sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

TRANSFORMAÇÃO DA LOJA

Em 02/10/2017 o Respeitável Irmão Cesar de Souza, Loja Palmeira da Paz, 2.121, REAA, GOB-SC, Oriente de Blumenau, Estado de Santa Catariana, apresenta o que segue:

TRANSFORMAÇÃO DE LOJA



Assisti a uma reunião convocada como sendo do Grau de Mestre e intitulada como Loja de Estudos. A abertura se deu normalmente. Como o Tema da Palestra não continha segredos do 3º Grau, a Loja foi transformada em 2º Grau, mesmo depois de um Mestre Instalado solicitar uma Questão de Ordem, ao qual foi respondido que está no Ritual a possibilidade da transformação. A seguir, transformada em Grau de Aprendiz, sendo então apresentado um trabalho, analisado por um mediador e após, aberto para discussão nas colunas. Terminado o Tempo de Estudos, o Tronco de Beneficência fez seu giro, cortada a Palavra a Bem da Ordem e do Quadro em Particular, o Irmão Orador deu a sessão como J\ e P\. A seguir foi encerrada a sessão ritualisticamente no 1º Grau.
Pergunto:
1 - É possível convocar uma sessão no 3º Grau e fazer as transformações?
2 - Como fica o Livro de Presença, assinado por Companheiros e Aprendizes?
3 - Como fica a redação de uma Ata com todas estas modificações?
4 - O Irmão Orador poderia dar como uma sessão J\ e P\?
5 - Se existe a possibilidade das transformações do Grau 3 para o 1, no encerramento, deveria ser no Gr.: 3 ?
No meu questionamento, foi me respondido que então todas as Sessões de Instalação deveriam ser anuladas.
Fico no aguardo de sua orientação.

CONSIDERAÇÕES.

A praxe no REAA\ é a de que se uma sessão é aberta num determinado grau, do mesmo modo é nele que a Loja deve ser encerrada.
Geralmente essas transformações ocorrem, quando necessárias, partindo de um grau menor para o maior e depois retornando àquele em que a Loja foi originalmente aberta. Não é comum se proceder ao contrário – repare que nos rituais as transformações sempre ocorrem por primeiro indo do grau menor para o maior.
No caso do que menciona a sua questão me parece ter acontecido um verdadeiro contra-senso, pois se a matéria da palestra não era privativa dos portadores do Terceiro Grau, então qual a razão de se convocar e abrir a Loja em Câmara do Meio para depois transformá-la em Loja de Companheiro?
Mais confuso também é que depois de tudo isso ainda houve a transformação da Loja para o Primeiro Grau com apresentação de trabalho, mediação e discussão e por fim o encerramento da Loja no Grau de Aprendiz, embora ela tenha sido originalmente aberta no grau de Mestre!!!
Ora, nesse caso o mais correto seria o de se ter aberto a Loja no Grau de Aprendiz para apresentação e discussão do trabalho. Encerrada a discussão, com a devida cobertura aos Irmãos Aprendizes a Loja seria então transformada conforme o ritual no Grau de Companheiro para a palestra privativa desse Grau. Concluída a mesma, a Loja voltaria conforme o ritual ao Grau de Aprendiz para os demais procedimentos e a conclusão dos trabalhos.
Dessa maneira não haveria toda essa salada ritualística comentada na sua questão.
Quanto as suas perguntas:
  1. Se a Loja foi convocada para o Grau 03 não haveria razão para transformá-la, já que a mesma fora convocada para trabalhar em Câmara do Meio.
Em havendo necessidade, a transformação pode existir, mas do grau menor para o maior. Em seguida retorna-se ao grau original de trabalho para o encerramento da sessão.
  1. Todos assinam o Livro de Presenças do Grau de Aprendiz, pois a Loja vai do grau menor para o maior. Nas transformações não há necessidade de se abrir livro com rol específico para tal. O Secretário ao redigir a Ata extraordinária, menciona a presença de Irmãos apenas daquele grau.
  2. Como dito, para cada transformação o Secretário elaborará uma Ata especial, cuja qual será lida e aprovada na próxima sessão em que a Loja venha a se reunir naquele referido grau.
  3. Conforme o exposto na questão eu penso que não, pois me parece que os trabalhos sofreram modificações contrárias. Se uma Loja é aberta pela primeira vez num determinado grau, mesmo que ela seja transformada, ela deverá retornar ao grau de origem (abertura) para o encerramento. Assim, as conclusões são dadas no encerramento e no mesmo grau em que a Loja foi aberta.
  4. A resposta dada no item 4 responde essa questão.
Ratifico que esses procedimentos são para o REAA\. Não é o que acontece no Craft (Rito de York por aqui), onde em qualquer situação a Loja é sempre aberta e encerrada no Primeiro Grau, mesmo que ela vá trabalhar em outro Grau. Por exemplo, no Craft para se abrir a Loja de Mestre, abre-se obrigatoriamente por primeiro a do Aprendiz, na sequência a de Companheiro e por fim a Câmara do Meio. Encerrados os trabalhos, no sentido inverso fecha-se a Loja de Mestre, em seguida a de Companheiro e por fim a de Aprendiz. Não existe no Craft o termo “transformação de Loja”.
No que diz respeito ao seu questionamento e a resposta obtida comparada com uma Sessão Magna de Instalação e Posse a afirmativa é descabida, pois é sabido que nos bons rituais para essa finalidade os trabalhos são abertos à moda inglesa, sempre no Grau de Aprendiz, transformados para o de Companheiro e por fim para o de Mestre até que o Templo esteja coberto a todos aqueles que não possuam o título honorífico de Mestre Maçom Instalado.
Apenas na presença deles é que é aberto o Conselho de Mestres Instalados (não é Loja de Mestres Instalados, mas Conselho). Encerrada a Instalação, o Conselho, que se dá em Grau de Mestre Maçom, é desfeito e ingressam no recinto novamente os Mestres Maçons. Assim a Loja vai paulatinamente retornando e recebendo de volta os Irmãos do Grau de Companheiro e finalmente os do Grau de Aprendiz quando é feito então o encerramento dos trabalhos, ou seja, no mesmo grau em que a Loja fora originalmente aberta.
São essas as merecidas considerações. No mais, o que existe é pura firula que tem apenas o desiderato de complicar e não o de instruir.


