domingo, 30 de abril de 2023

TEMPO DE ESTUDOS - PERÍODO DE INSTRUÇÃO NA ORDEM DOS RITUAIS.

Em 03.01.2023 o Respeitável Irmão Antonio do Nascimento, Loja Acácia da Colina, Rito Brasileiro, sem mencionar o nome da Obediência, Oriente de Piracicaba, Estado de São Paulo, faz a pergunta seguinte:

 

TEMPO PARA INSTRUÇÃO.

 

Uma perguntinha rápida: lembro-me de ter lido em algum livro ou trabalho, talvez do Ir José Castellani, que o Tempo de Instrução (assim chamado no Rito Brasileiro) ou Tempo de Estudos (como denomina o Rito Escocês) não existia nos Rituais antigos. Foi introduzido bem depois. É isso mesmo?

 

CONSIDERAÇÕES.

 

                    De fato, período de estudos, e outros do gênero, no passado nunca fizeram parte da ordem dos trabalhos nos rituais. Contudo, isso não descarta sob nenhuma hipótese a importância que estudos maçônicos merecem por parte do maçom.

Nessas circunstâncias vale comentar que a palavra ritual, como substantivo masculino, designa o livro, ou livreto, que contém a ordem e a forma de uma cerimônia. Em Maçonaria o ritual é o cerimonial escrito de cada rito. Nesse contexto, a ordem ritualística a ser seguida é a liturgia de um rito.

Primitivamente, na Maçonaria não existiam rituais, pois a prática ritualística era ensinada oralmente. Ritos e rituais são produtos da fase especulativa da Ordem e, de maneira abrangente, só começariam a aparecer no final do século XVII e início do XVIII. Destaque-se que foram as revelações e obras espúrias profanas que trouxeram à luz os primeiros catecismos maçônicos, ancestrais dos hoje conhecidos rituais maçônicos.

Com o advento dos ritos e rituais, inicialmente, para que fossem ministradas as instruções iniciáticas, os trabalhos ritualísticos eram suspensos por um determinado tempo.

Sem necessariamente constar nos rituais, existiam de fato preleções iniciáticas que geralmente usavam como referência os símbolos que compunham as tábuas de delinear, painéis, tapetes, etc. Já, os ensinamentos sobre a prática ritualística propriamente dita, tal como ainda hoje ocorre na vertente anglo-saxônica de Maçonaria, os mesmos eram demonstrados por experts dos ritos ou do working – vide, por exemplo, os stewards e posteriormente a Emulation Lodge of Improvement.

Em linhas gerais podemos dizer que na vertente inglesa as instruções eram dadas à parte, o que não ocorria na vertente latina (francesa), onde, ao contrário, os ensinamentos iniciáticos e ritualísticos eram ministrados em Lojas próprias de instrução. Essas ocasiões eram dedicadas exclusivamente aos estudos. Enfim, instruções, tempos de estudos, etc., não faziam parte de uma sessão ordinária (econômica), por exemplo.

O problema é que principalmente na Maçonaria latina, notadamente nas Lojas brasileiras, dificilmente eram ministradas instruções, o que fez com que na Maçonaria brasileira a partir dos anos 60 do século XX, inserisse nos seus rituais o tal Tempo de Estudos, ou de Instrução. Esperava-se com isso que as Lojas, em cumprimento aos rituais, pelo menos dessem alguma instrução aos integrantes dos seus quadros. De certa forma o problema foi em parte amenizado já que esse modelo trazia limitação de tempo e as instruções submissas à liturgia do rito.

Graças a isso é que atualmente existe, na maioria dos ritos, rituais que trazem na ordem dos seus trabalhos um período designado às instruções – geralmente quinze minutos.

Sem dúvida, no que diz respeito à sua questão, Irmão José Castellani, de saudosa memória, estava absolutamente correto

 

 

T.F.A.

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ABR/2023

quinta-feira, 27 de abril de 2023

POLÍTICA E RELIGIÃO NA MAÇONARIA

Em 26.12.2022 o Respeitável Irmão Filipe Torres Conceição, Loja Fraternidade Ferrense, 2230, REAA, GOB-MG, Oriente de São Pedro dos Ferros, Estado de Minas Gerais, faz a pergunta seguinte:

 

POLÍTICA E RELIGIÃO

 

Gostaria de saber uma breve explanação de onde surgiu a regra proibitiva de não se poder falar de política nas Lojas Maçônicas, tem a ver com o governo de Getúlio Vargas?

