segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

ENTRE COLUNAS - APARESENTAÇÃO DE PEÇA DE ARQUITETURA

Em 14.10.2022 o Respeitável Irmão José Luís Turra, Loja Obreiros Ocultos, 1984, REAA, GOB-MS, Oriente de Nova Andradina, Estado do Mato Grosso do Sul, faz a seguinte pergunta:

 

APRESENTAÇÃO DE PEÇA DE ARQUITETURA

 

A dúvida é: A apresentação das peças de arquitetura dos Irmãos Aprendizes e Companheiros deverão ocorrer em suas Colunas? Já vi serem apresentadas entre colunas.

Sei que no manual de procedimentos em 2010, era assim, houve alguma mudança de lá pra cá!?

 

CONSIDERAÇÕES.

 

 

                 É oportuno antes mencionar que no GOB qualquer manual de dinâmica ritualística, de procedimentos ritualísticos, e outros do gênero estão suspensos por Decreto do Grão-Mestre Geral desde 2009 (vide o Decreto que institui o Ritual).

No GOB, o único mecanismo oficial de orientação ritualística que está valendo para todo o Brasil é o SOR - Sistema de Orientação Ritualística, instrumento que se encontra a disposição de todos os Irmãos gobianos no site oficial do GOB RITUALÍSTICA. O SOR foi instituído pelo Decreto 1784/2019 do Grão-Mestre Geral e publicado no Boletim Oficial nº 31 de outubro de 2019.

Dito isto, no caso dos rituais do REAA do GOB não há nenhuma regra específica informando as apresentações de peças de arquitetura devam ocorrer de entre colunas.

De modo consagrado, e recomendado pelo GOB, é que as apresentações sejam feitas dos lugares em que os respectivos apresentantes ocupam na Loja (das Colunas ou do Oriente). Essa história de conduzir apresentante entre colunas é mera filigrana e atitude desnecessária.

Assim, de modo prático e objetivo, no caso da apresentação de um traçado, que cada um, em pé, o faça do seu lugar.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK - SGOR/GOB

jukirm@hotmail.com

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FEV/2023

PERÍODOS, DE INSTRUÇÃO E DA ORDEM DO DIA

Em 13.10.2022 o Respeitável Irmão José C. Bezerra Bessa, Loja Arqui Real, 210, REAA, GLESP (CMSB), Oriente de São Paulo, Capital, apresenta a dúvida seguinte:

 

INSTRUÇÃO NA ORDEM DO DIA

 

Já lhe fiz vários questionamentos sobre ritualística e, claro o dileto Irmão me respondeu prontamente. Aproveito para agradecer sinceramente.

Voltando a lhe perturbar, gostaria que o sapiente Irmão me esclarecesse essa consulta:

Quando na Ordem do Dia, o Venerável Mestre ofereceu a palavra para alguém que quisesse utilizá-la. Eu como Primeiro Vigilante aproveitei para passar uma pequena orientação sobre ritualística [circulação em Loja] para os Aprendizes, e não demorei mais do que 3 minutos... Ao que o Venerável Mestre DESAPROVOU, alegando que o assunto não era pertencente a Ordem do Dia, e que sendo assim, este assunto que abordei só seria pertinente se ele [o
Venerável Mestre] TIVESSE AUTORIZADO... Será que isto procede? Se ele mesmo havia facultado a palavra a qualquer um que quisesse fazer uso? Por favor meu Irmão, me diga quem está correto?

 

CONSIDERAÇÕES

 

Veja, o período da Ordem do Dia existe para tratar de assuntos que demandem debates e votação, devendo ter sua pauta organizada previamente (antes dos trabalhos) pelo Venerável Mestre e o Secretário.

Assim essa pauta será apresentada durante a sessão na ocasião própria. Cabe ao Orador fiscalizar se o assunto é ou não pertinente ao período. Não é à toa que o Orador, antes de qualquer votação, deve dar o seu parecer como Guarda da Lei sobre a legalidade de cada assunto apresentado.