T.F.A.

PEDRO JUK



DEZ/2017

PELA ORDEM DOS TRABALHOS

Em 02/10/2017 o Respeitável Irmão Marcelo Oliveira Falcão, Loja Caridade Palmense, 3.903, REAA, GOB-PR, Oriente de Palmas, Estado do Paraná, solicita a seguinte informação:

PELA ORDEM DOS TRABALHOS



Minha dúvida é a seguinte: ao constatar alguma irregularidade, na discussão de temas em Loja, às vezes um tanto melindrosos e ásperos, é possível a qualquer dos obreiros, solicitar a palavra "pela ordem", ou essa é uma função do Orador, como fiscal e guarda da Lei?
Mais uma vez, conto com sua dileta ajuda, e desde já, reitero meus sinceros agradecimentos.

CONSIDERAÇÕES.

Em se tratando do REAA\, essa é uma obrigação do Guarda da Lei. Em passando a irregularidade por ele despercebida, então um Mestre Maçom pode pedir a palavra “pela ordem dos trabalhos” para apontar a anormalidade.
O termo “pela ordem dos trabalhos” nada tem a ver com o ato de se “estar à Ordem”.
A manifestação imposta em nome do “pela ordem dos trabalhos” precisa ser fundamentada e não simplesmente para pedir informação ou mesmo tecer outros comentários que não os que abordem a legalidade do momento.
A expressão se fundamenta irrestritamente à finalidade de se cumprir protocolos ritualísticos e assuntos sob o ponto de vista legal inerente à sessão em curso.
Assim, ocorrendo alguma coisa na sessão que se sustente na ilegalidade sem que seja percebida por quem de direito, um Mestre Maçom pode extemporaneamente apontar a ocorrência da anomalia e pedir providências.
A atitude de se usar a palavra pela ordem dos trabalhos somente é privativa àqueles que alcançaram a plenitude maçônica (o grau de Mestre) e se dá se necessário em qualquer momento da sessão sem as formalidades do giro da palavra.
Lembro que “pela ordem dos trabalhos” tem sido uma prática consuetudinária na Maçonaria e não é algo que precise estar escrito no ritual, inclusive como também nele não está escrito que se pode descumprir a lei.
Essa não deve ser uma situação corriqueira, mas esporádica, avaliada a real necessidade dessa intervenção.

