sexta-feira, 30 de agosto de 2019

REAA - ALTAR DOS JURAMENTOS. AO CENTRO OU NO ORIENTE?


Em 07/06/2019 o Respeitável Irmão Antomar Marins e Silva, Loja Jonathas Abbott Filho, 3.340, GOB-RJ, Praia da Brisa, Oriente do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, apresenta a seguinte questão:

ALTAR DOS JURAMENTOS


Bom dia meu Irmão. Como não recebi uma resposta sobre o assunto, tomei a liberdade de reproduzir o texto que enviei para a Grande Secretaria de Cultura do GOB, pelo conhecimento que deposita no Irmão.
Desde minha Iniciação em 1974 até hoje o Rito Escocês Antigo e Aceito vem sofrendo modificação, algumas justificáveis, outras que ainda não consegui obter uma justificativa plausível a respeito. Dentre elas a do “Altar do Juramento” passar para o Oriente. Durante algum tempo pesquisei Lojas do R\E\A\A\ listadas no “List of Lodges”, inclusive na Inglaterra, França, Portugal, Espanha, Grande Loja Maçônica do Estado do Rio de Janeiro e outra mais. Em todas elas, pude observar que o “Altar de Juramento” permanece no Ocidente. Com todo respeito, sou de opinião que cada Rito deve ser mantido em suas origens. Mudanças simplesmente administrativas desiquilibram origens, bases filosóficas e esotéricas e exotéricas de cada uma. Como diz a Constituição de Anderson: Cada Rito tem suas características particulares, assemelhando-se ou divergindo do outro em aspectos gerais, em detalhes, mas convergindo em pelo menos um ponto comum: a regularidade maçônica, isto é, o reconhecimento internacional amparado pela Constituição de Anderson.
Nisto tudo me surge uma pergunta: Será que todas as Lojas do REAA espalhadas no mundo estão erradas e o GOB está correto?
Agradeço a atenção do Eminente Irmão e mais uma vez apresento minhas desculpas pela insistência em saber, como professor, o “por quê” das coisas.

CONSIDERAÇÕES.

