Em 18.08.2021 o Respeitável Irmão Carlos Alberto de Souza Santos, Loja Harmonia e Concórdia, 4.418, REAA, GOB-RJ, Oriente do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, formula a seguinte questão.
INGRESSO DO VENERÁVEL MESTRE NO ALTAR E LUVAS BRANCAS.
Valoroso irmão Pedro Juk, tenho duas dúvidas. No caso REAA/GOB. A
primeira se trata da condução do Venerável Mestre para o início dos trabalhos.
Conforme o irmão relatou em pergunta anterior de um irmão que ela se dará pelo
lado norte. Mas penso eu, que se esse Venerável Mestre quando foi conduzido a
cadeira de Salomão pelo Instalador, foi pelo lado Sul. Então entendo que ele
deve entrar pelo Sul.
A segunda é que o irmão recebe no dia da sua iniciação um par de luvas
brancas para ele. Pois bem, se este irmão, já Mestre, desejar usar a sua luva
numa sessão magna, ele só poderá usá-la se todos irmãos da loja estiverem
usando?
CONSIDERAÇÕES.
Caro Irmão, no que diz respeito ao ingresso do Venerável Mestre pelo
lado Norte do Altar principal, prefiro me utilizar daquilo que é natural no
REAA, ou seja, a sua topografia com Oriente elevado e demarcado, evento este ocorrido
muito antes do REAA receber o enxerto de uma cerimônia de Instalação como
prática ritualística no GOB.
Veja, muito antes dessa cerimônia enxertada de instalação, o Venerável
Mestre já ingressava no Oriente vindo da Coluna do Norte e, por conseguinte,
subia ao sólio pelo seu lado setentrional (a direita de quem do Altar olha para
o Ocidente). Em resumo, os costume
s capitulares do século XIX que deram formato
à topografia do espaço e a liturgia do REAA são anteriores a acomodação de uma
Instalação que, diga-se de passagem, é costume natural da Maçonaria inglesa,
não da francesa.
Sabemos perfeitamente que o REAA é um rito nascido na França e que na autêntica
Maçonaria francesa não existe cerimônia de Instalação – pelo menos na Maçonaria
francesa instalação significa posse e o Venerável que deixou o cargo é
simplesmente o ex-Venerável sem o rótulo de Mestre Instalado.
Mais uma vez vale mencionar que na França, berço do REAA, instalação significa
apenas a posse do Venerável Mestre. Esse ritual esotérico de instalação que
conhecemos por aqui é bastante questionável se investigado sob as luzes da originalidade
– pelo menos para o REAA.
Desse modo, o ingresso pelo Sul que se dá na Instalação, salvo melhor juízo,
é apenas uma acomodação, pois está em desacordo com a dinâmica ritualística original
do REAA que, por uma questão de padronização, de há muito sempre teve o acesso
do Venerável pelo lado Norte do Altar, ou seja, a mesma banda em que ocupa
lugar o 1º Diácono adequado à transmissão da Palavra.
Como dito, é só uma questão de lógica e de padronização que não deve ser
alterada em detrimento de uma prática que nem original é no Rito. Em síntese, o
tronco ritualístico do REAA é bem mais antigo do que essa instalação encomendada
para o GOB e implantada a partir de 1968.
Cabe lembrar que as abordagens às Luzes da Loja ocorrem geralmente pelo
ombro direito do titular. A prova da Taça Sagrada é uma exceção porque a
ritualística exige uma peremptória retirada do candidato em direção à Coluna do
Sul. Vale lembrar que no REAA também não existe circulação em infinito (em
forma de oito) como acontece em alguns outros Ritos.
No tocante às luvas, no REAA elas são revestidas de um alto valor
simbólico na iniciação, quando o recém-iniciado as recebe como símbolo de pureza.
Não há nenhuma menção para o seu uso como indumentária, portanto é mais um
objeto simbólico.
Deixamos no Sistema de Orientação Ritualística do Mestre algumas
orientações a respeito, das quais a não obrigatoriedade do uso de luvas nas sessões
magnas, deixando isso a critério da Loja, contudo, orientando o Venerável que
se a Loja optar pelo uso delas na ocasião, então todos devem calçá-las. Observo
que o SOR do Grau de Mestre do REAA já foi enviado ao Poder Central e está sendo
paulatinamente inserido na plataforma do GOB-RITUALÍSTICA.
T.F.A.
PEDRO JUK
http://pedro-juk.blogspot.com.br
FEV/2022
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