Para assuntos de instrução, por menor que ela seja, existe um momento próprio para ela, que é o “Período de Instrução” ou o “Quarto de Hora de Estudos”.

Cabe mencionar que o Venerável Mestre deve antes de mais nada seguir a pauta previamente organizada. Concluída a mesma, encerra-se a Ordem do Dia. Esgotados os assuntos pautados, o Venerável Mestre não deve mais oferecer a palavra a ninguém naquele período, se não simplesmente encerrá-lo.

Quanto à questão propriamente dita, entendo que nem o 1º Vigilante deveria utilizar a Ordem do Dia para ministrar instrução e nem o Venerável Mestre deveria ter oferecido a palavra após estar esgotada a pauta na Ordem do Dia.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

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FEV/2023

sábado, 25 de fevereiro de 2023

PAINEIS DA LOJA - MODIFICAÇÕES

Em 11.10.2022 o Irmão Fábio Cerqueira de Oliveira, Loja União, Força e Sabedoria, 2976, REAA, GOB-ES, Oriente de Vitória, Estado do Espírito Santo, apresenta a questão seguinte:

 

PAINEL DO GRAU DE APRENDIZ

 

Apresentei meu trabalho sobre a interpretação do Painel do Grau de Aprendiz. Fiz uma extensa pesquisa e notei que há vários painéis com imagens diferentes, sendo apresentadas nos mais variados trabalho sobre o tema. Não consegui identificar, nos decretos do GOB, uma imagem padrão do painel do grau reformulado em 1981. Inclusive um irmão citou que
em 2019 houve outra alteração, porém ao consultar o SOR não vi nenhuma informação sobre essa alteração. Qual é a imagem adotada em 1981 e houve alteração em 2019?

Desde já gostaria de parabenizar pelo grande trabalho que o irmão faz principalmente para nós aprendizes seu blog é uma grande referência para nossos estudos.

 

CONSIDERAÇÕES.

 

Inicialmente eu gostaria de salientar que a Maçonaria latina (origem francesa) possui na sua história uma imensa quantidade de painéis que foram construídos ao longo de muitos anos. Há painéis de dois graus em um só e outros ainda com os três graus no mesmo conjunto simbólico.

Os Painéis, originários dos desenhos com giz e carvão no chão da Loja e depois dos tapetes, tiveram como seus precursores os painéis dos Irmãos John Harris e William Dight – escrevi um livro a respeito nominando as diferenças entre a Tábua de Delinear da Maçonaria Inglesa e os Painéis franceses (Exegese Simbólica para o Aprendiz Maçom – Editora A Trolha, 2007).

No que diz respeito a alterações mencionadas na sua questão, posso lhe afirmar que absolutamente não houve nada nesse sentido nos Painéis de Aprendiz e de Companheiro do REAA, salvo no 3º Grau onde há muito tempo o GOB vinha utilizando um painel errado para o REAA. O anteriormente utilizado era inglês e foi acertadamente substituído pelo painel francês que é o correto para o rito.

Agora, falar de um ritual do REAA, anacrônico e sofrível como o de 1981 do GOB e que há mais de quarenta anos já teve seu decreto revogado, francamente não procede nesse contexto.

Ocorre é que em 1996 o GOB fez uma verdadeira faxina nos seus rituais do REAA, oportunidade em que aboliu o pálio, o Altar dos Juramentos voltou ao Oriente, Diáconos sem bastões ou espadas, Mestre de Cerimônias utilizando bastão e não espada, etc. Tudo isso porque essas práticas e costumes nunca foram originais no REAA, não passando de enxertos copiados de outros ritos.

Assim, muitas correções foram feitas na colcha de retalhos para o bem da pureza do REAA. Desse modo, em 2009 entrariam em vigor novos rituais baseados nos trabalhos de 1996.

