sexta-feira, 31 de março de 2023

CERTIFICADO DE PRESENÇA E O CHANCELER DA LOJA

Em 14.11.2022 o Respeitável Irmão Robert Nicholas de Araújo Marinho, Loja Dr. Pedro Germano Costa, 2349, REAA, GOB-RN, Oriente de Natal, Estado do Rio Grande do Norte, apresenta a dúvida seguinte:

 

CERTIFICADO DE PRESENÇA

 

No momento exerço o cargo de Orador. Por Favor peço esclarecimento sobre um assunto que muitos irmãos questionam, a respeito dos certificados de presença. O irmão que o traz, deposita no saco de PProp e IInf, então como se dar os procedimentos após isso? O certificado é devolvido ao irmão ou fica com o chanceler da loja etc... no RGF fala sobre isso, no manual de orientações ritualística explica como deve ser?

 

CONSIDERAÇÕES

 

Em algumas Obediências da Moderna Maçonaria é costume fornecer ao visitante um certificado de presenças atestando a sua estada na sessão.

                   No REAA o encarregado de emitir esse certificado é o Irmão Chanceler.

O substantivo masculino Chanceler, do francês chancelier, designa o título dado àquele que era incumbido de guardar o selo real. Vem daí a sua relação com a Guarda dos Selos.

Em Maçonaria, alguns ritos maçônicos, sobretudo os de origem francesa, possuem nos seus respectivos cargos um oficial cuja função é de guardar o selo da Loja e chancelar documentos e diplomas. Por extensão, geralmente é o Chanceler que tem sob sua guarda o livro de presenças dos Irmãos do quadro e o dos visitantes. Graças a isso, ele também tem por dever de ofício fornecer o Certificado de Presenças a eventuais Irmãos visitantes.

A respeito da sua questão, a praxe é de que o Certificado de Presenças de um Irmão do quadro colhido como uma coluna gravada durante o giro da bolsa de propostas e informações, depois de decifrada pelo Venerável Mestre, seja encaminhada, através do Mestre de Cerimônias, ao Chanceler da Loja para as devidas anotações legais. Feitas estas, o certificado é então anexado (arquivado) junto ao dossiê do Irmão para fazer parte do seu histórico funcional.

Outros aspectos que envolvam conotações legais tais como o certificado do visitante e a contagem como presença na sua Loja, sugiro consulta à respectiva Secretaria Estadual da Guarda dos Selos.

 

 

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

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MAR/2023

quinta-feira, 30 de março de 2023

O PAVIMENTO MOSAICO E O ORIENTE DA LOJA NO REAA

Em 13.11.2022 o Respeitável Irmão Charleston Sperandio de Souza, Loja Fraternidade Guanduense, 1396, REAA, GOB-ES, Oriente de Baixo Guandu, Estado do Espírito Santo, faz a pergunta seguinte:

 

O PAVIMENTO E O ORIENTE

 

Sou professor universitário, com alguns artigos escritos no Jornal O Malhete. O motivo que me faz contata-lo, é um questionamento que eu fiz em Loja e ninguém soube responder, e o qual faço o mesmo ao Irmão, para que, se souber possa me explicar.

Questionamento: Por que o pavimento mosaico fica só no Ocidente, não contemplando o piso do Oriente?

 

CONSIDERAÇÕES.

 

É porque no primeiro ritual para o simbolismo do REAA datado de 1804 na França, não era mencionado Oriente elevado e nem separado por balaustrada.

A bem da verdade, nos primórdios do simbolismo do REAA a sala da Loja não possuía nenhum desnível, portanto o espaço de trabalho era todo no mesmo nível e sem delimitação do Oriente, tal como se dá no Rito de York.

                     Destaque-se que um dos três elementos que serviram de base para a construção do primeiro ritual do REAA foi a exposure denominada “As Três Pancadas Distintas”. Essa exposure era relacionada à Grande Loja dos Antigos e também servira de base para o ritual inglês, razão pelo qual o ritual de 1804 do escocesismo simbólico trazia
muitos elementos do hoje nominado Rito de York – por exemplo, o 2º Vigilante posicionado no meridiano do meio-dia.

