quarta-feira, 30 de agosto de 2017

O LUGAR DO COBRIDOR EXTERNO NO ENCERRAMENTO DOS TRABALHOS

Em 20/06/2017 o Respeitável Irmão Ilson A. Rhoden, Loja Gonçalves Ledo, REAA, GOB-PR, Oriente de Curitiba, Estado do Paraná, pede esclarecimentos para:

LUGAR DO COBRIDOR EXTERNO NO ENCERRAMENTO DOS TRABALHOS.


Estava eu exercendo a função de cobridor externo na última sessão de minha loja, Joaquim Gonçalves Ledo, do Oriente de Curitiba, de fronte ao Irmão Clemente Escobar, que nos lê em cópia e que ocupava a função de Cobridor Interno, quando me veio a dúvida acerca da correta posição do cobridor externo no encerramento dos trabalhos, mais precisamente durante a retirada dos Irmãos do Templo.
O Irmão Clemente defendeu a tese de que o cobridor externo, por lógica, deveria se posicionar na parte externa, ao lado da porta, no átrio.
Diante da minha dúvida consultei a dinâmica ritualística do Rito Escocês Antigo e Aceito, a qual creio ser de grande parte de sua lavra, e constatei que a dinâmica não faz menção expressa ao Cobridor Externo, somente ao Cobridor Interno, durante o encerramento.
Posto isto, qual o posicionamento correto do Cobridor Externo durante a retirada dos Irmãos do Templo?
a) no átrio, conforme sugeriu o Irmão Clemente;
b) de fronte ao Cobridor Interno, na coluna do Norte, onde eu estava postado;
c) deve se retirar com os demais oficiais da Loja;
Desde já muito obrigado pela atenção e pelas considerações, as quais tenho certeza serão muito esclarecedoras.

CONSIDERAÇÕES

Antes de tudo é preciso mencionar que existe um grave erro na posição dos lugares dos Cobridores dentro da Loja. O Interno no Sul e o Externo no Norte, ambos próximos à porta, o que aconteceu no ritual em vigência foi um erro de impressão que colocou os dois Cobridores, um de frente para o outro. O sentido correto das respectivas cadeiras é a de que elas fiquem voltadas para o Oriente em posições simétricas no extremo do Ocidente à direita e à esquerda da porta.
Note que além do Primeiro Vigilante existem outros oficiais que no Ocidente ficam de frente para o Oriente. É o caso dos Expertos, do 2º Diácono, do Mestre de Harmonia.
Reforçando os erros de impressão que acontecem nos atuais rituais do GOB, observe no Ritual de Mestre na Planta do Templo e veja qual é o Painel que está colocado no centro. Note que equivocadamente no Terceiro Grau está impresso o Painel do Primeiro Grau, o que obviamente não faz sentido.
Assim, antes das convenções peripatéticas comuns à Maçonaria latina como as do “onde está escrito” ou “onde está impresso”, é preciso que em alguns casos a situação seja mais bem avaliada. É o caso dos assentos dos Cobridores voltados um de frente para o outro que deveriam estar voltados para o Oriente.
Dados esses comentários e respondendo a sua questão, o Cobridor Externo no encerramento dos trabalhos no REAA\ se retira junto com os demais Mestres. Cobridor Externo fica no átrio somente durante a abertura dos trabalhos, ingressando em seguida.
A título de ilustração, isso é particularidade de alguns ritos e não uma constante ritualística, posto que no Craft Inglês, por exemplo, geralmente o Guarda Externo (o Tiler) permanece o tempo todo no átrio, não ingressando na sessão, inclusive nem sempre ele é membro da Loja na qual está trabalhando. No costume inglês o Guarda Externo é um Past Master e literalmente é pago (recebe pelo ofício) para exercer essa função nos dias de sessão das Lojas.


T.F.A.

PEDRO JUK



AGO/2017

PELO SINAL, PELA BATERIA - RITUALÍSTICA

Em 18/06/2017 o Respeitável Irmão Irauê Caldas da Silveira Bello, Loja Deus, Pátria e Família, 2.790, REAA, GOSP-GOB, Oriente de Iacanga, Estado de São Paulo, solicita os seguintes esclarecimentos:

PELO SIN\, PELA BAT\.


