segunda-feira, 28 de setembro de 2020

PRÁTICAS INEXISTENTES NO REAA - BATERIA DE ALEGRIA, SALVA DO GALO, ETC.


Em 11/04/2020 o Respeitável Irmão Walmor Bindi Júnior, Loja Fraternidade Mourãoense, 4.313, REAA, GOB-PR, Oriente de Campo Mourão, Estado do Paraná, apresenta a questão seguinte:

 

BATERIA DA ALEGRIA

 

Estava a fazer uma pesquisa sobre a "bateria da alegria", usada, em sessão, para expres


sar felicidade por algum acontecimento, ou homenagear visitantes ou uma Loja, dentre outras situações de "honrada alegria". Ocorre que não encontrei muito material. E, certa vez, em uma visita, presenciei um Venerável Mestre invocar tal bateria com o título de "salva do galo". Este termo está correto? Pode me dar um norte para esta pesquisa?

 

CONSIDERAÇÕES.

 

É mesmo impressionante até aonde chega à imaginação de alguns Irmãos, sobretudo a desse Venerável Mestre que invocou a “salva do galo”!!!

Meu Irmão, nada disso existe, principalmente em se tratando do REAA. Nele não existe bateria de alegria, do galo, situações de honrada alegria, etc.

De fato, se o Irmão fizer consulta em autores sérios e comprometidos com a verdade, certamente não serão encontradas referências relacionadas a essas invenções, simplesmente porque elas não existem, não passando de fértil imaginação.

Como se pode notar, essas práticas nem sequer são mencionadas no ritual em vigência, portanto são inexistentes na liturgia do Rito.

É preciso compreender que as Loja Maçônicas não servem para palco para proselitismos, experiências e aplicações de condutas que não condizem com a sua doutrina, prática e liturgia.

Esqueça por favor essas aberrações, ao tempo em que afirmo não existir nenhum Norte verdadeiro para pesquisas do tipo das que se sustentam em aleivosias ritualísticas. Siga o Ritual e o Sistema de Orientação Ritualística que se encontra a disposição na plataforma do GOB RITUALÍSTICA em http://ritualistica.gob.org.br

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

http://pedro-juk.blogspot.com.br

 

 

SET/2020

terça-feira, 22 de setembro de 2020

CADEIA DE UNIÃO E A PALAVRA SEMESTRAL

 

Em 08.04.2020 o Respeitável Irmão Daniel Carlos Ferreira, Loja Portal da Mantiqueira, sem mencionar o nome do Rito, GLMMG (CMSB), Oriente de Barbacena, Estado de Minas Gerais, através do Respeitável Irmão Cláudio Rodrigues, pede esclarecimentos para o que segue:

 

CADEIA DE UNIÃO

 

Quem me passou seu e-mail foi um irmão, integrante do MMAALLAA por conta de


um questionamento que fiz no grupo e ele disse que o Irmão, por ser professor da Escola Maçônica, poderia me ajudar na questão.

Estou fazendo um estudo sobre a Cadeia de União e quando participei da Escola Maçônica em Barbacena o posicionamento claro da Escola é que ela só é usada para a transmissão da palavra semestral.

Durante as discussões sobre as condutas e liturgias dos rituais muito tem-se discutido sobre isso e alguns irmãos se mostram não concordantes com essa postura, dizendo que outra era feita e, principalmente onde está previsto que é só para a transmissão da palavra semestral.

Um irmão que é estudioso constante me apontou que o fundamento é o previsto na página 47 do Manual de Etiqueta & Protocolo Maçônico, porém entendo que não é taxativo, pois aponta que é PARA A TRANSMISSÃO DA PALAVRA, mas não fala que é só para ela.

Em sentido contrário, o autor Rizzardo da Camino, na edição do Rito Escocês Antigo e Aceito 1º ao 33º, aponta a Cadeia de União como sendo ainda o local para tais condutas para meditação, oblações, súplicas e agradecimentos e descreve uma linda liturgia para a formação, condução e término, além de apontar uma coerente e profunda finalidade dessas condutas.

Sou novo na Ordem, agora MM, tenho realizados estudos e atualmente estou na Cadeia de União. Já entrei em contato com a Loja Maçônica, alguns irmãos componentes dela e queria, agora, a opinião, ajuda, ensinamento de todos aqueles que puderem fazê-lo para desenvolver uma real dimensão sobre o assunto e, principalmente, saber da origem e implicações das atuações modificações.

