quinta-feira, 31 de março de 2022

ESTANDARTES ARVORADOS NO ORIENTE DA LOJA

Em 15.09.2021 o Respeitável Irmão Josnei Franzoi, Loja Fé e Trabalho, 635, Cruz da Perfeição Maçônica, REAA, GOB-PR, Oriente de Rio Negro, Estado do Paraná, apresenta a seguinte questão:

 

ESTANDARTES ARVORADOS

 

No Templo de minha Loja trabalha mais uma Loja, o rito é o mesmo, REAA.

Durante as Sessões, mesmo trabalhando somente uma Loja, mantém-se aberto e exposto o
s dois estandartes das duas Loja.

Minha pergunta é a seguinte:

Trabalhando somente uma Loja, é correto usar os dois estandartes abertos?

 

CONSIDERAÇÕES.

 

A bem da verdade, originalmente, nos primórdios do Rito, o estandarte era arvorado dentro do recinto assim que a Loja fosse declarada aberta na forma da liturgia e da ritualística.

Nesse momento o Porta-Estandarte, que trazia o estandarte enrolado, desfraldava-o e o colocava hasteado no respectivo mastro no Oriente que ali permanecia enquanto a Loja (corporação maçônica) estivesse aberta. Encerrados os trabalhos, o Estandarte era recolhido do mastro e novamente enrolado.

Infelizmente, salvo em raras exceções, essa prática caiu em desuso e não é mais adotada. Na atualidade o costume é de que o estandarte da Loja permaneça arvorado, estando a Loja trabalhando ou não.

Graças a isso é que às vezes vemos em templos utilizados por várias Lojas alguns estandartes desfraldados no Oriente durante os trabalhos específicos de uma Oficina. Isso de fato é um contra-senso, pois apenas deveria estar hasteado o estandarte pertinente à Loja que está aberta, exceto se estiverem trabalhando Lojas incorporadas, ou mesmo estejam presentes Lojas visitantes que tenham ingressado formalmente. Nesse caso os seus Estandartes devem estar presentes e arvorados na sessão.

Desse modo, entendo que só deve estar arvorado o estandarte pertinente à Loja em trabalho ou, se for o caso, os das Lojas incorporadas, ou ainda o(s) de Loja(s) em visita formal. Seria então de bom alvitre que após o encerramento dos trabalhos o estandarte fosse recolhido e guardado para, seguindo os costumes atuais, ser arvorado sem formalidades antes do início da próxima sessão.

Vale ainda lembrar que formalmente uma Loja visitante ingressa em comitiva depois da abertura dos trabalhos da Loja visitada tendo à frente o seu Venerável Mestre seguido do Irmão Porta-Estandarte (conduzindo o estandarte arvorado) e dos demais Irmãos conforme prevê o Ritual em vigência do REAA, 1º Grau, página 71, 2.8 Recepção de Lojas.

Nesse caso, durante os trabalhos, mais do que um estandarte estará arvorado no Oriente – o da Loja anfitriã e o(s) da(s) visitante(s). Se o caso for o de Lojas incorporadas, onde ambas ingressam juntas para a abertura dos trabalhos (vide página 71 do ritual acima mencionado), os respectivos estandartes estarão hasteados no lugar devido antes da abertura dos trabalhos.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

http://pedro-juk.blogspot.com.br

 

MAR/2022

 

 

quinta-feira, 24 de março de 2022

EX-VENERÁVEL MESTRE E MESTRE INSTALADO. AMBOS A MESMA PESSOA

Em 10.09.2021 o Respeitável Irmão Ailton Cal de Brito, Loja Deodoro da Fonseca, 1.508, sem mencionar o Rito e a Obediência, Oriente de Nova Iguaçu, Estado do Rio de Janeiro, formula a questão seguinte:

 

O MESTRE INSTALADO E O EX-VENERÁVEL.

 

Minha dúvida é: “EX-VENERÁVEL e EX-RESPEITABILÍSSIMO” não me soa bem pronunciar estas palavras, visto que VENERÁVEL, como nos ensina alguns dicionaristas, é uma pessoa que merece ser adorado ou venerado; digno de veneração; respeitável; honesto; que se deve reverenciar ou respeitar, etc... RESPEITABILÍSSIMO, superlativo absoluto sintético, segundo Michaelis: Extremamente respeitável. Que é excessivamente respeitável; merecedor de respeito; grande, formidável, importante, etc...