T.F.A.

PEDRO JUK



DEZ/2017

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

LICENÇA DO MAÇOM

Em 02/10/2017 o Respeitável Irmão Cirilo Martins Pontes, Loja Fraternidade Sul Mineira, 1.093, REAA, GOB-MG, Oriente de Pouso Alegre, Estado de Minas Gerais, formula o que segue:

QUESTÕES RELATIVAS À LICENÇA DO MAÇOM.

Prezado Irmão, Pedro Juk, tenho acompanhado algumas de suas orientações
e publicações, e uma delas, em especial me chamou a atenção, ou seja, “sobre licenças”.
Os artigos 67 e 68 e seus parágrafos, com exceção do parágrafo 3° do art. 68 do RGF, não deixam dúvidas. Diz o § 3° do art. 68 do RGF: “§ 3°. A licença por motivo de estudo, viagens de estudo, estágio ou trabalho poderá ser concedida pelo período necessário.”
Apesar da clareza do mesmo, ainda cabe uma dúvida, não presente nos demais, ou seja, “...a licença poderá ser concedida pelo período necessário.”
1 - Esse período não tem limite?
2 - Esse período pode ser renovado? Por mais quantas vezes?
3 - Depois de concluídos os estudos, as viagens de estudo, os estágios ou trabalho, o maçom poderá fazer nova solicitação para novos estudos, viagens de estudos, estágios ou trabalho?
Exemplo: O irmão pede uma licença para fazer um curso superior qualquer, com duração de 5 anos. (tempo necessário) e depois de concluído, faz nova solicitação para fazer uma especialização latu sensu de 2 anos (tempo necessário), depois faz nova solicitação para realização de um estágio de 1 ano (tempo necessário), depois decide fazer um MBA de 3 anos (tempo necessário), com isso, são 11 anos de licença, o que me parece ser um absurdo.
Segundo o 3°, em seu final “...pelo período necessário.”
A Loja nada poderá fazer? Ela é obrigada a simplesmente atender a todos?

CONSIDERAÇÕES.

Como eu tenho dito essa não é a minha área na consultoria maçônica. Penso que essa questão deveria ser encaminhada ao legislador maçônico, ou àqueles que promovem as Leis.
Entendo que tudo nesse caso está regido pelo período, ou tempo necessário para a licença. Ao que parece não existe quantidade, ou número de vezes para o período necessário da licença. No termo expresso pelo Diploma Legal ele não impõe condições, mas a necessidade e o direito de licença.
Assim, o termo “necessário” utilizado na questão, se tomado como adjetivo exprime aquilo que não se pode dispensar; que se impõe; que deve ser feito; que não pode deixar de ser; que se requer; que é preciso. Como substantivo menciona também aquilo que é necessário, preciso, indispensável.
A questão maior talvez seja a de interpretar nesse caso o que é, ou aquilo que é necessário. Assim, esse ofício é próprio daqueles que militam no direito maçônico.
É isso que posso comentar a respeito, lembrando que as Lojas possuem seus representantes do Ministério Público Maçônico, cujos mesmos devem pelo menos começar a “descascar esse abacaxi”.


T.F.A.

PEDRO JUK



DEZ/2017

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

JOÃO, O EVANGELISTA E A MAÇONARIA - UM RELATO DESCOMPLICADO

JOÃO, O EVANGELISTA E A MAÇONARIA.
UM RELATO DESCOMPLICADO.

