sábado, 29 de junho de 2019

LUGAR DO EX VENERÁVEL - OCUPAÇÃO DA CADEIRA DE HONRA


Em 22/02/2019 o Respeitável Irmão Abdel Naser Haj Ahmad, Loja Terra Brasilis, Rito Brasileiro, GOB-PR, Oriente de Maringá, Estado do Paraná, solicita o seguinte esclarecimento.

LUGAR DO EX-VENERÁVEL MAIS RECENTE


Minha duvida é com relação o lugar que o Ex-Venerável - Pós Master - possa ocupar ao lado esquerdo do Venerável Mestre, está correto isso ou o DECRETO 1469 - 12/02/2016 - não permite ele ocupar esse lugar de destaque, devendo permanecer junto aos demais Mestres Instalados?

CONSIDERAÇÕES.

A ocupação das duas cadeiras de honra é determinada conforme especifica o Decreto 1469. Um ex-Venerável, por conseguinte, um Mestre Maçom Instalado, detém a Faixa I, conforme o que estipula o RGF no seu Art. 219, § 2º, I.
Assim, obedecendo a ordem de precedência, em estando livre a cadeira que fica à esquerda do Venerável (ombro esquerdo) por não estar presente nenhuma autoridade de faixa maior, o ex-Venerável mais recente da Loja pode ocupar esse lugar.
Eu só tenho a lamentar que as nossas autoridades criam essas deferências somente para trazer dúvidas e massagear o ego de alguns. Infelizmente, acabam dando mais valor ao molho do que à carne e assim ficamos a mercê de Decretos e regulamentos a indicar procedimentos que nada somam na verdadeira escalada iniciática da Maçonaria.
Tão mais simples seria se essas duas cadeiras fossem colocadas apenas quando os Grão-Mestres, ou o Grão-Mestre estivesse presente, enquanto que as demais autoridades e Mestres Instalados deveriam ocupar os lugares já para eles destinados no Oriente, porém abaixo do sólio.
Lamentavelmente as coisas não são bem assim e enquanto isso segue-se o previsto no Decreto 1469.
Bem ao gosto de uma geometria falsa, ficamos perdendo tempo com procedimentos que nada contribuem no combate à vaidade humana.

T.F.A.

PEDRO JUK

JUNHO/2019

sexta-feira, 28 de junho de 2019

PAVILHÃO NACIONAL - INGRESSO E RETIRADA NA SESSÃIO MAÇÔNICA


Em 22/02/2019 o Respeitável Irmão Marcelo Pereira Medeiros, Loja Acácia Cândidomoternse, 2.612, REAA, GOB, Oriente de Cândido Mota, Estado de São Paulo apresenta a seguinte questão:

INGRESSO E RETIRADA DO PAVILHÃO NACIONAL


Estou recorrendo a você novamente meu Irmão. Tivemos recentemente uma sessão magna de Elevação e surgiu uma dúvida, alguns irmãos dizem que na entrada e saída da bandeira e a sua guarda de honra, esses devem, entrar e sair pelo centro do templo, já outros irmãos dizem que devem entrar pelo lado norte e sair pelo lado sul respeitando o painel no centro da loja. Uma dúvida, talvez não relevante, mas gostaria do seu esclarecimento sobre essa controvérsia.

CONSIDERAÇÕES.