Me permita discordar de um ponto do Irmão. Lojas que praticam o Rito Escocês Antigo e Aceiro autêntico pelo mundo, não trazem o Altar dos Juramentos ao centro do Ocidente.
Embora sem conhecer os rituais da sua fonte de pesquisa, penso ser pelo menos um pouco temerário afirmar peremptoriamente que o Altar é assim em “todas” as Lojas”.
Sem dúvida o assunto é vasto, mas devo nisso salientar que não é só porque esse ou aquele ritual traz uma prática litúrgica que ele pode ser tomado como fonte fidedigna. Não sem antes perscrutar com cautela a origem e a formação histórica do Rito. Em se considerando esse particular, vou colocar superficialmente apenas alguns tópicos que merecem ser levados em conta. Até porque muitas vezes nos acostumamos com ideias anacrônicas e quando as coisas voltam aos seus devidos lugares, costumamos imaginar que o retorno ao correto é mais uma mudança indesejável e que fere preceitos.
Em síntese, no que diz respeito particularmente ao Altar dos Juramentos no REAA, sua colocação no Oriente não é uma mudança, porém uma atitude acertada, pois é ali o seu lugar e não no centro do Templo.
Assim, para melhor compreensão dessa colocação, começo por mencionar que o REAA, nas suas origens, não nascera com graus simbólicos.
Nascido na França e originário do Rito de Héredon com seus únicos 25 graus, assim ele chegou aos Estados Unidos da América do Norte onde não tardaria a obter, por uma Constituição temerária, um total de 33 graus. A 31 de maio de 1801, em Charleston, Carolina do Sul, sobre o paralelo 33 da terra, era fundado o Primeiro Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceito. De origem francesa ele se firmaria como Supremo Conselho fundado em solo norte-americano.
Antes de retornar para a França, agora como REAA, os maçons desse Rito praticavam em solo norte-americano os três primeiros graus (franco-maçônico básico) das Lojas Azuis, não existindo especificamente para ele o simbolismo. Na realidade, Lojas Azuis é o termo que designa o Craft norte-americano. Em síntese, o título Lojas Azuis (Blue Lodges) na Maçonaria norte-americana é sinônimo de simbolismo – Aprendiz, Companheiro e Mestre.
Sob essa conotação, o REAA era praticado em se utilizando das Blue Lodges para os três primeiros graus e do 4º ao 33º grau do seu próprio sistema de Altos Graus.
É bom que se diga que as Lojas Azuis do Craft norte-americano, tem como ancestral a Maçonaria inglesa, sobretudo àquela ligada aos Antigos que faziam oposição aos Modernos na Inglaterra do século XVIII. O sistema de Altos Graus da Maçonaria norte-americana é conhecido também como York Rite, nada tendo a ver na sua liturgia com o REAA.
Retomando as considerações sobre o REAA, no ano seguinte à fundação do Primeiro Supremo Conselho, já em 1802 seria fundado na França o Segundo Supremo Conselho do REAA, com isso e com esse título o Rito retornava à Europa e particularmente à França. Entretanto, em solo francês, o Rito ficava órfão dos seus três primeiros graus já que na América do Norte o mesmo se utilizava do franco-maçônico básico das Lojas Azuis. Assim urgia a necessidade de se preparar um ritual para os três primeiros graus para ser praticado agora em solo francês. Isso aconteceria já no ano de 1804.
Assim, maçons franceses oriundos da América do Norte e de retorno à França, no ano de 1804 idealizariam a criação do primeiro ritual para o simbolismo do REAA.
Nesse particular cabe se compreender que a Maçonaria francesa na época desconhecia por completo o sistema das Lojas Azuis decalcada dos “Antigos” ingleses de 1751 e organizada em solo americano por Thomas Smith Webb – vide o monitor Ducan’s Ritual como exemplo.
Na realidade, a incipiente Moderna Maçonaria Francesa se utilizava na época das práticas maçônicas oriundas da Primeira Grande Loja londrina que ficaria conhecida como os “Modernos de 1717” e que era oposição aos “Antigos” de 1751 – vide a história dos Modernos e dos Antigos no desenvolvimento da Moderna Maçonaria inglesa.
Destaque-se que entre os dois sistemas – dos Modernos e dos Antigos – havia diferenças substanciais, sobretudo no que tange a liturgia e a ritualística, das quais, por exemplo, o lugar onde se tomavam os compromissos, o que seria rotulado genericamente mais tarde e conforme o rito como Altar dos Juramentos. Nesse particular, os Modernos tomavam suas obrigações sobre as Três Grandes Luzes junto ao pedestal do Venerável (diante dele), enquanto que os Antigos, o faziam no centro da Sala da Loja num altar específico. Destaco que isso é muito importante para que se possa compreender onde genuinamente deve ficar o Altar dos Juramentos no REAA - rito de origem francesa.