27 de dezembro – Dia de João, o Evangelista – Solstício de Inverno no Hemisfério Norte.
Não obstante a complexidade dessa exegese vale a pena mencionar a relação dessa data com os cultos solares da antiguidade. Sua importância é tal que veio inclusive influenciar, dentre outros, a fixação pela Igreja da data do nascimento de Jesus na a noite de 24 para 25 de dezembro (vide o Imperador Constantino e o Cristianismo).
Como data solsticial no setentrião a época simboliza no mitraísmo persa a volta do Sol (INRI - Igne Natura Renovatur Integra – o Fogo Renova a Natureza Inteira). Representa o Nascimento do Sol Triunfante, ou Invicto (Natalis Invicti Solis) no mitraísmo romano.
Por ocasião dessa longa e fria noite de inverno no Norte, os homens tinham por hábito acender fogueiras fazendo oferendas e preces evocando a volta da do Sol que, pelo ponto de vista da posição geográfica boreal, parecia ter se deslocado até o Meio-Dia (Sul).
Valendo-se dessa alegoria solar a Igreja acabou fixando a data do Natal (nascimento de Jesus como a Luz do Mundo) em 25 de dezembro, época em que aparentemente o Sol em sua eclíptica começa - a partir de Capricórnio ao Sul - novamente o seu retorno para o Norte.
Essa alegoria solar acabou dando a João, o Baptista o rótulo de ter sido aquele que anunciou a vinda da Luz do Mundo, já que o nascimento do Batista, o Anunciador da Luz, se deu a 24 de junho em pleno solstício de verão no hemisfério Norte - o Sol alinhado com a constelação de Câncer.
Assim também se daria cooptação com João, o Evangelista para a data comemorativa de 27 de dezembro, cujo período praticamente está conexo ao Natal e ao solstício de inverno no hemisfério Norte que se dá em 21 de dezembro – o Sol alinhado com a constelação de Capricórnio. O Evangelista seria rotulado como aquele que pregou a Luz (a doutrina de Cristo) – nesse caso a Luz é a Esperança, a Boa Nova, é a volta da Luz para o Mundo.
Essas duas datas solsticiais (junho e dezembro) também são, sob o ponto de vista histórico e doutrinário, muito caras à Francomaçonaria que no seu berço de nascimento sofreu incontestável influência da Igreja Católica da época (séculos XII e XIII).
Nesse sentido os períodos solsticiais acabariam se concretizando como datas comemorativas na Ordem tendo sido os dois santos padroeiros adotados também pela Moderna Maçonaria.
Por assim ser, João - o Baptista e João - o Evangelista acabariam consagrados na Sublime Instituição como personagens padroeiros, titulando inclusive as Lojas de São João, já que os solstícios de Verão e Inverno concretizavam os dois principais ciclos profissionais dos Canteiros do passado, ancestrais da Maçonaria Moderna.
  

Dezembro de 2017

  
PEDRO JUK


terça-feira, 26 de dezembro de 2017

ESTRELA DE SEIS E DE CINCO PONTAS

Em 02/10/2017 o Respeitável Irmão Paulo Assis Valduga REAA Oriente de São Borja, Estado do Rio Grande do Sul, se referindo a um escrito relacionado à Estrela de Davi (Selo de Salomão) publicado no Grupo Arte Real, me solicita esclarecimentos.

ESTRELA DE SEIS  E DE CINCO PONTAS.

Meu estimado Irmão Pedro, já estava com saudades de importuná-lo, eis que recebo do Grupo Arte Real/SC essa "belíssima" (como costumam tratar em Lojas nossos Irmãos independente da qualidade do que foi apresentado) Peça de Arquitetura que reavivou este sentimento.
Li algures que você escreveu, se não estou enganado, que a Estrela de Davi não é símbolo maçônico, mas não consegui descobrir onde está arquivado, se possível esclareça-me sobre o assunto.
Inclusive, nossos Irmãos mais eruditos aqui em São Borja a usam para explicar o movimento do Mestre de Cerimônias e do Tesoureiro durante seus trajetos, mesmo na ARLS Cel\ Aparício Mariense - GOB-RS é assim ensinado, não importando que a estrela seja destorcida pela posição do 2º Vigilante sempre dão um jeito de encaixá-la.
Das pérolas abaixo destaco: "Se você ainda não percebeu isso, o ocultista e o pagão adoram o sexo" (o Irmão Paulo me apresenta o escrito publicado no grupo).

CONSIDERAÇÕES.

