sexta-feira, 29 de outubro de 2021

PALAVRA SAGRADA DO APRENDIZ - TRANSMISSÃO INICIÁTICA

Em 21.05.2021 o Respeitável Irmão Errol Joerê Foltran Júnior, Loja Luz e Fraternidade, 1828, REAA, GOB-PR, Oriente de Cascavel, Estado do Paraná, apresenta a seguinte questão:

TRANSMISSÃO DA PALAVRA

Estou assistindo a live sobre orientações ritualísticas do REAA, e você acabou de falar sobre a palavra do grau do Aprendiz...

Minha dúvida é: na transmissão da palavra, do Venerável Mestre ao1º Diácono, e assim sucessivamente... ela deve ser transmitida como foi orientado... letra por letra. Já fui Diácono nomeado da minha Loja e sempre foi assim, (aliás, algumas vezes falavam a palavra letra por letra e depois diziam as duas sílabas). Pois bem, agora, com essa pandemia, poucos Irmãos em Loja, substitui o 2º vigilante. Qual foi minha surpresa quando o 2º diácono me passou a
palavra apenas 
silabada!!! Quase falei, Irmão 1ºVigilante, tudo não está justo e perfeito. Agora, pensando nisso, me arrependo de não ter feito isso.

Afinal, a palavra do grau de Aprendiz deve ser passada apenas com as letras, é isso? Se a palavra vier silabada, o Vigilante pode/deve que não está J e P?

CONSIDERAÇÕES.

 

De início é bom que se diga que no REAA a P S do Aprendiz é dada soletrada em qualquer circunstância. É uma questão iniciática onde o Aprendiz, representando simbolicamente a infância (sua e da humanidade) ainda não aprendeu a silabar, portanto ao dar a P a dá soletrada.

Iniciaticamente, quem transmite por sílabas a P é o Companheiro que, por estar simbolicamente mais evoluído, já sabe juntar as letras e formar sílabas.

Nesse sentido, existem duas situações que ocorrem no REAA envolvendo a transmissão da palavra. A primeira é no telhamento, ou seja, quando se está examinando a qualidade maçônica de alguém. A segunda é a transmissão da palavra que ocorre na abertura e encerramento dos trabalhos envolvendo as Luzes da Loja e os Diáconos. Nesta ocasião não se trata de telhamento, mas da liturgia da transmissão simbolizando as aprumadas e nivelamentos do passado na época da Maçonaria Operativa.

Pois bem, no primeiro caso, o do telhamento, os interlocutores trocam entre si as letras da P S. Isto é, soletram intercalando sequencialmente cada letra da palavra na forma de costume. Nesse caso, quem pede a P é quem dá a primeira letra, recebendo em seguida a segunda, e assim sucessivamente. Vide instruções no SOR - Sistema de Orientação Ritualística sobre o Cobridor do Grau.

No segundo caso, não se trata mais de telhamento, mas da simples transmissão da P S do Aprendiz entre dois Mestres Maçons (cargos em Loja são privativos de Mestres). Assim, de modo soletrado, quem transmite a palavra o faz transmitindo letra por letra, isto é, soletrada para o outro protagonista – que apenas recebe a palavra soletrada. Nesse caso, não há troca de letras entre interlocutores. Um transmite e o outro simplesmente a recebe.

O que foi corrigido através do Sistema de Orientação Ritualística do GOB RITUALÍSTICA foi o equívoco que de há muito tempo vinha ocorrendo ao final da transmissão quando erradamente repetia-se a palavra soletrada por sílabas! Ora, o Aprendiz simbolicamente só sabe soletrar e não silabar! Quem sabe silabar, repetimos, é o Companheiro, não o Aprendiz.

Desse modo - o que não era sem templo - esse erro crasso foi extirpado. Assim, em qualquer caso, tanto como no primeiro, quanto no segundo aqui mencionados, a P S do Aprendiz é dada apenas e tão somente letra por letra. Ela, como P S maçônica, sob nenhuma hipótese pode ser pronunciada por sílabas.

