Em 08/10/2019 o Irmão Aprendiz César Leão Versiani, Loja Portal do Oriente,
Rito de York, GOB-MG, Oriente de Montes Claros, Estado de Minas Gerais,
apresenta a questão seguinte:
SINAL DE ORDEM DIFERENCIADO
Praticante do Rito
de Emulação. Venho através desta solicitar ao Irmão, caso disponha, de material
bibliográfico no que tange ao nosso Sinal de Ordem. uma vez que no REAA o mesmo
se dá com a m∴ em esq\ sob a mand\, sendo a g\ envolta no intervalo entre o pol\ e o ind\, já em minha Loja
(rito de emulação) o manual do GOB descreve o Sinal como o p\ dir\ tocando a l\ e\ do p. O porquê
dessa diferença? De onde surgiu? Onde consigo material para apresentar um
trabalho em minha Loja?
CONSIDERAÇÕES.
Em
linhas gerais existem duas vertentes principais de Maçonaria, a anglo-saxônica pertinente
ao Craft, de origem inglesa, e a latina, pertinente aos ritos de origem francesa.
Por
questões culturais, históricas e regionais, embora o objetivo da Maçonaria seja
o mesmo, muitos costumes no seu seio se diferenciam, sobretudo pelas características
de onde se originaram os ritos e trabalhos. Embora a Maçonaria não seja uma
religião, as concepções filosófico-religiosas relativas aos arcabouços doutrinários
adotados pelos ritos e trabalhos, também merecem destaque, no caso a
anglo-saxônica de corrente teísta, e a francesa deísta.
Assim,
o REAA, rito de origem francesa, se diferencia em alguns aspectos ritualísticos
dos de origem inglesa. É uma história longa e complexa, pelo que sugiro ao
Irmão que perscrute na história dessas duas vertentes maçônicas. Faça isso com critério
e busque fontes de água limpa, sobretudo busque conhecimento nas fontes
inglesas e francesas. Especificamente sobre diferenças de sinais, não há muita
coisa a ser digo, senão compreender essas altercações no contexto da obra.
Conferir essas diferenças, é possível conferindo e comparando rituais, já a sua
hermenêutica demanda de um conhecimento mais aprofundado
A
bem da verdade, sinais, toques e palavras muitas vezes podem trazer práticas diferenciadas
dentro da própria vertente maçônica, o que pode ser constatado na liturgia
maçônica inglesa, irlandesa e escocesa, por exemplo, destacando que na Maçonaria
Britânica, o termo "escocesa" se refere à Escócia como parte
integrante do Reino Unido, nada tendo a ver com especificamente com o Rito
Escocês Antigo e Aceito que é filho espiritual da França.
Por
outro aspecto, é bom que se saiba da existência de diferenças litúrgicas entre
os ritos e trabalhos maçônicos, sobretudo para se compreender que a liturgia
maçônica não é uniforme universalmente – cada rito, ou working possui
sua característica.
No
que diz respeito à Maçonaria Inglesa, prefiro me referir a ela como Craft,
até porque não existe basicamente o termo "Rito de Emulação", pois a
Loja de Emulação ou Aperfeiçoamento fora criada para demonstrar os trabalhos no
Craft, sobretudo depois da união de 1813. Também é bom que se diga que existe
uma característica particular na Maçonaria Britânica que é a de não editar e adotar
rituais, porém demonstrar uma conduta de trabalho para que as diversas Lojas
das regiões inglesas sigam essa espinha dorsal (Improvement e Stewards),
entretanto respeitando as características culturais. Destaco que esse elemento é
importante para a compreensão da liturgia e ritualística da Maçonaria anglo-saxônica.
Por
fim, no caso da sua questão, essas diferenças de fato existem entre os dois
sistemas - o do Craft e do REAA - mas na realidade não alteram a essência e o
objetivo iniciático. Todos os SS∴ PP∴ se originam do
conteúdo da Lenda de H∴, destacando que nela, conforme a
vertente maçônica, também as narrativas às vezes se diferem um pouco, embora
nada mudem na sua essência. O certo é seguir o que prevê o ritual do Rito.
T.F.A.
PEDRO JUK
DEZ/2019