 

CONSIDERAÇÕES.

 

A Maçonaria está muito longe de ser apolítica e antirreligiosa. O que de fato não pode acontecer em uma Loja maçônica é, em nome de política e religião, individualizar questões nesse sentido ao ponto de dividir o quadro em grupos competitivos que possam entre si eventualmente semear discórdias.

               Por si só a Maçonaria entende que o homem é um ser político por viver em sociedade, contudo isso não afirma que as Lojas Maçônicas se transformem em palcos de debates político-partidários e religiosos.

Destaque-se que os propósitos da Ordem Maçônica, antes e acima de tudo, é preparar o homem para que ele, fora dos umbrais dos seus templos, trabalhe incansavelmente em prol da sociedade.

A regra é primeiro preparar o homem, moldá-lo conforme às exigências da Arte, e depois colocá-lo como um instrumento a serviço da humanidade.

A arte disso tudo está em juntar homens livres e de bons costumes, independente das suas raças, credos, religiões e preferências políticas, dispostos a alcançar um objetivo comum.

Sob essa conjuntura, cada maçom deve contribuir para a construção de uma sociedade melhor, justa e igualitária, todavia respeitando sempre as liberdades individuais e as preferências políticas e religiosas de cada um.

A Loja Simbólica, se servindo do método do simbolismo atua na transformação e no aprimoramento do seu elemento primário - o Iniciado.

Nesse sistema, velado por símbolos e alegorias, a Maçonaria procura reunir no seio das suas Lojas operários imbuídos em alcançar um bem comum que é o de construir um templo à Virtude Universal.

Dito isso, em relação à questão propriamente dita apresentada, a preocupação em não transformar a Moderna Maçonaria em um palco de discussões políticas e de proselitismos religiosos, ao que se sabe inicialmente surgiu com a Primeira Grande Loja em Londres e Westminster, nascida em 1717.

Na elaboração dos Estatutos Gerais desta Primeira Grande Loja, cuja qual inaugurava o sistema obediencial no mundo, os ingleses, então cansados dos verdadeiros banhos de sangue produzidos pelos entraves políticos e religiosos na Inglaterra da época, desejando fundar uma instituição que fosse um centro de harmonia e união entre os homens, resolveu proibir nas suas Lojas, e em nome delas, discussões que envolvessem política e religião.

A bem da verdade, a Maçonaria, uma instituição iniciática que busca melhorar o homem, de fato não carece trazer discussões político-partidárias e nem religiosas para dentro das suas Lojas.

Assim, primitivamente foram os ingleses da Primeira Grande Loja que a partir de 1717 instituíram essa proibição nas suas Lojas. Com o advento da união em 1813 e o surgimento da Grande Loja Unida da Inglaterra, o costume de se evitar essas discussões fora mantido.

Como desde então a Grande Loja Unida da Inglaterra edita pontos de reconhecimento e evoca para si o direito de reconhecer a regularidade maçônica, a maioria das Obediências espalhadas pela face da Terra mantém em suas Constituições a proibição de se discutir política e religião.

Aqui no Brasil isso nada tem a ver com Getúlio Vargas, muito embora que por questões ideológicas, sob o seu governo muitas Lojas Maçônicas tiveram as suas colunas abatidas a partir de 1939 com início da II Guerra Mundial que duraria até 1945. Mas esse não é assunto para essa lauda.

Ao finalizar, é bom que se diga que política é importante para a Maçonaria, pois o homem, que é a sua atual matéria prima, é por si só um ser político. O que não cabe nesse contexto são discussões político-partidárias no âmbito das sessões maçônicas. A Maçonaria não é uma religião, no entanto respeita a crença de cada um dos seus membros. Para a Sublime Instituição basta que o maçom creia em um “Ente Supremo” que ela denomina, de modo conciliatório, o “G A D U”. De resto, o bom senso deve sempre imperar nas questões dessa qualidade.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

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ABR/2023

quarta-feira, 26 de abril de 2023

COLCHA DE RETALHOS - REAA

Em 26.12.2022 o Respeitável Irmão Luís Filipe Torres Conceição, Loja Fraternidade Ferrense, REAA, GOB-MG, Oriente de São Pedro dos Ferros, Estado de Minas Gerais, apresenta o que segue:

 

A COLCHA DE RETALHOS

 

Se pudesse fazer uma lista das alterações mais bizarras e sem sentidos feitas durante aos longos dos anos no REAA, quais seriam?