No caso específico da sua questão, o mensageiro fez a transmissão de maneira completamente equivocada. Em primeira análise, se a transmissão não foi a contendo, então, para o bem da liturgia, ela deveria ser retransmitida na forma correta.

Infelizmente, muitos dos nossos Irmãos ainda pouco sabem do significado das passagens ritualísticas que compõem a liturgia maçônica. Já falei bastante a respeito disso, contudo, não me nego a repetir o significado da alegoria da transmissão da P S na abertura e encerramento dos trabalhos no REAA. Lá vai de novo:

A transmissão da abertura e encerramento que envolve os Diáconos e as Luzes da Loja, alegoricamente revive as aprumadas e nivelamentos que ocorriam no período da Maçonaria Primitiva, principalmente nas atividades de início e de encerramento dos trabalhos nos canteiros de obra da Idade Média.

Genericamente, para começar uma etapa da construção, o Mestre da Obra (atual Venerável Mestre), através dos mensageiros, comunicava aos seus Wardens (hoje os Vigilantes) para que dispusessem os cantos da construção aprumados e nivelados para o começo dos trabalhos. Desse modo, depois de receberem a missão cumpriam-na integralmente e, estando tudo nos conformes era então comunicado ao Mestre que tudo estava J e P. Só assim se iniciavam os trabalhos.

Ao final daquela etapa de trabalho, da mesma forma o Mestre, através dos mensageiros, ordenava que aquela etapa deveria ser aferida, isto é, verificada se de fato os trabalhos transcorreram de modo satisfatório, ou seja, nivelados e aprumados.

Se tudo estivesse de acordo, ou seja, J e P, a etapa era então dada por encerrada pelo 1º Vigilante e todos os operários eram pagos e despedidos contentes e satisfeitos. Em seguida a Loja (oficina ou canteiro de trabalho) era fechada pelo 1º Vigilante. Tudo isso ocorria no período operativo.

Atualmente, contudo, na Moderna Maçonaria, especulativa por excelência, as aprumadas e nivelamentos primitivos se transformaram simbolicamente na alegoria da transmissão da palavra que, estando ela transmitida J e P, os trabalhos da Loja podem ser abertos e também fechados.

Presentemente, na oficina especulativa o Venerável Mestre é o antigo Mestre da Obra; os Vigilantes, os Wardens e os Oficiais de Chão (mensageiros), os Diáconos. Note que ainda hoje as joias dos Vigilantes são respectivamente o Nível e o Prumo e é o Primeiro Vigilante quem fecha a Loja.

Para concluir, vale mencionar que se fosse bem compreendida a Arte, certamente fatos equivocados não se espalhariam como ervas daninhas pelo fértil solo da liturgia maçônica. Tenho dito que o ordenamento ritualístico não foi criado por acaso. Tudo nele faz sentido; a questão é matar a sede do conhecimento procurando e bebendo em fontes de água limpa.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

http://pedro-juk.blogspot.com.br

 

 

OUT/2021

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

REUNIÕES VIRTUAIS DE LOJAS E SESSÃO RITUALÍSTICA PRESENCIAL

 

Em 21.05.2021 o Respeitável Irmão Ordalio Frizzo Júnior, Loja Saldanha Marinho, 1601, REAA, GOB-PR, Oriente de Curitiba, Estado do Paraná, apresenta o que segue:

 

REUNIÕES VIRTUAIS x RITUALÍSTICA

 

Nessa fase tão complicada para mantermos nossos laços com os Irmão das nossas lojas, partimos então para as reuniões virtuais que estão sendo mantidas com a mesma frequência que as sessões presenciais e nessa semana realizamos na ARLS Saldanha Marinho nº 1601 a 54º reunião virtual. Obviamente não realizamos nenhuma atividade ritualística nessas reuniões, e procuramos manter a atividade o mais próximo possível das atividades realizadas


em loja como leitura de ata, ordem do dia etc., e, principalmente o tempo de estudos no qual nos dedicamos aos mais variados assuntos maçônicos (não ritualísticos) e ainda sobre história, filosofia entre outros.