Não obstante as diferenças entre os Modernos e os Antigos, suas escaramuças acabariam com a união entre os dois grupos rivais, o que resultaria no ano de 1813, com a acomodação das diferenças e dos costumes, na fundação da Grande Loja Unida da Inglaterra, em cuja qual o simbolismo, mais conhecido por Craft (grêmio) é constituído apenas e tão somente pelos graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre (franco-maçônico básico).
No tocante ao lugar dos juramentos na Moderna Maçonaria, os ritos da vertente francesa, tal qual os rituais e trabalhos da vertente inglesa (Craft) manteve o lugar dos compromissos próximo, ou junto ao Venerável Mestre, enquanto que a Moderna Maçonaria norte-americana com as suas Lojas Azuis, manteve o lugar dos compromissos à moda dos “Antigos” de 1751, ou seja, no centro da Sala da Loja.
Cabe mencionar que nos primórdios da Moderna Maçonaria francesa, no século XVIII, a tomada dos juramentos era no Altar ocupado pelo Venerável Mestre – sobre ele é que ficavam as Três Grandes Luzes Emblemáticas (Livro da Lei, Esquadro e Compasso). No entanto, ao passar dos tempos, alegando melhor aproveitamento do espaço sobre o Altar, os franceses criaram uma extensão desse através de um pequeno móvel localizado logo à frente e que ficaria conhecido n Maçonaria Latina como Altar dos Juramentos.
Assim, esse pequeno móvel, tido como extensão do Altar mor e conhecido como Altar dos Juramentos, já aparecia nos seus primórdios existenciais no lado oriental da Loja e à frente do Altar ocupado pelo Venerável Mestre.
Com essa característica e de modo genérico os ritos de origem francesa, dos quais os mais conhecidos como o Rito Adonhiramita, o Rito Moderno, ou Francês, e o REAA trazem na topografia dos seus Templos o Altar dos Juramentos no Oriente. É bom lembrar que a característica de se tomar compromissos, ou juramentos no Leste da Loja foram praticas herdadas dos Modernos ingleses de 1717.
Especificamente o primeiro ritual simbólico do REAA, nascido na França em 1804 já trazia então o Altar dos Juramentos no Oriente da Loja.
No tocante ao escocesismo e a tomada dos juramentos no Oriente, há ainda o episódio das Lojas Capitulares ocorrido no primeiro quartel do século XIX. Esse foi um fato marcante e consolidou ainda mais o Altar dos Juramentos próximo ao Altar mor, sobretudo porque os costumes capitulares trouxeram para o simbolismo do REAA o Oriente demarcado e elevado em relação ao nível do Ocidente. A bem da verdade essa foi uma adequação para uma época em que o Grande Oriente da França administrava as Lojas do REAA do 1º ao 18º Grau, enquanto que o Segundo Supremo Conselho, do 19º até o 33º. Isso pode ser conferido no primeiro ritual do REAA (1804) quando o mesmo não trazia ainda Oriente elevado e nem demarcado por balaustrada. Com o advento do formato capitular, para se adequar a ele é que se elevou e demarcou-se o Oriente. Em qualquer das duas situações, o Altar dos Juramentos na Maçonaria francesa sempre ficou próximo ao Altar ocupado pelo Venerável Mestre.
É interessante se observar que mesmo depois de serem extintas as Lojas Capitulares, voltando as coisas nos seus devidos lugares - o simbolismo com a Obediência Simbólica e os Altos Graus com o Supremo Conselho - o Oriente ainda permaneceu elevado nas Lojas Simbólicas, o que consuetudinariamente ocorre nos dias atuais. De tudo, reitero, o Altar dos Juramentos sempre ficou no Leste da Loja. Tão importante foram esses acontecimentos para o escocesismo que se recomenda conhecer a história das Lojas Capitulares, o Segundo Supremo Conselho e o Grande Oriente da França no primeiro quartel do século XIX – não só pelo Altar dos Juramentos, Oriente elevado, etc., mas também pelo original matiz encarnado do REAA, que ainda, em alguns lugares, permanece azulado.
Nesse sentido essa é uma breve história sobre o porquê da maioria dos ritos filhos espirituais da França possuírem o Altar dos Juramentos no Oriente e próximos ao Altar ocupado pelo Venerável Mestre.
Especialmente no REAA esse Altar nunca deve estar localizado ao centro do Ocidente, pois essa localização é comum na Maçonaria norte-americana, herdeira dos costumes daqueles que faziam oposição aos Modernos ingleses de 1717, destacando-se assim que na época a França desconhecia por completo as práticas pregadas pelos Antigos de 1751 – vide as origens da Moderna Maçonaria Francesa e o Grande Oriente da França, séculos XVIII e XIX.
Se o Altar dos Juramentos no REAA é no Oriente, então como viria ele aparecer no centro da Loja aqui no Brasil?
Sobretudo isso aconteceu a partir da primeira grande cisão da Maçonaria brasileira que ocorreu no seio do Grande Oriente do Brasil em 1927, movimento esse que dera origem às Grandes Lojas Estaduais Brasileiras.
Sem entrar na questão do mérito e da história dessa cisão, o Irmão Mario Marinho Béhring, artífice principal dessa ruptura, após consolidada a criação Grandes Lojas por aqui, não tardaria buscar reconhecimento para a sua Obediência recém-criada.