Comentários a parte, a partir de 1816 com a criação das Lojas Capitulares do REAA pelo Grande Oriente da França (essa é uma longa história) é que apareceria o Oriente elevado e separado no templo.

A razão pela qual essa substancial alteração veio ocorrer foi pela necessidade de se criar um espaço destinado santuário Rosa Cruz, o que em linhas gerais acabaria, de certa forma, separando o Oriente do Ocidente da Loja. Assim, nas Lojas Capitulares o Oriente passava a abrigar somente Irmãos do corpo capitular, enquanto que o simbolismo ficava restrito ao Ocidente do templo.

Nessas circunstâncias vale mencionar que as Lojas Capitulares abrigadas pelo Grande Oriente da França eram compostas pelos três graus simbólicos (Aprendiz, Companheiro e Mestre), mais as Lojas de Perfeição e Capítulo, ou seja, até o 18º do REAA, ficando com o 2º Supremo Conselho da França, apenas os graus concernentes ao Kadosh e ao Consistório.

Nesse contexto, o Athersata, governador do Capítulo, era também o Venerável Mestre da Loja simbólica. Esse foi o motivo das adaptações feitas no espaço de trabalho.

Todavia, essa irregularidade capitular inserida no simbolismo por ordem e graça do Grande Oriente da França estava com os seus dias contados e não tardaria a deixar de existir. Já no final do século XIX e começo do XX o Capítulo voltava para o 2º Supremo Conselho da França, ficando sob a égide do Grande Oriente apenas os três graus simbólicos, ou o franco-básico universal.

Contudo, embora extintas as Lojas Capitulares do seio da Potência Simbólica, inexplicavelmente o formado de Oriente separado e elevado acabou permanecendo no simbolismo do REAA.

Na verdade, o espaço oriental elevado que outrora servira ao santuário Rosa Cruz da Loja Capitular, agora se evidenciaria como lugar reservado aos Mestres Maçons e aos ex-Veneráveis, esses últimos sobejamente conhecidos como Mestres Instalados.

Assim, na conjuntura iniciática os Aprendizes e Companheiros ocupam o Ocidente da Loja, Norte e Sul respectivamente, e os Mestres o Oriente, por ser este reservado apenas àqueles que alcançaram a plenitude maçônica.

Em relação ao pavimento mosaico e o templo, o mesmo paulatinamente viria se consolidar no simbolismo do REAA como um dos Ornamentos da Loja. Inicialmente como um dos símbolos constantes nos Painéis da Loja, no decorrer dos tempos ele passou literalmente a compor o chão da Loja – The Beautifull Checkred Floor.

Composto por quadrados brancos e pretos dispostos sobre o piso de modo oblíquo, o pavimento mosaico do REAA se diferencia do tapete utilizado pelo Rito de York porque esse último se assemelha a um tabuleiro de xadrez.

Desse modo, graças à permanência do Oriente elevado e separado, costume haurido das extintas Lojas Capitulares, houve-se por bem determinar que o pavimento mosaico ocupasse no REAA apenas o piso ocidental do templo, inclusive o átrio. Destaque-se que o pavimento mosaico deve ocupar a totalidade do piso ocidental. Não há pavimento mosaico no Oriente da Loja.

Já no contexto iniciático, o pavimento mosaico, que ocupa todo o piso do Ocidente da Loja, simboliza o solo terrestre, ou mundo material, espaço das pedras lavradas por aonde transita o iniciado. Quanto ao Oriente, que é restrito ao Mestres, simboliza o mundo espiritual. Esotericamente aponta o lugar onde o Mestre revivido ingressa após a sua Exaltação.

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK - SGOR/GOB

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MAR/2023

quarta-feira, 29 de março de 2023

COLUNAS ZODIACAIS CORRESPONDENTES AOS COMPANHEIROS E AOS MESTRES - REAA

Em 08/11/2022 o Respeitável Irmão Wellington Sampaio, Loja Cavaleiros de Aço de Alagoas, 34, REAA, GLOMEAL (CMSB), Oriente de Maceió, Estado de Alagoas, apresenta a seguinte questão:

 

COLUNAS ZODIACAIS DO COMPANHEIRO E DO MESTRE

 

