Em 23.06.2022 o Respeitável Irmão que
se identifica apenas como Samuel, Loja Tabernáculo, 3418, REAA, GOB-SP, sem
mencionar o Oriente, Estado de São Paulo, apresenta a dúvida seguinte:
VISITANTE DE OUTRO RITO
Uma
dúvida sobre visitantes: Um irmão que vem de outro rito, por exemplo, minha
loja é REAA e o visitante é do Adonhiramita, ele não saberá como é o giro em
loja, palavras sagradas e de passe do meu rito por ter diferenças. Em vista que
o art. 217 do RGF diz que o visitante está sujeito a disciplina interna da
loja, isso inclui em como ele faz o giro, a saudação, aclamação e essas coisas ritualísticos?
Ou somente a formalidade do momento que ingressar ao Templo?
CONSIDERAÇÕES.
Antes
de tudo entendo que essa é uma situação que deve ser avaliada com muito critério
e bom senso.
Um
Mestre Maçom, principalmente, precisa compreender que a Maçonaria, embora de
objetivo único, é composta por ritos e trabalhos que não raras vezes carregam suas
próprias características litúrgicas e ritualísticas. Geralmente estas hauridas
da sua história e da sua cultura.
Nesse
sentido pode-se dizer que o traje e a ritualística de cada rito são duas das
mais visíveis e latentes figuras para serem analisadas nesse contexto.
Por
exemplo, no que diz respeito ao traje, quem for visitar uma Loja deve antes procurar
saber qual é o rito que a anfitriã pratica e, o mais importante, saber se esse
rito admite, no caso, o uso do balandrau nas suas sessões.
Não
sendo possível saber com antecedência, o recomendável é que o visitante se
apresente vestido com terno preto, já que praticamente convencionou-se essa
vestimenta na grande maioria dos ritos maçônicos, principalmente aqui na nossa
Maçonaria (tupiniquim) onde o terno é oriundo do emblemático “traje de missa”.
Além
do terno preto (parelho), complementa-o sapatos e meias pretas, camisa branca,
podendo a gravata ser na cor e no formato do seu rito (não precisa trocar). Do
mesmo modo o visitante usa o avental do seu rito.
Voltando
ao uso do balandrau, caso o rito da Loja visitada admita-o, ele deve ser usado na
forma adequada, isto é, negro e talar (comprimento até os tornozelos); sem
nenhum elemento simbólico nele gravado, bordado ou pintado; ter manga comprida
e estar fechado no colarinho. Em conjunto com o balandrau negro, a calça deve
ser preta, bem como vestir sapatos e meias pretas. Não e apropriado o maçom se
apresentar aos trabalhos de uma Loja calçando tênis, ou outros calçados desse gênero.
No
quesito traje aqui comentado, penso que no GOB essas providências já bastam
para atender o Artigo 217 do RGF.
Já com
relação ao rito praticado pelo visitante e o da loja visitada, em sendo eles
diferentes um do outro, o que não pode acontecer são interferências por conta
de diferenças litúrgicas entre ambos os ritos. Isto é, o visitante sob nenhuma
circunstância pode impor práticas ritualísticas do seu rito no da Loja que ele
está visitando. Quanto mais neutralidade, melhor.
No geral
isso quer dizer que independente de quem seja o visitante, o ritual a ser
seguido é o da loja visitada, portanto sem interferências na sua ordem dos trabalhos
– afinal, na casa dos outros nos sujeitamos aos costumes de quem nos recebe.
Em
todo esse contexto (de ritos diferentes), o mais recomendado é que o visitante somente assista os trabalhos, reservando-se apenas a usar da palavra no momento em que a
mesma lhe for concedida.
Embora se saiba que infelizmente essa é uma prática usual das Lojas, nessas
circunstâncias também a Loja anfitriã não deveria oferecer cargo ao visitante.
Contudo,
longe dos excessos de preciosismo é o bom senso que deve sempre imperar,
destacando-se que muitas possibilidades nessas circunstâncias podem se
apresentar.
Entendo
que quando a legislação previr que um visitante deva se sujeitar à disciplina
da Loja que o recebe, ela se reporta principalmente à observação do ordenamento
litúrgico dos trabalhos. Trocando em miúdos é simplesmente respeitar os
trabalhos ritualísticos da Loja anfitriã.
Por
outro lado, recomenda-se que a Loja anfitriã também tenha tolerância para com o
visitante em certos aspectos que são próprios do seu viés iniciático. Um
exemplo disso é a composição do sinal do grau que, embora até possam existir
pequenas diferenças na sua composição e no seu gestual entre os ritos, certamente
que em nada elas alteram o andamento litúrgico dos trabalhos então realizados
naquele instante.
Para
o bem da harmonia nos trabalhos é preciso que isso seja considerado – Em síntese,
é mais uma vez o uso do bom senso nas situações que possam porventura advir.
Em
contra partida, é dever do visitante comparecer com antecedência, de modo que
ele possa se apresentar e ser reconhecido na forma de costume. Quem sabe até
mesmo aprender particularidades ritualísticas do outro rito, se for o caso, para
utilizá-las durante os trabalhos.
Diante
disso é que atitudes eivadas de bom senso podem perfeitamente se adequar sem
ferir o diploma legal e nem os trabalhos da Loja.
Antes
de encerrar, porém, eu gostaria de comentar uma atitude que não é recomendável aos
visitantes porquê de pronto ela fere o andamento ritualístico dos trabalhos da
Loja visitada.
Nesse
caso, tem-se visto - e até com certa frequência - muitos visitantes de outro rito quando
fazem uso da palavra solicitando aos seus acompanhantes que com ele também
fiquem em pé.
Ora,
salvo nos ritos que adotam esse procedimento, pois isso não é comum na maioria deles, esse costume não pode ser generalizado, sobretudo porquê essa é uma providência que
fere a disciplina ritualística da Loja anfitriã. É o mesmo que inserir uma prática que não existe naquele rito.
No
REAA, por exemplo, é o Vigilante da coluna que autoriza alguém a falar nessa respectiva coluna,
portanto só fica em pé aquele que teve autorização para falar. Não
procede, portanto, que seus eventuais acompanhantes também fiquem em pé. Pelo
menos no REAA isso não procede. Destaque-se que isso nem mesmo está previsto no seu
ritual.
Reitera-se:
essa prática cabe apenas em Loja cujo ritual do rito determina esse
procedimento, o que não é o caso do REAA.
Ao
concluir destaco que nas questões pertinentes aos visitantes, graças à pluralidade
de ritos maçônicos praticados pelas Obediências, é prudente analisa-las individualmente.
T.F.A.
PEDRO
JUK
jukirm@hotmail.com
http://pedro-juk.blogspot.com.br
DEZ/2022