Em síntese, Béhring recorreu às Grandes Lojas norte-americanas, cujas quais comumente se caracterizam por praticar o franco-maçônico básico conhecido como Lojas Azuis (Blue Lodges).
No tocante às práticas litúrgicas das Lojas Azuis, em particular a localização do Altar dos Compromissos, é que diferente dos ingleses (sobre o pedestal do Venerável) e dos franceses (pequeno móvel à frente do Altar ocupado pelo Venerável), as Lojas Azuis norte-americanas trazem o Altar para o centro da Sala da Loja - esse costume provavelmente fora herdado dos Antigos de 1751.
Vale a pena registrar que a os Modernos da Primeira Grande Loja estavam ligados à Coroa Britânica. Assim, a incipiente Maçonaria norte-americana da época, visando apoiar a independência das colônias inglesas na América do Norte, não se sujeitaria a uma Maçonaria que tivesse ligações estreitas com o reino inglês. Assim, os norte-americanos se aproximaram dos “Antigos” que, por extensão, não se submetiam à Maçonaria dita dos Modernos, ligada ao Trono. Assim se consolidaram em solo norte-americano muitos costumes inerentes à Grande Loja dos Antigos e trazidos para a liturgia das Lojas Azuis (Blue Lodge).
Com base nesses costumes praticados pelas Grandes Lojas dos Estados Unidos da América do Norte é que Béhring, em busca de reconhecimento para as suas Grandes Lojas brasileiras, acabou trazendo para o REAA aqui no Brasil inúmeros costumes praticados pelas Blue Lodges, dentre os quais, o Altar dos Juramentos colocado ao centro do Ocidente. Embora contraditório, nasce então no Brasil, na contramão dos ritos franceses, um REAA com o Altar dos Juramentos posicionado ao centro do Ocidente.
É daí que aparece em 1928 o primeiro ritual do REAA das Grandes Lojas aqui no Brasil, trazendo com ele não só o Altar ao centro, assim como outros costumes estranhos ao escocesismo, a exemplo das três luzes acesas em volta do Altar dos Juramentos, Salmo 133, Diáconos se utilizando de bastão, decoração azul do Templo, aventais azuis no lugar dos encarnados, etc. Diga-se que a bem da verdade, muitos desses costumes estranhos ao puro REAA tem sido indevidamente nele praticado, principalmente porque os mesmos foram trazidos de outra vertente de Maçonaria que não a francesa – em síntese, práticas de outros ritos.
Nesse sentido, ao longo dos anos, indevidamente essas práticas acabariam se espalhando e paulatinamente foram contaminando muitos dos rituais das Obediências brasileiras (não só das Grandes Lojas), o que fez com que Irmãos iniciados sob a égide dessas concepções ritualísticas, estranhas ao REAA, acabassem por eles defendidas como práticas autênticas, o que infelizmente não é verdade. É o caso, por exemplo do Altar dos Juramentos que no REAA fica originariamente no Oriente e não no centro do Ocidente.
E foi assim que indevidamente o Altar dos Juramentos no REAA mudou de lugar em alguns casos.
Muito mais poderia ser dito a respeito, mas esse espaço não comportaria todos os liames da história autêntica. Assim, muitas vezes, para que possamos afirmar algo, precisamos nos envolver com o tema em toda a sua amplitude, sobretudo na história quando devemos ser apenas os relatores fiéis dos acontecimentos sem nela sequer tomar partido dos fatos. A propósito, existe uma boa parcela de rituais antigos do REAA aqui no Brasil, anteriores e pós cisão de 1927 que, apesar das circunstâncias comuns ao modo latino publicar incontáveis rituais, ainda assim trazem eles o Altar dos Juramentos colocado corretamente no Oriente.
Reitero que penso ser temerário afirmarmos que em todo o mundo esse pequeno móvel, tão importante pelo seu viés iniciático maçônico, ocupe o centro da Loja no REAA. Prudentemente é melhor pesquisar os rituais franceses do século XIX e meados do XX para que se dê uma melhor avaliação sobre esse tema.
Por fim, lembro que aproximadamente no ano de 1996 o Grande Oriente do Brasil fez uma revisão nos seus rituais do REAA com a finalidade de extirpar anacronismos e enxertos de práticas advindas de outros ritos. É bem verdade que nem tudo ficou a contento, mas sem dúvida um grande avanço foi conseguido. Nesse sentido devo relatar que à época não houve “mudanças”, mas “retorno” às origens. Se mudanças houve, certamente foi porque um dia alguém trocou o certo pelo duvidoso. O que se fez então na época foi consertar a liturgia desses rituais. Nesse particular eu gostaria de destacar Irmãos de capacidade inquestionável e que se envolveram nessa empreitada. Eu poderia citar, dentre outros, por exemplo os Irmão Álvaro Gomes dos Santos, Fuad Haddad, e o irretocável José Castellani. Tenho certeza que esses Respeitáveis Irmãos jamais se ativeram às mudanças para descaracterizar a doutrina e a filosofia do Rito. Pelo contrário, penso que boa parte do bonde que andava fora dos trilhos fora neles devidamente colocado.


