Em 06/07/2018 o Respeitável Irmão
Willian Gonçalves de Castro, Loja Célula Mater da Nacionalidade, 2.791, Rito
Adonhiramita, sem mencionar a Obediência, Oriente de São Vicente, Estado de São
Paulo, apresenta a seguinte questão:
COLAR DO MESTRE INSTALADO
Estou procurando estudos que esclareça o uso do colar para mestres
instalados e estou com dificuldades. O Irmão tem alguma indicação literária ou
texto que justifique ou não o uso do colar pelo Mestre Instalado?
COMENTÁRIOS.
Nunca é demais
lembrar que Instalação é ato litúrgico original da Maçonaria britânica, ou
seja, de trabalhos e rituais oriundos da Maçonaria anglo-saxônica.
Em se tratando de
originalidade, Ritos de vertente francesa não possuem - ou pelo menos não
deveriam possuir - essa cerimônia, sobretudo quando copiada da Maçonaria
Inglesa. De modo geral, na França, Instalação simplesmente significa posse.
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VENERÁVEL |
No Brasil o costume
generalizado (para todos os ritos) de se instalar nos moldes ingleses adveio
desde a cisão que ocorrera em 1927 no Supremo Conselho do GOB e que, por
extensão fatalmente atingiu o simbolismo, dando por conta dessa dissidência
origem a uma nova Obediência brasileira composta por Grandes Lojas Estaduais.
Sacramentada essa
Obediência, Mário Marinho Béhring, o seu criador, buscou para ela reconhecimento
na Maçonaria norte-americana, mais especificamente na Grande Loja de Nova York
que, de certo modo praticava (e ainda pratica) uma maçonaria com fortes
ligações anglo-saxônicas oriundas da Grande Loja dos Antigos de 1751 da
Inglaterra. Assim o costume de Instalação à moda inglesa acabou aportando
também nas Grandes Lojas Estaduais brasileiras.
Mais tarde, já no
ano de 1968, através de Álvaro Palmeira e, posteriormente Moacir Arbex
Dinamarco, também o Grande Oriente do Brasil passaria a praticar Instalação à
moda das Grandes Lojas brasileiras adotando para tal um único ritual que fora criado
e adaptado para todos os ritos da sua constelação.
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EX-VENERÁVEL |
Esse ritual, criado
para o GOB, é de autoria do Irmão Nicola Aslan, obreiro esse egresso na época das
Grandes Lojas brasileiras. Como ritual único, sua liturgia acabou trazendo
inúmeras contradições nas práticas ritualísticas, pois é amplamente conhecido
que cada Rito possui particularidades inseparáveis da sua doutrina iniciática -
esse ritual prevaleceu no GOB até aproximadamente 2009 quando surgiu outro em
seu lugar com o objetivo de separar a liturgia da Instalação por rito, mas que,
por se conservar num único volume, acabou trazendo ainda mais conflito e
dificuldade operacional.
Dito isso, desde
1927 com o aparecimento da Instalação generalizada no Brasil, inúmeras adequações
apareceriam para se ajustar aos ritos por aqui praticados. É o caso, por
exemplo, das diferenças comuns entre as alfaias maçônicas - aventais, punhos,
colares e joias. Provavelmente, é devido a isso que poucas explicações sobre os
adereços do Mestre Instalado são encontradas.
Nesse sentido vou
deixar aqui alguns aspectos que podem auxiliar nas pesquisas sobre o assunto.
Sobre isso,
constata-se que o Venerável Mestre é um Mestre Maçom que foi instalado na
cadeira da Loja para exercer, pelo tempo regimental, o veneralato da Loja. Cumprido
o seu tempo ele é então o Ex-Venerável Mestre, também por aqui conhecido como um
Mestre Instalado. Podendo ser o Mestre Instalado “mais recente” quando se
tratar daquele que acabou de deixar o cargo de Venerável.
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EX-VENERÁVEL |
Por influência dos
costumes britânicos, donde é oriunda a Instalação, algumas Obediências
brasileiras tratam o seu Ex-Venerável mais recente por “Past Master” – título não comum à Maçonaria latina.
Na realidade, na
Inglaterra o “Past Master” é simplesmente aquele que já
exerceu o veneralato, enquanto que o mais recente é conhecido como “Immediate Past Master”.