A Estrela de Seis Pontas, o Hexagrama, não é símbolo apropriado para REAA\, mas é comum no Craft inglês com o título de Blazing Star e até mesmo como a Magsen David (teísmo inglês – vide as Lições Prestonianas).
Para a vertente inglesa de Maçonaria a Estrela Hexagonal se encaixa perfeitamente na doutrina teísta que é comum ao Craft. Destaque-se que nos trabalhos ingleses não é corriqueira a liturgia da circulação da bolsa para a coleta tal como acontece na vertente francesa onde, por exemplo, no escocesismo simbólico é uma prática trivial.
A propósito, nunca escrevi que a Estrela de Davi não é um símbolo utilizado pela Maçonaria. Mencionei sim que ela não é condizente como a do REAA\, pois no escocesismo esse símbolo estelar se refere à estrela de cinco pontas.
Desafortunadamente alguns oportunistas, provavelmente pela incompetência de distinguir a existência de duas vertentes maçônicas principais, uma teísta (inglesa) e outra deísta (francesa), sempre pela lei no menor esforço, inventaram justificativas para alguns procedimentos que no mínimo são contraditórios desde que bem compreendida a Arte.
Cada rito ou ritual maçônico possui característica própria que vai moldada conforme o seu arcabouço doutrinário. Nesse caso, por exemplo, se distinguem as duas Estrelas (hexagonal e pentagonal) como elementos de estudo conforme o grau e a raiz maçônica.
Comum à vertente francesa e em particular ao REAA\ a Estrela Flamejante possui apenas cinco pontas e traz consigo característica hominal haurida dos ensinamentos especulativos pitagóricos.
Assim, não existe na simbologia do escocesismo simbólico nenhuma estrela hexagonal, muito menos a esdruxula invenção de que o trajeto para a coleta com as bolsas por primeiro deve representar uma pretensa estrela com seis pontas, cuja qual necessita de muita imaginação para que esse percurso possa ser comparado a uma perfeita estrela com seis pontas (já escrevi bastante sobre isso).
Os incautos antes de imaginar essas firulas ritualísticas deveriam antes aprender que as circulações que envolvem as coletas, tanto nas propostas e informações como do óbolo, respeitam simplesmente a hierarquia das Luzes Loja e das duas outras Dignidades constituídas pelo Orador e Secretário somados todos ao Cobridor Interno (elemento indispensável na composição para abertura da Loja).
No caso do REAA\ esses seis cargos prioritários mais o do Mestre de Cerimônias correspondem aos “sete mestres”, ou o número mínimo necessário para se abrir uma Loja, onde três a governam, cinco a compõem e sete a completam (todos Mestres).
Racionalmente ser explica então que nada disso tem a ver com “Estrela de Seis Pontas” no REAA\.
De fato a Estrela de Seis Pontas existe na Maçonaria, mais não no escocesismo, portanto não há o porquê de se inventar nele justificativa que denote a representação de uma figura estelar de seis ápices. A Estrela de Seis Pontas é sim um elemento simbólico, mas na Maçonaria inglesa. É sabido que o REAA\ é filho espiritual da França.
Para melhores esclarecimentos, seguem algumas definições despidas de apreciações fantasiosas sobre o Hexagrama e o Pentagrama utilizado no simbolismo da Maçonaria.
Hexagrama – designa a reunião de seis letras ou caracteres; é também a estrela de seis pontas formada pela união entre os vértices de um hexágono regular (polígono de seis lados iguais, cujos lados se igualam ao comprimento do raio da circunferência onde o polígono é inscrito).
A representação do símbolo estelar hexagonal corresponde à sobreposição de dois triângulos equiláteros que se cruzam e coincidem cada um com um dos ângulos adequados aos seis vértices do hexágono.
Como símbolo maçônico, nos trabalhos do Craft inglês, a exemplo do Ritual de Emulação (também conhecido inapropriadamente como York) o hexagrama é a Estrela Flamejante (Blazing Star). Do judaísmo ela é a Magsen David (Estrela de Davi ou o Selo de Salomão).
Como uma insígnia muito antiga, sua interpretação mística mais corrente e que é aproveitada pela Maçonaria, envolve a relação espírito-matéria; o triângulo componente da estrela que vai com o ápice apontado para cima representa os atributos da espiritualidade e o que vai com o ápice voltado para baixo representa os atributos da materialidade. Na realidade essas concepções tratam do aprimoramento do espírito sobre a matéria, alegoria altamente representativa na jornada evolutiva do simbolismo maçônico.