E.T. – Não pertenço à Secretaria Geral de Cultura do GOB, porém sou dele o titular da Secretaria Geral de Orientação Ritualística.


T.F.A.

PEDRO JUK


AGO/2019

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

EX-VENERÁVEL MESTRE NO REAA - EX- VENERÁVEL OU PAST-MASTER?


Em 06/06/2019 o Respeitável Irmão Sergio Paulo Zanetti, Loja D. Pedro II, REAA, GOB-PR, Oriente de Guaratuba, Estado do Paraná, solicita o que segue:

EX-VENERÁVEL NO REAA


Gostaria de passar algumas orientações sobre a utilização do termo Pasteur master, para os Ex-Veneráveis Mestres no REAA.

CONSIDERAÇÕES.

Em se tratando de REAA, rito de origem francesa, o termo mais apropriado para aqueles que, eleitos já tenham sido empossados no cargo de Venerável Mestre é o de ex-Venerável, destacando-se o ex-Venerável Mestre mais recente como aquele que acabara de deixar o cargo.
O termo “pasteur master” me parece inadequado (talvez seja para o inglês Past-Master), como também não é comum o uso de Maître Passé na Maçonaria francesa. Já na Maçonaria anglo-saxônica sim, pois ela trata o ex-Venerável como o Mestre Passado.
A bem da verdade, aqui no Brasil o termo Past-Master, inapropriado para o REAA, foi adquirido por influência da Maçonaria Norte-Americana, por extensão, da Inglesa, sobretudo após a cisão de 1927. É desse período que inadequadamente apareceu por aqui a Instalação no REAA, costume que mais tarde acabaria se espalhando pelas demais Obediências brasileiras.
Associado ao tema, na França, onde ainda não houve deturpação dos rituais como aqui no Brasil, Instalação significa simplesmente posse – a posse daquele que foi eleito para dirigir uma Loja.
O título honorífico de Mestre Instalado é termo comum da Maçonaria Inglesa e que por aqui desafortunadamente acabou se generalizado. Notadamente por aqui a cerimônia de Instalação aplicada indiscriminadamente em todos os ritos é uma cópia muito malfeita e deturpada dos costumes ingleses.
Concluindo, numa síntese disso tudo é que no REAA, verdadeiramente o dirigente da Loja é o Venerável Mestre. Cumprido o seu tempo ele passa a ser o ex-Venerável Mestre mais recente. Por extensão todos os Mestres Maçons que passaram pelo Veneralato de uma Loja são conhecidos como os ex-Veneráveis, enquanto que Mestre Passado (Past-Master) é termo apropriado para o Craft (ritos e trabalhos da Maçonaria anglo-saxônica).


T.F.A.

PEDRO JUK


AGO/2019

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

REAA - MENCIONAR TODAS AS AUTORIDADES E PROCEDIMENTO RITUALÍSTICO NA EXPOSIÇÃO DA LENDA


Em 05/06/2019 o Respeitável Irmão João Batista Alves Souza, Loja Fraterna União, 1.615, REAA, GOB-GO, Oriente de Goiatuba, Estado de Goiás, solicita esclarecimentos para o que segue:

QUESTÕES RITUALÍSTICAS DO REAA


1 - Gostaria de sanar uma dúvida minha, qual seria o correto na saudação das autoridades presentes, antes de começar a falar. Saúda o Venerável, e os Vigilantes primeiros, antes no caso se estiver o Soberano, Grão-Mestre Estadual, deputado federal, deputado estadual, secretários, Mestre instalados, Veneráveis. Qual seria a ordem certa.
2 - Em uma Exaltação, quem fala a c\s\d\dd\oo\, é o 1º ou 2º Vig? E no círculo qual as posições do Venerável, e os Vigilantes.