Dessa forma, gostaria de contar com tua ajuda, se puderes, é claro.

 

CONSIDERAÇÕES:

 

Antes um breve resumo histórico sobre a origem da Palavra Semestral.

De pronto é preciso compreender que a utilização dessa prática não é universal em se tratando de Ritos e Obediências, pois esse costume é aplicado principalmente na vertente oriunda da Maçonaria Francesa (latina).

Segue então o resumo que envolve a Maçonaria Francesa.

Em face aos desacertos causados pela morte do Duque D’Antain em 1743, primeiro Grão-Mestre da Maçonaria francesa, e a ascensão do Conde de Clermont ao Grão-Mestrado da Ordem na França - esse pouco interessado com as práticas maçônicas – o que fez com que ele colocasse prepostos no seu lugar e cujos quais acabaram exercendo ilimitadamente o seu poder, causando, com isso, uma desastrosa fragmentação da Obediência que resultou em graves consequências.

Esses choques de comandos internos trouxeram muitos tumultos que tiveram como consequência a expulsão de vários membros da Sublime Ordem. Um exemplo dessa situação pode ser constatado no ocorrido em 27 de dezembro do ano de 1766, ocasião em que se realizavam as comemorações pertinentes a João, o Evangelista. Naquela oportunidade, membros excluídos devido às intrigas internas, invadiram o local onde se celebravam os trabalhos comemorativos, havendo, inclusive, necessidade de intervenção policial para o restabelecimento da ordem. Graças a isso é que as atividades maçônicas na França acabaram suspensas por tempo indeterminado, durando essa interrupção até o ano de 1771.

Nesse contexto, os acontecimentos que se seguem à morte do Conde de Clermont levam o Duque de Chartres, que era primo do rei, a ser efetivado Grão-Mestre, contudo esse deixa a parte administrativa da Ordem por conta do Duque de Luxemburgo (na verdade essa foi uma situação arquitetada para readmissão de alguns membros expulsos pelas escaramuças internas). Assim, muitos maçons excluídos acabaram por ser reintegrados aos quadros da Maçonaria.

Esses maçons reintegrados, juntamente com o Conselho dos Imperadores do Oriente e do Ocidente, Conselho esse que fora criado por Pirlet em 1758, formam uma comissão para estudar uma ampla e profunda reforma administrativa na Maçonaria francesa. Disso resultou que em 24 de dezembro de 1771 a Grande Loja da França é declarad



a extinta. Destaque-se que essa Grande Loja francesa ainda mantinha estreitas relações com a Primeira Grande Loja da Inglaterra, o que consignava uma forte influência dos Modernos ingleses de 1717.

Em 09 de março de 1772, essa mesma assembleia, pensando em se afastar das influências da Grande Loja londrina, declarava então a criação de uma nova Obediência que atendia pelo nome de Grande Loja Nacional da França. Em 22 de outubro desse mesmo ano, a Obediência francesa reúne-se novamente em assembleia e declara que seu título distintivo passaria doravante a ser denominado por Grande Oriente da França, sendo assim criado o primeiro Grande Oriente do mundo. Nessa ocasião fora então empossado como Sereníssimo Grão-Mestre do Grande Oriente da França, Felipe de Orleans, o Duque de Chartres.

É então dentro desse quadro de acontecimentos que surge a Palavra Semestral. Sua história remonta à instalação de Felipe de Orleans como Grão-Mestre do Grande Oriente da França. O motivo da sua criação se deu pela necessidade de impedir a presença de maçons ainda remanescentes das contendas e não filiados ao Grande Oriente. Assim, essa criação da Palavra Semestral passava a limitar o livre direito de trânsito entre as Lojas até então adotado.

Desse modo, em 03 julho de 1777, por Decreto do Grão-Mestre era então criada pelo Grande Oriente da França a Palavra Semestral que seria então utilizada na corrente latina da Maçonaria.