Tenho dúvidas sobre a execução da bateria, tenho visto Irmãos executar de forma diferente em algumas Oficinas. Na verdade, três formas diferentes. A primeira faz a saudação, volta à Ordem, faz novamente a saudação e executa a bateria. A segunda faz a saudação, volta à Ordem e depois desce direto à bateria. A terceira faz a saudação, executa a bateria e volta a Ordem. Qua seria a forma correta?

CONSIDERAÇÕES.

Há excessos de preciosismo nos dois primeiros exemplos.
No primeiro caso não existe razão para que alguém componha duas vezes o mesmo Sinal na sequência. Isso nada mais é do que algo contra producente.
No segundo exemplo mencionado não existe motivo para se saudar pelo Sinal e depois voltar ao Sinal de Ordem nessa ocasião, já que depois de composto um Sinal somente se desfaz o mesmo pela respectiva pena simbólica. Não se faz Bat\, ou outro procedimento, com a mão partindo diretamente de um Sinal, seja ele do Gut\, do Cord\ ou do Ventr\.
Na verdade os dois primeiros exemplos são meros penduricalhos que só servem para empanar o brilho da ritualística – leva o nada a lugar nenhum.
Assim, o modo correto e autêntico é o terceiro exemplo colocado na questão, ou seja: estando com o Sin\ de Ordem, desfaz-se o mesmo pela pena simbólica e imediatamente se estende a mão esquerda à frente com a respectiva palma voltada para cima e, atendendo ao comando do Venerável nela se dá a Bat\ com a mão direita espalmada. A mão esquerda fica parada. Concluída a Bat\, então se volta ao Sin\ de Ordem.
A ritualística do Sin\ seguido da Bat\ se dá apenas na abertura da sessão, já que no encerramento ninguém mais estará com o Sinal composto (a Loja estará fechada).
O termo “volta-se à Ordem” que comumente aparece nas instruções dos Cobridores dos respectivos rituais é que tem sido a causa de todo esse “frenesi”. Infelizmente muitos Irmãos ainda não compreenderam que essa referência é uma maneira pontual de alertar o protagonista de que quando ele estiver em pé e parado em Loja aberta, deve ficar à Ordem.
Assim, depois que ele aprende na instrução a fazer o Sinal, “volta à Ordem”, mas isso não é regra para toda e qualquer situação.
Note que isso não é o que acontece numa sequência sem intervalo de práticas ritualísticas como é o caso do Sin\ seguido da Bat\. Quando menciono “sequência sem intervalo” é porque sequencialmente o Venerável Mestre comanda: “Pelo Sin\ (faz-se); pela Bat\ (executa-se); pela Aclam\ (pronuncia-se). Perceba que não há espaço entre cada uma das práticas ritualísticas e nem o ritual menciona outra providência. Outro exemplo de prática sequencial de ritualística existe quando alguém ingressa no Oriente e saúda o Venerável. Nessa oportunidade ele faz a saudação pelo Sinal e imediatamente prossegue no seu trajeto e não “volta à Ordem”, obviamente.
E assim se dão as minúcias ritualísticas. Cada uma delas se adapta a cada situação na liturgia maçônica. É temerário se imaginar que tudo seja a mesma coisa em Maçonaria.
Essa resposta se coaduna como os rituais do REAA\ do GOB\.


T.F.A.

PEDRO JUK



AGO/2017

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

O BASTÃO E O SINAL

Em 15/06/2017 o Respeitável Irmão Marcelo Gass, Loja Tríplice Aliança, 3.277, REAA, GOB-PR, Oriente de Toledo, Estado do Paraná, pede esclarecimentos.

BASTÃO E O SINAL


Li no seu blog, sobre Sinal e Instrumentos de Trabalho, onde está bem claro de como fazer corretamente. Atendendo ao pedido de alguns Irmãos, minha questão é a seguinte: O Mestre de Cerimônias quando pega ou leva um Irmão ao seu lugar. Exemplo: vai pegar um Irmão Aprendiz para apresentação de uma Peça de Arquitetura entre colunas. Quando o Mestre de Cerimônias chega à Coluna do Norte, ele fica a Rigor, enquanto o Irmão Aprendiz desfaz o Sinal? Essa dúvida ficou entre os Irmãos, pois em nossa Loja, sempre que o Mestre de Cerimônias vai pegar um Irmão, o mesmo faz com o Bastão um movimento como se fosse fazendo o Sinal. Ou seja, passa o Bastão pelo lado esquerdo e traz até o direito, no mesmo momento que Irmão desfaz o Sinal.