Porém, o distanciamento do templo e da ritualística vem mostrando que os Irmãos sentem muita falta dos hábitos de loja e nessa semana surgiu a seguinte situação; Um irmão sugeriu que para aproximarmos mais a nossa reunião virtual de uma sessão deveríamos no início pedir ao Irmão Orador que fizesse a leitura do salmo lido em sessão no grau 1, porém, na visão do Orador a leitura já faz parte da ritualística e não seria apropriado fazê-la em reunião virtual.

Poderia nos dar seu parecer como segundo as Orientações Ritualísticas para o REAA.

 

COMENTÁRIOS.

 

É louvável a preocupação da Loja com as respectivas sessões que se encontram prejudicadas pela propalada pandemia.

De tudo, graças à evolução tecnológica, a maioria das Lojas têm se mantido em atividade, mesmo que de forma precária (sem reuniões presenciais).

Por óbvio, sabemos que sessões ritualísticas, por questões iniciáticas, não são possíveis virtualmente, contudo as reuniões virtuais têm se apresentado como uma solução para manutenção das atividades da Loja.

Nas atividades on-line resolvem-se questões de cunho administrativo e econômico, assim como é possível manter a prática instrucional que é um elemento chave para o aperfeiçoamento dos Irmãos.

No tocante a leitura simples do Salmo numa reunião virtual maçônica, eu não vejo problema algum, pois o conteúdo bíblico não é propriedade exclusiva da Maçonaria e nem revela, digamos, “um segredo”.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

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OUT/2021

 

terça-feira, 26 de outubro de 2021

QUESTÕES APRESENTADAS POR OCASIÃO DA PALESTRA ON-LINE PARA O GRUPO LIVES MAÇÔNICAS

 

Em 17.05.2021 recebi do Respeitável Irmão Gustavo Patuto algumas questões relativas à palestra on-line que proferi no dia 16 do corrente sobre os Ritos e Rituais Maçônicos praticados do Brasil, para o Grupo Lives Maçônicas.

 

QUESTÕES.

 

Perguntas e comentários:

  1. O Irmão citou “rito regular”, o que de fato e de direito é um rito regular?

Pedro Juk – No meu entender é um rito adotado regularmente por uma Obediência Maçônica devidamente reconhecida. Em síntese, é um rito praticado por uma Obediência devidamente reconhecida por outra Obediência regular.

  1. Enéias A. R. Ferreira – Pergunta: Caro Irmão Pedro. Como sempre, excelente palestra. Agradeço o conhecimento divulgado. Aproveito e gostaria de saber, se possível, por

    que as falas do Venerável Mestre são repetidas pelos Vigilantes no REAA e não no York? Seria para que todo canteiro de obras fosse notificado?

Pedro Juk – Tem sido a forma consagrada com que alguns ritos perpetuam a dialética utilizada na liturgia maçônica. Obviamente que no contexto ritualístico há um elevado significado simbólico de conformidade com o arcabouço doutrinário do rito. De certa forma essa dialética de perguntas e respostas possui um caráter de universalidade, sobretudo pelo que isso significa no espaço especulativo de trabalho haurido dos antigos canteiros de obra da Idade Média onde atuavam os maçons operativos.

Sob o aspecto esotérico a dialética alude a amplitude do alcance dos trabalhos maçônicos pelos quatro cantos do Orbe. Em síntese essa dialética simula a universalidade da Maçonaria. A sua liturgia segue as tradições dos Ritos. Isso faz com que algumas formas acentuem momentos e práticas às vezes diferenciadas.