Ainda sobre a criação da Palavra Semestral, é oportuno mencionar a súplica do Conselho da Ordem feita ao Grão-Mestre, o qual se deu, em tradução livre, nos seguintes termos:

“Convencidos por uma longa experiência que os meios empregados são insuficientes até hoje para afastar falsos maçons, acreditamos não haver melhor forma do que pedir ao Grão-Mestre, que dê, de seis em seis meses, uma palavra que não será comunicada, senão aos maçons regulares e mediante na qual eles se farão reconhecer nas Lojas que visitarem”.

É essa a certidão de nascimento da Palavra Semestral.

Sob esse feitio é que até hoje a “palavra” tem sido renovada nas datas solsticiais pelo Grão-Mestre e serve para comprovar a regularidade do maçom quando em visita a outras Lojas. De modo prático, com a sua aplicação, o maçom que desconhecer a palavra em vigência, ou pelo menos a vigorante no período imediatamente anterior, revela a sua não frequência em Loja há pelo menos seis meses, o que faz dele um membro irregular.

Sobre a Cadeia de União e a Palavra Semestral, conforme revela Jules Boucher in A Simbólica Maçônica - Dervy-Livres, Paris, 1948, 1979 - primitivamente a Palavra Semestral era composta por duas palavras. Para a sua transmissão formava-se uma Cadeia de União, de modo que ambas as palavras, que começavam com a mesma letra e eram sussurradas nos ouvidos, circulasse, uma pela esquerda e outra pela direita até que elas voltassem àquele que as comunicou (o Venerável Mestre) de modo justo e perfeito. Caso fosse constatado algum erro na sua volta, o Venerável a fazia circular novamente.

É bastante provável que as “duas” palavras eram utilizadas como senha e contrassenha respectivamente, ou seja, o visitante transmitia uma palavra ao Cobridor e dele recebia a outra palavra, ficando evidenciada a regularidade de ambos – tanto do visitante quanto da Loja visitada.

Com o passar dos anos, o costume de se utilizar duas palavras acabaria por se transformar na utilização de apenas uma palavra, cuja qual percorre, na forma de costume, respectivamente, pela direita e pela esquerda da Cadeia.

Assim, por esse formato de comunicação entre o Venerável e os membros regulares da sua Loja é que a Cadeia de União se faz presente nesse ato, não devendo, portanto, sob o ponto de vista da originalidade, ser utilizada para nenhum outro fim.

Nesse sentido, o verdadeiro REAA, rito de origem francesa, segue rigorosamente essa tradição, formando a Cadeia de União somente após o encerramento dos trabalhos e apenas para a transmissão da Palavra Semestral.

Se faz oportuno explicar que a Cadeia é constituída após o encerramento dos trabalhos para que eventuais visitantes não mais estejam presentes (evitando constrangimentos), destacando que a Palavra Semestral somente é transmitida pelo Venerável aos obreiros da sua Loja (obviamente que cada Venerável assim procede).

A despeito de que a Cadeia de União é artifício litúrgico utilizado apenas para a transmissão da Palavra Semestral, vale a pena mencionar que existem ritos que a ocupam para outras finalidades, contudo, reitero, esse não é o caso do REAA.

A despeito do que menciona o seu Manual de Etiqueta & Protocolo Maçônico mencionado na questão, me parece que ele é laudatório, pois enfatiza que “é para a transmissão da Palavra Sagrada”. Ora, se para ele houvesse outra finalidade, certamente que o texto seria assim direcionado, contudo isso não acontece, pois ele simplesmente menciona que a Cadeia é para a transmissão da Palavra Semestral. Creio que não precisa ser mais taxativo do que isso. Me perdoe, mas buscar outro sentido nesse contexto é o mesmo que procurar pelo em casca de ovo.

No tocante a “certos” autores e as suas “lindas liturgias” (sic), apenas entendo que esses enveredaram para o caminho da imaginação, portanto, sem base histórica. Nesse caso eu prefiro não comentar, até porque tenho aversão a invencionices que surgiram, sobretudo, nas épocas em que aqui no Brasil a cultura maçônica, ainda capenga e debilitada, habitava uma terra de ninguém. Valendo-se disso alguns autores escreviam aquilo que lhes vinha à imaginação (em terra de cego quem tem um olho é rei) . Atualmente os tempos são outros. Certas ideias mirabolantes não cabem mais no contexto cultural e acadêmico da Maçonaria autêntica.