CONSIDERAÇÕES.

Isso hoje não existe mais. Houve tempo que a prática de se levar o bastão ao lado esquerdo do corpo em posição de rigor era bastante disseminada, porquanto até nos nossos Manuais de Dinâmica, hoje revogados, essa prática era recomendada.
Hoje em dia, entretanto, não se adota mais essa prática, justamente porque o movimento parecia um Sinal e é sabido que não se usa instrumento de trabalho para com ele fazer Sinal. Do mesmo modo, o Ritual em vigência não prevê esse movimento.
Assim, atualmente estar à rigor com o bastão é simplesmente mantê-lo na vertical apoiado no chão com a mesma postura que se adota ao empunhá-lo em deslocamento, ou seja, com a mão direita, respectivo braço colado no lado direito do corpo tendo o antebraço para frente formando com o braço direito uma esquadria. O bastão, na vertical, vai empunhado pela sua porção mediana. Estando o Mestre de Cerimônias parado o bastão fica com a sua base apoiada no chão (à rigor); em deslocamento, obviamente o portador o levanta suficientemente para que o mesmo não arraste no chão durante o trajeto.
Em síntese, andando ou parado a posição é quase estática, não existindo mais aquele movimento com o braço direito girando em direção do lado esquerdo do corpo e voltando.
Dúvidas a respeito; consulte os Procedimentos Ritualísticos do GOB-PR edição de 2016 (atualizada), qualquer dos volumes para os três graus.
No que diz respeito aos deslocamentos que envolvem a condução de alguém, o Mestre de Cerimônias parado, simplesmente fica à rigor, até porque ele não está saudando ninguém. O seu conduzido ao levantar é que compõe o Sinal ao ficar em pé, já que quem estiver em pé sem empunhar instrumento de trabalho fica à Ordem. Ao iniciar o deslocamento seguindo o seu guia, desfaz imediatamente o Sinal, pois nessa situação, não se anda com o Sinal. A propósito isso não é saudação, senão o cumprimento da regra de compor em pé o Sinal de Ordem e desfazê-lo pela pena simbólica para iniciar um deslocamento. Note que procedimentos podem ser iguais, entretanto nem sempre o objetivo será o mesmo. Compor e desfazer um Sinal não significa que se está irrestritamente saudando alguém.
Concluindo e ratificando a questão do movimento com o bastão, esse hoje em dia não existe mais, pois não se faz nenhum sinal com instrumentos de trabalho.


T.F.A.

PEDRO JUK


AGO/2017.

LUGAR EM LOJA - VENERÁVEIS VISITANTES E MESTRES INSTALADOS

Em 15/06/2017 o Respeitável Irmão Euro Ferreira Guedes, Loja Pedro Michael Struthos, 2065, REAA, GOB-RO, Oriente de Guajará Mirim, Estado de Rondônia, solicita os seguintes esclarecimentos.

LUGAR EM LOJA – VENERÁVEIS VISITANTES E MESTRES INSTALADOS.


Eis minha dúvida, a qual solicito orientação: Um Venerável Mestre em visita a uma Loja Maçônica, toma assento nas cadeiras da Dir. ou da Esq. do Venerável Mestre?
No Ritual do REAA e do Brasileiro, o ritual nos trás o seguinte: Cadeiras da direita do Venerável Mestre são destinadas as Autoridades Maçônicas e as da esquerda do Venerável Mestre destinadas aos Mestres Instalados. Tudo claro. Agora basta saber quem são as Autoridades Maçônicas... No RGF temos a relação das autoridades, descritas nas faixas de 1 a 6. Na faixa 1 temos os Veneráveis Mestres, portanto um Venerável Mestre é considerado Autoridade Maçônica, inclusive com direito a protocolo de recepção. No meu entender, esta claro que um Venerável Mestre deve tomar assento a direita do Venerável Mestre, nos assentos destinados as Autoridades Maçônicas. Mas, não é que entendem muitos Irmãos, que afirmam que o Venerável Mestre deve tomar assento no local dos Mestres Instalados. Qual o correto?

