sábado, 26 de fevereiro de 2022

CARREGAR OU COMPOR O SINAL DO GRAU. QUAL É O TERMO APROPRIADO

 

Em 25/08/2021 o Respeitável Irmão Petrônio Cardoso Júnior, Loja Tiradentes, sem mencionar o nome do Rito e Obediência, Oriente de Campo Belo, Estado de Minas Gerais, formula a seguinte pergunta.

DESCARREGAR O SINAL

Gostaria de saber se o termo "descarregar" o sinal gut pode ser usado e se é correto faze-lo.

 

CONSIDERAÇÕES.

 

O sinal é um dos meios velados (um segredo) de reconhecimento maçônico e teve a sua origem nos períodos medievais na Maçonaria de Ofício.

Em linhas gerais, o sinal era uma das formas de identificação utilizada por um artífice construtor (cortador e assentador da pedra calcária) quando se apresentava para o trabalho.

Um “pedreiro livre”, à época ainda protegido pela Igreja Estado, em seus deslocamentos pelos rincões setentrionais da Europa Medieval quando buscava um contrato profissional numa guilda, em vez de ficar horas esquadrejando uma pedra para provar a sua
habilidade, ele simplesmente se utilizava de sinais, toques e palavras para confirmar a sua aptidão profissional.

Dentre outros meios de reconhecimento como palavras e toques, o maçom diante do examinador primeiramente fazia um sinal com a mão direita, cuja dinâmica dos seus movimentos gestuais simulavam geralmente ferramentas do Ofício, mormente o esquadro, o nível e o prumo.

De modo especulativo, atualmente a Moderna Maçonaria, através dos seus Ritos, recorda essas antigas tradições nos seus cobridores do grau.

Concernente à sua questão propriamente dita, os termos “carregar” e “descarregar” o sinal, embora nada exista que impeça os seus usos, eu entendo que o mais apropriado são os termos “compor o sinal” e “desfazer o sinal”.

Vale mencionar que o Sinal do Grau se divide em duas etapas distintas, ou seja, a estática e a dinâmica. Explica-se: a parte estática é propriamente a composição do sinal que geralmente é conhecido por Sin de Ord. Esse título “de Ord” se dá porque ele é composto quando se está à Ord, isto é, quando se está em pé, parado, com o corpo ereto e pp em esq.

Em resumo, primeiro é preciso compor o Sin de Ord para que se possa em seguida executar o Sin Pen. A denominação Pen é porque faz alusão à pena simbólica mencionada nos compromissos de cada grau.

Assim, o Sin do Grau é construído pelos SSin de Ord (estático) e Pen (dinâmico). A regra é a de que se composto for o Sin de Ord∴, obrigatoriamente ele só poderá ser desfeito pelo Sin Pen (vide orientações no SOR – Sistema de Orientação Ritualística hospedado na plataforma do GOB RITUALÍSTICA.

Vale mencionar que o Sin Pen do 1º Grau é o Gut, do 2º Grau é o Cord e do 3º Grau o Ventr.

Concluindo esses comentários, mas sem ser laudatório no tocante aos termos “carregar e descarregar”, a meu ver o mais apropriado nesse caso é se utilizar os termos “compor e desfazer”.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

http://pedro-juk.blogspot.com.br

 

 

FEV/2021

 

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

USO DO CHAPÉU COMO INDUMENTÁRIA MAÇÔNICA

Em 24/08/2021 o Respeitável Irmão José Antonio Silva dos Santos, Loja Guaicurus, 4.317, REAA, GOB-MS, Oriente de Campo Grande, Estado do Mato Grosso do Sul, solicita o que segue:

 

CHAPÉU DO MESTRE

 

Prezado Irmão Pedro Juk, por favor me disserte sobre o uso do chapéu no grau de Mestre REAA.

 

COMENTÁRIOS.

 

Comento sobre o uso do chapéu na Moderna Maçonaria:

Em primeira instância esse comentário aborda superficialmente, sob o ponto de vista místico, a influência hebraica em alguns ritos maçônicos, em especial aspectos que se adequam ao Rito Escocês Antigo e Aceito.

Sob a óptica do misticismo, assim como no judaísmo a cobertura da cabeça retrata o conceito de que acima da mente falível do homem existe “Deus”, o Arquiteto Criador. É um emblema transcendental da onisciência, da onividência e da onipresença da Divindade.

De certo modo essa alegoria evidencia a caracterização da pequenez da progênie
humana perante o “Criador”, ou seja, a incapacidade do homem em entender a divindade.