Ingresso – O correto deveria ser o de que a Guarda de Honra, escoltando o Porta Bandeira, tivesse a seguinte formação triangular: Dois integrantes em fila imediatamente à retaguarda do Pavilhão e um terceiro na retaguarda, mas pelo Norte (a esquerda do segundo integrante da Guarda).
Isso levando-se em conta os ritos que adotam circulação horária, onde não se pode ingressar em Loja aberta pelo Sul, já que nessa circunstância estar-se-ia circulando ao contrário do giro dos ponteiros do relógio.
Entretanto, o Decreto 1476 do GOB que dispõe sobre o cerimonial para Bandeira Nacional, no seu Art. 4º, I, letra “e” menciona, no tocante à Guarda de Honra o seguinte: (...) constituída pelo Mestre de Cerimônias seguido de dois Mestres Maçons, equidistantes (o grifo é meu), formando um triângulo, armados de espada.
Como a orientação acima menciona a formação de um triângulo composto por integrantes “equidistantes”, por extensão interpreta-se que a formação da Guarda de Honra é a de um triângulo “equilátero”, estando o Mestre de Cerimônias ao centro e no ápice do triângulo e os dois outros equidistantes à sua retaguarda nos respectivos vértices da base triangular – um à esquerda (norte) e outro à direita (sul). Nessa condição, infelizmente se dá a entender que o integrante da direita da formação triangular entra pelo Sul, isto é, contrário à circulação. Assim, o Decreto dá essa diretriz que, em certo aspecto contraria a liturgia do Rito. Creio que essa anomalia ritualística só será solucionada quando o Decreto trouxer esse procedimento detalhado na forma que não contrarie o ritual.
Cabe comentar ainda que após o canto do Hino Nacional, com o Pavilhão em deslocamento, a Guarda de Honra escolta-o passando todos pelo lado Norte do Painel (Coluna do Norte), pois não faria sentido que um integrante da escolta nessa ocasião, para reforçar ainda mais o equívoco, passasse pelo lado Sul do Painel (Coluna do Sul).
Retirada – A contradição é a mesma, já que mantendo os mesmos procedimentos do ingresso, a Guarda de Honra escolta a Bandeira passando pelo Sul. Se mantida a formação triangular equidistante um dos integrantes da Guarda, após a passagem pelo Sul do Painel, acabará transitando em retirada pela Coluna do Norte o que contraria a circulação pois a saída do Templo em Loja aberta se faz pela Coluna do Sul.
Embora sujeito ao “uproar” dos adoradores do “aonde está escrito”, ainda assim entendo que nessas oportunidades precisamos usar do bom senso, preferindo seguir o viés iniciático da Ordem do que tomar atitudes contrárias à sua doutrina.
Na medida do possível vamos tentar sanar esse equívoco incluindo o procedimento correto para o Rito na plataforma de orientações ritualísticas do GOB.

T.F.A.


PEDRO JUK


JUNHO/2019

quinta-feira, 27 de junho de 2019

REAA - VERIFICAÇÃO PELO(S) VIGILANTE(S) NA ABERTURA DOS TRABALHOS


Em 18/05/2019 no 1º Seminário de Padronização Ritualística do REAA – GOB, realizado em Santos, São Paulo, o Respeitável Irmão Orlando Prieto Junior, Loja Malkhut, 3859, GOB-SP, Oriente de Santos, Estado de São Paulo, formulou a seguinte questão:

VERIFICAÇÃO PELOS(S) VIGILANTE(S).


Apesar da explicação do Irmão sobre a verificação de maçons nas Colunas, antes da abertura da Loja, não é uma redundância, já que a verificação deve ser feita na Sala dos Passos Perdidos e quem está dentro do Templo é maçom?

CONSIDERAÇÕES.

Na realidade não.
Se fosse pelo aspecto prático, talvez sim, porém essa verificação extrapola o simples significado do telhamento ou do reconhecimento daquele que assinou o Livro de Presenças e se apresentou para o trabalho.
O motivo dessa verificação objetiva, de modo figurado, relembrar os antigos costumes de uma época em que a Maçonaria de Ofício vivia o seu auge. Assim, Sinais, Toques e Palavras eram uma espécie de salvo conduto do obreiro operativo que, livre, podia se deslocar pelos rincões do Velho Continente e se apresentar como profissional da cantaria. Para que ele não ficasse horas desbastando uma pedra para demonstrar a sua habilidade ao Mestre, ele então executava sinais para se identificar e ser reconhecido como um profissional da Arte. É nesse sentido que atualmente, de modo especulativo, os presentes no canteiro (Loja), relembrando nossos ancestrais, asseguram a sua qualidade de maçom se sujeitando à verificação do(s) Vigilante(s).
O outro motivo dessa verificação é de qualidade esotérica. Sob essa óptica, a liturgia do reconhecimento está no ato de se ficar á Ordem no Grau de trabalho da Loja. Nesse sentido o obreiro à Ordem, pelo Esq\, Nív\ e Pr\, instrumentos imprescindíveis na construção de obras perfeitas e duráveis, demonstra veladamente que está à disposição, pronto e preparado para os trabalhos que em breve se iniciarão no canteiro. Assim, ele fica à Ordem para demonstrar ao Vigilante sua qualidade interior, seu preparo e a sua evolução.
Comentados esses dois aspectos, explica-se o simbolismo e a obrigação desse reconhecimento – um que consagra os antigos costumes e outro que consagra o objetivo iniciático. Esse tipo de reconhecimento não é feito na Sala dos PP\ PP\.