 

CONSIDERAÇÕES.

 

Inicialmente é preciso dizer que as coisas não são tão simples assim, principalmente pelo modus operandi latino de editar uma enorme quantidade de rituais no curso do tempo. Escolher o certo e o errado entre tantos, não é tarefa das mais fáceis.

De certo modo, para compreender a originalidade dos rituais simbólicos do REAA é preciso antes conhecer a saga da construção do seu primeiro ritual no início do século XIX (1804) na França.

            Destacam-se nesse contexto três elementos básicos que deram sustentação para a elaboração desse ritual. São eles o Régulateur du Maçon do Grande Oriente da França (1801), a exposure As Três Pancadas Distintas na Porta da Antiga Maçonaria, essa relacionada à Grande Loja dos Antigos de 1751 na Inglaterra e, por fim, a Loja Mãe
Escocesa, criada em outubro de 1804 na cidade de Paris para gerenciar a construção do 1º Ritual.

Não obstante esses elementos históricos e estruturais, considere-se ainda nessa conjuntura a criação das Lojas Capitulares pelo Grande Oriente da França que, a partir de 1816, começaria a fazer estragos no primitivo projeto do ritual de 1804 do REAA.

Relacionado às Lojas Capitulares está o Guia dos Maçons Escoceses, então implantado na França aproximadamente entre 1821/22. Esse guia, que na verdade não era propriamente um ritual, influenciou em demasia os trabalhos do simbolismo. Um exemplo disso foi a criação do Oriente da Loja elevado e demarcado para atender a necessidade de se acolher o Santuário Rosa Cruz onde seriam acomodados na Loja os portadores dos graus capitulares escoceses. Nessa época, o Athersata do Capítulo (Grau 18) era também o Venerável Mestre da Loja Simbólica. É preciso conhecer esta história.

Posso dizer que já escrevi bastante a respeito e esses produtos escritos podem ser encontrados no Blog do Pedro Juk hospedado em http://pedro-juk.blogspot.com.br

No contexto do primeiro ritual, vale mencionar que a disposição da sala da Loja (templo) utilizada pelos “Antigos” ingleses, logo acabaria servindo também de modelo para a constituição topográfica da Loja do REAA.

O principal ponto a esse respeito é que tal como no Rito de York, o espaço de trabalho (a Loja) era todo no mesmo nível, isto é, no mesmo plano e sem a separação e elevação do Oriente. Também, como na forma antiga, o 2º Vigilante ocupava lugar ao meridiano do Meio-Dia (centro da banda Sul do espaço).

Diferente dos “antigos”, o Grande Oriente da França e os seus então ritos, Moderno e Adonhiramita, traziam Oriente elevado e separado, tendo os seus Vigilantes invertidos, ficando ambos posicionados no extremo do Ocidente.

No entanto, com o advento das Lojas Capitulares (hoje já extintas), houve a necessidade de adaptações que comportassem ao mesmo temo o simbolismo e o Capítulo do REAA. Assim, o ambiente que era todo no mesmo plano acabou tendo o seu espaço oriental destacado do ocidental. Isso resultou na demarcação e elevação do Oriente da Loja. Como visto acima, o modelo do Oriente elevado, principalmente por influência do GOF, se deve também ao formato comum do da Loja do Rito dos Sete Graus, ou Rito o Moderno.

Todavia, anos mais tarde, após a extinção das Lojas Capitulares, o templo do REAA, ao contrário de retornar ao seu modelo original, permaneceu mantendo o Oriente elevado e dividido.

Graças a isso, houve uma reestruturação no modelo do simbolismo iniciático do Rito, de tal modo que o Oriente - outrora o santuário Rosa Cruz capitular - agora era reservado aos Mestres Maçons, Ex-Veneráveis e Autoridades. Dessa maneira firmava-se no templo a alegoria solar do caminho iniciático, cujo começo (Aprendiz) ocorre a partir do topo da Coluna do Norte, passando pelo topo do Sul (Companheiro) e se encerra ao alcançar o destino final no Oriente (Mestre).

Em primeira análise eu diria que inicialmente esse foi o conjunto de mudanças mais retumbantes no simbolismo do REAA, ao ponto de se consagrar definitivo e básico para a estrutura doutrinária do Rito (consuetudinário).