CONSIDERAÇÕES.

  1. Tenho comentado em inúmeros escritos a respeito: o ato de se dirigir protocolarmente às Luzes da Loja, autoridades e demais presentes não é saudação. Reitero, não é saudação.
Essa atitude nada mais é do que o protocolo de costume utilizado quando se vai fazer o uso da palavra. Isso não é saudação. Saudação só é feita pelo Sinal Penal apenas ao Venerável Mestre quando do ingresso e saída do Oriente ou as Luzes da Loja quando da entrada formal com a Marcha do Grau, ou ainda às Luzes quando da saída de alguém definitivamente antes do encerramento dos trabalhos.
Novamente esclarecido isso, um Irmão ao fazer uso da palavra, devidamente autorizado, se coloca à Ordem e, sem desfazer o Sinal de Ordem se dirige por primeiro ao Venerável Mestre e Vigilantes, a seguir autoridades presentes (sem a necessidade de nominá-las uma a uma) e por último, genericamente aos demais Irmãos.
Quando menciono “autoridades” por óbvio nelas se incluem os Grão-Mestres, tanto o Soberano quanto os Eminentes. Assim, por princípio, os primeiros a serem mencionados são aqueles que detém o malhete, independente da autoridade que esteja presente.
Não existe uma regra para que obrigue o usuário da palavra a mencionar um a um os cargos e autoridades presentes. Na verdade, isso fica a critério do usuário da palavra, embora mencionar todos não seja recomendável, principalmente pela perda de tempo que essa atitude acaba provocando. Reitero, além do quê, não é obrigatória.
Mesmo assim, se a ideia for a de mencionar autoridades, então após ter se dirigido primeiramente às Luzes da Loja, o usuário da palavra pode optar por se dirigir a mais alta autoridade presente para que, em seu nome, se dirija aos demais. Essa seria uma atitude mais apropriada, melhor do que ficar mencionando uma a uma as autoridades e cargos. Agora, imagine-se uma Loja com número grande de presença e cada usuário da palavra ficar repetindo nomes e cargos.
  1. Na exposição teatral da Lenda o Respeitab\ se posiciona de costas para o Or\ e próximo ao pé do esq\; o Venerab\ 2º Vig\ se coloca no Sul diante da porção mediana direita do esq\, enquanto o Venerab\ 1º Vig\ se coloca na Coluna no Norte diante da porção mediana esquerda do esq\. O primeiro a se aproximar do esq\ é o Venerab\ 2º Vig\, que no ato pronuncia J\. O segundo a se aproximar é o Venerab\ 1º Vig\, que no ato pronuncia B\ e logo a seguir exclama: a c\ s\ d\ dd\ oo\!
Cabe por fim comentar que no Ritual existe equívoco de impressão e os procedimentos estão trocados. Esses erros serão corrigidos nas adequações e orientações relativas ao Terceiro Grau que em breve estarão na plataforma http://ritualistica.gob.org.br/


T.F.A.

PEDRO JUK


AGO/2019

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

REAA - COMO SEGURAR O MALHETE


Em 05/06/2019 o Respeitável Irmão Eduardo Gonçales, Loja Carlos Gomes, 1.598, REAA, GOB-SP, Oriente de São Paulo, Capital, pede o seguinte esclarecimento:

FORMA DE SEGURAR O MALHETE

 
Preciso de um auxílio dos seus conhecimentos do ritual. Nas trocas de malhetes, quando Ven\ estar em pé no Trono de Salomão ou fora, Ven\ tem que segurar o malhete com a mão direita, e apoiar sobre peito lado esquerdo, sempre que estiver aguardando, ou não se faz necessário esse procedimento?
CONSIDERAÇÕES.