Infelizmente alguns tratadistas compararam equivocadamente esses triângulos, espiritual-material, a determinados cargos em Loja, o que acabou dando na falsa estrela que determinados articulistas ainda insistem em disseminar essa ideia anacrônica.
Devo registrar que eu mesmo, no começo dos meus estudos e juntamente com o saudoso e competentíssimo Irmão José Castellani, desatentamente acabamos embarcando nesse equivoco. Felizmente não tardou que a Verdadeira Luz logo nos indicasse o adequado caminho, pelo que abandonamos imediatamente essa presunçosa ilação, embora algumas publicações daquela época ainda não tenham passado por uma correção – registre-se o fato.
Pentagrama – dentre outros, menciona a figura simbólica composta por cinco letras ou sinais. É o pentágono regular estrelado (estrela de cinco pontas) que recebe concepções particulares de determinados credos. Em Maçonaria, particularmente da vertente deísta francesa, tem em alguns ritos importância mística e é representada pela Estrela Flamejante de Cinco Pontas ou Pentalfa.
Na realidade o Pentagrama estelar maçônico se derivou especulativamente do pentagrama das escolas pitagóricas. Dentro das concepções filosóficas do pitagorismo a Estrela Pentagonal em sua posição normal – uma só ponta voltada para cima – representa o homem e a sua alta espiritualidade. Nela simbolicamente se inscreve a figura de um homem, cujo ápice superior é a sua cabeça e os demais representam os seus membros. Já em posição invertida, na Estrela Pentagonal se inscreve a figura de um bode, representando assim os atributos da materialidade e da animalidade. Em Maçonaria a Estrela Pentagonal é sempre representada como figura de alta espiritualidade, isto é, com um único ápice para cima.
A Maçonaria francesa ao adotar o símbolo da Estrela Hominal do pitagorismo busca mostrar ao Iniciado no Segundo Grau que a obra de aperfeiçoamento do ser humano é feita através do preparo e da elevação das qualidades espirituais (caráter, inteligência, moral, etc.). Assim, nada disso têm a ver com formação abstrata de uma eventual estrela construída a partir de deslocamentos sobre o piso da sala da Loja e muito menos envolve com concepções de magia, de feiticeiros, de bruxarias e outras rumores desse gênero.
Com esse pequeno demonstrativo arrazoado espero ter trazido um pouco de conhecimento a respeito dessas alegorias maçônicas.
No que diz respeito a “perola” escrita mencionada na sua questão e publicada em alguns grupos maçônicos na INTERNET, realmente, pelo menos da minha pessoa, ela não merece nenhuma consideração, já que o meu compromisso é com a autenticidade da Sublime Instituição e não com inferências que absolutamente nada, mais nada mesmo contribuem ou tem a ver com a verdadeira Maçonaria.
Infelizmente determinados articulistas, provavelmente por muito pouco compreender quais são os verdadeiros desígnios da Ordem, ficam por aí a expor anacronismos e semear opiniões particulares como fosse uma assembleia maçônica um palco para exposições de proselitismos e ideias temerárias – isso quando não copiam coisas que nem mesmo eles entendem.
A propósito, é oportuno mencionar que a INTERNET tem sido um instrumento de incalculável valor para a informação e para o esclarecimento dos homens, todavia há que se compreender também que nem tudo o que reluz é ouro, portanto essa ferramenta eletrônica também tem servido como repositório de verdadeiros suprassumos do lixo literário.
Concluindo, devo alertar que boa parte da bibliografia maçônica editada no mundo livreiro é digna também de ser avaliada como lixo literário. Faz-se cogente saber separar o joio do trigo. Infelizmente inescrupulosos autores que pensam mais em ganhos fáceis continuam a publicar verdadeiros atentados contra a legítima história, filosofia e ritualística da Sublime Instituição. Nesse campo me parece que cada um se adequa às suas convicções, enquanto isso o “aparente” toma a vez do “real” – “se você ainda não percebeu isso, o ocultista e o pagão adoram sexo” (sic). Então se pergunta ao autor dessa pérola: e o que a Maçonaria tem a ver com isso?