T.F.A.


PEDRO JUK

JUNHO/2019

TEMPO DE ESTUDOS - DEBATES E COMENTÁRIOS SOBRE A PEÇA DE ARQUITETURA


Em 22/02/2019 o Respeitável Irmão Marcelo Gass, Loja Tríplice Aliança, 3.277, REAA, GOB-PR, Oriente de Toledo, Estado do Paraná, solicita esclarecimentos para o que segue:


COMENTÁRIOS APÓS APRESENTAÇÃO PEÇA DE ARQUITETURA.


Ontem em nossa Loja tivemos apresentações de duas excelentes Peças de Arquiteturas pelos Irmãos Companheiros. As mesmas foram comentadas pelo Irmão Orador, após apresentação de cada Irmão. E na Palavra a bem da Ordem, vários Irmãos elogiaram as Peças de Arquiteturas.
No REAA, diferente do Trabalho de Emulação, após uma apresentação de uma peça de Arquitetura, que os Irmãos C se manifestem com perguntas, colocações, outros esclarecimentos sobre a Peça apresentada. Vários Irmãos me questionaram, porque após apresentação de uma Peça, o Venerável Mestre não passa a palavra às colunas para que mesmos comentem sobre a mesma. Disse que não faz parte do Ritual do REAA por a Loja em família para tais comentários e considerações. Mas que iria consultar o Irmão, para ver se tem alguma sugestão do que pode ser feito?

CONSIDERAÇÕES.

Nesse caso, colocar a “loja em família” não está previsto, entretanto, desde que autorizados, nada impede que os Irmãos das Colunas e do Oriente se manifestarem, porém sem se estenderem por demais, extrapolando em demasia o tempo previsto no ritual. Aliás, esse tempo, se necessário, não é assim tão rigoroso. Apenas estipula-se um limite para que se evitem abusos seguidos de palavreados longos, rançosos e desnecessários - sem contar com as repetições e desvios de assunto.
O Tempo de Estudos também pode ser preenchido com debates sobre algum tema de importância educacional e cultural. Isso é salutar, desde que o mesmo se dê com critério e bom senso.
Se o Venerável Mestre achar conveniente ele pode colocar “diretamente” (sem primeiro anunciar aos Vigilantes) a palavra nas Colunas e Oriente para manifestações a respeito do tema apresentado. Se assim ocorrer, a palavra deve ser concedida e utilizada na forma de costume, iniciando o giro pela Coluna do Sul.
É bom que se diga que qualquer obreiro que ainda não tenha se manifestado a respeito, pode proferir seus comentários no período da Palavra a Bem da Ordem e do Quadro em Particular.
No que diz respeito a Loja “em família”, isso nada mais é do que invenção que fora criada como subterfúgio para desrespeitar a ritualística.
No Rito de York, onde não há a tal “loja em família” a Loja é colocada “em descanso” para apresentações e debates, já no REAA os debates podem acontecer, porém seguindo o giro da palavra se o Venerável assim entender.


T.F.A.


PEDRO JUK


JUNHO/2019

quarta-feira, 26 de junho de 2019

UM GOLPE DE MALHETE PARA ABRIR UMA SESSÃO ELEITORAL MAÇÔNICA


Em 18/05/2019 no 1º Seminário de Padronização Ritualística do REAA – GOB, realizado em Santos, São Paulo, o Respeitável Irmão Sérgio Albuquerque, Loja Basiléia, 4105, GOB-SP, Oriente de São Paulo, Estado de São Paulo, formulou a seguinte questão:

UM GOLPE DE MALHETE


Foi comentado durante a palestra que não existe abertura a golpe de malhete. Porém nos documentos enviados pelo GOB-SP para a eleição da administração da Loja consta essa abertura e assim foi realizada. Está correto?