Esta semana houve uma apresentação de uma peça de arquitetura sobre as Colunas Zodiacais e os Doze Pentaclos, e durante a apresentação foi dito que as seis colunas do Norte corresponderiam à senda iniciática do Aprendiz, as três primeiras colunas do Sul (Libra, Escorpião e Sagitário), a do Companheiro, e as três últimas (Capricórnio, Aquário e Peixes), a do Mestre, porém, logo após a apresentação um Irmão Mestre questionou dizendo que as três primeiras colunas do Sul (Libra, Escorpião e Sagitário) de fato corresponderiam à senda do Companheiro, mas que somente a sexta coluna (Libra) corresponderia a Companheiro, e as demais (de Escorpião a Peixes), a do Mestre. Face a essa discordância, resolvi pesquisar e, para minha surpresa, vi autores corroborando com o a primeira versão e outros com a segunda.

Diante do acima exposto, solicito ao Irmão, se possível, verificar a possibilidade de esclarecer essa celeuma.

 

CONSIDERAÇÕES:

 

De fato, alguns autores assim interpretam, com isso colocam o Companheiro Maçom apenas na constelação correspondente à Libra. Entretanto, outros, como eu, enxergam de modo mais amplo, ou seja, determinam que o 2º Grau é senhor de todo o ciclo iniciático correspondente ao outono que ocorre no hemisfério Norte.

Eu assim entendo porque o Grau de Mestre é recente na conjuntura histórica da Maçonaria Especulativa – o 3º Grau somente veio aparecer em 1725, sendo oficializado na Inglaterra em 1738.

Historicamente, entre os séculos XVII e XVIII o 2º Grau seria enfim desmembrado para resultar em um 3º. Iniciaticamente essa jornada acabaria se dividindo em duas últimas etapas – a do outono e do inverno. Vale lembrar que até o segundo quartel do século XVIII a Maçonaria Especulativa (dos Aceitos) possuía apenas “dois graus”, o de Aprendiz e o de Companheiro.

No contexto dessa alegoria iniciática e o REAA, já que este possuí as Colunas Zodiacais na sua decoração, Libra marca o ingresso do Companheiro nessa fase da vida, no entanto durante toda a estação outonal ele continuará sendo o Companheiro. Em síntese, ele passa pelos alinhamentos astronômicos correspondente à Libra, Escorpião e Sagitário. Na alegoria da Natureza o Companheiro tem o seu ápice, meio e fim, em Libra, Escorpião e Sagitário respectivamente.

A conclusão do ciclo outonal menciona que o iniciado alcançou a maturidade, etapa em que iniciáticamente ele encerra o trabalho material para, com base na sua experiência até então adquirida, doravante ensinar aos pósteros o que ele efetivamente aprendera.

Nesse sentido, o iniciado então passa da ação e do trabalho material - pragmática do 2º Grau - para o ciclo espiritual, condição necessária para o renascimento que virá após o ciclo do inverno.

Assim, nas últimas três etapas (Capricórnio, Aquário e Peixes), encerra-se a jornada pela morte simbólica no Iniciado, restando como exemplo para a eternidade a sua obra – conforme a semeadura virá a colheita.

Sob essa óptica, entendo que o trajeto iniciático do REAA pelo topo do Sul corresponde aos ciclos do outono e do inverno, por extensão aos graus de Companheiro e Mestre respectivamente.

Desse modo, os três últimos meses da jornada correspondem ao inverno que ocorre ao Norte (onde nasceu a Maçonaria). Alegoricamente esse fato representa a morte do Sol (H A).

Dias curtos e noites longas deixam a Terra viúva do Sol, o que em linhas gerais significa a prevalência das trevas. Os meses do inverno, estigmatizados pelos três mm CComp∴, golpeiam a Luz deixando a Mãe Terra inerte até a próxima primavera.

Essa passagem iniciática está fartamente representada na Câmara do Meio e na Exaltação ao Grau de Mestre Maçom do REAA.

Graças a isso é que reafirmo ser esse o meu entendimento sobre a jornada iniciática do Maçom ao passar pelo topo da Coluna do Sul.