Por fim, observo que eu quis lhe dar alguns subsídios inerentes à questão, lembrando que ritual em vigência não deve ser desrespeitado, mas, na presença de elementos contraditórios, ele é também merecedor de uma ampla discussão, no sentido de que possam os canais competentes da sua Obediência corrigir as eventuais distorções e imperfeições.

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

http://pedro-juk.blogsot.com.br

 

 

SET/2020

domingo, 20 de setembro de 2020

ASSUNTOS DE FINANÇAS EM LOJA

 

Em 08/04/2020 um Irmão de uma Loja Oriente de Vila Velha, Estado do Espirito Santo, solicita o seguinte esclarecimento:

 

ASSUNTOS DE FINANÇAS.

 

Venho por meio deste e-mail tirar uma dúvida com você, pois verifiquei que atualmente


ocupa o cargo de Secretário Geral de Orientação Ritualística.

A dúvida é a seguinte: A sessão ocorre em Grau 1, e um Irmão Mestre coloca no saco de propostas uma negociação de parcelamento de seus débitos, o Venerável faz a leitura, porém quando o mesmo vai iniciar a apresentação do Irmão em debito para depois girar a palavra, um Mestre Instalado diz que a sessão deveria mudar para grau 3, o Venerável Mestre aceita e assim faz.

A minha dúvida é se é Finanças não deveria ocorrer em grau 1 ao invés de mudar o grau da sessão?

Eu procurei na Constituição, mas não achei nada que especifica o grau, conversei com outros irmãos e percebi diferentes posicionamentos, porém muitos deles "políticos" de mais, e assim a dúvida persiste pois vejo, que se não está na Constituição ou nas orientações gerais, qualquer tipo de finanças deve ocorrer em grau 1.

Minha intenção não é causar atrito, mas sim entender melhor esse tipo de situação, e sanar essa dúvida que persiste em mim.

Desde já agradeço.

 

CONSIDERAÇÕES.

 

Embora esse não seja um assunto próprio de liturgia e ritualística, deixo alguns apontamentos que talvez possam esclarecer essa questão, ao tempo em que sugiro ao Orador da Loja, que é o Guarda da Lei e representante do Ministério Público Maçônico, que se manifeste amiúde sobre o assunto.

Nesse sentido, alerto para que assuntos de finanças obrigatoriamente devem ser tratados em sessão de finanças, que é prevista no Regulamento Geral da Federação como sessão ordinária – vide RGF, Capítulo X, Artigo 108, § 1º.

Alerto também para a obrigatoriedade da existência da comissão de finanças da Loja, essa também prevista no RGF in Seção VIII, Das Comissões, Artigo 128, I.

No tocante ao assunto discutido ser levado para uma sessão em Grau de Mestre, conforme menciona a questão, tal procedimento não faz nenhum sentido, sendo, portanto, um alerta equivocado da parte do Mestre Instalado que interviu, pois consta no Art. 109 do RGF que que as sessões ordinárias de finanças serão realizadas em Grau de Aprendiz, devendo as mesmas ser convocadas por edital com antecedência mínima de 15 dias. Ainda exara o mesmo Art., no seu § 1º que, para a realização de uma sessão ordinária de finanças, é indispensável o parecer prévio da Comissão de Finanças.

Pelo exposto, parece que o andamento do processo na Loja precisa ser revisto, reiterando que o Orador deve antes opinar pelo ponto de vista legal. Há que se ter mais atenção com os procedimentos legais, sob pena de anulação de todo o processo por não ter seguido os trâmites exarados do Diploma Legal. É o que eu tenho dito, o Orador é o fiscal da lei e assim deve se comportar. Há mecanismo para tal, pelo que sugiro consulta no GOB LEX.

Concluindo, entendo ser de bom alvitre que de vez em quando as Lojas ocupassem os seus Tempos de Estudos com temas correlatos à Legislação Maçônica, tendo, inclusive como instrutor, o Guarda da Lei.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

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SET/2020

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

REAA - TRANSFORMAÇÃO DA LOJA


Em 01/04/2020 o Respeitável Irmão Elmo Nélio Moreira, Loja Itaúna Livre, REAA, GOMG (COMAB), Oriente de Itaúna, Estado de Minas Gerais, solicita esclarecimentos para o que segue:

 

TRANSFORMAÇÃO DE LOJA

 

Já trocamos e-mails outrora. Já o conheço e acompanho seus escritos há muito tempo e


sei de suas qualidades. Por isso recorro ao Irmão. Novamente.