Apesar desse avanço conquistado, não resta dúvida que ainda é preciso caminhar um pouco mais nesse sentido. Visando isso, fora implantado pelo Decreto 1784/2019 do Grão-Mestre Geral o SOR - Sistema de Orientação Ritualística do GOB. Esse mecanismo de orientação e correção oficial do GOB de certa forma tem o desiderato de preparar o terreno para que se possa dar continuidade à essa difícil empreitada.

No tocante à modernidade e o melhoramento, há que se observar que desde 2009 as impressões dos painéis nos respectivos rituais foram melhoradas da sua plástica e aparência, ou seja, um conjunto mais moderno de desenhos com conteúdo colorido, contudo mantendo a disposição original dos símbolos no interior dos painéis.

Por fim, um outro aspecto que eu gostaria de ressaltar é que salvo melhor juízo, não existe um decreto específico para instituir um painel ou outras gravuras que constam no ritual. O que de fato existe é o Decreto que institui o Ritual.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

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FEV/2023

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

ABREVIATURA MAÇÔNICA E POSIÇÃO DO SOL NO PAINEL E NO RETÁBULO

Em 11.10.2022 o Irmão Aprendiz Maçom Nirley Ferreira, Loja Confraternidade Beneficente, 0163, GOB-RJ, REAA, GOB-RJ, Oriente de Cantagalo, Estado do Rio de Janeiro, faz a seguinte pergunta

 

ABREVIATURA MAÇÔNICA E LADO DO SOL NO PAINEL

 

O M CCer diz que o Aprendiz ao assinar o livro de presença deva abreviar da seguinte forma, Apr e não Ap M como assino hoje.

Uma outra dúvida: o Sol no Oriente fica ao a direito do Ven Mestre, mas no Painel de Aprendiz em minha Loja o Sol está ao contrário (digo coluna do Sul) eu não vejo uma unanimidade nas lojas em que visito, pois vejo que em algumas o sol no Painel de Aprendiz, fica do lado norte, qual o correto?

 

CONSIDERAÇÕES.

 

                Não obstante esse tipo de abreviatura (tripontual) não possuir caráter universal, pois ele é mais apropriado à vertente latina de Maçonaria, no caso da sua questão a forma mais adequada é mesmo Apr Maç. É aceitável também nesse caso se abreviar os vocábulos após as suas iniciais maiúsculas, ou seja, A M.

No que diz respeito ao REAA e a posição do Sol no Retábulo do Oriente (parede que fica imediatamente à retaguarda do Venerável), ele coincide com o mesmo lado em que o Orador ocupa lugar da Loja - quem do Ocidente olha para o Oriente vê o Sol à sua esquerda.

                       No Painel da Loja, que fica ao centro do Ocidente no do REAA, é a mesma coisa, olhando da porta de entrada para o Painel vê nele o Sol à esquerda, ou seja, no lado correspondente à Coluna B.

No GOB o Painel do REAA (página 84 do ritual) traz o Sol na posição acima descrita, portanto não existe justificativa alguma para não seguir o que consta no ritual.

As inversões que por ventura são encontradas em algumas Lojas do REAA estão em desacordo com o ritual. Desse modo, as Lojas precisam se adequar ao que está em vigência. O Guarda da Lei deve coibir usos indevidos de painéis de outros ritos.

É bom que se diga que cada rito possui suas particularidades. No caso do Sol, por exemplo, há ritos em que ele aparece invertido em relação ao REAA. Tenho dito: cada rito deve ser respeitado na sua essência.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK - SGOR/GOB

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FEV/2023

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

SUBSTITUTO DIRIGINDO OS TRABALHOS

Em 10.10.2022 o Respeitável Irmão Jorge André Wilbert, Loja União das Termas, 3335, Rito Brasileiro, GOB-SC, sem mencionar o Oriente, Estado de Santa Cataria, apresenta o que segue:

 

SUBSTITUTO OCUPANDO O TRONO

 

Vi seu post do link abaixo, e gostaria de perguntar se já diferença na resposta se for para o Rito Brasileiro.

http://pedro-juk.blogspot.com/2022/03/ocupacao-do-trono-pelo-substituto-do.html?m=1

Alguns Irmãos afirmam que no Rito Brasileiro só senta no Trono de Salomão os Mestres Instalados, porém, ainda não encontrei onde isto está determinado.