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK - SGOR/GOB

jukirm@hotmail.com

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MAR/2023

segunda-feira, 20 de março de 2023

TELHAMENTO. O QUE SIGNIFICA

Em 07/11/2022 o Irmão Thiago Wu, Aprendiz Maçom da Loja 3 de Maio, 4323, Rito Brasileiro, GOB-PR, Oriente de Santa Terezinha de Itaipu, Estado do Paraná, apresenta a dúvida seguinte:

 

TELHAMENTO

 

Conheci o trabalho e estudos do Sr. após o último ERAC Sudoeste.

Gostaria de perguntar sobre o tema que é meu trabalho de Aprendiz (O Telhamento, no Rito Brasileiro) pois vi em seu blog que já estuda há algum tempo sobre a matéria;

Os Irmãos de minha Loja sempre dizem que o telhamento é a parte já dentro de Loja em que o Venerável Mestre realiza o questionário aos visitantes, todavia, vejo que há grandes divergências no entendimento dos Irmãos de outros ritos e Orientes, pois chamam de telhamento o questionário inicial feito fora da Loja (no rito brasileiro chamamos isso de exame de um Irmão desconhecido), será que se trata de divergência por conta dos Ritos? Ou seria algum engano de alguma das partes?

 

CONSIDERAÇÕES.

 

De início, vale lembrar que a prática do “telhamento” não é exclusividade deste ou daquele rito maçônico. O ato de se praticar o telhamento a eventuais desconhecidos que se apresentem para os trabalhos é prática universal na Maçonaria.

Em relação à questão presentada, o que me parece é que toda a “turma” aí anda é mesmo equivocada, pois não existe essa de se relacionar a ação de um telhamento fora ou dentro do templo – tudo é telhamento.

Ora, a qualquer exame feito para se verificar a qualidade maçônica de alguém, seja na parte interna ou externa do edifício que abriga a Loja, dá-se o nome de “telhamento”.

A palavra “telhamento” é um neologismo maçônico que se originou de telhadura – como está no dicionário da língua portuguesa; é a ação de cobrir com telhas.

Em Maçonaria, de maneira figurada, telhamento está diretamente relacionado à cobertura do Templo, isto é, cobrir no sentido de que ninguém possa de fora ver ou ouvir o que se passa no seu interior.

A cobertura do recinto de trabalho maçônico é muito antiga e é originária dos tempos da Maçonaria Operativa ou de Oficio (nossos ancestrais).

Desse modo, as corporações de ofício da Idade Média guardavam os planos da obra debaixo de sete chaves. O segredo profissional e do processo de construção de uma catedral, por exemplo, era estritamente observado, sobretudo porque envolvia os trâmites de negócios financeiros da corporação. Exigia-se segredo absoluto.

Sob o segredo profissional também havia uma severa vigilância, principalmente para que ao cowans[1] não interferissem na qualidade dos trabalhos.

Assim, quando um intruso era apanhado espionando algo no canteiro de obras, como castigo, geralmente o curioso era então amarrado e conduzido para debaixo das calhas de águas pluviais onde, como pela pelo delito, se submetia às águas geladas oriundas das chuvas que ocorriam nas baixas temperaturas, comuns no norte da Europa.

Graças a isso, o vocábulo telhamento se relacionou diretamente com a cobertura do recinto, ou o lugar onde a chuva não penetra. Essa é a origem do termo “goteira” que é dado na Maçonaria a um não iniciado que se aproxima.

Desse modo, nessa conjuntura os substantivos goteira, telhamento e cobertura são interligados, já que notadamente nessas circunstâncias o edifício que abriga a Loja é coberto por telhas, não por trolhas.

No argumento prático da liturgia maçônica, o templo é coberto pelo Cobridor, oficial que na Maçonaria latina tem por ofício "cobrir" os trabalhos da Loja. Na Maçonaria de origem inglesa esse oficial é o Tyler - de telhador.

Vale então dizer que em Maçonaria, qualquer ação ou prática que envolva o exame para a verificação da qualidade maçônica de alguém, chama-se “telhamento”.

Houve tempo em que graças a uma tradução errada dizia-se que telhamento era o trolhamento. Na verdade, o termo trolhamento está relacionado à trolha que é a desempenadeira utilizada pelo pedreiro para se servir da argamassa e para alisar as superfícies das paredes rebocadas. Dá-se também o nome de trolha à colher que o pedreiro utiliza para assentar pedra e tijolos na elevação das paredes. Em Maçonaria, a trolha é um instrumento que simbolicamente alisa, ou seja, elimina eventuais rusgas que porventura possam existir entre os Irmãos. Já a o telhamento é o ato de telhar, ou cobrir com telhas.