CONSIDERAÇÕES.

Como autoridade maçônica um Venerável Mestre visitante é integrante da faixa 1 conforme preceitua o Regulamento Geral da Federação em seu Art. 219, § 2º, I.
No caso do Rito Escocês Antigo e Aceito (e outro se for o caso) e o Ritual em vigência, o Venerável visitante ocupa lugar no Oriente à direita do Venerável Mestre da Loja anfitriã, porém abaixo do sólio e no lugar devido às autoridades maçônicas.
Vale apena mencionar que “à direita do Venerável da Loja anfitriã” corresponde ao seu ombro direito quando ocupando o trono (de quem do Oriente olha para o Ocidente). Ilustrando, fica no lado norte oriental.
Ex Veneráveis, também conhecidos como Mestres Instalados, visitantes ou não, ocupam lugar no Oriente, mas abaixo do sólio no lado sul oriental.
Recomenda-se em alguns casos também a observação do Decreto nº 1469 do Grão-Mestre Geral do GOB datado de 12/02/2016 que regula a ocupação das duas cadeiras de honra posicionadas à direita e à esquerda do trono.
Concluindo; esses apontamentos destinam-se aos obreiros do GOB e conforme o rito praticado, já que outras Obediências coirmãs podem adotar outros procedimentos.



T.F.A.

PEDRO JUK



AGO/2017

LIMITE PARA INGRESSO DE RETARDATÁRIO NA LOJA

Em 14/06/2017 o Respeitável Irmão Ailton Lúcio Siqueira, Loja Raimundo Rodrigues Chaves, 2.028, REAA, GODF – GOB, Brasília, Distrito Federal pede esclarecimento para o seguinte:

LIMITE DE INGRESSO PARA RETARDATÁRIO


Atualmente sou o 2º Vigilante da minha Oficina e há alguns dias fui indagado sobre até quando um Irmão retardatário (do quadro) poderia tomar parte em nossos trabalhos. Submeto essa indagação à vossa sabedoria, à espera de uma luz para sanar essa dúvida.

CONSIDERAÇÕES

Para os Ritos que possuem na sua liturgia a circulação do Tronco de Beneficência, consuetudinariamente é acordado que se admite o ingresso de retardatários até antes do giro da bolsa. Após a coleta do óbolo, ninguém mais deve ingressar na Loja.
Como é obrigatória a conferência da coleta na própria sessão sem que se saiba se quem dela participou pode dar mais ou menos, ou ainda nada pode dar; não se permite ninguém ingressar após o giro, pois qualquer eventual coleta feita depois dele suspenso e apurado, poderia identificar o montante da doação feita pelo retardatário.
É oportuno salientar que não existe e é proibida a prática ultrapassada de se “lacrar o tronco”. Em nome da lisura dos trabalhos a conferência é feita na presença de todos.
Além de regras, pura e simplesmente, também deve existir o bom senso por parte do retardatário que, na situação de chegar apenas um pouco antes do giro do Tronco, sua atitude mais atrapalha do que abrilhanta, já que, além das práticas ritualísticas formais para recebê-lo, nesse momento mais da metade da sessão já houvera transcorrido.
Como eu tenho dito ao longo da minha vida maçônica, regras são regras, mas o bom senso também deve prevalecer.
Também não há como se generalizar a liturgia do giro do Tronco como referência para permissão de ingresso na Loja, a despeito de que cada Rito, ou Trabalho maçônico, possui suas características e nem todos eles possuem coleta na forma ritualística como acontece no REAA.
Concluindo, todo esse blá, blá, blá seria evitado simplesmente se ninguém chegasse atrasado, a despeito de que o “atraso” nem mesmo se encontra institucionalizado nos bons rituais.


T.F.A.


PEDRO JUK



AGO/2017

domingo, 27 de agosto de 2017

HIRAN ABIF OU ADONIRAM?

Em 14/06/2017 o Respeitável Irmão Perílio Barbosa Leite da Silva, Loja Arte e Virtude, REAA, GOB-MG, Oriente de Lajinha, Estado de Minas Gerais, formula a seguinte questão:

HIRAN OU ADONIRAM?


