesmo, ou seja, avançando normalmente o p e e em seguida unindo-se a ele o p d formando naturalmente a esq. Não há deslocamento de lado, feito um caranguejo, mas com o peito de frente para o destino. Também na execução da Marcha não se arrastam os pp.

Com todo o respeito aos autores que colocam as suas posições contrárias ao aqui exposto, no REAA original o p e não vai apontando para frente. É preciso se desvincular das influências do Rito Moderno hauridas ainda da época em que o Grande Oriente da França, no século XIX, recebia o simbolismo do REAA no seu seio. Dado a isso, naquela época muitas práticas do Rito Francês (apontar o pé para frente) acabariam enxertadas no escocesismo, principalmente por convenientes adaptações para que ambos os ritos trabalhassem no mesmo espaço (Templo). Isso faz parte da história do REAA e deve ser levado em consideração nesse contexto.

De fato, na Marcha do Grau do Aprendiz é sempre o p e que avança, contudo sem a necessidade de apontá-lo para a frente. Os pp se juntam com naturalidade, tendo o p e aproximadamente aberto a 45º para a esquerda e o p d do mesmo modo a 45º para a direita.

Desafortunadamente, por muito tempo o REAA no GOB seguiu práticas de outros ritos e ainda aceitou opiniões equivocadas para os seus rituais. Felizmente hoje o SOR veio para corrigir essas distorções.

Desse modo, no REAA, fora os passos do grau (marcha do Aprendiz), o rompimento do passo em condições normais, a exemplo daquele que vai se deslocar normalmente pelo recinto, não existe regra para se começar a caminhada com o pé esquerdo ou direito. Tanto faz o pé. Para o bem da liturgia maçônica, não vamos inventar!!!

Assim, reforço que salvo na Marcha do 1º Grau, não existe nenhuma convenção que determine com qual pé se inicia a jornada. Também não há regra que determine o ingresso no Templo, ou no Oriente, com esse ou com aquele pé.

Antes de concluir, vale mencionar que o Sistema de Orientação Ritualística, coberto pelo Decreto 1784/2019 do Grão-Mestre Geral, publicado no Boletim Oficial de outubro de 2019 está em plena vigência e deve ser aplicado de imediato sobre os rituais do GOB.

Por fim devo lembrar aos Irmãos gobianos que as condutas ritualísticas a serem seguidas devem ser aquelas que estão em vigência e hauridas do GOB. Sem se discutir o que é certo ou errado, cada Obediência segue o seu regulamento, portanto não é lícito inserir numa, práticas da outra.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com.br

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AGO/2021

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

MUDANÇA DE GRAU POR COMUNICAÇÃO

 

Em 03.01.2021 o Respeitável Irmão Ivany Régis, Loja Glória de Anamã, 50, REAA, GLOMAM, sem mencionar o nome do Oriente, Estado do Amazonas, apresenta a questão seguinte:

 

MUDANÇA DE GRAU POR COMUNICAÇÃO

 

Prezado irmão Pedro Juk, por favor me disserte sobre a Iniciação, Elevação e Exaltação POR COMUNICAÇÃO. Quando surgiu esta prática? Todo e qualquer Rito pode fazer uso deste "recurso" de quebra de interstício? Em que situações legais e legítimas se pode fazer uso desta prática? Ainda se utiliza?

Lhe perguntei, devido a certos textos de assentamentos maçônicos que relatam que "fulano" iniciou na loja Arkbal através do irmão "sicrano" Cavaleiro Rosa Cruz (Rito Moderno) e que este lhe COMUNICOU até o grau de mestre maçom para instalação da Loja supracitada

Isso ocorreu no Amazonas em 21 de abril de 1898 e consta em documento oficial da grande loja maçônica do Amazonas.

 

CONSIDERAÇÕES.