À vista disso, “telhamento” também é o nome dado ao questionário aplicado ritualisticamente pelo Venerável Mestre aos visitantes desconhecidos.

Para concluir, quem cobre o templo é o Cobridor e, diante disso, quando alguém se retirar dos trabalhos, temporária ou definitivamente, diz-se que esse alguém teve para si o templo coberto (pelo Cobridor). Portanto, é equivocada a forma de se dizer que é o retirante quem cobre o templo. Como dito, quem cobre é o Cobridor.

 

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

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MAR/2023

 



[1] CCowan – palavra originária de um dialeto praticado na Escócia e significa aquele que assenta pedras sem argamassa. Em linhas gerais era o profissional de qualidade inferior e que apenas empilhava pedras na construção de muros.

domingo, 19 de março de 2023

IRMÃO COM O QUITTE-PLACET VENCIDO

Em 07/11/2022 o Respeitável Irmão Mauro Noronha, Venerável Mestre da Loja Renascer, 3633, sem mencionar o nome do Rito, GOB-SP, Oriente de Caraguatatuba, Estado de São Paulo, pergunta o que segue:

mpnoronha@terra.com.br

 

QUITTE- PLACET VENCIDO

 

Por favor, me tira uma dúvida: numa Loja de Mesa, pode participar maçom não regular (quite placet vencido)?

 

CONSIDERAÇÕES.

 

                     Inicialmente eu gostaria de dizer que uma Loja de Mesa ocorre em Sessão Ordinária de Banquete Ritualístico, Art. 108, § 1º, VIII do Regulamento Geral da Federação, portanto trata-se de uma sessão restrita a maços regulares.

No que diz respeito à sua questão propriamente dita, embora não seja esse um assunto de liturgia e ritualística, porém de legislação maçônica, meus comentários não são laudatórios. Trata-se apenas de uma opinião. Oficialmente a resposta cabe a quem de direito – a Guarda dos Selos, por exemplo.

Assim na minha simples apreciação é que se o Quitte-Placet estiver vencido, isto é fora do prazo determinado pela legislação, o portador do mesmo não poderá participar dos trabalhos devido a sua irregularidade, pois o Banquete Ritualístico ocorre em uma sessão Ordinária, ou seja em Loja regularmente aberta.

Para concluir, entendo que portador de Quitte-Placet vencido, para participar de uma sessão exclusiva para maçons precisa antes pedir a sua regularização.

 

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK 

jukirm@hotmail.com

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MAR/2023

sábado, 18 de março de 2023

CONSTRUÇÃO GEOMÉTRICA DO TEMPLO MAÇÔNICO

Em 06.11.2022 o Respeitável Irmão Daniel Lins de Sales, Loja Brasil, 953, GOB-RJ, REAA, Oriente do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, apresenta as questões seguintes:

 

CONSTRUÇÃO GEOMÉTRICA DO TEMPLO

 

Tenho dúvidas relação ao átrio do templo - REAA/GOB:

1-Na planta do templo, página 22, foi empregada a proporção áurea com números de Fibonacci? Pois, vejo uma semelhança das disposições dos três retângulos: (sala dos passos perdidos + átrio + sala da loja) com as imagens de proporções áureas com números de Fibonacci.

2- O átrio deve ter uma foto do Grão-Mestre Estadual semelhante aos antigos costumes de repartições públicas?

3- O átrio é o local mais apropriado para o Pavilhão Nacional com a loja fechada?

4- O átrio é o local mais apropriado para as “estrelas” e também das “espadas”?

5- O piso e a parede do átrio devem ser correspondentes à sala do templo (cor e tipo de piso)?

6- A Câmera da reflexão pode ser adjacente ao átrio ou deve ficar fora do templo (considerando templo = sala dos passos perdidos + átrio + sala da loja)?

7- A porta da interface átrio/sala da loja deve corresponder ao painel do Grau de Aprendiz (três degraus + delta com a letra IOD + colunas vestibulares da ordem Coríntia)?

 

CONSIDERAÇÕES.