T.F.A.


PEDRO JUK



DEZ/2017.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

DUVIDAS EM PROCEDIMENTOS RITUALÍSTICOS - MESTRE DE CERIMÔNIAS

Em 28/09/2017 o Respeitável Irmão Carlos Lunkes, Loja Tiradentes, 2.432, REAA, GOB-PR, Oriente de Marechal Cândido Rondon, Estado do Paraná, formula a seguinte questão:

DÚVIDAS EM PROCEDIMENTOS RITUALÍSTICOS - MESTRE DE CERIMÔNIAS

Na nova gestão de nossa oficina ocupo o cargo de Mestre de Cerimônias e gostaria de poder contar com a ajuda do Irmão para corrigir alguns costumes da nossa Loja no que diz respeito ao ritual.
Abaixo algumas dúvidas que tenho nesse momento:
1 - É na Sala dos Passos Perdidos ou no Átrio que devemos nos paramentar? Pois no livro de procedimentos ritualísticos 2009, diz que é no Átrio (Página 127, item 06) e no livro de procedimentos ritualísticos 2016 (Página 136, item 06) que diz que é na Sala dos Passos Perdidos.
Obs. Na página 13 do livro de procedimentos ritualísticos 2016, novamente afirma que é no Átrio que os maçons revestem-se de suas insígnias e paramentos.
Qual está correto?
2 - Quando organizo o cortejo, posso nominar todos os cargos como oficiais ou devo nominar cada cargo?
3 - Quais os objetos que devem ficar sobre o Altar do Venerável Mestre?
Obs. Hoje além do malhete, RGF, RI, a Espada Flamejante e o Ritual para os trabalhos, temos um chapéu preto e uma caveira.
4 - Em votações como devo pronunciar corretamente quando:
Todos do quadro da loja aprovam?
A maioria aprova?
Alguns Irmãos aprovam e outros se abstêm?

CONSIDERAÇÕES.

  1. Antes da sessão é no átrio que o Mestre de Cerimônias reveste os Irmãos com as suas joias e organiza o préstito para o ingresso no Templo. Já na Sala dos Passos perdidos os Irmãos se paramentam (vestem os seus aventais), vestem o balandrau se for o caso, assinam o Livro de Presenças e outros afins relativos aos trabalhos maçônicos antes do ingresso no Templo.
Na próxima revisão dos Procedimentos Ritualísticos deixaremos isso mais claro.
  1. Usualmente o Mestre de Cerimônias comanda a seguinte ordem: Aprendizes, Companheiros, Mestres sem cargo, Oficiais, Dignidades, Mestres Instalados e, por último, o Venerável Mestre que é conduzido pelo Mestre de Cerimônias que vai à frente (conduzindo-o).
Isso pode variar de acordo com quem estiver presente no momento e que podem ser autoridades que desejem entrar em família. Contudo, o que deve ser evitado por ser mera “firula” é o ato de se ficar nominando cargo por cargo.
  1. Sobre o Altar ocupado pelo Venerável Mestre (o Altar não é propriedade dele) não fica nenhuma caveira. Já o chapéu não interfere, até porque ele é previsto para todos os Mestres Maçons em Loja do Terceiro Grau. Aliás, o correto no REAA\ seria que o Venerável usasse chapéu em todas as Sessões. Já em Loja de Mestre todos deveriam usar chapéu negro e desabado.
No mais, fica sobre o Altar o que é previsto para os trabalhos como o RGF, RI, rituais e congêneres, malhete, Espada Flamejante, material para o expediente e demais coisas do gênero.
  1. Não existe obrigatoriedade para que o Mestre de Cerimônia faça a contagem dos votos para comunicação ao Venerável, entretanto se isso for costume na Loja ele apenas menciona que a maioria é pela aprovação, ou não, sem a necessidade de contar votos, até porque isso é irrelevante. O que importa é o resultado.
Quem comunica a Loja e dá por aprovado ou não é o Venerável Mestre (isso está previsto no RGF). Se o resultado for empate é do Venerável Mestre o direito do voto de minerva (desempate).
Objetivamente, nas votações é suficiente que o Venerável Mestre proclame o resultado sem necessidade de auxílio do Mestre de Cerimônias, resguardando-se essa prática apenas para situações que realmente mereçam obter esse auxílio.


T.F.A.

PEDRO JUK



DEZ/2017.