Fui instalado na última semana e nesta semana tive oportunidade de participar de uma instalação pelo REAA praticado pela Grande Loja. Notei que no REAA praticado pelo GOB o personagem da Lenda é o próprio Hiran Abif e no REAA praticado pela Grande Loja o personagem da Lenda é Adonhiran. Sei que na origem do escocismo não existe ritual de instalação, este de origem inglesa, sendo assim poderia me dizer qual personagem é apresentado na instalação em sua origem, Hiran Abif ou Adonhiran?

CONSIDERAÇÕES.

Os dois são, em termos de Lenda Maçônica, o mesmo personagem.
Hiran Abif (Hiran meu Pai) - Como partícipe principal da lenda maçônica, o personagem fenício, filho de um habitante de Tiro e de uma mulher da tribo de Neftali, foi enviado por Hiran, Rei de Tiro ao Rei Salomão quando da construção do Templo de Jerusalém.
Exímio trabalhador com metais, dentre outros, fundiu as Colunas B\ e J\, construiu o Mar de Bronze e tantos outros utensílios utilizados no Templo.
Na verdade, segundo o Livro de Reis, Hiran, o Rei de Tiro recomendara Hiran Abif a Salomão em virtude das suas qualidades de hábil trabalhador com metais, mas não como arquiteto. Foi o ritual maçônico pela adoção da Lenda Hirâmica que o transformou em arquiteto construtor do Templo.
Nunca é demais lembrar que o Grau de Mestre especulativo somente apareceria na Moderna Maçonaria em 1725, portanto não faz sentido conduzir à história da Maçonaria à época da construção do primeiro Templo (Salomão), a despeito de que essa menção seja sempre feita de modo lendário que objetiva incontestável lição de moral e sociologia.
Adoniram (ou Adonhiram = corruptela de Adoniram) – As escrituras mencionam-no apenas como um encarregado das corveias quando da construção do Templo pelo Rei Salomão, entretanto em 1744, Louis Travenol, na França, publicou sob o nome de Léonard Gabaon a obra Catecismo dos Franco-Maçons ou o Segredo dos Franco-Maçons, oportunidade em que confundiu o personagem Adoniram (preposto das corveias) com Hiran Abif (Hiran meu Pai). Provavelmente o motivo do engano foi porque o prefixo Adon que significa em hebraico “Senhor”, parecia soar como um prefixo de honra.
Em contingência disso, muitos dos ritualistas se dividiram. Segundo o autêntico Alec Mellor, para alguns os personagens eram a mesma pessoa, enquanto que outros sustentavam uma teoria dualista, mas divergiam quanto aos papéis respectivos de Adoniram e Hiran Abif na construção do Templo; uns sustentando que Adoniram não fora senão um simples subalterno (preposto), enquanto outros viam nele o verdadeiro personagem e herói da Lenda do Terceiro Grau.
Ainda segundo Mellor, foi assim que nasceu a Maçonaria Adoniramita, oposta aos “hiramitas”, se assim se pode dizer. A vertente Adoniramita ficaria conhecida pelo Recueil Précieux de La Maçonnerie Adonhiramite (Coletânea Preciosa da Maçonaria Adoniramita), publicada em 1782 por Louis Guillemain de Saint-Victor e atribuída pelo superado Ragon, sem qualquer fundamento, ao Barão de Tschoudy.
Como mencionado, em se tratando da Lenda do Terceiro Grau que é o que interessa para a Moderna Maçonaria, o personagem lendário é apenas uma pessoa se tomado nela como o arquiteto do Templo – seja ele Hiran Abif (meu pai) ou Adoniram (Senhor Hiram). A questão não é do preposto das corveias ou do hábil trabalhador com metais, mas do “Arquiteto do Templo” que fora assassinado pelos três maus Companheiros.
Assim, se tudo o que nos interessa é o significado dessa magnífica alegoria lendária, o personagem, não importando se Hiran ou Adoniram, atua com protagonismo único no teatro da morte e do renascimento, assim como nos rituais que instalam um Mestre Maçom na Cadeira da Loja.
De tudo, o personagem mais comum conhecido na Lenda Hirâmica é Hiran Abif, sobretudo no que diz respeito ao REAA\, embora alguns até o tenham como Adoniram ou Adonhiram.
Por fim, Hiran Abif, ou Adoniram também são mesmos personagens que representam o Arquiteto Construtor, tanto na Lenda do Hirâmica como naquela que o menciona com Balkis, a Rainha de Sabá.


