Em 01/10/2018 o Irmão Cícero Ramos, Companheiro Maçom, Loja Rui Barbosa,
3419, sem mencionar o nome do Rito, GOB-MT, Oriente de Sinop, Estado do Mato
Grosso, apresenta o que segue:
PALAVRA DE PASSE NO SEGUNDO GRAU
Estimado Pedro tenho dois trabalhos para apresentar
no grau de Companheiro. Um sobre Atos 20:34, sobre o trabalho do Apóstolo
Paulo, já está pronto. Outro sobre a palavra שיבולת Shib\, como fiz hebraico, usei conhecimento adquirido
das aulas, conversei com
os professores israelenses. Nesse sentido te escrevi
pedindo auxílio, caso tenha algum material ou possa indicar livro para comprar,
de modo a encorpar e trazer mais luz sobre a questão, agradeço.
CONSIDERAÇÕES.
A despeito do seu significado maçônico que
corresponde à fart\ e abund\
(nnum\ ggr\ de tr\),
essa alegoria é concebida, principalmente na Tábua de Delinear do Segundo Grau
do Craft, onde a mesma aparece como uma esp\ de tr\
junto a uma queda d’água. Assim, essa palavra, que é de origem hebraica, tem
sido comum ao segundo grau de quase todos os ritos da Moderna Maçonaria.
Na realidade, como Pal\
Pas\ ela cumpre o desiderato de explorar o nível
de conhecimento daquele que aspira chegar ao topo da Esc\
em Carac\, ou a Esc\ Sin\
como também é conhecida.
Como Pal\ de Pas\,
sua origem na Maçonaria está ligada diretamente à lenda que envolve um
personagem denominado Jefté, cujo qual é encontrado no Antigo Testamento e que
foi um dos Juízes de Israel (Juízes 12:7) por um período de seis anos.
Jefté viveu em Gileade e foi um membro da
tribo de Gade. Quando da divisão das terras de Israel, a tribo de Gade (nome do
7º filho de Jacó) se assenhorou de regiões além do Rio Jordão, rincão então conhecido
como a terra de Gileade. Jefté, segundo menciona a história bíblica, depois de ter
sido expulso da casa de seu pai pelos seus meios-irmãos passou a viver em Tobe,
localidade que ficava a leste de Gileade.
Com o advento na época da guerra dos amonitas
contra os israelitas, os primeiros, por não ter no seu círculo nenhum valoroso
guerreiro, foram buscar por meio dos seus anciãos, Jefté na terra de Tobe.
Segundo a história bíblica, após ter sido
expulso de casa, Jefté teve em Tobe com homens levianos (Juízes 11.3), cujos
quais logo não tardariam a se tornar soldados de um exercito liderado por ele.
Embora Jefté tenha tentado estrategicamente
estabelecer negociações com reinos vizinhos, no que não obteve sucesso, ele então
partiu para a guerra invocando para ela a proteção de Deus oferecendo-Lhe pela
vitória votos em sacrifício, obtendo com isso a volta triunfante da guerra.
A
despeito de todos esses comentários, a Moderna Maçonaria retirou desse contexto
bíblico, mas sem propósito religioso, a alegoria da palavra Shib\
como Pal\ de Pas\ do Segundo Grau. Em
termos genéricos esse apólogo é geralmente contado da seguinte forma:
“A Pal\ Shib\ teve origem na época
em que um exército dos efrainitas atravessou o Rio Jordão para combater Jefté,
famoso general gileadita. Conta-se que essa contenda teve como pretexto a razão
por não terem sido os efrainitas convidados da honra da guerra amonita.
Entretanto, sua verdadeira causa foi à captura dos despojos de que em
consequência dessa guerra, Jefté e seu exército tinha se apoderado. Explica-se
que os efrainitas, embora tidos como um povo turbulento e sedicioso, só
romperam as hostilidades em razão dos pesados insultos que lhes dirigiam os
gileaditas. Daí jurarem exterminá-los. Jefté, contudo, tentou por todos os
meios apaziguá-los; vendo, porém, que isso não era possível, avançou com o seu
exército e, dando-lhes combate, derrotou-os colocando-os em fuga. No intuito de
se precaver contra futuras agressões, assim como para tornar decisiva a sua
vitória, Jefté enviou destacamentos para guardarem a passagem pelo Rio Jordão,
por onde deveria forçosamente os insurretos fugir para o seu país. Com isso,
Jefté deu ordens severas para que fosse executado qualquer fugitivo que por ali
passasse e se declarasse como efrainita. Aqueles que se negassem a se
identificar ou usassem esse subterfúgio seriam obrigados a pronunciar a palavra
Shib\. Como os efrainitas, por defeito vocal, próprio do seu
dialeto, não pronunciavam Shib\, mas Sib\, essa ligeira diferença de pronúncia fazia com que se
descobrisse a sua nacionalidade, o que lhe custaria a vida. Dizem as Escrituras
que morreram no campo de batalha e nas margens do Rio Jordão cerca de 42.000
efrainitas. Assim, a palavra Shib\ passou a servir como
a palavra que distinguiria amigos de inimigos e, por conta disso, Salomão
resolveu adotá-la como Pal\ de Pas\ dos Companheiros. Com isso, os nossos antigos Irmãos,
depois de darem a Pal\ de Pas\ ao Irmão 2º Vig\, este
então lhes dizia – passe Shib\. Só depois de dada
essa permissão é que os Companheiros poderiam subir a Esc\ em Carac\ por 3, 5 e 7 degraus”.
Na Maçonaria, a interpretação dessa alegoria
está na pronúncia certa da palavra o que, em primeira analise, significa que o
Companheiro, para obter o seu aumento de salário deve antes conhecer a contento
a Arte. É devido a isso que o Vigilante simbolicamente obsta a passagem
daqueles que não comprovam a sua habilidade, o que, emblematicamente, só
acontece se a Pal\ de Pas\
for transmitida nos conformes.
Literalmente isso implica que o maçom,
aspirante ao terceiro grau, deve comprovadamente estar apto para atingir a
Câmara do Meio no topo da Esc\ em Carac\
onde se encontra a Árvore da Vida. Obviamente que a sinuosidade da Esc\
se compara às agruras da vida onde o iniciado constantemente é chamado para
superar os entraves e as dificuldades da sua existência.
Em síntese, Shib\
é a chave com a qual o iniciado um dia alcançará a Loja do Terceiro Grau. O
topo da Esc\ é a plenitude maçônica, pois “A A\
M\ É C\”.
Sem a pretensão de revelar “segredos” e ser
execrado pelos “puristas de plantão”, são essas a luzes que me são permitidas
trazer até esse momento.
T.F.A.
PEDRO
JUK
DEZ/2018