CONSIDERAÇÕES.

Eu tenho as minhas convicções e entendo que uma sessão maçônica, para ser verdadeiramente maçônica precisa ser aberta ritualisticamente. Aliás, essa não é só a minha opinião, pois saudosos grandes Mestres do quilate de José Castellani, Theobaldo Varolli Filho, Francisco Assis de Carvalho, dentre outros, assim também opinavam.
Um só golpe de malhete não é abertura ritualística, mas infelizmente me parece que, respeitosamente, esse não tem sido o entendimento de muitas de nossas autoridades, mormente nas sessões eleitorais quando não orientam a abertura de uma sessão ordinária de eleição de modo ritualístico no grau previsto, mas mencionam o tal “um só golpe de malhete”.
Sessões “de eleições da administração e de membro do Ministério Público” e “de eleições dos deputados federais e estaduais e de seus suplentes” constam do Regulamento Geral da Federação como sessões ordinárias – vide Art. 108, § 1º, VI e VII. Assim, entendo que uma “sessão ordinária” deva ser aberta conforme o ritual do Rito, nela se tratando, com exclusividade, durante a sua Ordem do Dia, do expediente eleitoral. Reitero; esse é o meu entendimento.
A despeito desses comentários, e em se aventando as eleições para Grão-Mestre, chamo ainda a atenção para dois aspectos:
Primeiro é sobre o que menciona o RGF sobre as “sessões extraordinárias” (Art. 108, § 4º, I). Exara esse diploma legal: são sessões extraordinárias de eleições de Grão-Mestre Geral de Grão-Mestre Adjunto, de Grão-Mestre Estadual, do Distrito Federal e seus adjuntos.
Segundo é o que menciona o Ritual do GOB de Mestre Maçom do REAA em vigência (edição 2009, pág. 147) na sua Parte IV – Sessão Extraordinária. Nele consta, na página 164, que durante a Ordem do Dia a Loja passa a funcionar como: “SESSÃO ELEITORAL ou de CONSELHO DE FAMÍLIA ou de EXPEDIÇÃO DE PLACET EX-OFFÍCIO. Nesse sentido, chamo a atenção porque a Sessão Extraordinária mencionada no ritual possui abertura ritualística normal, tendo sua Ordem do Dia também aberta de modo costumeiro. É no transcurso da Ordem do Dia que o Venerável Mestre então dá um golpe de malhete para alertar que a Loja passará a funcionar em Sessão, nesse caso, Eleitoral. Concluídos os procedimentos eleitorais, o Venerável encerra (com um só golpe de malhete) a Ordem do Dia e, por extensão, a Sessão Eleitoral (página 165).
Dado a esses comentários é que eu entendo que uma “sessão ordinária”, que utilize expediente eleitoral (RGF, Art. 108, § 1º, VI e VII), também deva ser aberta ritualisticamente conforme o ritual, sendo, a “sessão eleitoral”, realizada na sua Ordem do Dia. Assim, o “golpe de malhete” se restringe à declaração de abertura e encerramento da oficina eleitoral, dentro da Ordem do Dia.
Enfim, resumindo tudo o que eu penso, é que as sessões eleitorais se dêem, conforme o caso, nas sessões ordinárias ou extraordinárias. Ambas devem ser abertas ritualisticamente no grau previsto, passando a funcionar em oficina eleitoral apenas nas suas respectivas Ordens do Dia. Obviamente que essas sessões, ordinárias ou extraordinárias, somente serão abertas para essa finalidade, nelas não se admitindo a inclusão de outros assuntos que não os pertinentes ao atinente expediente eleitoral. É esse o meu entendimento, porém passível de discussão com os nossos legisladores.


T.F.A.