T.F.A.

PEDRO JUK


AGO/2017

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

O ATO DE SE AJOELHAR. COM QUAL JOELHO?

Em 12/06/2017 o Respeitável Irmão Flávio Augusto Batistela, Coordenador Estadual de Comunicação e Imprensa GOSP-GOB, Loja Solidariedade e Firmeza, 3052, REAA, Oriente de Dracena, Estado de São Paulo, formula a seguinte questão:

O ATO DE SE AJOELHAR. COM QUAL JOELHO?


Meu Irmão, mais uma vez recorro a sua sabedoria maçônica para sanar uma dúvida: Na iniciação, no momento em que o candidato é levado ao Altar dos Juramentos, ainda vendado, para fazer o seu juramento, o mesmo é orientado a ajoelhar-se com o joelho esquerdo. Em outra ocasião, após receber a Luz, o mesmo é levado novamente ao Altar dos Juramentos, para ser sagrado (não sei se seria esse o termo correto) pelo Venerável Mestre como Aprendiz Maçom. Nessa oportunidade, o mesmo ajoelha-se com o joelho direito. Qual a simbologia ou qual o objetivo de ajoelhar-se com joelhos diferentes nessas oportunidades? Qual o objetivo, na primeira vez que o mesmo ajoelha, deve estar com um compasso na mão esquerda apontado para o peito?

CONSIDERAÇÕES.

O correto no simbolismo do REAA\ seria o seguinte. O Aprendiz em genuflexão apoia o joelho esquerdo no chão, o Companheiro o direito e o Mestre Maçom, ambos os joelhos.
Alguns autores querem formalizar essas intercalações de genuflexão associando-as às Colunas que os Aprendizes ocupam na Loja iniciaticamente. Assim, sob essa óptica, a genuflexão esquerda (de frente para o Oriente) corresponderia a Coluna do Norte, à direita a Coluna do Sul e com ambos os joelhos corresponderia as duas Colunas, já que o Mestre, em primeira análise, pela plenitude alcançada é senhor de todos os quadrantes da Loja, ou possui livre trânsito nas Colunas e no Oriente.
Eu particularmente entendo que isso é mera especulação, pois essas genuflexões quando feitas, ocorrem junto ao Altar dos Juramentos que fica no Oriente. Ora, o Oriente é um quadrante da Loja e nele não existem Colunas no Norte e do Sul, senão um superficial aspecto de orientação que é nordeste e sudoeste do Oriente.
No mais, cabe lembrar que no Oriente não existe circulação, o que comprova nele a inexistência de espaços denominados Colunas Norte e Sul.
Pela óptica da razão, penso que as diferenças das genuflexões conforme cada um dos Graus Simbólicos simplesmente se dá para diferenciar os procedimentos ritualísticos, obviamente que isso só acontece em bons rituais que cumprem a exigência da Arte, pois muitos deles, infelizmente, continuam a apresentar contradições ou falta de clareza na forma de se executar, o que geralmente acontece por falta de atenção dos ritualistas ou mesmo por simples erro de impressão.
Quanto ao Compasso aberto no máximo até 90 graus que vai empunhado pela mão esquerda com uma das pontas apoiadas no lado esquerdo do peito do protagonista e a outra voltada para cima, simbolicamente a que vai ao peito denota a certeza de que doravante o coração do iniciado será regido pela justa medida, enquanto que a outra apontada para o alto busca representar, conforme a sua fé, a ligação que o Iniciado tem com o Arquiteto Criador.
Para essa alegoria, nunca se deve utilizar o Compasso que constitui uma das Luzes Emblemáticas. Nessas ocasiões o Arquiteto (Decorador) deve providenciar e colocar estrategicamente antes outro instrumento para essa liturgia.
Dando por concluído, veja também “Formas de Genuflexão” no Blog do Pedro -Juk em http://pedro-juk.blogspot.com.br – Perguntas e Respostas – julho/2017.

T.F.A.

PEDRO JUK


AGO/20017.