Hoje ainda um Irmão argumentou que isso está mencionado nos graus superiores, a que, por sua vez, questiono se as determinações do Supremo Conclave para os graus superiores se aplicariam também para os graus simbólicos regidos pelo GOB.

 

CONSIDERAÇÕES.

 

Não tenho no momento o ritual do Rito Brasileiro em mãos, contudo presumo que isso também não exista nesse rito, pois um “substituto” ao assumir um cago, o assume ocupando o lugar do titular na Loja. Ao que me consta não há outro lugar que seja específico para o substituto na Loja.

Vejamos: “substituto”; adjetivo – menciona o que substitui; como substantivo masculino – menciona o indivíduo ou algo que substitui o outro, ou lhe faz as vezes (in Novo Dicionário Aurélio).

                    Na verdade, no contexto da sua questão seria uma “papagaiada” se víssemos alguém dirigindo a Loja de outro lugar que não do trono no altar principal, mesmo sendo alguém substituindo o do titular.

Evidentemente que essa substituição tem caráter emergencial, extraordinário, pois na ausência definitiva do titular há procedimentos legais para serem observados.

Agora, essa de dizer que isso está ou pode estar escrito em graus superiores é mais uma dessas potocas que infelizmente insistem em aparecer na Maçonaria.

Ora, com o devido respeito, mas cada macaco deve ficar no seu galho. Não obstante a tratados de reconhecimento e outros do gênero existentes entre as Obediências e Altos Corpos, absolutamente não pode existir nenhuma ingerência dos graus ditos superiores, de qualquer rito, no simbolismo (franco básico universal).

Reitera-se, ritualística e liturgia do simbolismo é assunto exclusivo da Obediência Simbólica, nunca de Conclaves, Altos Corpos, Supremos Conselhos, etc.

Antes de finalizar, destaco que indubitavelmente a Instalação do Venerável Mestre ocorre para conduzi-lo à Cadeira da Loja (Trono). Nesse sentido, a titularidade de um veneralato é sempre exercida por um Mestre Instalado.

Ocorre, todavia, que há situações emergenciais em que por motivos de força maior o titular não pode estar presente. Nessa condição - de ausência do titular – geralmente assume o 1º Vigilante da Loja porque consagradamente ele é uma espécie de vice-presidente desde os tempos primitivos da Maçonaria (Operativa)

Contudo, na Maçonaria contemporânea, para ser 1º Vigilante não há necessidade de que esse titular seja um Mestre Instalado. Desse modo, em uma condição de emergência, mesmo não sendo o 1º Vigilante um Mestre Instalado, é ele quem dirige os trabalhos nessa ocasião.

Essa é uma regra muito antiga, embora, atualmente possam existir ritos que só admitam como substituto emergencial do Venerável Mestre um ex-Venerável, preferencialmente o mais recente da Loja – não sei se esse é o caso do Rito Brasileiro.

Orienta-se que nas sessões magnas de Iniciação, Elevação e Exaltação, por conta das consagrações de candidatos, que de fato o substituto emergencial, se for o caso, seja um Mestre Instalado.

Agora nada disso tem a ver com eventual substituto que não seja Mestre Instalado dirigindo os trabalhos de um lugar que não seja o trono.

Essa não é uma questão sobre quem nasceu primeiro; se foi o ovo ou foi a galinha? A questão é que muito antes de aparecer o personagem nominado como Mestre Instalado (que não é grau), os nossos ancestrais já se utilizavam do 1º Vigilante para uma eventual substituição do Mestre da Obra nas corporações de ofício da Idade Média.

Eram esses os comentários.

 

 

T.F.A.