 

A bem da verdade, atualmente nas Obediências Regulares da Maçonaria Simbólica, não existe, sob nenhuma hipótese, aumento de salário sem que o protagonista passe pela cerimônia ritualística prevista do ritual em vigência.

Isso se explica porque a Instituição Maçônica é uma Ordem Iniciática, cujas respectivas cerimônias possuem alto significado simbólico. Para tal, há nelas uma tomada d
e obrigação e uma consagração do candidato.

As etapas iniciáticas do simbolismo universal condizem com as respectivas estruturas ritualísticas dos ritos e não podem ser dispensadas, sob pena de se tornarem práticas irregulares.

Sob esse viés, não há no franco-maçônico básico universal (Aprendiz, Companheiro e Mestre) aumento de salário (passagem de grau) por comunicação. As regras estão claras nos respectivos regulamentos das Obediências.

Graus por comunicação são admitidos em algumas passagens, mas nos ditos Altos Graus, Altos Corpos, Supremos Conselhos, etc., contudo isso nada tem a ver com simbolismo.

É verdade também que no passado, sobretudo quando a Maçonaria, ainda vivendo num período de transição e aperfeiçoamento, essas comunicações de mudanças de grau eram, em certos casos, até admitidas.

Nesse sentido é preciso que se compreenda que numa época em que a Maçonaria atuava firmemente nas conquistas libertárias, muitas vezes as circunstâncias exigiam essas “comunicações”. Até mesmo as dispensas de interstícios eram admitidas nesses casos.

Contudo, atualmente, a Moderna Maçonaria Simbólica, organizada para aperfeiçoar o homem, perscrutar a verdade e construir um templo à Virtude Universal, não admite mais mudanças de grau por comunicação no simbolismo.

Ainda em relação a essas comunicações do passado, é preciso também conhecer a história da Maçonaria Francesa e o do Grande Oriente da França, sobretudo a partir do século XVIII, período em que o GOdF administrava os sete graus do Rito Moderno – do 1º grau até o 7º grau (Rosa-Cruz). Do mesmo modo assim o GOdF procedia com o REAA, do 1º até o 18º Grau (Rosa-Cruz), oportunidade em que eram criadas no escocesismo as Lojas Capitulares.

As Lojas Capitulares perdurariam até o século XIX quando então seriam então extintas, permanecendo o simbolismo sob os cuidados do GOdF e os demais graus – do 4º até o 18º - como o Segundo Supremo Conselho do REAA na França.

Isso também serve para explicar essa interferência capitular, altamente irregular, na Maçonaria Brasileira do século XIX.

Por ser filha espiritual da França, a Maçonaria Brasileira, seguindo a prática do Rito dos 7 Graus (Moderno) adotava também as Lojas Capitulares no REAA onde o Athersata era também o Venerável Mestre da Loja.

Graças as Lojas Capitulares é que aparece o Oriente elevado e separado para acomodar os portadores do grau capitular Rosa-Cruz. No Brasil as Lojas Capitulares perdurariam até 1927 quando houve a cisão no GOB e apareceram as Grandes Lojas Estaduais brasileiras.

Foi debaixo dessa prática capitular, comum no Rito Moderno e, por extensão também no REAA, que provavelmente se deram comunicações de graus como a mencionada na sua questão, já que o dirigente da Loja Capitular era também o Venerável Mestre da Loja Simbólica.

Felizmente, esse tempo já passou e atualmente não vivemos mais essa irregularidade. Com as coisas nos seus devidos lugares, as Obediências Simbólicas governam o simbolismo enquanto que os Supremos Conselhos, Altos Corpos, Excelsos Conselhos, etc., administram os seus altos Graus. Não pode existir interferência de um sobre o outro.

Dando por concluído, reitero que no franco-maçônico básico universal (Aprendiz, Companheiro e Mestre) as mudanças de grau ocorrem obrigatoriamente em Loja aberta seguindo a liturgia e a ritualística prevista pelo rito.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

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