É comum ouvir, em algumas Lojas, o tratamento de EX-VENERÁVEL ou EX-RESPEITABILISSIMO. Como conhecemos, “EX” antecedendo algumas palavras, nos condu
z a entender que não é mais tudo o que acima narramos, alguém que anteriormente merecia tais títulos ou adjetivos tornando-se, agora, desrespeitado, desonesto, desonrado, indigno,  tirado de, para indicar que uma pessoa deixou de ser algo: ex-amigo etc... Nosso RGF, não contempla a palavra Ex-Venerável, traduz sim, como MESTRE INSTALADO (1ª Faixa), a quem ocupou o cargo de Venerável Mestre de uma Loja Maçônica. Na página 71 do Ritual do Grau de Aprendiz do REAA e no Ritual do Grau de Companheiro a fls, 87, a palavra Ex-VVen
é grafada, no entanto entendo haver equívoco. No Ritual de Mestre está grafada como Mestre Instalado Assim sendo, melhor seria o tratamento como Mestre Instalado e não como ex-Venerável ou Ex-Respeitabilíssimo.

Assim, espero seu pronunciamento sobre esta dúvida.

 

CONSIDERAÇÕES.

 

Vamos antes colocar as coisas nos seus devidos lugares. O tratamento de
Venerável Mestre para o Mestre Maçom que foi empossado na cadeira de dirigente de uma Loja Maçônica é um tratamento consagrado na Moderna Maçonaria.

Assim, um Venerável Mestre é o dirigente regularmente eleito para um determinado tempo (um ou dois anos), isto é, conforme o que determina o regulamento da Obediência a que ele pertence.

Em linhas gerais o titular está Venerável Mestre por um tempo constitucional. Deixando o cargo ele por certo será o Ex-Venerável Mestre.

Na França, de onde advém o REAA, originalmente Instalação é simplesmente a posse de um Mestre Maçom eleito para dirigir a Loja.

Na Inglaterra, onde é original a cerimônia de Instalação, não há esse tratamento de Mestre Instalado. Na Moderna Maçonaria anglo-saxônica, o dirigente maior ao assumir o cargo é conhecido como Worshipful Master (Venerável Mestre). Cumprido o seu tempo, deixando-o, ele é o Past Master (Mestre Passado), sendo o mais recente tratado de Immediate Past Master (Mestre Passado Imediato).

De fato, na Maçonaria anglo-saxônica não é nada comum o tratamento Ex-Venerável, assim como também não é o de Mestre Instalado, como geralmente ocorre na Maçonaria brasileira.

A despeito desses comentários, o termo mais apropriado por aqui deveria ser mesmo o de Mestre Maçom Instalado, já que esse é um título distintivo dado àquele que, depois de eleito, foi por tempo regimental o dirigente maior de uma Loja Maçônica.

Desse modo, na Maçonaria brasileira o tratamento de Mestre Instalado acabou corriqueiro para todos os Mestres Maçons ex-Veneráveis.

Em linhas gerais os titulados Mestres Instalados possuem paramentos parecidos com o do Venerável Mestre, ocupam o Oriente e em algumas Obediências, a exemplo do GOB, são autoridades maçônicas inscritas na faixa 01.

No que diz respeito a utilização do prefixo "ex", quando unido por um hífen, o mesmo designa que o nome indicado na sequência deixou de ser aquilo que era. Nesse caso sem nenhuma intenção de desrespeitar, macular ou denegrir o titular que deixou o cargo.

Mestre Instalado é um título honorífico dado a todos os ex-Veneráveis. Nesse
caso, o Mestre Instalado é um ex-Venerável e vice-versa.

Alerta-se que Mestre Instalado não é grau maçônico.

Com relação ao uso do superlativo “Respeitabilíssimo”, ele é notadamente consagrado como tratamento do Venerável Mestre em Câmara do Meio, posto que todos os presentes nos trabalhos de 3º Grau possuem plenitude maçônica alcançada pela exaltação ao Grau de Mestre Maçom que é o ápice iniciático no simbolismo.

Graças a isso é que principalmente na Maçonaria Latina todos os Mestres Maçons em Câmara do Meio (Loja de Mestre) são tratados como Veneráveis Irmãos. Respeitando a hierarquia das Luzes da Loja, em Loja de 3º Grau, o Venerável Mestre é o “Respeitabilíssimo Mestre” e os seus auxiliares imediatos, os Vigilantes, são os “Venerabilíssimos Vigilantes”. Os demais Mestres são os “Veneráveis” Irmãos.