  1. Em pé no seu lugar - Tanto o Venerável Mestre, bem como os Vigilantes, os mesmos deixam o malhete e compõe o Sinal de Ordem normalmente, como qualquer obreiro. Nessa ocasião é equivocado o costume de pousar o malhete no lado esquerdo do peito.
  2. Fora do seu lugar portando o malhete em pé e parado - Tanto o Venerável Mestre, assim como os Vigilantes, devem estar com corpo ereto e os pés em esquadria; o malhete estará empunhado pela mão direita na posição vertical e pousado no lado esquerdo do peito (na altura do ombro esquerdo) com as percussoras para os lados; o antebraço direito fica pousado horizontalmente na parte baixa do peito formando uma esquadria com o respectivo braço caído verticalmente e colado na parte direita do corpo; o braço esquerdo estará caído normalmente ao lado do corpo.
  3. Em deslocamento empunhando o malhete - Os titulares andarão normalmente, empunhando o malhete com a mão direita na posição vertical, cujas percussoras estarão voltadas para a frente e para trás. Antebraço direito horizontalmente à frente forma com braço uma esquadria. O cotovelo fica colado ao lado direito do corpo.
Essas orientações farão parte das condutas ritualísticas que irão para a plataforma do GOB RITUALÍSTICA junto a cada um dos três rituais simbólicos do REAA.


T.F.A.

PEDRO JUK


AGO/2019

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

REAA - TRADICIONALMENTE QUEM ABRE O LIVRO DA LEI.


Em 02/06/2019 o Respeitável Irmão Hélio Brandão Senra, Loja União, Força e Liberdade, 272, REAA, Grande Loja Maçônica de Minas Gerais, sem mencionar o nome do Oriente, Estado de Minas Gerais, apresenta as seguintes questões:

QUEM ABRE O LIVRO DA LEI E SUBSTITUIÇÃO NOS CARGOS.


Poderoso Irmão: não tenho nenhuma dúvida quanto à Instalação do Venerável Mestre Eleito, mas 2 questões, na cerimônia de Posse da nova administração, me incomodam.
1ª - Na abertura da loja o Livro da Lei é aberto pelo Venerável Mestre imediato que, no caso, está deixando o cargo. Sempre me disseram que quem fecha o Livro da Lei é quem
o abriu, exceto em situações excepcionais em que, por alguma urgência, tenha sido obrigado a deixar a reunião. Estando, ainda, presente na reunião deveria ser ele a fechá-lo. No entanto, em algumas Lojas quem é convocado é o Venerável Mestre que acabou de deixar o cargo e se tornou Ex Venerável imediato. Qual o correto?
2ª - É muito comum, em algumas Lojas, os Oficiais que completam a nova administração (Vigilantes e etc.) já assumirem os seus postos na abertura dos trabalhos. No momento de prestarem os seus juramentos e receberem os seus paramentos e instrumentos de trabalho (malhetes, bastões e etc.) são conduzidos ao Altar e, portanto, seus lugares ficam vazios. Muitos Irmãos, imediatamente, ocupam os seus lugares sob a alegação de que eles não podem ficar vagos. E, ao final, assiste-se a uma quantidade enorme de tríplices abraços. A seguir esta orientação, então, o Venerável Mestre quando tem de se dirigir ao Altar nas Cerimônias de Iniciação, Elevação e Exaltação para a devida sagração teria de ser substituído também. Entendo que quando o Irmão está cumprindo uma tarefa prevista no Ritual e que exige o seu deslocamento do posto não há necessidade de substituição.
Qual o correto?