De maneira agnóstica isso resume, em última análise, a prova de subordinação do homem a “Deus”. Nos rígidos conceitos do judaísmo, por exemplo, a cobertura da cabeça deve se fazer presente desde o “brit-milá” (circuncisão no oitavo dia de vida e simboliza a aliança abraâmica com “Deus”).

Na prática judaica de cobrir a cabeça é comum o uso em todas as cerimônias litúrgicas do “kipá”, que é o solidéu (do latim soli Deo – só a Deus).

Em relação à Moderna Maçonaria, alguns dos seus ritos têm o hábito tradicional de cobrir a cabeça, ou com um chapéu negro e desabado, ou com uma cartola ou mesmo com uma cobertura de formato tricórnio.

Essas concepções foram até aqui abordadas porque é inegável a influência do misticismo hebraico em boa parte da Moderna Maçonaria.

No caso do REAA, originalmente nas sessões de Aprendiz e Companheiro apenas o Venerável Mestre se cobre, enquanto que no grau de Mestre, todos se apresentam cobertos.

A despeito dos conceitos transcendentais aqui já comentados, sob o aspecto figurado o uso do chapéu na Maçonaria é também haurido das cortes europeias, principalmente do Século XVIII na França, quando era costume o rei em cerimonial e na presença de seus inferiores hierárquicos, cobria a sua cabeça como penhor da sua superioridade (sugere o Venerável em sessões do Primeiro e Segundo Graus). Já em reunião com seus pares, mesma hierarquia, todos tinham a cabeça coberta (como em Câmara do Meio onde só ingressam Mestres).

Em linhas gerais, no REAA essa prática destaca que em Lojas do primeiro e segundo grau o uso do chapéu fica restrito ao Venerável como fiança de sua superioridade e de autoridade na Loja. Já em Câmara do Meio a prática de todos se apresentarem cobertos implica num penhor de igualdade entre os Mestres, assim todos se apresentam com as suas cabeças cobertas.

De modo prático, infelizmente na atualidade o uso do chapéu negro e desabado em Loja tem se resumido em apenas um vestígio de caráter um tanto quanto antiquado, já que muitos rituais nem mesmo preconizam mais o seu uso (provavelmente por ignorância de alguns ritualistas).

Felizmente no GOB, o SOR – Sistema de Orientação Ritualística para o Grau de Mestre do REAA, buscando manter viva essa tradição, torna obrigatório o uso do chapéu nas sessões magnas de Exaltação e recomenda o seu uso para o Venerável Mestre também nas sessões ordinárias (econômicas) de qualquer grau simbólico.

A título de esclarecimento, nas Lojas Azuis do Craft norte-americano (Rito Americano ou de York) o Venerável permanece usando um chapéu alto e de abas curtas (cartola). Nas Lojas alemãs é também frequente o uso da cartola, enquanto que nos trabalhos da
Maçonaria inglesa o uso do chapéu é praticamente ignorado. No Rito Escocês Antigo e Aceito (rito de origem francesa) geralmente o chapéu desabado tem sido usado apenas no terceiro Grau. No rito Adonhiramita todos usam o chapéu negro e desabado, independente do Grau simbólico, pelo menos é o que prevê a tradição nesse Rito.

Quanto ao formato do chapéu ser desabado, ele é relativo à moda de tendências regionais hauridas principalmente da Maçonaria praticada na França no século XIX. O formado desabado em muitas circunstâncias servia também para proteger a identidade do usuário – a aba caída dificultava a identificação de quem o usava, principalmente à noite quando os maços se dirigia às reuniões nas velhas tabernas.

Obviamente que todo esse entendimento apenas faz sentido na Moderna Maçonaria, pois no seu período operativo não há qualquer referência de uso de cobertura da cabeça.

São esses os comentários.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

 

MAIO/2015

 

 

 

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

FECHAMENTO TEMPORÁRIO DO LIVRO DA LEI E QUANTIDADE DE QUESTÕES DE INSTRUÇÃO PARA O APRENDIZ - REAA

Em 23.08.2021 o Respeitável Irmão Arimar Marçal, Loja Santo Graal, 4.690, REAA, GOB-RS, Oriente de Porto Alegre, Estado do Rio Grande do Sul, apresenta a seguinte questão:

 

LIVRO DA LEI E QUESTÕES DE APRENDIZ

 

Somos nascidos no Rito Brasileiro e precisamos de sua orientação em alguns procedimentos e para dirimir dúvidas quanto à Ritualística e principalmente não confundir práticas que aprendemos no Rito anterior.

