REEDIÇÃO – CONTEÚDO ATUALIZADO EM JULHO/2022
Uma questão que me foi apresentada em
2009 – Consulente do Rito de York, GORGS (COMAB), Oriente de Pelotas.
TUB∴
E OS PP∴ MM∴
Não estou convencido de que estejamos
certos ao interpretar as palavras PP∴ MM∴ no ritual do 3° Grau, quando o Irmão
está sendo elevado, esclarecendo a ele que "a palavra é T∴ e que significa PP∴ MM∴"
Digo ao Irmão que o significado usado
por nós é "posse do mundo", o que não me convence, pois quando se
abrevia com 2 letras, é sinal de plural, daí a minha dúvida.
CONSIDERAÇÕES.
A palavra T∴,
utilizada na Maçonaria Moderna por vários ritos é consagrada como P∴ de P∴. Como tradição operativa, o maçom pedia
passagem se utilizando métodos consagrados de reconhecimento. Outrora não
existiam graus especulativos entre os cortadores e esquadrejadores da pedra, entretanto
os operários eram divididos em duas classes, então conhecidos como Aprendizes Admitidos
e Companheiros do Oficio. O dirigente dos trabalhos era geralmente um
Companheiro experimentado escolhido pelos seus pares e era denominado o Mestre
da Obra.
Com a paulatina transição da Maçonaria Operativa (de Ofício)
para a do dos Aceitos (especulativa), muitos costumes consagrados de então, como
o de reconhecimento, por exemplo, acabariam permanecendo na Moderna Maçonaria
com tradições, usos e costumes.
Com o advento dos ritos maçônicos a partir do século XVIII
e, particularmente o surgimento do Grau de Mestre especulativo a partir de
1725, o ideário iniciático de graus por aperfeiçoamento ganhou, principalmente
no Grau de Companheiro e de Mestre, palavras de reconhecimento como as de passe
e sagrada (método de identificação da qualidade maçônica de alguém).
Nesse contexto, as PPal∴ de PPas∴ mais consagradas no Franco-maçônico
básico então adotadas foram S∴
para o 2º Grau e T∴
para o 3º Grau.
No que diz respeito ao significado da palavra T∴, comenta Jean. L. Granger, membro da
Loja de Pesquisa Quatuor Corotati 2.076 de Londres, que as informações lendárias,
assim como das escrituras sagradas, nos trazem poucas informações sobre o
nome Tub∴. Concernente à existência do personagem,
citado no Livro de Gênesis, Tub∴ era
o instrutor de todos os artífices em bronze e ferro. Em algumas versões bíblicas,
como a inglesa, por exemplo, mencionam Tub∴ na
condição de ter sido o pai de todos os artífices.
Assim, debaixo dessas circunstâncias, é grande a
possibilidade de que o personagem Tub∴
tenha sido introduzido ainda nas lendas da Maçonaria primitiva. No Manuscrito
Dowland (1500-1550) encontra-se o relato de que Tub∴, um dos filhos de Lamec, foi nominado
como o criador da ciência do ferreiro, do forjador, do fundidor do ouro, prata,
bronze, cobre e ferro. Na verdade, aos filhos de Lamec (Jub∴, Jab∴, Tub∴ e Noema) atribuía-se a origem de todas
as ciências do mundo. Graças a isso é que provavelmente Tub∴ passou a ganhar espaço nas lendas
maçônicas, no caso como o primeiro homem a inventar a arte de trabalhar no
ferro e no bronze, ou o artífice dos metais.
Conforme mencionam alguns tratadistas da língua hebraica, a
palavra Tub∴
se arrola aos vocábulos “tebel” e “kanah”, cujo significado é descrito
como “posse do mundo”.
Vale a pena destacar que na Maçonaria esses são apenas e tão
somente conceitos lendários – o conteúdo de uma lenda não exprime nenhuma verdade
histórica.
Em relação ao significado das palavras PP∴ MM∴,
escritas no Ritual de 2007 como P(...)s
Ma(...)s” é preciso antes se levar
em consideração a forma de abreviar palavras utilizada na maçonaria anglo-saxônica,
ou no Craft, aqui tratado como Rito de York.
De pronto é bom lembrar que a
tripontuação em forma de um triângulo (∴) é natural
da Maçonaria latina e é muito usada no Brasil porque nossa Maçonaria historicamente
é filha espiritual da França, destacando, contudo, que os ritos de vertente
inglesa por aqui praticados preservam a forma anglo-saxônica de abreviatura. É
o caso do ritual do Rito de York, edição 2007 aqui mencionado, onde P(...)s
Ma(...)s denotam palavras no plural. Observe a letra “s” presente ao
final, isto é, após os parêntesis de cada palavra abreviada.
Desse modo, a abreviatura
anglo-saxônicas para P(...)s Ma(...)s significa “Primeiros
Materiais”.
Em que pese o termo “Posse do
Mundo” até seja aceitável sob o ponto de vista físico ou terreno, quando a
posse da arte da metalurgia tenha feito do homem o “rei da terra”, sob o viés
iniciático, que é o que de fato nos interessa, os metais, nessa conjuntura representam as faculdades
intelectuais do iniciado, passíveis de aperfeiçoamento. Em primeira análise isso
significa que o trabalho intelectual é mais difícil do que aquele exercido
sobre matéria física ou terrena. Nessa circunstância a “prima matéria” é o
elemento que impulsiona o iniciado em direção à porta de “passagem” para o grau
de Mestre. Em linhas gerais a matéria prima se destaca como “Primeiros Materiais”.
Esse enigma é demostrado nos Painéis ou nas Tábuas de Delinear
do 3º Grau das duas vertentes maçônicas. Desse corolário, a alegoria do Painel,
ou da Tábua, concentra mais ou menos o seguinte teor:
“O enigma do Painel de Mestre mostra que
H(...) A(...), pai e mestre foi sepultado pelos T(...)s maus C(...)s no
interior do Homem há mais de três mil anos, quando as luzes desapareceram e
reinaram as trevas na alma humana. Entretanto, com às virtudes e ferramentas de
um f(...) de m(...)s que trabalha nos P(...)s Ma(...)s, ou seja, um verdadeiro
T(...) haverei de transmutar a dureza dos metais da minha personalidade através
do fogo do amor, permitindo que H(...) reviva no Filho Abençoado, no M(...) B(...),
ou filho da putrefação, tornando-me um Templo imortal e eterno para o sagrado e
Todo Poderoso Deus Altíssimo – O F(...) do J(...) está M(...).”
Evidentemente
esse é um tema complexo que por razões óbvias aqui não pode ser detalhado. A mensagem
dos símbolos é o que de fato expressam quando houver por parte do Mestre uma
observação e meditação acurada.
PEDRO JUK
jukirm@hotmail.com
http://pedro-juk.blogspot.com.br
OUT/2009 (original)
JUL/2022 (atualizado)