Na minha Loja Simbólica, eventualmente alteramos uma Sessão de Aprendiz para Sessão de Companheiro, alteração que denominamos convolação. Na Ordem do Dia os Aprendizes se retiram, o Orador é levado ao Livro da Lei para leitura do Salmo e alteração da posição do Esquadro/Compasso para o Grau 2. Nossa dúvida reside sobre o momento da troca do sinal, pois estamos à Ordem com o sinal de Aprendiz (gutural). Trocamos para o sinal cordial na leitura do Salmo ou quando o Orador alterar a posição do Esquadro/Compasso? Já vasculhei os escritos relativos ao GOMG, no que temos que seguir, mas nada encontrei a respeito. Até porque é do nosso conhecimento que essa alteração não deve ser costumeira, pois nem está prevista em nosso Ritual e nem no livro que detalha a ritualística para se cumprir o Ritual que utilizamos. Então, recorro ao Irmão para nos orientar com sua opinião, de acordo com os “usos e costumes” (na ausência de previsão em Ritual), ou de acordo com o funcionamento formal que seja de seu conhecimento. Sou Mestre Instalado na Loja Maçônica Itaúna Livre e coordeno nossa Escola Maçônica, a qual é responsável pelas Instruções a todos os Irmãos e preparação de Aprendizes e Companheiros para respectivos aumentos de salário. Pode nos ajudar?

 

CONSIDERAÇÕES.

 

Antes alguns comentários pertinentes:

O termo comumente utilizado na Maçonaria para a mudança de grau numa sessão é o de “transformação de Loja”. Para mim é novidade o emprego do verbo transitivo indireto “convolar” para essa prática. Outro aspecto é o de que instruções em Loja ocorrem no Tempo de Estudos, podendo, inclusive, ser aberta uma “sessão de instrução”, se o regulamento previr. Assim, não é apropriado ministrar instruções na Ordem do Dia. Cabe ressaltar que a Ordem do Dia é preenchida com assuntos previamente organizados e que carecem de votação. Por fim, alerto que a leitura do Livro da Lei no 2º Grau não se trata de Salmo, mas de versículos do Livro de Amós. Do mesmo modo no 3º Grau, onde se faz a leitura em Eclesiastes. O Salmo de Davi, embora na contramão do que prevê tradicionalmente no REAA[i], é previsto no 1º Grau.

No tocante à sua questão e o momento em que se “transforma” o Sinal do Grau, esta ocorre assim que o Esquadro e o Compasso fiquem dispostos sobre o Livro da Lei de acordo com o Grau que a Loja foi transformada. Geralmente, quando existe transformação de Loja, o Venerável Mestre, atento a liturgia, é que dá o comando. Por exemplo: à Ordem no 2º Grau!

Concluindo, cabe ainda uma última observação sobre procedimentos para aumento de salário e a Ordem do Dia. É bom que se diga que algumas Obediências tratam da apresentação do trabalho do grau e do questionário de avaliação durante a Ordem do Dia. Para tal existe uma explicação. É que dessa apresentação haverá votação para conceder ou não o aumento. Dessa forma, cabe essa matéria na Ordem do Dia, contundo há que se notar que isso não é mais instrução, mas avaliação de alguém que aspira mudança de grau. Geralmente, depois da apresentação, ainda na Ordem do Dia, a Loja é transformada no grau seguinte para a deliberação. Contudo reitera-se, isso não é período de instrução.

 

 

T.F.A.

 

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com.br

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SET/2020

 

 

 

 

 



[i] No autêntico REAA a leitura no Grau de Aprendiz é feita em João, I, 1-5. O Salmo 133 foi indevidamente enxertado no escocesismo e adotado por algumas Obediências.