Durante a Sessão, existe alguma situação em que o Livro da Lei deve ser fechado pelo Orador e posteriormente aberto para continuar a sequência do Ritual?

Quais são as 50 perguntas do questionário de Aprendiz? Pesquisei na internet e confesso ter
ficado confuso, em alguns sites achei as 50 perguntas e são iguais ou muito parecidas com as do Rito Brasileiro.

Nosso objetivo é seguir à risca todas as Orientações Ritualísticas e neste sentido, peço sua ajuda.

 

CONSIDERAÇÕES

 

No REAA não existe a prática de se fechar e abrir o Livro da Lei temporariamente durante a sessão, pois nesse rito não existe suspensão de trabalhos ou “loja em família” como dizem alguns.

No REAA o Livro da Lei é aberto ritualisticamente, conforme o ritual, na abertura dos trabalhos e é definitivamente fechado quando do encerramento dos trabalhos. Reitero, não é prevista nenhuma suspensão dos trabalhos com fechamento e reabertura do Livro da Lei em qualquer dos três graus do simbolismo no REAA – vide o ritual do GOB e o SOR – Sistema de Orientação Ritualística hospedado na plataforma do GOB-RITUALÍSTICA (Decreto 1784/2019 do Grão-Mestre Geral).

Quanto às questões relativas à instrução para o Aprendiz, elas devem ser condizentes com o rito praticado pela Loja.

Além das instruções contidas no ritual há também aquelas pertinentes à história e filosofia da Ordem em geral e do Rito em particular.

Do mesmo modo, também devem existir instruções sobre elementos básicos da legislação maçônica e de administração da Obediência.

Nesse contexto não existe especificamente um número exato de perguntas e respostas inseridas em questionários instrutivos para o Aprendiz.

O campo é vasto, sendo praticamente impossível se determinar um número exato de questões. A partir das instruções básicas contidas do Ritual vão se acrescentando conhecimentos hauridos dos estudos e pesquisas.

Alerto, contudo, que o Aprendiz deve receber instruções de liturgia e ritualística do seu rito e que é praticado na sua Obediência.

Concluindo, alerto que muitas instruções são encontradas no mercado livreiro maçônico, mas é preciso que haja cautela sobre esse material, pois não raras vezes eles podem estar repletos de enxertos e invencionices, quando não anacrônicos (ultrapassados). Recomendo ainda uma triagem do material, de tal modo a se certificar que o conteúdo seja matéria adotada na Obediência.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

http://pedro-juk.blogspot.com.br

 

 

FEV/2022

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

APRENDIZES E COMPANHEIROS NÃO OCUPAM CARGOS E NEM INGRESSAM NO ORIENTE

Em 20.08.2021 o Respeitável Irmão Roberto Loiola, Loja Barão De Cayru, 1305, REAA, GOB-RJ, Oriente do Rio de Janeiro, formula a seguinte questão:

 

OCUPAÇÃO DE CARGOS E INGRESSO NO ORIENTE

 

Meu irmão, teria algum material falando sobre os cargos que o Aprendiz pode ocupar em Loja?

E sobre o mesmo poder "visitar" o Oriente.

 

CONSIDERAÇÕES:

 

Conforme previsto na legislação do Grande Oriente do Brasil, Aprendizes e Companheiros não podem ocupar cargo.

Nesse sentido, segue o que exara o Artigo 229 do Regulamento Geral da Federação:

Art. 229 - Para o exercício de qualquer cargo (o grifo é meu) ou comissão é indispensável que o eleito ou nomeado pertença a uma das Lojas da Federação e nela se conserve em atividade. 

§ 1º – Os cargos são privativos (o grifo é meu) de Mestre Maçom.

Quanto a Aprendizes e Companheiros no Oriente, estes não ingressam nesse quadrante no REAA, salvo em momento específico previsto nas cerimônias de Iniciação, Elevação.

Fora isso, sob nenhuma hipótese eles ingressam no Oriente em Loja aberta, pois o Oriente é o final da jornada iniciática, o que ocorre apenas com a Exaltação ao sublime grau de Mestre Maçom.

Numa breve explanação a respeito, a jornada iniciática no simbolismo maçônico s
e inicia com o grau de Aprendiz representando especulativamente a infância e a adolescência, pelo que na doutrina do REAA ele ocupa na Loja o topo da Coluna do Norte (parede setentrional onde se colocam as seis primeiras Colunas Zodiacais). A próxima etapa dessa jornada só é alcançada pelo grau de Companheiro, oportunidade em que ele representa a juventude no topo da Coluna do Sul (parede meridional onde se colocam as outras seis Colunas Zodiacais – mais particularmente em Libra).

