Em 26.12.2022 o Respeitável Irmão Filipe Torres Conceição, Loja Fraternidade Ferrense, 2230, REAA, GOB-MG, Oriente de São Pedro dos Ferros, Estado de Minas Gerais, faz a pergunta seguinte:
POLÍTICA E RELIGIÃO
Gostaria de saber uma breve explanação de onde surgiu
a regra proibitiva de não se poder falar de política nas Lojas Maçônicas, tem a
ver com o governo de Getúlio Vargas?
CONSIDERAÇÕES.
A Maçonaria está muito longe de ser apolítica
e antirreligiosa. O que de fato não pode acontecer em uma Loja maçônica é, em
nome de política e religião, individualizar questões nesse sentido ao ponto de
dividir o quadro em grupos competitivos que possam entre si eventualmente semear
discórdias.
Por si só a Maçonaria entende que o homem é um ser político por viver em sociedade, contudo isso não afirma que as Lojas Maçônicas se transformem em palcos de debates político-partidários e religiosos.
Destaque-se que os propósitos da Ordem Maçônica,
antes e acima de tudo, é preparar o homem para que ele, fora dos umbrais dos
seus templos, trabalhe incansavelmente em prol da sociedade.
A regra é primeiro preparar o homem,
moldá-lo conforme às exigências da Arte, e depois colocá-lo como um instrumento
a serviço da humanidade.
A arte disso tudo está em juntar homens
livres e de bons costumes, independente das suas raças, credos, religiões e
preferências políticas, dispostos a alcançar um objetivo comum.
Sob essa conjuntura, cada maçom deve
contribuir para a construção de uma sociedade melhor, justa e igualitária,
todavia respeitando sempre as liberdades individuais e as preferências políticas
e religiosas de cada um.
A Loja Simbólica, se servindo do método do
simbolismo atua na transformação e no aprimoramento do seu elemento primário -
o Iniciado.
Nesse sistema, velado por símbolos e
alegorias, a Maçonaria procura reunir no seio das suas Lojas operários imbuídos
em alcançar um bem comum que é o de construir um templo à Virtude Universal.
Dito isso, em relação à questão
propriamente dita apresentada, a preocupação em não transformar a Moderna
Maçonaria em um palco de discussões políticas e de proselitismos religiosos, ao
que se sabe inicialmente surgiu com a Primeira Grande Loja em Londres e
Westminster, nascida em 1717.
Na elaboração dos Estatutos Gerais desta Primeira Grande Loja, cuja qual inaugurava o
sistema obediencial no mundo, os ingleses, então cansados dos verdadeiros banhos
de sangue produzidos pelos entraves políticos e religiosos na Inglaterra da época,
desejando fundar uma instituição que fosse um centro de harmonia e união entre
os homens, resolveu proibir nas suas Lojas, e em nome delas, discussões que
envolvessem política e religião.
A bem da verdade, a Maçonaria, uma
instituição iniciática que busca melhorar o homem, de fato não carece trazer discussões
político-partidárias e nem religiosas para dentro das suas Lojas.
Assim, primitivamente foram os ingleses
da Primeira Grande Loja que a partir de 1717 instituíram essa proibição nas
suas Lojas. Com o advento da união em 1813 e o surgimento da Grande Loja Unida
da Inglaterra, o costume de se evitar essas discussões fora mantido.
Como desde então a Grande Loja Unida da
Inglaterra edita pontos de reconhecimento e evoca para si o direito de reconhecer
a regularidade maçônica, a maioria das Obediências espalhadas pela face da
Terra mantém em suas Constituições a proibição de se discutir política e
religião.
Aqui no Brasil isso nada tem a ver com
Getúlio Vargas, muito embora que por questões ideológicas, sob o seu governo
muitas Lojas Maçônicas tiveram as suas colunas abatidas a partir de 1939 com início
da II Guerra Mundial que duraria até 1945. Mas esse não é assunto para essa
lauda.
Ao finalizar, é bom que se diga que
política é importante para a Maçonaria, pois o homem, que é a sua atual matéria
prima, é por si só um ser político. O que não cabe nesse contexto são
discussões político-partidárias no âmbito das sessões maçônicas. A Maçonaria
não é uma religião, no entanto respeita a crença de cada um dos seus membros.
Para a Sublime Instituição basta que o maçom creia em um “Ente Supremo” que ela
denomina, de modo conciliatório, o “G∴ A∴ D∴ U∴”. De resto, o bom senso deve sempre imperar nas questões dessa
qualidade.
T.F.A.
PEDRO JUK
http://pedro-juk.blogspot.com.br
ABR/2023
Como sempre excelentes ensinamentos do muito sábio irmão Juk. Entretanto, permita-me com devida vênia discordar da afirmação que a GLUI "evoca para si o direito de reconhecer a regularidade maçônica"....O que ocorre é que ela possui suas regras próprias (os famosos 8 pontos de reconhecimento) que ela aplica para aquela obediência inglesa, não pretendendo aquela obediência ser um "Vaticano maçônico" como as vezes é referida. Mais as demais potências lhe prestam reverência do que ela "evoca" para si alguma prerrogativa. Obviamente que no viés, ser reconhecida pela GLUI é quase uma etiqueta de grife, motivo pelo qual é muito desejada.
ResponderExcluirGrato pela visita. Fraterno Abraço
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