No trato de alfaias
e adereços, especificamente no que diz respeito à joia distintiva do Venerável
Mestre, ela é um Esquadro de ramos desiguais, não importando pertença ela à
vertente inglesa ou francesa de Maçonaria. O que pode nesse particular se
diferenciar entre as vertentes e os seus respectivos ritos e rituais é apenas o
tamanho, e às vezes também a cor da joia, já o seu significado é o mesmo – o
Esquadro, dentre outros, é um emblema operativo que se adequa ao significado simbólico
daquele que é o dirigente do canteiro de obras. Destaque-se que na vertente
inglesa a joia do Venerável Mestre é sempre prateada e um pouco maior do que aquela
utilizada pela vertente francesa. Por sua vez, essa joia nos ritos originários
da França é de tamanho um pouco menor, podendo ser, conforme o rito, de matiz
prateada ou dourada.
Já em se tratando
da joia dos Ex-Veneráveis, sejam eles imediatos ou não, existem nelas diferenças
conforme as duas vertentes maçônicas.
Em geral na
Inglaterra, o “Past Master” traz consigo a joia distintiva
na cor prata composta por um Esquadro que traz presa na sua parte interna
(entre os ramos do Esquadro) a representação pictográfica da 47ª Proposição de
Euclides, igualmente conhecida por Teorema de Pitágoras.
Já na vertente
francesa, geralmente o Ex-Venerável traz uma joia representada pelo conjunto de
um Esquadro e Compasso sobrepostos, tendo ao centro a figura de um Sol, ou às
vezes o Olho Onividente. O Compasso é demonstrado nesse conjunto com suas
pontas dispostas sobre um arco graduado de 1/8 de círculo, o que lhe dá a
abertura de 45º já que o círculo tem 360º. Quanto à cor da joia, conforme o
rito ela pode se prateada ou dourada. Quanto ao significado simbólico, igualmente
à joia do Venerável, a dos Ex-Veneráveis, também possui elo direto com o
período operativo medieval e o ofício dos construtores da pedra.
Especulativamente
as joias trazem também alegorias esotéricas plausíveis às interpretações
doutrinárias dos ritos e vertentes que tanto podem ser no conjunto completo, ou
distintamente a cada um dos símbolos que compõe o emblema.
No tocante ao
colar, ele serve propriamente como um aparelho utilizado para suportar
pendurada a joia distintiva. O mesmo é adornado geralmente com motivos
maçônicos, sendo nele muito comuns emblemas relacionados à Acácia assim como ao
Delta Radiante, esse último mais comum à Maçonaria francesa.
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AVENTAIS, COLARES E JOIAS |
Quanto ao matiz do
colar, ele pode variar de acordo com o rito, podendo ser azul celeste ou
escuro, ou ainda encarnado. Os adornos que vão nele bordados são de cor
prateada ou dourada.
Outros aspectos
pertinentes à simbologia dos colares dos Mestres Instalados da Maçonaria
brasileira devem ser amiúde pesquisados em fontes que estejam de acordo com o
rito praticado.
Resumindo, um
Mestre Instalado, enquanto Venerável usa colar e joia pertinente ao seu cargo.
Deixando o veneralato ele continua ser um Mestre Instalado, portanto permanece
usando o colar, porém com a joia pertinente ao Ex-Venerável.
Sugiro para começar
os estudos a obra intitulada Manual do Mestre Instalado, José Castellani,
Editora Maçônica A Trolha, Londrina, 1999.
Por fim, devo
alertar que não se podem tomar procedimentos maçônicos como iguais na
universalidade na Sublime Instituição. Ao longo dos anos, houve inserções e
enxertos, sobretudo ao gosto latino. Nesse sentido, é bom que se diga que
inúmeras acomodações e “jeitinhos” acabaram por se tornar consuetudinárias.
Assim, no tocante à veracidade dos fatos, tudo isso deve ser levado em
consideração. Nada está pronto, tudo depende da perspicácia do pesquisador ao garimpar
as fontes primárias. Quem pesquisa para a história, simplesmente relata os
fatos como eles primariamente se apresentam.
T.F.A.
PEDRO JUK
SET/2018