 

  1. Atualmente, no REAA recomenda-se que o templo maçônico (onde se realizam os trabalhos) corresponda a um espaço retangular de tal modo que esse retângulo seja o resultado de três quadrados unidos. Originalmente, os primeiros rituais do rito recomendavam que a parede oriental fosse construída de modo semicircular (meio-círculo) a partir da largura do retângulo. Atualmente não existe mais essa exigência.

Desse modo, a composição do quadrângulo pertinente ao templo, geralmente se divide em um quadrado para o Oriente, um quadrado e meio para o Ocidente e o meio quadrado restante para o Átrio.

A questão da proporção áurea de Fibonacci foi sobejamente utilizada por arquitetos na construção de grandes catedrais da Idade Média. Graças a isso, e porque talvez essas catedrais na sua grande maioria tenham sido construídas por maçons operativos, nossos ancestrais, logo muitos autores iriam associar os números da constante de Fibonacci à construção de templos maçônicos.

Todavia, não há comprovação para isso, embora as igrejas, junto com o parlamento britânico, tenham servido de modelo para a construção do primeiro templo da Moderna Maçonaria que fora construído e inaugurado em Londres no ano de 1776.

As lojas maçônicas no período operativo não possuíam decoração e limites simbólicos como os que atualmente são utilizados pelos ritos maçônicos. As lojas na realidade eram as oficinas de trabalho e serviam também como alojamentos para as corporações de ofício da Idade Média.

Com o advento da Maçonaria dos Aceitos, devido o declínio do Ofício, os Maçons especulativos, a partir do século XVII, se reuniam em tabernas, cujas salas da Loja alugadas e improvisadas estavam longe de seguir padrões de proporções áureas, por exemplo.

Assim, paulatinamente, com a profusão de ritos maçônicos no século XVIII, as Lojas começaram a edificar seus próprios locais de trabalho. Atualmente, por questões econômicas e racionais muitas Lojas, geralmente de um mesmo rito, ocupam um mesmo espaço que é alugado para cada dia da semana.

Também não se exige atualmente medidas e proporções, desde que o espaço comporte os trabalhos litúrgicos do rito.

No tocante à Planta do Templo constante da página 22 do Ritual de Aprendiz do REAA/GOB, ela é apenas um croqui esquemático para orientar a ocupação e decoração do recinto a ser utilizado para os trabalhos maçônicos. Nada que exerça o excesso de preciosismo.

  1. Não há necessidade. Nada consta a respeito no ritual de Aprendiz, dele o item 1.3 – Disposição e Decoração do Templo, página 21. Do mesmo modo, nada consta do SOR, Sistema de Orientação Ritualística do GOB hospedado na sua página oficial. Fica a critério da Loja.

 

  1. É o espaço consagrado para essa finalidade. A maioria das Lojas assim procedem.

 

  1. Idem.

 

  1. Rigorosamente, conforme o ritual não há necessidade, contudo não exista óbice para tal. Na verdade, no caso do REAA, o átrio é parte contígua à sala da Loja (templo). Desse modo, muitas Lojas utilizam o pavimento mosaico também no átrio. Quanto à gradação da pintura das paredes no átrio, geralmente se segue o mesmo padrão utilizado nas paredes do interior da sala da Loja.

 

  1. A Câmara de Reflexão pode ser estabelecida em qualquer lugar do edifício que abriga o templo, desde que fora do átrio e do recinto da Loja. Deve obedecer na sua constituição os critérios que lhe são característicos – sem janelas, decorada conforme o ritual e fique em um lugar discreto, longe das vistas de Irmãos curiosos.

 

  1. Absolutamente não. Não existem degraus para a porta da sala da Loja. O pórtico constante no Painel e os três degraus são elementos simbólicos do Painel, nada tem a ver com a porta de entrada para recinto dos trabalhos.

Como referencial, o piso do átrio possui o mesmo nível do Ocidente da Loja. As Colunas Vestibulares B e J situadas no átrio (daí vestibulares - de vestíbulo) ladeiam a porta. Conforme consta no ritual de Aprendiz, página 21, as colunas são de estilo egípcio (na verdade babilônico). No REAA as Colunas Vestibulares não são de ordens de arquitetura grega.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

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MAR/2023