 

terça-feira, 8 de setembro de 2020

LOJA EM FAMÍLIA E LOJA EM DESCANSO - PROCEDIMENTOS IMPRÓPRIOS NO REAA

 

Em 18/03/2020 o Respeitável Irmão Edson de Almeida Costa Nonato, Loja União e Trabalho VI, 2.254, REAA, GOB-SP, Oriente de Paulínia, Estado de São Paulo, formula a seguinte questão:

 

LOJA EM FAMÍLIA

 

Minha Loja no Tempo de Estudos, após apresentação da peça de arquitetura tinha


como praxe no final colocar a loja em família para comentários da peça apresentada. Sem observação alguma do ritual, a palavra circulava da coluna do norte para do Sul, oriente e vice-versa. No último encontro de ritualística que tivemos aqui em Campinas-SP organizado pelo GOB-SP foi levantado essa questão e orientado que para colocar a loja em família a necessidade de proceder o fechamento do Livro da Lei pelo Irmão Orador e ficam suspensos os sinais e todos falam sentados, após o debate, abre novamente o Livro da Lei e volta toda a ritualística. Peço orientação ao Irmão, visto ser membro da comissão de ritualística da Loja. Parece-me que com esse procedimento não estamos praticando nesse momento o Rito de York que tem o tempo de recreação. Agradeço a orientação do Irmão.

 

CONSIDERAÇÕES.

 

Nada disso está previsto no ritual do REAA em vigência no Grande Oriente do Brasil. Entenda-se que no rito mencionado não existe prática alguma determinada como “loja em família”. Ora as manifestações, quando estritamente necessárias e permitidas, seguem o giro palavra conforme a tradição no simbolismo do REAA.

Quando o assunto instrutivo merecer debate e dispêndio de mais tempo além do previsto, aconselha-se que com antecedência seja marcada uma Sessão Ordinária de Instrução, essa prevista RGF, Art. 108, § 1º, II.

Agora as Sessões Ordinárias de Aprendiz, Companheiro e Mestre atendem, no seu Tempo de Estudos, o previsto nos explicativos do ritual, bem como ao contido no Sistema de Orientação Ritualística (Decreto 1784/2019) disponível na plataforma do GOB-RITUALÍSTICA.

Note que nada em relação a tal “loja em família” é prevista nesses dispositivos regulares.

Também essa orientação pertinente a fechar o Livro da Lei mencionado na sua questão é completamente irregular, destacando que ela, por si só, nem é prevista no Ritual e nem no Sistema de Orientação Ritualística.

A propósito, colocar a Loja em descanso é prática de outro rito.

Dando por concluído, loja em família, loja em descanso, etc., não são práticas apropriadas no REAA. Nele, no Tempo de Estudos, quando houver possibilidade para manifestações, segue-se impreterivelmente o giro da palavra previsto nos usos e costumes.

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

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SET/2020

sábado, 5 de setembro de 2020

SINAIS NOS TRABALHOS DO CRAFT

 

Em 13/03/2020 o Respeitável Irmão Patrick Daniel Silva Pereira, Loja Perfeita União, Trabalhos de Emulação, Grande Oriente de Minas Gerais (COMAB), Oriente de Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais, formula a seguinte questão:

 

SINAIS NO WORKING (TRABALHOS DO CRAFT)

 

Eu estudo muito o nosso ritual, nos três graus, no português, porém, eu nunca tive acesso no


Inglês, e também o meu inglês não é fluente. 

No nosso Ritual, não há informação ou explicação de como é realizado o Grande ou Real Sinal/Sinal de Exaltação e Júbilo.

O senhor poderia me explica-lo como ele é feito, por favor?

E mais informações que o senhor poder me passar.

 

CONSIDERAÇÕES.

 

Caro Irmão, segue abaixo uma resposta que eu dei sobre os Trabalhos no Craft há algum tempo atrás. Em que pese a resposta ter sido dirigida para o GOB, penso que na essência a espinha dorsal é a mesma. Não tenho, por óbvio, o ritual em vigência na sua Obediência, assim, espero que o conteúdo abaixo lhe seja útil. O anexo ao escrito e as colocações escritas em vermelho são de cunho sigiloso e somente o Irmão está recebendo.

“Conforme o Irmão Joselito comenta, geralmente a explicação que envolve a composição dos Sinais tem sido detalhada nos rituais brasileiros, entretanto as dúvidas se apresentam mais pelo desconhecimento das palavras, o que às vezes influencia conclusões levando a fazer com que Irmãos pratiquem modos diferenciados dessa liturgia.