 

 

PEDRO JUK

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FEV/2023

GRÃO-MESTRE USANDO A PALAVRA NO REAA

Em 10.10.2022 o Respeitável Irmão Édson dos Santos, Loja Sabedoria, Equilíbrio e Poder, 4407, REAA, GOB-BA, Oriente de Ilhéus, Estado da Bahia, apresenta a dúvida seguinte:

 

GRÃO-MESTRE USANDO A PALAVRA.

 

Gostaria de saber do irmão: Estando o soberano Grão Mestre presente ao usar da palavra, o mesmo tem a regalia de falar sentado?

 

CONSIDERAÇÕES.

 

           Tal como o Venerável Mestre, o Soberano Grão-Mestre Geral, o Eminente Grão-Mestre Estadual ou do Distrito Federal, podem fazer uso da palavra permanecendo sentados. Na verdade, a escolha é deles. Assim, se eles quiserem falar em pé, como qualquer Irmão n
o REAA devem ficar à Ordem.

Depois de ter o Grão-Mestre se dirigido protocolarmente à Loja, o Venerável Mestre informa que ele pode desfazer o Sin durante o uso da palavra.

No rigor da tradição, no REAA qualquer um dos ocupantes do Oriente, salvo quando o ritual determinar em contrário, tem a preferência de falar sentado, entretanto, se por deferência ele preferir falar em pé, então deve se colocar à Ordem.

De modo geral, no REAA a regra é de que em Loja aberta quem estiver em pé e parado, deve ficar à Ordem, isto é, com o corpo ereto, pp em esq, compondo o Sin de Ord do grau.

 

 

T.F.A.

 

 

PEDRO JUK - SGOR/GOB

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FEV/2023

 

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

O TRONO E O SUBSTITUTO DO VENERÁVEL MESTRE

Em 10.10.2022 o Respeitável Irmão Marcus Vinicius Mendes dos Santos, Loja Amor e Luz, 1159, REAA, GOB-GO, Oriente de Pires do Rio, Estado de Goiás, faz a seguinte pergunta:

 

CADEIRA DE SALOMÃO

 

Alguns irmãos de minha Loja me questionaram como Orador que no caso da ausência do Venerável Mestre numa sessão ordinária o Primeiro Vigilante sendo o substituto direto do Venerável Mestre e não sendo Mestre Instalado, não poderia se assentar na cadeira de Salomão, mas numa das duas ao lado desta. Em meu entendimento a cadeira de Salomão é destinada ao presidente da sessão, o Venerável Mestre na Sessão, podendo assentar nesta cadeira e tendo apenas como impedimento presidir sessões magnas por não ser Mestre Instalado. Procede esse impedimento no REAA.

Desde já agradeço,

 

CONSIDERAÇÕES.

 

Não existe nenhuma determinação indicando que na ausência do Venerável Mestre o seu substituto legal (o 1º Vigilante), caso não seja um Mestre Instalado, não possa ocupar a cadeira central do altar principal da Loja.

Ora, um substituto legal ocupa o cargo e o lugar do titular ausente.

É improcedente essa ideia de que o substituto não possa ocupar a grande cadeira da Loja (Great Chair) e assim tenha que dirigir os trabalhos de uma cadeira lateral.

Tenho dito que muito antes de aparecer a figura do Mestre Instalado na Maçonaria, na época da Maçonaria de Ofício, quem substituía numa eventual ausência do Mestre da Loja, ou da Obra, era o 1º Vigilante. Vem daí o costume imemorial e universalmente aceito de que uma Loja maçônica é sempre dirigida por três Luzes.

À luz da razão, Instalação nada mais é do que a posse do dirigente da Loja, em que pese terem aparecido algumas lendas sustentadas por um esoterismo duvidoso e discutível.

Outro aspecto que ajuda a colocar por terra essa sandice, é que o “Trono de Salomão” é apenas uma denominação figurada na Maçonaria, pois historicamente o trono do Rei não ficava em um templo, mas no seu palácio. Vale mencionar que falar de Maçonaria nos tempos do Rei Salomão é apenas uma lenda, e como tal não tem compromisso com a realidade histórica.

