Em 06/03/2017 o Respeitável Irmão Eduardo Adolfo Squef Manevy, Mestre
Maçom Instalado, sem mencionar o nome da Loja, REAA, Oriente (Vale) de
Encarnacion, Paraguay, solicita as informações seguintes através do meu blog http://pedro-juk.webnode.com/
MAÇONARIA E RITUALÍSTICA – REAA.
Mi Querido y Respetado Hermano, soy iniciado en los misterios Masonicos
en el año 1998, soy MM\, tambien soy
Maestro Instalado. Pertenezco al Valle de Encarnacion, Oriente de Paraguay. Me
gustaria recibir de vuestro bastisimo conocimiento sobre Masoneria,
informaciones sobre nuestra noble Institucion, principalmente sobre Ritualismo,
principalmente del REAA. Tus aclaraciones sobre Ritualistica ayudan mucho a mi
entendimiento profundo de nuestra filosofia.
CONSIDERAÇÕES.
Prezado Irmão, escrever a respeito
da Maçonaria, sua história e sua filosofia, mesmo que só de um dos seus ritos,
como e o caso do REAA\, eu temo que
tenha de escrever alguns espessos volumes a respeito. Assim, penso que seria
melhor se o nobre Irmão pudesse elencar questões a respeito enviando-as em
seguida para minha pessoa para análise e possíveis respostas.
Como eu sou adepto da
autenticidade, enxergo a nossa Ordem sob a égide da razão. Entendo-a historicamente
como uma Instituição herdeira do ofício perpetrado pelos canteiros medievas,
cuja história tem aproximadamente oitocentos anos de existência – obviamente em
se despindo das falsas interpretações que alguns temerariamente querem dar
sobre as lendas e alegorias que promovem o arcabouço doutrinário da Moderna
Maçonaria.
Observo a Ordem Maçônica,
atualmente, como herdeira de duas vertentes universais – uma de feição teísta,
a anglo-saxônica, e a outra de feição deísta, a de vertente francesa. Entretanto,
ainda nesse particular, existem características que devem ser levadas em
consideração. É o caso, por exemplo, do REAA\ que é um rito
originário da França, mas que por motivos conjunturais de separação do
franco-maçônico básico dos altos graus, acabou sofrendo também fortes
influências anglo-saxônicas (teístas).
Além dessas conjunturas maçônicas,
a Maçonaria e os seus ritos, particularmente o REAA\, ao longo da sua existência sofreu
- e ainda vem sofrendo - inúmeras intervenções falaciosas transformando-o,
conforme as circunstâncias, numa verdadeira “colcha de retalhos”
(figuradamente, é uma mistura de elementos estranhos à sua doutrina).
Nesse caso então, é necessária
primeira a separação do joio do trigo, pois palpiteiros, ufanistas e mal
intencionados, como ervas-daninhas se espalham sobre o solo da literatura e da
prática maçônica universal.
Ainda sobre o REEA\, para citar só ele dentro da
constelação de ritos maçônicos, o mesmo é um sistema à parte e precisa ser muito
bem compreendido quanto as suas origens e os seus documentos básicos,
destacando-se inclusive o seu nome como “escocês”, cuja história, filosofia e
ritualística não têm nenhuma raiz com a Escócia (país situado ao norte da
Bretanha), senão um longínquo elo de razão revolucionária adquirida na
revolução puritana de Cromwell em 1.649 com a deposição dos Stuarts (reis
católicos naturais da Escócia) do reino inglês. Na verdade o termo “escocês”,
segundo alguns autores, como nome associado a um rito é oriundo de uma distinção
existencial (alcunha) entre grupos maçônicos exilados em solo francês no século
XVIII. Tanto que isso pode ser verificado ainda hoje, já que na Europa é comum
o rito ser conhecido apenas como Rito Antigo e Aceito.
Ainda no que diz respeito do
escocesismo, outra consideração importante é a de que desde a criação da sua
estrutura original com o Rito de Héredon e os seus 25 graus até a criação do
Supremo Conselho em 1.801 com 33 graus já sobre solo norte-americano, o Rito
não conviveu com graus simbólicos próprios (originais). Historicamente se sabe
que desde os primeiros tempos do Supremo Conselho Mãe do Mundo do REAA\, para praticar os três primeiros
graus, o Rito se valeu das Lojas Azuis, ou do Craft norte-americano que, por
sua vez, é filho espiritual da Maçonaria inglesa.
Na verdade, como REAA\, originalmente ele foi criado do
grau 4 até o 33, cuja prática do franco maçônico básico (simbolismo) se fazia
(e ainda hoje se faz na maioria das Lojas nos E.U.A.) através do Craft norte-americano,
muito conhecido como Rito de York (americano).
O simbolismo original do Rito
Escocês Antigo e Aceito só viria aparecer em 1.804 com o advento do primeiro
ritual simbólico em solo francês. Isso aconteceria sob a égide do Segundo
Supremo Conselho (o da França) e do Grande Oriente da França.
Assim esse primeiro ritual, mesmo
em solo francês e por razões circunstanciais, acabaria influenciado pela
vertente antiga de Maçonaria praticada pelas Lojas Azuis norte-americanas, isso
porque o ritual teria sido estruturado por maçons franceses de retorno à França
oriundos dos Estados Unidos da América do Norte. Essa é a razão da influência
anglo-saxônica sobre o escocesismo simbólico.
Sob esse particular, destaque-se o
panorama da prática maçônica que ocorria na França da época. Naquela
oportunidade o sistema “antigo” praticado pela Grande Loja dos Antigos de 1.751
que se opunha a Grande Loja dos Modernos de 1.717 na Inglaterra, era
completamente desconhecido dos franceses, já que a Maçonaria francesa vivia naquela
oportunidade sob a influência inglesa da Grande Loja dos Modernos. Já os
“antigos”, por razões históricas, influenciavam a Maçonaria norte-americana e
as suas Lojas Azuis.
Em síntese esse é um capítulo que
tem de ser observado à parte para melhor se compreender a existência dos termos
“antigos e modernos” oriundos das escaramuças entre as duas Grandes Lojas
rivais que, em 1.813, culminaria com a união e fundação da Grande Loja Unida da
Inglaterra. Na verdade, todo esse teatro histórico influenciaria também a
Maçonaria francesa e, por conseguinte os seus filhos espirituais como é o caso
do REAA\.
Com a intenção de alertar para a
complexidade do assunto é que produzi esse breve relato que vai acomodado na
carruagem da história. Os fatos verídicos obrigatoriamente dependem de uma
observação isenta dos acontecimentos. Assim, para não se fugir da regra, produzir
algo que envolva a história e o simbolismo de um rito maçônico requer prudência
e bom senso no tratamento dos fatos e na classificação acadêmica das evidências
primárias.
Desse modo, eu sugiro que o Irmão
planeje primeiro uma pauta indicando paulatinamente as suas dúvidas para que
possamos juntos, na medida do possível, tentar esclarecer as dúvidas.
T.F.A.
PEDRO JUK
MARÇO/2017