Parece-nos que o ideal seria que um instrutor (preceptor) sempre pudesse demonstrar os sinais para que eles fossem executados corretamente. Um sinal deve ser executado com rigor ritualístico, mas sempre com naturalidade, não existindo para ele gestos marciais estereotipados e nem movimentos providos de desmedido exagero.

Em não existindo a possibilidade da presença de um instrutor, sugere-se que se preste bastante atenção nos sinais e como vão colocados conforme a ordem descrita no Ritual, cuja mesma tem o desiderato de dar sentindo a prática que segue sempre o drama descrito pela lenda hirâmica.

Nesse entendimento, enfatiza-se que os Sinais estão ligados diretamente aos C. PP. do Companheirismo e figuradamente resumem a dramatização da lenda.

Outro aspecto a se considerar é o de que alguns termos utilizados nos Rituais do GOB foram traduzidos e muitas vezes adaptados àquilo que o tradutor, ou editor pensou ser o mais adequado à cultura e à prática da liturgia maçônica brasileira.

Nesse contexto aparecem discussões de tradução a exemplo do substantivo “sympathy”, cuja tradução que mais se coaduna com a realidade ritualística do caso é “compaixão”, ou “condolência”, embora ela signifique também no idioma bretão “simpatia e benevolência”. Ainda sob essa mesma conjuntura aparece os “Five Points of Fellowship”, onde o substantivo fellowship, que significa “companheirismo” no idioma bretão, às vezes é entendido como “confraternização”???

Eu acrescentaria ainda que no Brasil, inadvertidamente, muitos dos compiladores da ritualística maçônica misturam práticas litúrgicas de vertentes maçônicas distintas – no caso entre a francesa (REAA\) e a inglesa (Craft).

Dados esses comentários, seguem as respostas, mas de modo resumidas devido ao sigilo que o assunto merece. Por esse particular segue um anexo com explicações mais detalhadas, já que a sua divulgação aqui poderia afrontar o sigilo maçônico.

1.  É verdade que há duas palavras do Mestre Maçom, uma derivada dos Antigos e outra dos Modernos, quando da União das duas potências, resolveram adotar as duas palavras? Quais são elas?

De fato, existiram duas palavras que provavelmente pertenceram cada qual a uma das Grandes Lojas Rivais e eram usadas pelas Lojas na época (antes da união de 1813). Devido a não existência de rituais impressos como é comum no costume inglês, seria temerário fazer afirmativa sobre qual era a palavra exclusiva nessa ou naquela Grande Loja. O que se sabe é que as palavras são M. B. e M.

Por exclusão há possibilidade de que M. B. seja a palavra relativa aos Modernos, já que essa palavra também é comum no Rito Moderno ou Francês. Sabendo-se que a França do Século XVIII desconhecia completamente as práticas dos Antigos, é bastante possível que os franceses adotassem práticas dos Modernos ingleses de 1717, adoção essa que deu, inclusive, o título de “ou Moderno” para o Rito Francês.

2.  O que é esse "Sn. de R." feita no grau de Ap.? O que significa? Como ele é feito?

Na verdade, ele não é utilizado só Grau de Aprendiz. Ele é também utilizado, além da cerimônia de Iniciação, na cerimônia de Passagem, de Exaltação e de Instalação.

Pelo forte cunho teísta da Maçonaria Inglesa, ela adota esse sinal como atitude de respeito, acatamento e veneração durante as preces e orações. Há que se perceber que esse sinal somente se aplica nessas circunstâncias.

3.  No grau de MM há cinco sinais: o Sn P, o Sn. de H, o Sn de Ang ou S, o Sn de Compx e o Sn de Jub ou Aleg. Como são feitos esses sinais? O ritual não deixa muito claro e as cifras são um pouco confusas para mim.

Esses cinco sinais aludem aos C. PP. do C. e estão diretamente ligados à dramatização da Lenda de Hiran.

Na ordem ritualística, eles são: o Sinal de Hor., o Sinal de Simp., o Sinal Pen., o Sinal de Afl. e Agon. e o Sinal de Exalt. e Júb., esse também chamado de Grande ou Real Sinal.

A descrição e explicações relativas a esses sinais podem ser consultados no anexo relativo a essa resposta” (este anexo, atendendo ao sigilo, não será publicado.” (a) Pedro Juk – Fev/2018.

Esses são os comentários pertinentes.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmai.com

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SET/2020