Nos tempos primitivos do ofício, a partir do século X, não existiam graus especulativos, contudo o que havia eram classes de trabalhadores, a dos Aprendizes Admitidos e a dos Companheiros do Ofício. Desse modo, as Lojas (oficinas de trabalho, alojamentos) eram sempre dirigidas por um Companheiro experiente, o qual era então denominado como Mestre da Obra, ou da Loja. Esse dirigente era assessorado por dois Wardens (diretores, zeladores) que mais tarde seriam os Vigilantes.

Como diz o caso, “sem que do nó se conheça o ponto”, os achistas vão inventando incoerências como essa - a do substituto legal ter que dirigir os trabalhos de uma cadeira lateral ao trono que permanece vazio.

Por fim, é verdade que há situações em que na ausência do Venerável Mestre o seu substituto de fato precise ser um Mestre Instalado, preferencialmente o ex-Venerável mais recente da Loja. Isso ocorre nas sessões magnas de Iniciação, Elevação e Exaltação por conta das consagrações dos candidatos (dar dignidade ao grau). Nessa ocasião o titular do 1º malhete, por dever de ofício, terá que empunhar em determinado momento da cerimônia a Espada Flamejante. Vale lembrar que há um regra estabelecida no REAA onde somente um Mestre Instalado é quem pode empunhar a Espada Flamejante.

 

 

T.F.A.

 

 

PEDRO JUK - SGOR/GOB

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FEV/2023

terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

REAA - POSIÇÃO DOS COBRIDORES NA RETIRADA DO TEMPLO E OUTRAS QUESTÕES

Em 09.10.2022 o Respeitável Irmão Ronaldo Souza, Loja Guido Marlière, 66, REAA, GLMMG (CMSB), Oriente de Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais, apresenta as seguintes questões:

 

POSIÇÃO DO GUARDA DO TEMPLO E OUTRAS QUESTÕES.

 

Amado irmão Pedro, me chamo Ronaldo Souza, sou Mestre Maçom, atualmente nos graus filosóficos 9 do REAA e iniciado no capítulo do Sagrado Arco Real do GOB. Sou obreiro da ARLS Guido Marlière 66 do oriente de BH/MG, atualmente no cargo de Mestre de Cerimônias.

Meu pai era maçom obreiro da ARLS Gonçalves Lêdo do GOB no oriente de BH/MG, portanto sempre estive rodeado pela atmosfera maçônica e sempre tive muito interesse pelos assuntos da ordem, resumindo, sempre fui muito “goteira” no melhor sentido da palavra. 

Tenho consumido muito o conteúdo postado e abordado pelo irmão e tem me ajudado muito nos meus estudos e evolução dentro da ordem. Tenho muita necessidade de entender o porquê das cousas da ordem e não somente saber que elas existem e aplicadas (ritualística). Recentemente debati com alguns irmãos sênior de minha oficina sobre três temas específicos aos quais ainda não chegamos em unanimidade e gostaria muito da análise do irmão e de ouvir sua opinião sobre. 

1) Qual a correta posição do G T na saída ritualística? No ritual da Grande Loja no REAA não é claro, na pg. 43 e 44 do Ritual de Aprendiz edição de 2017 (mais atual) no tópico Entrada e Saída diz: “o G T abrirá a porta e ficará próximo a Col J de frente ao préstito. O M CCer postar-se-á próximo a Col B de frente para o GT. Em relação a saída fala-se apenas que ela deve acontecer na ordem inversa da entrada dos irmãos, ou seja, sai o Ven Mestre primeiro pelo Sul e sucessivamente na ordem inversa da entrada os demais irmãos, no entanto não deixa claro que o G T e o M CCer devem inverter suas posições em frente as CCol J e B. Da mesma forma o Manual de Etiqueta & Protocolo Maçônico da Grande Loja REAA edição 2012 (mais atual) nas pg. 19 a 24 também não esclarece essa dúvida. 