PEDRO JUK

JUNHO/2019

segunda-feira, 24 de junho de 2019

HUZZÉ! ACLAMAÇÃO AO SOL


Em 12/02/2019 o Respeitável Irmão Arlindo Jr, Loja Luz, Justiça e Caridade, REAA, GOB-PR, Oriente de Paraíso do Norte, Estado do Paraná, solicita o que segue:

ACLAMAÇÃO HUZZÉ!

Estou fazendo um trabalho sobre palavra HUZÉ e gostaria de algumas informações.

COMENTÁRIOS.

Segue uma Peça de Arquitetura que acredito possa auxiliá-lo.

A ACLAMAÇÃO - HUZZÉ! HUZZÉ! HUZZÉ!

  • A Luz da Maçonaria irradia do Oriente e cada Maçom deve ser uma Luz para a prática das boas Obras composta de Lógica e Razão, princípio haurido dos "Códigos de Moral” e enaltecidos pela Sublime Instituição. Do Templo Maçônico deve se estender a Luz da Razão para a humanidade” (Ir. Theobaldo Varolli Filho).
             

Aclamação Huzzé - destacando a sabedoria e a arte Sarracena, a cultura árabe sempre esteve presente nos ensinamentos provenientes do Oriente. Nesse sentido e de modo eclético, a paulatina constituição doutrinária da Maçonaria também não deixaria de utilizar inúmeros ensinamentos dessa cultura – se diz nas preleções maçônicas que a Sabedoria vem do Oriente e que, de modo emblemático, teriam sido os fenícios os operários construtores do Templo de Jerusalém – especulativamente, a maior alegoria maçônica.
A inegável influência árabe, de tantas outras reminiscências, na senda iniciática maçônica sobejamente tem tido o desiderato de enriquecer as doutrinas da grande maioria dos ritos maçônicos. Em se tratando dessa influência cultural na Maçonaria, a aclamação Huzzé é uma dessas reminiscências.
Não há, porém, como esquecer nessa abordagem, a cultura hebraica, destacando-se quem em muitos aspectos a língua árabe original possui muita semelhança com a hebraica, o que tem feito com que alguns autores, inadvertidamente acabem atribuindo raízes etimológicas equivocadas dando vazão à conceitos falsos e temerários.
Huzzé e a Acácia - por existir uma relação entre essas duas palavras na construção de uma alegoria solsticial muito antiga, alguns tratadistas, se utilizando a lei do menor esforço, enganosamente traduziram Huzzé (saudação) como sendo o mesmo que Acácia (espécime vegetal). Como se verá a seguir, ambas as palavras até se relacionam, contudo são substantivos distintos, ou seja, uma palavra não é tradução da outra.
Acácia espécime vegetal - segundo Varolli Filho, “shittah” em hebraico; plural “shittin”, se refere a uma classe vegetal de nome “acácia” e aparece relacionada em vários textos Bíblicos, sobretudo quando se refere à madeira utilizada como matéria prima para construção da Arca da Aliança e os seus varais.
No que diz respeito à autenticidade desse gênero vegetal, a verdadeira acácia, segundo o que citam bons tratadistas, é a espécime Acácia do Nilo (akakia aegipti), ou “Vera Acácia. Trata-se de uma árvore leguminosa de cujo gênero se produz a goma arábica e o tanino[1].
Como um vegetal símbolo na liturgia da Moderna Maçonaria e dona de um importante conjunto emblemático, vale então mencionar que, em se tratando da sua ocorrência em território brasileiro, a legítima acácia (oriunda do nordeste da África) por aqui não se desenvolve, ocorrendo no Brasil apenas a espécie “acácia negra” que é de origem australiana - embora seja também produtora de boa goma com considerável quantidade de tanino. Esse espécime no Brasil é encontrado nas regiões tropicais, se dando muito bem na região sul brasileira. Seus ramos são sempre aproveitáveis na liturgia maçônica, substituindo simbolicamente o espécime original.
Como descrição dessa espécie de vegetal (akakia aegipti), a acácia é uma árvore resistente em cujos galhos se apresentam alguns espinhos. Durante sua florada ela produz flores esféricas ligeiramente amareladas. Produz uma madeira de longa durabilidade por não ser sujeita à praga, qualidades estas que lhe renderam a fama de “eternidade”.