Ao longo do tempo e especialmente nos países latinos, os rituais para o simbolismo do REAA acabariam sofrendo inúmeras intervenções. Muitas delas por “achismo”, outras por invencionices e outras ainda como produtos enxertados de outros ritos. Algumas, entretanto, de aperfeiçoamento.

Em tempos primitivos, a exemplo do Brasil, a obscuridade ritualística progredia muito em face às dificuldades de comunicação. Notadamente, a própria história da Maçonaria Brasileira contribuiu muito para o aparecimento de elementos antagônicos à originalidade litúrgica do REAA, sobretudo no século XIX e boa parte do XX. Na montagem de uma grade de pesquisa, esse é um ponto relevante que merece ser investigado.

Não resta dúvida que vários outros fatores também viriam contribuir para a “colcha de retalhos” encontrada em muitos rituais simbólicos do REAA. Tantas foram as inserções indevidas que seria demasiado estafante tentar aqui reproduzi-las.

No rigor da razão, cada ritual, seja ele aceitável ou contraditório, possui a sua história e é nela que se pode encontrar o fio de Ariadne capaz de conduzir o pesquisador a uma fonte de água limpa. Uma das regras mais importantes para se encontrar a saída desse labirinto é não acreditar de maneira generalizada que antiguidade seja sinônimo de originalidade, sobretudo quando se trata de rituais, principalmente aqueles nascidos na Maçonaria Tupiniquim. O cuidado deve ser dobrado quando da escolha do roteiro bibliográfico.

Dada a complexidade desse assunto e abreviando essa abordagem, seguem abaixo alguns tópicos encontrados nos rituais adotados pelas Obediências Regulares e que podem ser perscrutados e avaliados quanto à sua autenticidade ou não no simbolismo do REAA.

a)    Paredes do templo pintadas de azul - a Loja Mãe Escocesa em 1804 determinava o matiz encarnado como referência do escocesismo;

b)    Aventais de Mestres com rosetas e debruados em azul - o Conselho de Lausanne, Suíça, realizado em 1876 determinava, dentre outros, aventais debruados em vermelho trazendo ainda as iniciais MB;

c)    Altar dos Juramentos próximo e à frente do Altar ocupado pelo Venerável Mestre – alguns rituais trazem esse altar no centro do Ocidente – desde as Lojas Capitulares o Altar dos Juramentos é uma extensão do Altar principal, portanto, fica no Oriente. Era mobiliário móvel para servir ao simbolismo e era colocado no limite com o Ocidente quando houvesse uma tomada de juramento de graus simbólicos. O simbolismo não adentrava o Oriente.

d)     Diáconos não portam bastão no REAA – foram introduzidos no REAA como antigos oficiais de chão e a sua função é apenas e tão somente para atuar na transmissão da palavra sagrada. É um cargo originário da Maçonaria anglo-saxônica;

e)    Formação de pálio no REAA – encontram-se rituais que adotam essa prática, contudo, os Diáconos, como mensageiros atuam apenas na transmissão da palavra (não usam bastão);

f)     Cerimonial para acendimento de luzes no REAA - é prática de outro rito e originalmente não faz parte da liturgia do rito em questão. Primitivamente, no REAA as luzes litúrgicas eram acesas pelo Arquiteto antes do ingresso dos Irmãos no templo.

g)     As Colunas Vestibulares B e J. Por serem vestibulares, de vestíbulo, originalmente são exteriorizadas e ficam junto à porta no átrio do templo. Há ritos que as trazem invertidas e interiorizadas como de outros ritos.

E assim seguem muitos outros elementos, mas que para elenca-los demandaria de muitas e muitas laudas. Os acima expostos já podem dar ideia do porquê da “colcha de retalhos”. Como dito, avaliar o certo e o errado depende de estudo sério e acurado.

Ao concluir alerto ao pesquisador que é fundamental o conhecimento da história do rito, suas origens, sua proposta doutrinária, costumes e outras particularidades. Alerto que nada está pronto no campo da pesquisa em Maçonaria. É preciso antes buscar os elementos apropriados para se construir o mosaico da sua história.