Minha dúvida existe devido ao que acontece após a leitura do expediente no Grau 1 quando o G T vai verificar a existência de irmãos retardatários no átrio e franqueia a entrada do C Ext ao Templo que “adentra discretamente e ocupa seu lugar junto à porta na Col do N”, ou seja, Col B.

Pensando que em nosso templos, ou na maioria deles, as colunas estão dentro do templo (um erro crasso mas completamente entendido) o C Ext estaria posicionado ali (Col B) quando da saída ritualística, portanto, ou o G T  abre a porta e volta para o seu lugar agora com a espada repousada no ombro direito (a Loj está fechada) ou porta-se de pé ao lado do C Ext junto a Col B.

Obs.: li um texto seu sobre isso no seu blog, mas a minha dúvida permaneceu.

2) Qual a sucessão lógica das Luzes quando de sua ausência temporária? 

2.1 - Na ausência do Ven Mestre em uma reunião (magna ou adm.) quem conduz deveria ser o 1º Vig ou o ex-Ven Mestre mais moderno? Lembrando que os irmãos 1º e 2º VVig não foram instalados no trono de Salomão. Esta semana o Grão-Mestre da Grande Loja emitiu um Decreto informando que devido sua ausência a plenária seria conduzida pelo eminente Grande 1º Vig, se é automático a substituição qual a necessidade do Decreto?

2.2 - Na ausência temporária do 1º Vig quem assume na Col do N, é o 2º Vig ou o 1º Exp, que via de regra deve ser um ex-Ven Mestre mais experiente da Loja?

2.3 - Na ausência temporária do 2º Vig, quem assume na Col do Sul, é 1º Exp, que via de regra deve ser um ex-Ven Mestre mais experiente da loja ou fica a critério do M de
CCer
orientado pelo Ven Mestre?

3) Qual o significado de bater a mão direita no avental para responder satisfatoriamente à pergunta do Ven Mestre após o 1º Vig falar do seu papel na Col do Norte dizendo: “aqui tenho assento para fechar a loja, pagar os OObr e despedi-los contentes e satisfeitos”. Mais uma vez no ritual do Grau 1 não deixa claro o motivo desta ação pelos obreiros, o que ela significa afinal, por que batem a mão e não simplesmente falam “estamos”, qual o simbolismo por detrás deste gesto? Alguma mensagem subliminar que os antigos maços operativos usavam para afirmar sua satisfação sem que fosse explicitamente verbalizado?

Vi que o irmão tem um texto em seu blog que aborda esse assunto falando inclusive da “ilharga”, fiz algumas pesquisas sobre o motivo de se bater a mão em avental e encontrei apenas explicações sobre “bate mão” que era um acessório (pano) essencial usado nas culinárias antigas pelos cozinheiros que era afixado ao avental, sua principal função era limpar e secar as mão durante a preparação dos alimentos para assim não sujar os panos de pratos e demais utensílios de cozinha. Fazendo uma analogia imaginei que talvez poderia ser uma prática similar para “limpar” as mãos sujas de terra, cimento e etc., devido ao serviço manual durante a construção do templo de Salomão para assim não “sujar” o seu pagamento (dinheiro) pelas mãos sujas do labor.

Enfim meu irmão, o assunto é vasto e cheio de detalhes, o que o torna mais fascinante ainda. Desde já agradeço a ajuda nos esclarecimentos. 

 

CONSIDERAÇÕES.

 

  1. Posição o Cobridor Interno - Em se tratando do REAA, não há formação de préstito para saída do Templo. Por ocasião da retirada, o Mestre de Cerimônias, do seu lugar em Loja (correto é na Coluna do Sul à frente do Chanceler), pede aos Irmãos que se retirem na ordem inversa da entrada, contudo sem formação. Isso é só uma condição pró forma pois os trabalhos já estão encerrados e não há critério de circulação, isto é, com a Loja fechada todos saem pelo Norte ou pelo Sul. Por sua vez, o Cobridor Interno permanece na Coluna so Sul e abre a porta para a passagem dos Irmãos.