Concluindo a jornada de aprimoramento vem a maturidade do Mestre que é simulada ainda no topo do Sul quando o iniciado alcança o ciclo do inverno.

Vale mencionar que o final dessa senda ocorre sobre o eixo do Templo, ao centro, onde se dá a representação iniciática da Exaltação (a Grande Iniciação), oportunidade em que o homem iniciado que sucumbiu no inverno é revivido tal como o Sol que retorna para o hemisfério na primavera. A cena de H revivido é a chave que abre a porta para o Oriente e só assim ele, o Mestre, poderá afirmar: A A M É C.

Em síntese, essa representação teatral, pertinente ao hemisfério Norte da Terra (onde nasceu a Maçonaria), é uma teatralização dos ciclos da vida humana tal como a Natureza que nasce na primavera, cresce, frutifica e morre nas trevas do inverno para novamente renascer na Luz da primavera. É o fogo (a volta do Sol) que renova toda a Natureza.

Graças a todo esse teatro iniciático, proposto e indicado na decoração e na topografia de um templo do REAA é que só pode ocupar o Oriente da Loja aquele que completou a sua jornada – depois da primavera vem o verão, depois o outono e depois o inverno. E assim se sucedem os ciclos da Natureza. Da mesma forma ocorrem os ciclos da vida humana. Não dá para subverter essa ordem.

Eis aí a razão pela qual em muitos ritos maçônicos o Aprendiz e o Companheiro simbolicamente não podem ainda ingressar no Oriente de uma Loja aberta.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

http://pedro-juk.blogspot.com.br

 

 

FEV/2021

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

LEITURA DA ATA E DOCUMENTOS DE PROCESSO DE ADMISSÃO

Em 20/08/2021 o Respeitável Irmão José Ramos Ferreira, Loja Cavaleiros da Inconfidência, 3080, Rito Brasileiro, GOB-MG, Oriente de Barbacena, Estado de Minas Gerais, apresenta a seguinte questão

 

LEITURA DA ATA E DOCUMENTOS DE PROCESSO DE ADMISSÃO.

 

Eminente Irmão, peço-lhe permissão para consultar-lhe sobre assunto administrativo que infelizmente muitos confundem e acham que é ritualístico. Caso o Eminente Irmão não trate desse tema, pediria a fineza de me orientar quem deve ser consultado sobre o tema. Na oportunidade anterior em que lhe consultei fui plenamente esclarecido e ratifico aqui meu profundo agradecimento. Minha consulta aborda o seguinte: Em um processo de iniciação, concluídas todas as etapas com esmero e absolutamente dentro da legalidade, escrutínio com aprovação unânime, etc., para agilizar o pedido e evitar esperar até a próxima sessão para aprovação da ATA, a mesma foi enviada via WhatsApp a todos os Irmãos que estiveram


presentes na respectiva sessão para que conferissem sua exatidão. Para essa decisão foi considerado também o conteúdo do Decreto 1833/2020 do GOB onde normatiza e regulamenta as sessões virtuais. Após isso ocorreu as devidas assinaturas liberando-a para envio junto ao processo, ficando a votação e aprovação pela loja programada para a próxima sessão ordinária. Tudo com o único propósito de ganhar tempo, afinal trata-se de um procedimento administrativo. Tendo em vista questionamento de um irmão do quadro, pergunto se com esse procedimento teríamos cometido alguma ilegalidade. Desde já agradeço imensamente vossa orientação, despeço-me fraternalmente,

 

CONSIDERAÇÕES:

 

Meus comentários se prendem às sessões presenciais ritualísticas que não são admitidas em modo virtual, isto é, devem se dar em Loja aberta conforme o ritual do Rito praticado e em um espaço consagrado para os trabalhos maçônicos – no caso, em uma Sala da Loja ou Templo Maçônico.

Em vista disso, a Ata dos trabalhos ritualísticos de uma Loja deve ser lida e aprovada "em Loja", ou seja, numa sessão maçônica, não cabendo sua remessa por meios eletrônicos ou outros para leitura ou aprovação antecipada.

Como geralmente mencionam os rituais do GOB, a Ata da sessão deve ser lida e aprovada na próxima sessão do grau de trabalho, isto é, a sessão se dá em Loja aberta.