CONSIDERAÇÕES

  1. Eu não sei se compreendi bem a sua questão, mas vou tecer considerações sobre o que é o correto na tradição do REAA quando se trata de quem é o responsável pela abertura do Livro da Lei.
Quem o abre (ou deveria abrir) no Rito em questão é o ex-Venerável mais recente da Loja.
Mas quem é o ex-Venerável mais recente? É aquele que exerceu o veneralato da Loja imediatamente antes da gestão atual. Poderia se dizer: aquele que foi o Venerável Mestre na gestão passada.
Assim, é esse ex-Venerável quem abre e faz a leitura do Livro da Lei para o início dos trabalhos nas sessões, bem como é aquele que fecha o Livro da Lei logo após terem sido declarados encerrados os trabalhos pelo Primeiro Vigilante e declarada a Loja fechada pelo Venerável Mestre. Em síntese, o mesmo ex-Venerável Mestre que abre o Livro da Lei na abertura, é o mesmo quem o fecha no encerramento, salvo nas sessões de Instalação e Posse.
Infelizmente, algumas Obediências, de modo equivocado, determinam essa missão exclusivamente ao Orador, o que não é autêntico, pois quem o faz é mesmo o ex-Venerável mais recente da Loja. Em havendo impedimento para tal, outro ex-Venerável, o anterior ao passado (penúltimo), exerce esse ofício. No caso de não estarem presentes os ex-Veneráveis, ou mesmo, estiverem exercendo outros cargos, aí então lança-se mão do Orador para fazer a abertura. É provável que muitas Obediências, prevendo essas ausências, já dão a exclusividade desse ofício ao Orador.
No caso de uma Sessão Magna de Instalação e Posse, quem abre a Loja é o Venerável Mestre que está prestes a deixar o cargo, portanto a abertura do Livro da Lei é feita ainda pelo ex-Venerável da gestão anterior àquela que agora está prestes a ser encerrada. Já ao final dos trabalhos, o ex-Venerável mais recente é o que acaba de deixar o cargo e, nesse caso, é ele quem fecha o Livro da Lei. Isso acontece somente nesse tipo de sessão quando se encerra um mandato e começa outro.
  1. Vamos por partes. Apenas esclarecendo. Existem as Luzes da Loja (Venerável Mestre e Vigilantes), as Dignidades da Loja (as Luzes mais o Orador e o Secretário) e os Oficiais da Loja (demais cargos). Há ainda os cargos eletivos que são compostos pelas Luzes e demais Dignidades da Loja mais o Tesoureiro e o Chanceler (sete cargos).
Não raras vezes existem Obediências que equivocadamente tratam os cargos eletivos como Dignidades da Lojas. Entenda-se que as Dignidades de uma Loja perfazem cinco titulares (três Luzes, Orador e Secretário) e os eletivos, sete (Dignidades, Tesoureiro e Chanceler). An passant, Tesoureiro e Chanceler, assim como os Cobridores, Mestre de Cerimônias, Expertos, etc., são os Oficiais de uma Loja do REAA. Mestres Instalados, salvo o Venerável Mestre, são os ex-Veneráveis.
Retomando a sua questão propriamente dita, essas substituições não deveriam acontecer, sobretudo essas regradas à incontáveis tríplices abraços.
De modo correto, na posse dos cargos eleitos e dos oficiais nomeados, é que esses recebam a efetividade dos seus cargos a partir do momento em que os mesmos declaram os seus compromissos.
Devido isso é que quem vai assumir um cargo não deve estar no mome
nto exercendo um, mas sim aguardando o momento para assumir.
Por isso é mais apropriado solicitar o auxílio de Lojas coirmãs para auxiliarem nos trabalhos até que os efetivos do quadro sejam devidamente empossados na sessão.
Assim, reitera-se, aqueles do quadro que irão assumir cargos devem antes aguardar como Mestres sem cargo.
A questão dos lugares temporariamente vazios - Desafortunadamente ainda existem opiniões temerárias que “acham” que a eventual e simples saída de um obreiro do seu lugar careça que alguém assuma o cargo até o seu retorno. É daí que se dão os rançosos desfiles de tríplices fraternais abraços.
Ora, isso é improdutivo e simplesmente não serve para nada – nem a substituição e nem os abraços. Se assim fosse, cada vez que o Mestre de Cerimônias deixasse o seu lugar haveria de ser necessário sua substituição; os Vigilantes, por exemplo, não poderiam deixar seus lugares nas verificações; o Venerável teria que ser substituído ao ter que fazer uma sagração de candidato, e por aí vai.
Só se substitui um cargo quando a ausência for definitiva - ou pela ausência do titular ou por uma saída peremptória. Nesse caso, seguindo regras, o substituto assume o lugar do titular até o final dos trabalhos, e não apenas por um capricho ou necessidade momentânea.
Quanto aos exageros de amplexos (abraços) não há muito o que se comentar, senão dizer que é atitude desnecessária e deve ser tratada apenas como mera “firula”. Tenho dito que o exagero acaba tornando uma prática significativa num gesto simplesmente vulgar.


T.F.A.

PEDRO JUK


AGO/2019