Não é comum o costume de chamar o ex-Venerável de ex-Respeitabilíssimo, pois isso seria um excesso de preciosismo já que nesse contexto não há generalização de nenhum tratamento se utilizando do prefixo “ex” para os demais cargos.

Qualquer especulação nesse sentido é contraditória aos nossos usos e costumes. Assim o tratamento de ex-Venerável não traz nada de depreciativo e desrespeitoso, podendo perfeitamente ser utilizado em consórcio com Mestre Maçom Instalado, ou simplesmente Mestre Instalado.

Quantos aos superlativos Venerabilíssimo e Respeitabilíssimo, esses somente são utilizados em Lojas de 3º Grau. No tocante ao prefixo “ex” antes desses superlativos não é prática usual e nem recomendadas nesse contexto.

Concluindo, destaco que o termo ex-Venerável é de uso consagrado, principalmente na Maçonaria latina. Portanto, não se justifica o seu banimento só por não se apresentar descrito no Regulamento Geral dessa ou daquela Obediência Lembro que a boa parte da história da Maçonaria foi construída sobre tradições, usos e costumes que, às vezes, são imemoriais e universalmente aceitos.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

http://pedro-juk.blogspot.com.br

 

 

MAR/2022

segunda-feira, 21 de março de 2022

NUMA SITUAÇÃO DE TUMULTO O ORADOR PODE FECHAR A LOJA?

O Respeitável Irmão Paulo F. S. Villanova, Orador da Loja Fênix Brasileira, Rito Brasileiro, sem mencionar a Obediência, Oriente de Porto Alegre, Estado do Rio Grande do Sul.

 

ORADOR PODE FECHAR A LOJA?

 

Tenho uma dúvida importante: - O Orador tem o dever ou o poder de solicitar, por motivo de discórdia, briga, agressões verbais, conversas entre colunas e outras infrações, FECHAR A LOJA OU INTERROMPER OS TRABALHOS? Pode o Orador solicitar ao Venerável Mestre, fechar a loja pelos mesmos motivos acima?

 

OPINIÃO

 

Caro Irmão esse não é tema do âmbito da liturgia e da ritualística maçônica, porém do direito maçônico com as suas questões legais. Dado a isso, vou dar apenas a minha opinião, portanto não a tome como uma resposta ou afirmativa laudatória.

Entendo que o Orador é o fiscal da lei. É o representante do Ministério Público Maçônico na Loja. Graças a isso é que ele tem por ofício dar, sob o aspecto legal, as conclusões finais enfocando o transcurso dos trabalhos, isto é, se transcurso se deu dentro da legalidade vigente.

No tocante ao encerramento extemporâneo dos trabalhos, ou mesmo da sua
suspensão, como mencionado na vossa questão, penso que essa é uma atribuição do Venerável Mestre.

Numa ocasião de anormalidade como a descrita, percebo que o Venerável Mestre deve se aconselhar com o Orador se a atitude que ele irá tomar é legal ou não.

Por sua vez, o Orador, que em linhas gerais é o promotor público na Loja, deve se certificar e opinar se a atitude que será tomada pelo Venerável Mestre está dentro da lei.

Como fiscal da Lei, o Orador deve estar atento ao cumprimento do que reza o diploma legal, inclusive cabendo a ele alertar o Venerável se algo no transcurso dos trabalhos não estiver de acordo com a legalidade.

Se o Venerável Mestre, mesmo alertado da ilegalidade não tomar providência, cabe então ao Orador, na forma da lei, denunciá-lo por negligência ou delito ao Ministério Público Maçônico.

Vale mencionar que uma das atribuições do Venerável é a de fechar a Loja com um só golpe de malhete caso a necessidade exija. Por exemplo, tumulto e descontrole da situação – RGF, Artigo 116, Inciso XIII, em sendo a Loja pertencente ao Grande Oriente do Brasil.

Assim, nos parece que não é ofício do Orador suspender os trabalhos caso a ocasião exija, mas, reitero, é do Venerável Mestre. Caso ele (o Venerável) seja negligente na oportunidade, compete então ao Orador oferecer denúncia do fato à autoridade competente.

É essa a minha opinião. Para não se envolver em seara alheia, sugiro que o Irmão faça uma consulta ao Ministério Público Maçônico do seu Estado para que dele possas obter um parecer oficial.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

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MAR/2022

domingo, 20 de março de 2022

FIAT LUX E A PRIMEIRA VISÃO DO INICIADO

O Respeitável Irmão Alberto Sobrinho, Loja Liberdade e União, 1958, REAA, GOB-GO, Oriente de Goiânia, Estado de Goiás, apresenta a seguinte questão relativa ao Sistema de Orientação Ritualística do GOB.