Nesse contexto, os procedimentos para admissão de um Candidato seguem o que exara o Regulamento Geral da Federação. Assim, todo o processo, até o escrutínio secreto, é preparado, desvendado e dado conhecimento “em Loja” e não para apreciação virtual. Em termos de um processo iniciático, isso não faz sentido se não for dado conhecimento em Loja aberta.

Entenda-se que sessões virtuais que ocorrem atualmente devido às circunstâncias, além de não substituir às sessões em Loja, elas também nada tem a ver com sessões presenciais. Mesmo que em sessões administrativas os resultados devem ser apresentados em Loja, inclusive alguns como objeto de votação no período adequado de uma sessão em Loja aberta.

Uma Loja não pode ser aberta ritualisticamente de modo on-line. Isso é ponto pacífico. Lembro que a liturgia dos trabalhos maçônicos em ambiente consagrado (templo sagrado) é iniciática, não cabendo seu conteúdo aparecer em reuniões virtuais, nem mesmo sob a alegação de se ganhar tempo. Aliás, nada é tão salutar na Maçonaria como os Irmãos reunidos em Loja. Sem isso a Maçonaria perde o seu cerne. Algo contrário a isso é desvirtuar os propósitos da Ordem.

Em que pese as reuniões on-line estejam de fato presentes entre nós, elas são instrumentos de valioso auxílio, contudo não podem jamais se confundirem com sessões abertas ritualisticamente dentro da Sala da Loja.

Por fim, ao concluir vale a pena mencionar que os procedimentos maçônicos de uma sessão em Loja seguem os períodos ritualísticos determinados pelo ritual. Nada nesse sentido pode ser trabalhado fora dele ou das orientações oficiais, mesmo que sob a justificativa de se ganhar tempo. A pressa é inimiga da perfeição. É salutar que os nossos procedimentos sigam sempre a regra do bom senso para nunca ferir a liturgia dos trabalhos maçônicos.

 

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

Secretário Geral de Orientação Ritualística - GOB

jukirm@hotmail.com

http://pedro-juk.blogspot.com.br

 

FEV/2022

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

ADOÇÃO DO NOME SIMBÓLICO

Em 19.08.2021 o Respeitável Irmão Antonio Augusto Queiroz Batista, Loja Bernardino Mazzocato, 286, GLMERS (CMSB), REAA, Oriente de Porto Alegre, Estado do Rio Grande do Sul, apresenta a seguinte questão:

NOME SIMBÓLICO

Dileto Irmão. Qual a origem do nome simbólico ou histórico, utilizado pelos mestres Maçons. Tem um sentido esotérico/místico ou era para a segurança dos Irmãos em tempos de perseguição à maçonaria? Agradeço de forma antecipada.

 

COMENTÁRIOS.

 

Originalmente o costume de seu utilizar um nome simbólico é prática exclusiva do Rito Adonhiramita, principalmente quando maçons de vertente latina estiveram no passado presentes nas conquistas sociais e libertárias da humanidade (vide essa história, sobretudo na América Latina).

Em linhas gerais era então comum na época o maçom Adonhiramita adotar um nome simbólico para ocultar a sua verdadeira identidade caso os livros de registros da
Loja caíssem em mãos inimigas.

Na verdade, era uma prática que protegia o maçom de fatais perseguições absolutistas que eram naturais nas contendas que buscavam libertar o homem das opressões totalitárias.

No século XIX não há como negar a participação incisiva de maçons do Rito Adonhiramita nesses movimentos libertários. Foi nessa época que o Rito obteve grande expansão pela Europa e América Latina.

Devido a origem latina desse Rito, não tardaria que práticas esotéricas e espiritualistas acampassem na sua liturgia associadas à adoção de nomes simbólicos. Enfim, o nome simbólico adotado primeiramente como artifício de proteger uma identidade, passava paulatinamente a ter também um caráter iniciático.

Em muitos países, a exemplo do Brasil, nos primórdios da sua Maçonaria, o costume de adoção de nome simbólico, original do Rito Adonhiramita, acabou sendo enxertado em outros ritos que nunca tiveram essa prática. Por aqui, os dois primeiros ritos praticados foram o Adonhiramita e o Francês ou Moderno, seguidos mais tarde por outros ritos como o Escocês Antigo e Aceito, por exemplo.

Nesse contexto, por um bom tempo a adoção inadequada de nome simbólico acabaria se generalizando aqui no Brasil, envolvendo inclusive ritos que nunca tiveram essa prática.

Felizmente as coisas hoje por aqui se acomodaram, admitindo-se a adoção de nome simbólico apenas para o Rito Adonhiramita.

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

http://pedro-juk.blogspot.com.br

 

FEV/2022