Quanto ao Cobridor Externo, o mesmo se retira junto com os Irmãos Mestres em retirada. Não há necessidade de que ambos os Cobridores fiquem voltados um para o outro. Isso nada mais é do que mero excesso de preciosismo.

Durante a retirada sem formalidades, o penúltimo a deixar o recinto é o Mestre de Cerimônias e o último o Cobridor Interno que, à saída fecha a porta do templo.

Essa é a ritualística mais simples e apropriada para o REAA, contudo, antes de mais nada segue-se o disposto no ritual em vigência, mesmo que ele pareça contraditório.

  1. Luzes da Loja - Na falta do Venerável Mestre, de modo precário, assume o 1º Vigilante, que na ocasião veste os seus paramentos e utiliza a joia do Venerável como representação distintiva do cargo. O 1º Vigilante não precisa ser Mestre Instalado para preencher o cargo de modo emergencial se a Loja estiver trabalhando em sessão ordinária (econômica). Por sua vez, ocupa o cargo vago deixado pelo 1º Vigilante o 2º Vigilante, que também não precisa ser um Mestre Instalado. Preenche o cargo do 2º Vigilante o 2º Experto, que também não precisa ser um Mestre Instalado.

Caso a sessão seja magna e careça do ato da consagração do candidato, então recomenda-se que o substituto do Venerável Mestre seja o ex-Venerável mais recente da Loja.

Vale mencionar que é muito antigo o costume de ser o 1º Vigilante o substituto imediato do Venerável Mestre. Isso ocorria muito antes do aparecimento do Mestre Instalado (que não é grau). O costume do 1º Vigilante substituir o Venerável remonta aos tempos operativos, período em que não existiam graus especulativos, mas classes de profissionais. O Venerável era o Mestre da Obra.

A rigor, cerimônia de Instalação de Venerável Mestre na Moderna Maçonaria é original na vertente anglo-saxônica. Na vertente francesa de Maçonaria, de onde se origina o REAA, tradicionalmente não existe Instalação esotérica como a que conhecemos por aqui. Na França, Instalação é simplesmente a posse do Venerável eleito.

Vale lembrar que o termo “precário” aqui utilizado remete a uma ausência não definitiva do cargo, mas algo por força maior, transitória. Se o Venerável Mestre se afastar definitivamente do cargo de dirigente da Loja se faz necessário consultar o que prevê o Regulamento da Obediência nesse caso.

  1. Bater com as mãos sobre o avental - Esse é mais um penduricalho ritualístico que não representa absolutamente nada sob o ponto de vista iniciático. O gesto não pode ser confundido com um sinal maçônico.

Nos rituais que trazem esse procedimento, ele apenas representa a afirmativa de que o obreiro está satisfeito no final dos trabalhos. Rigorosamente isso nem deveria existir no REAA, contudo se ele está no ritual em vigência da sua Obediência, então deve ser cumprido.

De certo modo, quem fecha a Loja, amparado nas tradições operativas, é o 1º Vigilante. Nos tempos do ofício, um dos Wardens, hoje o 1º Vigilante, tinha o dever de conferir e encerrar os trabalhos de uma etapa da construção, cabendo a ele pagar os obreiros e despedi-los contentes e satisfeitos, readmitindo-os no futuro quando do início de uma nova etapa, o que geralmente ocorria depois do inverno, já que esta estão era época insalubre e imprópria para os trabalhos de cantaria.

Graças a isso é que na Moderna Maçonaria, especulativa por excelência, quem fecha a Loja é o 1º Vigilante, rememorando, de certo modo, práticas dos nossos antepassados. É bem possível que foi daí que especulativamente surgiu essa forma de bater no avental. Penso que essa possibilidade seja a menos fantasiosa.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

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FEV/2023