 

PRIMEIRA VISÃO DO INICIADO

 

Semana passada fui questionado por um irmão, ex Ven de uma Loja próximo a Goiânia sobre a alteração contida no Ritual do Grau 1, na segunda instrução do Grau.

Texto editado no Ritual - Segunda Instrução – Página 172 – 4.2 2 - Instrução – 6º parágrafo:

1º Vig- Visualizei o L da L, o Esq e o Comp. As Três Grandes Luzes da Maçonaria.

Retificação no SOR (GOB-RITUALÍSTICA)

1º Vig - Visualizei por primeiro IIr que apontavam espadas para mim. Mais distante, ao fundo, visualizei ainda o Alt dos JJur que tinha sobre ele o L da L, o Esq e o Comp - as Três Grandes Luzes Emblemáticas da Maçonaria.

Considerando que a primeira luz que deve ser acesa é a que ilumina o altar dos juramentos, porque a citação de ter visto primeiro os IIr com a espada apontada para o iniciando, em detrimento das 03 luzes emblemáticas, a colocação muda um entendimento secular para o iniciando ao receber a luz, porque a alteração?

Não pude discutir com o irmão que me perguntou, pois fez a defesa, a meu ver de modo correto, prevalecendo a visão das 03 grandes luzes emblemáticas.

Pela orientação, agradeço.

 

CONSIDERAÇÕES.

 

Vale primeiramente mencionar que no REAA não existe nenhuma luz (vela, lâmpada elétrica, ou outro dispositivo de iluminação) sobre o Altar dos Juramentos na intenção de especificamente iluminá-lo.

A primeira luz (no grau de Aprendiz) que é acesa é aquela que representa o Venerável Mestre, ou a primeira Luz da Loja. É ponto pacífico que o Venerável Mestre e os Vigilantes são as Luzes da Loja.

Essa primeira luz é uma das que se colocam acesas nos candelabros de três braços em Loja do 1º Grau. Os três candelabros ficam sobre o Altar ocupado pelo Venerável Mestre e mesas dos Vigilantes respectivamente. No REAA as luzes acesas nos candelabros, em número conforme o Grau, não possuem o desiderato de iluminar ambiente, mas de demostrar esotericamente que quanto maior o número de luzes acesas maior é o grau de evolução do obreiro. Para elas dá-se o nome de luzes litúrgicas. No REAA não existe nenhum cerimonial para o seu acendimento, senão o de disciplinar uma ordem obedecendo a hierarquia entre as Luzes da Loja. Originalmente, nos primeiros rituais do REAA as luzes litúrgicas eram acesas antes do início dos trabalhos e apagadas depois do encerramento.

Sobre o Altar dos Juramentos, que fica separado e logo à frente do altar
principal no REAA, se colocam as Três Grandes Luzes Emblemáticas da Maçonaria, destacando que sobre o Altar dos Juramentos não existe nenhum outro objeto na intenção de iluminá-lo. Sobre ele não existem velas ou outros dispositivos similares. luzes litúrgicas nada têm a ver com Luzes Emblemáticas.

É notório também o termo Luzes Emblemáticas é dado ao conjunto formado pelo L da L, pelo Esq e pelo Comp.

Esses elementos emblemáticos possuem alto valor iniciático na Maçonaria e são comumente conhecidos como os Paramentos da Loja.

Diante disso, a luz litúrgica acesa (vela ou uma pequena lâmpada elétrica) encaixada no candelabro de três braços que fica sobre o Altar principal, não no dos Juramentos, nada tem a ver com as Luzes Emblemáticas e nem tem a função de “iluminar” o L da L, o Esq e o Comp.

Vamos aprender que uma Loja é dirigida por Três Luzes (Landmark), isto é, pelo Venerável Mestre e pelos dois Vigilantes. Desse modo, essas são as Luzes da Loja, então simbolizadas pelas Luzes Litúrgicas. Vamos aprender também que uma Loja (corporação maçônica e reunião regular de maçons) só existe quando for declarada aberta pelo Venerável Mestre na presença das Três Grandes Luzes Emblemáticas da Maçonaria que é o L da L, o Esq e o Comp. A ritualística de abertura e encerramento da Loja se dá de acordo com o grau e o ritual que a Loja pratica.