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

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ABR/2023

segunda-feira, 24 de abril de 2023

CIRCULAÇÃO NA MESMA COLUNA? DESLOCAMENTO DO 2º DIÁCONO

Em 15/12/2022 o Respeitável Irmão Ivo Carlos Hoemke, Loja Renascer do Vale, 4007, REAA, GOB-SC, Oriente de Penha, Estado de Santa Catarina, faz a pergunta seguinte:

 

DESLOCAMENTO DO 2º DIÁCONO

 

Gostaria de lhe fazer uma consulta com relação ao deslocamento do 2º Diácono no início da sessão. A circulação em Loja no Ocidente é clara, sentido horário e tendo o Painel do Grau como referência à direita. Ocorre que tenho percebido que algumas Lojas o 2º Diácono apesar de estar à frente do 1º Vigilante (vide layout RITUAL GOB) simplesmente se vira para trás e se dirige ao 1º Vigilante (segundo as orientações do SOR isso está correto). Tenhoobservado também algumas Lojas em que o 2º Diácono faz o giro no Painel do Grau para se dirigir ao 1º Vigilante. Me parece que ambas podem ser consideradas corretas, ou estou enganado?

 

CONSIDERAÇÕES

 

Segue-se o que está prescrito no SOR. O Sistema de Orientação Ritualística oficial do GOB (Decreto 1784/2019) determina, inclusive, que em nome da paridade de procedimentos ritualísticos, a circulação em Loja se inicia a partir de quando o Venerável Mestre solicitar ajuda aos Irmãos para abrir a Loja (páginas 44 e 86 do ritual de Aprendiz do REAA).

Quando à circulação do 2º Diácono durante a abertura dos trabalhos por ocasião da liturgia da transmissão da Pal Sagr, o mesmo se dirige "diretamente" do seu lugar até o 1º Vigilante, abordando-o na sua mesa pelo seu ombro direito.

Isso ocorre “diretamente”, ou seja, sem a circulação horária em torno do Painel porque ambos os personagens estão na Coluna do Norte, e na mesma Coluna não existe circulação.

Já, quando o 2º Diácono se deslocar do 1º Vigilante, ao Norte, até o 2º Vigilante, no Sul, ele deverá então obedecer à circulação horária. Assim, o 2º Diácono em deslocamento atravessa o equador do templo pelo espaço entre a retaguarda do Painel e o limite com o Oriente até alcançar o lugar do 2º Vigilante, abordando-o pelo seu obro direito.

Cumprida a sua missão, o 2º Diácono imediatamente retorna para ao seu lugar na Coluna do Norte, dessa vez cruzando o equador do templo pelo espaço que fica entre a frente do Painel e a porta do templo.

No encerramento dos trabalhos, o 2º Diácono obedece a essa mesma circulação.

Sobre a circulação horária no templo é oportuno mencionar que o termo “circulação” não significa que cada vez que alguém necessite se deslocar pelo Ocidente da Loja obrigatoriamente tenha que dar voltas ao redor do Painel. O que existe mesmo é a regra de se circular no sentido horário quando alguém tiver que se deslocar de uma para outra coluna.

Assim, conforme explica o ritual de Aprendiz do REAA do GOB, dele a página nº 42, o procedimento é o seguinte: do Norte para o Sul transita-se passando pelo espaço localizado entre a retaguarda do Painel e o limite com o Oriente; do Sul para o Norte se faz em se passando pelo espaço entre a frente do Painel e a porta do templo. Em síntese, há espaços determinados por onde se passa ao atravessar do Norte para o Sul e vice-versa.

Por essas circunstâncias, explica-se que na mesma coluna (hemisfério) não existe circulação, já que não faria sentido, hipoteticamente, alguém precisar dar a volta ao mundo para chegar no mesmo lugar. Vale relatar que chão da Loja simboliza o solo terrestre, cujas Colunas do Norte e do Sul correspondem aos hemisférios do planeta Terra. O eixo longitudinal Leste-Oeste da sala da Loja corresponde ao equador. No sentido figurado é como se os maçons andando dentro do templo circulassem sobre a superfície da Terra.

Finalizando, no Oriente da Loja (além da balaustrada) não existe circulação horária, contudo estipula-se que nele se ingresse pelo lado nordeste, ou seja, tendo como referência o mesmo lado em que o Orador ocupa lugar. Dele se sai sempre pelo sudeste em direção à Coluna do Sul, ou seja, como referência retira-se pelo mesmo lado em que o Secretário ocupa lugar.

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK - SGOR.

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ABR/2023

A QUEM O COBRIDOR INTERNO ANUNCIA - REAA

Em 15.12.2022 o Respeitável Irmão Itamar Pereira, Loja Filhos de Salomão, 2311, REAA, GOB-DF, Oriente de Brasília, Distrito Federal, faz a seguinte pergunta:

 

COBRIDOR INTERNO

 

Já li várias respostas suas sobre o Cobridor Interno, mas ainda me resta uma dúvida que não achei em nenhum local.

