Em 15.02.2024 o Respeitável Irmão
Coaracy Nunes dos Santos, Loja Regente Feijó II, 1256, REAA, GOB-RJ, Oriente de
Três Rios, Estado do Rio de Janeiro, apresenta a dúvida seguinte:
MARCHA DO MESTRE
Eu estava conversando com um Irmão recentemente exaltado e surgiu uma
dúvida de qual seria o significado dos pp∴ do Mestre sobre o esq∴, eu nunca tinha analisado isso e decidi perguntar a quem sabe.
Ficarei muito agradecido com sua ajuda.
CONSIDERAÇÕES.
A M∴, ou os PP∴ do 3º Grau, no REAA tem o propósito de fazer com que o Mestre Maçom simbolicamente
simule os dois movimentos solsticiais, ou seja, represente com seus pp∴ eelev∴ o trajeto aparente do Sol que resulta nos solstícios de
inverno e de verão no planeta Terra.
Astronomicamente, os solstícios marcam a inclinação máxima que o Sol
atinge, ora para o hemisfério Sul, ora para o Norte. Assim, sob ponto de vista
da Terra, essas idas e vindas aparentes do Sol resultam nas quadro estações do
ano, duas solsticiais (verão e inverno) e duas equinociais (primavera e
outono). Graças à essa mecânica celeste é que a vida flui no nosso Planeta.
No contexto histórico, os solstícios aparecem porque a
Maçonaria de Ofício, ou Operativa, ancestral da Moderna Maçonaria, como
corporação de construtores da Idade Média era quem edificava para a Igreja as suas
catedrais, igrejas, abadias, mosteiros, etc.
Desse modo, essas guildas de construtores medievais da pedra calcária dependiam
dos ciclos da Natureza para o seu trabalho, a despeito de que pelos rigores do
inverno no hemisfério Norte, dias curtos e noites longas, esse período era impróprio
para o trabalho. Nessa oportunidade, os operários eram pagos e dispensados para
só voltarem à atividade na primavera seguinte.
Graças a isso, a Maçonaria dos Aceitos, não mais operativa, mas especulativa,
rememora nos seus arcabouços doutrinários e ritualísticos a atividade ancestral
revestida de significados simbólicos conforme os seus ritos, sobretudo aqueles
que têm como elementos principais as alegorias solares, não obstante que desde
tempos remotos os cultos solares da antiguidade sempre serviram de base para a
maioria das religiões que conhecemos atualmente.
Nessa conjuntura, o REAA, por exemplo, é um rito que indubitavelmente se
serve das alegorias solares e cultos agrários, o que lhe dá a característica de
um rito solar.
No simbolismo maçônico do REAA, a jornada aparente do Sol determina o caminho
iniciático do maçom. Genericamente essa alegoria representa as etapas da vida
humana, a infância, adolescência, juventude e maturidade. Nesse conceito, a
senda iniciática se divide em graus iniciáticos (nascimento, vida e morte.
A bem da verdade, a alegoria da revolução anual do Sol compara-se
simbolicamente ao tempo de aperfeiçoamento do maçom, eu seja, as estações do
ano correspondem às etapas de aprimoramento moral, material e espiritual.
À vista disso, o maçom desde a sua iniciação, esotericamente percorre o
caminho desenhado pelo movimento solar. É por essa razão que no REAA
existem as Colunas Zodiacais, cujas mesmas aparecem no templo rigorosamente no
Ocidente, nas paredes Norte e Sul da Loja (seis ao Norte e seis ao Sul).
Sob essa óptica, o Mestre Maçom, através dos seus pp∴ simula esse movimento solar. Assim
sendo, a jornada do Sol, nas suas idas e vindas está representada pela M∴ (pp∴) do Mestre.
No tocante ao esq∴ (sep∴) ao centro, ele representa a morte do Sol no inverno, o que faz com que a
Terra fique viúva uma vez por ano. Nessa conjuntura vale lembrar que no inverno
as sombras prevalecem, resultando em dias curtos e noites longas.
Esotericamente o esq∴, ou a sep∴, encerra o segredo da grande iniciação. Simula é a morte do Sol no
inverno com o a∴ do M∴ H∴ A∴ na representação da Lenda do 3º Grau. O Oriente, situado logo após o
esq∴, representa a saída das trevas e o
renascimento para a Luz (Sol). Em síntese é a volta do Sol na primavera.
Conforme demonstra a lenda, os três meses do inverno correspondem aos t∴ m.'. CComp. No Templo do REAA, em Câm∴ do M∴ acendem-se no máximo nove luzes, cujas quais correspondem, dos doze meses
do ano, os nove propícios para o trabalho. As três luzes que faltam
correspondem ao inverno que faz com que imperem as trevas. É a máxima iniciática
do morrer para renascer.
Nesse aparelho iniciático, o piso do Ocidente da Loja (Pav∴ Mos∴) corresponde ao solo terrestre, seu eixo é o equador. O equador do
templo é a baliza terrena e astronômica referencial das passagens (equinócios)
do Sol para o Sul e para o Norte. Nessa alegoria, as Colunas B∴ e J∴ marcam no templo (solo terrestre) os trópicos de Câncer e Capricórnio, marcos
solsticiais do limite máximo da declinação solar.
Não é à toa que João, o Batista corresponde ao solstício de verão no
Norte (21 de junho), e o Evangelista o de Inverno no Norte (27 de dezembro).
Vale lembrar que a Maçonaria Operativa (de ofício) floresceu sob a sombra da
Igreja, portanto nada mais natural que apareçam essas influências religiosas inerentes aos Joões e o patronato da Maçonaria.
É bom que se diga que todas essas referências solares e iniciáticas se correlacionam
com o Hemisfério Norte da Terra, no caso porque foi nessas latitudes que nasceu
a Maçonaria. Com isso é natural que as suas lendas e suas estruturas doutrinárias
referendadas pelo Sol se prendam à meia esfera Norte do nosso Planeta.
Desse modo, reitera-se que os pp∴ eelev.'. durante a M∴ do 3º Grau simulam os movimentos de declinação máxima solar que ocorrem a
cada seis meses. Em resumo, os p∴ do M∴ M∴ marcam a vida do iniciado simulando seu nascimento na primavera e o seu
fenecimento no inverno. A máxima do morrer para renascer está representada pela
morte no inverno e o renascimento na próxima primavera.
Concluindo, toda essa concepção iniciática encontra-se intrínseca na cerimônia
de Exaltação ao sublime grau de Mestre Maçom. Os pp∴ correspondem à senda percorrida. O Apr∴ e o Comp∴ dão seus pp∴ sobre o solo terrestre, já o Mestre, agora também como uma Luz, representa
a jornada pelo cosmo (universo), entre o E∴ e o C∴.
T.F.A.
PEDRO JUK
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FEV/2023