Pelas características de incorruptibilidade, a madeira da acácia (akakia aegipti) ganhou, ao longo dos tempos, múltiplas interpretações peculiares. No caso da Maçonaria, a sua durabilidade lhe rendeu a divisa simbólica da imortalidade.
A flor da Acácia e o símbolo do Sol - outra característica que lhe rendeu importante representatividade emblemática é a sua flor aveludada, ou radiada e de forma esferoide. Pelo seu formato irradiado sua flor lembra, desde as antigas civilizações, o Sol, sendo inclusive utilizada como elemento para saudar o astro rei no solstício de inverno no hemisfério Norte, o que, em última análise, a fez possuir estreita ligação com a aclamação Huzzé!
Saudação à volta Sol – presentes em muitas manifestações das antigas civilizações (cultos solares da antiguidade), no Antigo Egito e em certas regiões árabes, a acácia era considerada uma planta sagrada. Era comum em certas tribos, como a dos Drusos por exemplo, o costume de se saudar a volta do Sol no solstício de inverno, o que ocorria em se manejando e agitando um ramo florido de acácia (shittah ou shittin) e ao mesmo tempo proferindo a aclamando “Huzzah!” (Viva!) ou, conforme os dialetos locais, “Uezzah!”.
O solstício de inverno ao Norte se dá quando o Sol atinge o ponto máximo da sua inclinação ao Sul (21 de dezembro). Após atingir a maior declinação na sua eclíptica, aparentemente ele parece iniciar o seu retorno (porta solsticial). No misticismo árabe, exatamente esse era o momento em que os ramos floridos de acácia eram agitados dando-se vivas (Huzzah) ao retorno do Sol (luz e conforto). Após o advento do Islã essa prática seria proibida por Maomé.
Em que pese alguns autores defenderem Huzzé (Viva) como palavra de origem escocesa, alegando que essa é uma aclamação utilizada pelo Rito Escocês Antigo e Aceito, numa analise mais acurada essa tese não se sustenta, pois esse Rito, embora traga de fato na sua liturgia essa aclamação, não é originário da Escócia, porém da França, sendo, inclusive, mais conhecido na Europa como Rito Antigo e Aceito e não como Rito Escocês. O título “escocês” dado a ele não é por questão de nacionalidade.
Vale também a pena mencionar que essa aclamação não é parte de um dialeto escocês como querem afirmar alguns autores. É mais provável sim que em Maçonaria a aclamação Huzzé (Viva) tenha surgido de uma corruptela de pronuncia da língua inglesa, haurida dos tempos em que as regiões árabes permaneciam sob domínio britânico. É o caso, por exemplo, do conhecido ip hurrah! que significa “viva!”, ou “salve!”. Assim, estima-se que Huzzé seja uma corrupção linguística propiciada pelos ingleses da palavra árabe Huzzah, ou Uezzah.
Acácia confundida com Huzzé - desafortunadamente, ainda alguns autores maçons, se utilizando da lei do menor esforço, simplesmente entenderam que a “saudação” ao Sol feita com um ramo florido de “acácia” era o próprio espécime vegetal. Dessa falsa interpretação resultou o equívoco de que “acácia” (gênero vegetal), em árabe seria Huzzé, o que não é verdade, pois acácia é o vegetal que produz o ramo florido utilizado para se dar vivas (Huzzé) à volta do Sol. Em síntese, a acácia fornecia o adereço para com ele às mãos os homens bradassem... Viva! (Huzzé!)
Ainda muitos maçons precisam compreender que a antiga prática de saudação ao Sol, oriunda dos cultos solares da antiguidade, foi inserida na liturgia maçônica somente como suporte de lição moral, nunca como elemento de adoração ou de proselitismo para crenças particulares. O misticismo que envolve a saudação à volta do Sol é um costume muito antigo entre as civilizações. Os períodos solsticiais são marcos determinantes na indicação dos ciclos Natureza – opostos conforme o hemisfério. Para os “cortadores da pedra” do passado medieval, essas datas marcavam ciclos operativos que envolviam as construções, portanto essa alegoria jamais teve o desiderato de dar na Moderna Maçonaria qualquer suporte a crenças com viés de ocultismo e nem mesmo alicerçar proselitismos religiosos.