No caso de um Irmão atrasado bater maçônicamente à Porta do Templo. O Cobridor responde às batidas e anuncia a quem?

Primeiro ou Segundo Vigilante (nesse caso a Loja já está aberta e funcionando com força e vigor.

 

CONSIDERAÇÕES.

 

Veja, convenciona-se que se a Loja ainda não estiver aberta, estando em processo de abertura, caso algum retardatário bata à porta do templo, o Cobridor Interno comunica ao 1º Vigilante. No caso de a Loja estar aberta, essa comunicação é feita ao 2º Vigilante.

A bem da verdade, não existe nenhuma regra oficial a respeito porque nenhum ritual sério vai institucionalizar o atraso, sobretudo pelo respeito àqueles que são pontuais.

Em caso de atraso, recomenda-se que o retardatário, em qualquer situação, dê apenas a bateria de Aprendiz. Se o momento não for propício para o ingresso, para não atrapalhar a ritualística de abertura, por exemplo, o Cobridor Interno repete essa bateria, o que significa que o retardatário deve aguardar. Então, no momento propício, o Cobridor comunica o Vigilante.

Antes de tudo recomenda-se que ninguém chegue atrasado, até porque o ritual não prevê atrasos. Na hipótese de isso acontecer, que pelo menos não ocorram na porta do templo batucadas e outros recursos escusos do gênero. Para tal, o atrasado dá apenas a bateria de Aprendiz. Sendo ela repetida internamente, entenda-se que é para aguardar. Não existe pancada única, de alarme, etc. O grau em que a Loja estiver trabalhando será informado ao retardatário pelo Cobridor Interno no momento em que ele abrir a porta para verificar quem bate.

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK - SGOR/GOB

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ABR/2023

sábado, 22 de abril de 2023

SINAL DE ORDEM III

Em 14.12.2022 um Respeitável Irmão que pede para não ser identificado, Loja praticante do REAA, GOB, sem mencionar o Oriente, faz a pergunta seguinte:

 

SINAL DE ORDEM

 

Minha dúvida seria quanto ao Venerável Mestre na hora da abertura dos trabalhos já com o livro da lei aberto ou no encerramento da sessão.

O Venerável Mestre. Com sua ferramenta de trabalho em mãos (no caso o ritual que está sendo lido no momento) deve ou não ser feito o Sinal de Ordem ou "GUT".

Sempre tenho visto o Venerável Mestre lendo seu ritual (na abertura ou encerramento) fazendo o sinal de ordem.

Por favor esclarecer esta dúvida.

 

CONSIDERAÇÕES

 

                     No REAA, a regra é de que a partir do momento em que a Loja for declarada aberta, até o seu encerramento, todos os que porventura estiverem em pé e parados, inclusive o Venerável Mestre, devem se colocar à Ordem.

No caso, o Venerável Mestre fica à Ordem deixando o seu malhete sobre o
Altar.

Se ele estiver em pé fazendo alguma leitura, do ritual por exemplo, o mais razoável seria acomodar o ritual sobre Altar o dispondo de maneira mais acessível para efetuar as leituras.

Assim, estando ele em pé e com as mãos livres, fica à Ordem (corpo ereto e pés em esq, compondo naturalmente o Sinal de Ordem).

Do mesmo modo, estando nos seus respectivos lugares, assim também procedem os Vigilantes.

Eventualmente, se o Venerável Mestre ou os Vigilantes, por dever de ofício precisarem transitar pela Loja, devem trazer consigo os seus respectivos malhetes. Nesse caso, eles ao permanecerem em pé e parados, na forma de costume pousam os respectivos malhetes no l e do p.

Vale esclarecer que o malhete pousado no l e do p não é sinal maçônico, mas a forma a rigor de como se empunha (segura) esse instrumento de trabalho - em deslocamento ou em pé e parado fora do seu lugar.

Ao concluir, destaco nesse contexto que a conduta ritualística é não fazer sinal quando se estiver empunhando (segurando) um objeto de trabalho. Isso implica que não se deve utilizar de um objeto para com ele compor ou fazer o sinal. No caso do malhete, por exemplo, seria impróprio alguém colocá-lo na região gut.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

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ABR/2023