No tocante à sua questão e a arguição do ex-Venerável Mestre mencionado, me parece que ele está se confundindo e misturando as coisas na tentativa de arranjar uma justificativa para esse imbróglio, pois no teatro iniciático do “Fiat Lux”, no REAA, e sob o ponto de vista do Iniciado, ele ao receber a Luz vê por primeiro as espadas para ele apontadas por Irmãos Mestres Maçons que ocupam a primeira fileira de assentos do Norte e Sul das Colunas. O significado dessa passagem ritualística é explicado na ocasião pelo Venerável Mestre (página 135 do ritual).

É bom que se diga que na maioria dos ritos de origem francesa, o Iniciado recebe a Luz estando no extremo do Ocidente, ou seja, próximo à porta. Oposto a ele, distante, e no outro extremo da Loja, no Oriente, em frente ao Altar ocupado pelo Venerável Mestre, fica o Altar dos Juramentos com o conjunto das Três Grandes Luzes Emblemáticas arrumado sobre ele (só permanecem unidos em Loja).

Assim, no recinto da Loja, entre a visão do Iniciado e as Três Grandes Luzes Emblemáticas no lado oposto, há uma distância considerável, isto é, entre aquele que acabou de receber a Luz (extremo do Ocidente) e o Altar dos Juramentos (no Oriente), ficam os Irmãos que lhe apontam as espadas – numa questão lógica o Iniciado vê por primeiro as espadas que lhe são dirigidas para depois, mais distante dele, além da balaustrada vislumbrar o L da L, o Esq e o Comp.

Essa contradição ocorre no ritual em vigência porque a segunda instrução nele prevista não é a correta para do REAA e foi inserida inadequadamente há muito tempo atrás, por conseguinte, vem sendo paulatinamente copiada de um para outro ritual.

Na verdade, essa parte da instrução é uma cópia indevida de outro ritual, o do Craft inglês, onde no Rito de York sim o Candidato recebe a Luz no Leste diante das Luzes Maiores – título dado às Luzes Emblemáticas na Maçonaria Inglesa - que ficam sobre o pedestal (mesa) ocupado pelo Venerável Mestre.

Vale mencionar que na Maçonaria Inglesa não se adota um altar separado como o dos Juramentos que se vê no REAA.

Desse modo, no caso do Craft (ofício), o Candidato ao receber a Luz no Leste diante das Luzes Maiores obviamente vê por primeiro o L da L, os Esq e o Comp, o que não ocorre no REAA que é um rito oriundo da França e o candidato recebe a Luz longe das Luzes Emblemáticas.

Destaque-se ainda que na liturgia de iniciação no Craft não existe a alegoria das espadas apontadas para o Candidato. Resumindo, nos costumes ingleses o Iniciado vê a Luz no Leste (Oriente), enquanto que nos franceses vê no extremo do Ocidente (lado oposto da Sala da Loja).

Assim, a questão não é de alteração de um costume “secular” (sic), mas a de extirpar um erro “secular” que vem se repetindo de há muito nos nossos rituais. Por esse viés é que o Sistema de Orientação Ritualística do GOB houve por bem apresentar essa correção.

Por essa razão é que a orientação prevista no SOR menciona nesse contexto o termo: “vê por primeiro”. Nesse caso nos parece que bem mais próximo do protagonista, no momento do Fiat Lux, estão os Irmãos a empunhar espadas apontadas em sua direção do que o Altar dos Juramentos que fica além da balaustrada no Oriente.

Ao concluir e a título de ilustração, vale registrar que não raras vezes muitos Irmãos, baseados na instrução ainda equivocada do ritual questionavam, provavelmente baseados pela resposta dada pelo Candidato, que ele deveria então receber a Luz o mais próximo possível do Altar dos Juramentos, isto é, não mais no extremo do Ocidente, mas o mais chegado possível das Luzes Emblemáticas. É como diz o ditado, em nome de algo que começava equivocado, queriam entortar a boca conforme o hábito do cachimbo.

Assim, ao invés de aumentar o erro para arranjar uma acomodação, a Secretaria Geral de Orientação Ritualística achou por bem manter o candidato no lugar consagrado no extremo do Ocidente, contudo adequando o texto para atender a disposição ritualística e dialética daquele momento.

Desse modo, nos parece que na estrutura ritualística do ritual nenhuma tradição “secular” foi quebrada.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

http://pedro-juk.blogspot.com.br

 

 

MAR/2022