quinta-feira, 27 de abril de 2023

POLÍTICA E RELIGIÃO NA MAÇONARIA

Em 26.12.2022 o Respeitável Irmão Filipe Torres Conceição, Loja Fraternidade Ferrense, 2230, REAA, GOB-MG, Oriente de São Pedro dos Ferros, Estado de Minas Gerais, faz a pergunta seguinte:

 

POLÍTICA E RELIGIÃO

 

Gostaria de saber uma breve explanação de onde surgiu a regra proibitiva de não se poder falar de política nas Lojas Maçônicas, tem a ver com o governo de Getúlio Vargas?

 

CONSIDERAÇÕES.

 

A Maçonaria está muito longe de ser apolítica e antirreligiosa. O que de fato não pode acontecer em uma Loja maçônica é, em nome de política e religião, individualizar questões nesse sentido ao ponto de dividir o quadro em grupos competitivos que possam entre si eventualmente semear discórdias.

               Por si só a Maçonaria entende que o homem é um ser político por viver em sociedade, contudo isso não afirma que as Lojas Maçônicas se transformem em palcos de debates político-partidários e religiosos.

Destaque-se que os propósitos da Ordem Maçônica, antes e acima de tudo, é preparar o homem para que ele, fora dos umbrais dos seus templos, trabalhe incansavelmente em prol da sociedade.

A regra é primeiro preparar o homem, moldá-lo conforme às exigências da Arte, e depois colocá-lo como um instrumento a serviço da humanidade.

A arte disso tudo está em juntar homens livres e de bons costumes, independente das suas raças, credos, religiões e preferências políticas, dispostos a alcançar um objetivo comum.

Sob essa conjuntura, cada maçom deve contribuir para a construção de uma sociedade melhor, justa e igualitária, todavia respeitando sempre as liberdades individuais e as preferências políticas e religiosas de cada um.

A Loja Simbólica, se servindo do método do simbolismo atua na transformação e no aprimoramento do seu elemento primário - o Iniciado.

Nesse sistema, velado por símbolos e alegorias, a Maçonaria procura reunir no seio das suas Lojas operários imbuídos em alcançar um bem comum que é o de construir um templo à Virtude Universal.

Dito isso, em relação à questão propriamente dita apresentada, a preocupação em não transformar a Moderna Maçonaria em um palco de discussões políticas e de proselitismos religiosos, ao que se sabe inicialmente surgiu com a Primeira Grande Loja em Londres e Westminster, nascida em 1717.

Na elaboração dos Estatutos Gerais desta Primeira Grande Loja, cuja qual inaugurava o sistema obediencial no mundo, os ingleses, então cansados dos verdadeiros banhos de sangue produzidos pelos entraves políticos e religiosos na Inglaterra da época, desejando fundar uma instituição que fosse um centro de harmonia e união entre os homens, resolveu proibir nas suas Lojas, e em nome delas, discussões que envolvessem política e religião.

A bem da verdade, a Maçonaria, uma instituição iniciática que busca melhorar o homem, de fato não carece trazer discussões político-partidárias e nem religiosas para dentro das suas Lojas.

Assim, primitivamente foram os ingleses da Primeira Grande Loja que a partir de 1717 instituíram essa proibição nas suas Lojas. Com o advento da união em 1813 e o surgimento da Grande Loja Unida da Inglaterra, o costume de se evitar essas discussões fora mantido.

Como desde então a Grande Loja Unida da Inglaterra edita pontos de reconhecimento e evoca para si o direito de reconhecer a regularidade maçônica, a maioria das Obediências espalhadas pela face da Terra mantém em suas Constituições a proibição de se discutir política e religião.

Aqui no Brasil isso nada tem a ver com Getúlio Vargas, muito embora que por questões ideológicas, sob o seu governo muitas Lojas Maçônicas tiveram as suas colunas abatidas a partir de 1939 com início da II Guerra Mundial que duraria até 1945. Mas esse não é assunto para essa lauda.

Ao finalizar, é bom que se diga que política é importante para a Maçonaria, pois o homem, que é a sua atual matéria prima, é por si só um ser político. O que não cabe nesse contexto são discussões político-partidárias no âmbito das sessões maçônicas. A Maçonaria não é uma religião, no entanto respeita a crença de cada um dos seus membros. Para a Sublime Instituição basta que o maçom creia em um “Ente Supremo” que ela denomina, de modo conciliatório, o “G A D U”. De resto, o bom senso deve sempre imperar nas questões dessa qualidade.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

http://pedro-juk.blogspot.com.br

jukirm@hotmail.com

 

 

ABR/2023

2 comentários:

  1. Como sempre excelentes ensinamentos do muito sábio irmão Juk. Entretanto, permita-me com devida vênia discordar da afirmação que a GLUI "evoca para si o direito de reconhecer a regularidade maçônica"....O que ocorre é que ela possui suas regras próprias (os famosos 8 pontos de reconhecimento) que ela aplica para aquela obediência inglesa, não pretendendo aquela obediência ser um "Vaticano maçônico" como as vezes é referida. Mais as demais potências lhe prestam reverência do que ela "evoca" para si alguma prerrogativa. Obviamente que no viés, ser reconhecida pela GLUI é quase uma etiqueta de grife, motivo pelo qual é muito desejada.

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