Significado da Aclamação no REAA - a liturgia maçônica adota várias manifestações do pensamento humano para construir sua doutrina de aprimoramento. Dentre as quais pode-se citar os ciclos da Natureza e o movimento aparente anual e diário do Sol nas suas práticas ritualísticas. Nesse sentido, a aclamação Huzzé, recorrente na abertura e no encerramento dos trabalhos nos graus de Aprendiz e de Companheiro no REAA, está diretamente relacionada à alegoria iniciática da Luz.
Nessa exposição figurada de pensamento aparecem os dois momentos da aclamação ritualística. A primeira relacionada ao período que o canteiro se submete à plena iluminação do dia (Meio-Dia). De alto valor simbólico, esotericamente o Sol a pino significa hora de extremada igualdade. Com o Sol no zênite reduzem-se as sombras e a probabilidade é de que ninguém faça sombra a ninguém. O momento de iluminação plena denota também o vigor do obreiro prestes a iniciar a Obra. É por esse motivo que o Meio-Dia recebe a aclamação. O segundo momento se dá ao final, à Meia-Noite. Seu simbolismo prende-se ao fato de que já passada a hora do ocaso certamente outro dia irá raiar (esperança). Quanto mais escura é a madrugada, mais próximo se aproxima o nascer de um novo dia. Emblematicamente, Meia-Noite representa o fim da jornada. Esotericamente é o fim da etapa. O corpo é devolvido à mãe Natureza. Se a vida produziu bons brutos, certamente a sua Obra será perene, duradoura e servirá de exemplo aos pósteros. A certeza é de que tudo é transitório, pois assim como o Sol se oculta no Ocidente para encerrar o dia, também é certo o raiar de um novo dia. Eis a razão pela qual aclama-se o retorno do Sol no encerramento.
Conclusão – Huzzé é uma antiga aclamação que corresponde a se dar “vivas!”. Como uma espécie de saudação à Luz, Huzzé nada tem a ver com atos supersticiosos e crenças acercadas de vibrações ocultas, chacras, egrégoras, etc. A aclamação é simplesmente um meio simbólico de instigar no maçom o respeito à sabedoria e ao esclarecimento (virtudes simbolizadas pela Luz). O simbolismo maçônico não trata de adorações, mas busca nos métodos velados por alegorias e ilustrado por símbolos perscrutar a Verdade e não se distorcer a razão. (a) Pedro Juk – outubro de 2003. Revisado em junho de 2019.
ROTEIRO BIBLIOGRÁFICO.
CARVALHO, Assis – O Mestre Maçom – Editora Maçônica A Trolha – Londrina 1991.
MELLOR, Alec – Dicionário da Franco Maçonaria e dos Franco Maçons – Editora Martins Fontes – São Paulo – 1.989.
VAROLI, Theobaldo F. – Curso de Maçonaria Simbólica – Tomos I, II e III – A Gazeta Maçônica – São Paulo – 1.993
CASTELLANI, José – Consultório Maçônico IV – Editora Maçônica A Trolha – Londrina – 1.998.
CARVALHO, Francisco – A Maçonaria Usos e Costumes I – Editora Maçônica A Trolha – Londrina – 1.994
PALOU, Jean – A Franco Maçonaria Simbólica e Iniciática – Editora Pensamento – São Paulo 1.964
NEWTON, John F. – The Builders – A Story and Study of Masonry – Iowa – 1.916.
CASTELLANI, José – Maçonaria e Sua Herança Hebraica – Editora Maçônica A Trolha – Londrina 1.993.

T.F.A.

PEDRO JUK


JUNHO/2019


[1] Substância amorfa, adstringente, extraída principalmente da noz-de-galha e que se encontra na casca de numerosas árvores e arbustos. Classe de substâncias adstringentes encontradas em certos vegetais, que dão coloração azul com sais de ferro, usadas no curtimento de couros e também como mordentes