Em 05.03.2023 o Respeitável Irmão Paulo Roberto Penachio, Loja Júlio Tietê Figueiredo, 3782, GOB-SP, Rito Brasileiro, Oriente de Vinhedo, Estado de São Paulo, apresenta a questão seguinte:
LEITURA DE ATA
Tem o presente e-mail a finalidade de consulta-lo sobre o tema: Leitura
de Atas – no Rito Brasileiro.
Tomamos conhecimento que no âmbito dos Deputados Federais após a reunião
a minuta da
ata é encaminhada via e-mail oficial do Órgão a todos para leitura
e manifestação/correção etc., referentes a redação da mesma.
Entendemos que é uma forma dinâmica e prática, pois sendo enviado de
forma oficial, fica o registro que todos os irmãos receberam, mesmo os que não
participaram da sessão, expandindo o conhecimento e atualização dos assuntos
tratados.
As manifestações, serão coletadas pelo secretário e levadas à autoridade
competente (Loja, Assembleia, etc.), dependendo do órgão que realiza a sessão,
para que analise o pedido e se manifeste sobre sua adequação e sendo a
alteração/sugestão polêmica, será apresentada na próxima sessão, o que a
pratica sugere que esses casos dificilmente ocorrem, pois tudo já se passou em
tempo de Loja.
Na sessão seguinte, quando do balaústre, o secretário informa que foi
encaminhado a todos a minuta e se houve pedido de alteração ou não, a
autoridade (Venerável, Presidente, etc.) abre a palavra nas colunas para
eventuais dúvidas que ainda possam remanescer.
Esse procedimento tornaria a sessão célere, permitindo que o tempo que é
dispendido hoje na leitura possa ser revertido em prol da dinâmica da sessão,
tais como instruções mais elaboradas, trabalhos estruturados entre outros
benefícios, diminuindo o tempo total da sessão trazendo maior motivação aos
irmãos.
Resumidamente o procedimento seria o seguinte:
a) Secretário elabora a ata;
b) Pelo e-mail oficial da (Loja, Assembleia etc.) encaminha a todos os
irmãos;
c) Dá um prazo para retorno, suficiente para os irmãos fazerem uma
leitura tranquila que permita o entendimento dos assuntos tratados na sessão e
informem eventuais correções/alterações;
d) Na próxima sessão o secretário confirma aos irmãos que foi
encaminhada a ata e se houve alguma sugestão de correção não reportada.
e) Independentemente de ter havido ou não correções/sugestões, o
Venerável coloca a palavra nas colunas para manifestação final.
CONSIDERAÇÕES.
A respeito do que menciona a sua questão, vale
antes relatar que os nossos rituais determinam que a ata de uma sessão
maçônica é para ser lida e aprovada em Loja aberta. Graças a isso que a
liturgia prevê um período específico para atender a essa finalidade, inclusive
para consignar e aprovar emendas se estas existirem.
Ganhar tempo, me permita discordar, se ganha
fazendo sessões organizadas, objetivas e enxutas, isto é, ao se usar da palavra
o fazê-lo sem as repetições de mesmo assunto e os intermináveis discursos recheados
de um rançoso lirismo que nada contribuem para o salutar andamento da sessão. O
excesso de tempo consumido também ocorre muitas vezes pela exposição de um
expediente prolixo e eivado de minúcias completamente dispensáveis. Tudo isso
seguido de uma Ordem do Dia muitas vezes mal organizada.
Uma ata, se redigida com clareza e objetividade não
é a responsável por tomar tempo de uma sessão maçônica. Certamente a leitura e
aprovação de uma ata toma muito menos tempo do que certas firulas ritualísticas
completamente desnecessárias que se vê em Loja, assim como os insistentes Irmãos
atrasados que fazem com que boa parte dos trabalhos seja interrompido para
atender aos procedimentos necessários para se receber retardatários.
Sem dúvida, como relatado na sua questão, na
Soberana Assembleia é devidamente aceitável o procedimento comentado, até
porque no desenvolvimento daquela sessão não existe rito maçônico a ser seguido.
Assim, sob essa óptica é impossível fazer qualquer comparação
com o que ocorre nas sessões da Soberana Assembleia e o desenvolvimento das sessões
ordinárias ou administrativas das Lojas. A liturgia dos trabalhos entre ambas é
completamente diferente.
Desse modo, enviar ata de sessões maçônicas que se realizaram
sob cobertura, por meios eletrônicos, está fora de questão, a despeito de que além
do caráter sigiloso da sessão, esse procedimento não alcançaria todas as Lojas
da federação, já que muitas Lojas do interior do nosso imenso Brasil ainda têm
dificuldade para se conectar à Internet.
Não obstante a isso, também temos as nossas
tradições que não podem ser perdidas por completo em nome da modernidade.
Entenda-se que a dinâmica ritualística de uma sessão não foi criada pelo acaso.
É certo que em muitas coisas a Maçonaria acompanha a evolução da ciência e das
artes, no entanto, o que nos difere das reuniões profanas é a peculiaridade dos
nossos trabalhamos. Por oportuno, também vale lembrar do equilíbrio que deve imperar
nas atividades da Maçonaria.
Ao concluir destaco que às vezes o ideal não é alterar
o que está pronto ou fazer adaptações naquilo que está consagrado nos rituais.
Ao contrário, o tempo pode ser ganho com o desenrolar dinâmico de uma sessão,
cujo fruto se alcança com a organização e a disciplina adequada dos trabalhos.
T.F.A.
PEDRO JUK - SGOR/GOB
http://pedro-juk.blogspot.com.br
MAI/2023