  1. Edinildo Souza Dos Santos - Pergunta: Em um artigo da Masonic Roundtable, fala que o incenso sempre esteve presente na maçonaria antiga, pois a maçonaria parte de sua construção a forma do parlamento inglês e sua estrutura ritualística veio do cristianismo (católico e anglicano) mais foi retirado em 1813. Em sua pesquisa você encontrou algo parecido? P. S: Senti falta do Rito de São João!

Pedro Juk - Não há como generalizar as formas de trabalhos maçônicas haurida dos ritos. Na Maçonaria primitiva não existiam ritos e nem templos. De fato, o que existiam eram oficinas de trabalho. A alegoria do Templo de Jerusalém tem por objetivo construir o elemento doutrinário da Ordem e não propriamente como um modelo palpável de templo maçônico.

Com todo o respeito ao artigo mencionado, incensar os recintos de trabalho não é nada original na Moderna Maçonaria, sobretudo porque nos trabalhos maçônicos tomam parte Irmãos de diversas religiões. Para se evitar qualquer conceito antagônico, as crenças e os credos devem ficar do lado de fora dos nossos umbrais. É certo que na transição operativa para especulativa a Maçonaria se utilizava das tabernas, estalagens e cervejarias, principalmente na Inglaterra. Também é certo que nesse período muitas ideias foram trazidas pelos elementos “aceitos”. Apesar disso, não existe nenhuma constatação de que nesses espaços eram usadas práticas de incensação do recinto. O primeiro templo é de 1766 na Inglaterra e teve por base a orientação construtiva das igrejas (nada a estranhar pelas nossas origens e a proteção eclesiástica) e do parlamento britânico (modo especulativo). Nada disso, contudo, sugere práticas de crenças e credos religiosos como condição de doutrina maçônica.

A respeito do Rito de São João, só posso deixar uma grande interrogação a respeito. Embora as minhas andanças pelas prateleiras e arquivos empoeirados da Maçonaria desde há muito, não conheço a história desse rito. Os Joões, solstícios e os cultos solares da Antiguidade são meus velhos companheiros de pesquisa, entretanto não como rito de São João, se não como as Lojas de São João.

Destaco que não estou contestando a existência do Rito de São João, mas estou afirmando que para mim é um ilustre desconhecido.

  1. Luiz V. Cichoski - parabéns ao Ir. Pedro Juk, luminar no conhecimento maçônico em geral; obrigado aos irmãos pelo convite; Perguntaria ao irmão Pedro seu entendimento sobre o movimento que se percebe em muitas Potências na busca pela originalidade dos graus praticados no Brasil, como o REAA, Moderno entre outros.

Pedro Juk – Acho extremamente saudável. Como maçons, somos investigadores da Verdade. Já está mais do que na hora de extirparmos as invencionices e achismos que proliferam a nossa Maçonaria. Autenticidade elimina fantasias. Buscar a originalidade de cada rito é no mínimo contribuir para uma formação maçônica salutar e longe das fantasias.

  1. Rubens Caldeira:

a)    Os ingleses atualmente não aceitam mais dizermos que o Arco Real é uma certa continuação do grau de Mestre, embora eu acho que faça sentido. O GOB também entende que é uma “extensão do Mestrado”, como a “completar” o grau de Mestre, ou um grau 3?

Pedro Juk – Essa é uma longa história e conservou-se desde a União de 1813 por conta dos Irlandeses. A bem da verdade essa foi quase que uma condição dos Antigos para a constituição da Grande Loja Unida. Como pesquisador e historiador da banda autêntica da Ordem, tenho a dizer que originalmente o Grau de Mestre da Moderna Maçonaria somente apareceu em 1725 na Inglaterra. O primeiro Grão-Mestre da Moderna Maçonaria era um Companheiro Maçom, destacando que a Maçonaria primitiva possuía apenas e tão somente duas classes de operários – Aprendizes Admitidos e Companheiros do Ofício. A Lenda do Terceiro Grau apenas aparece na exposure de 1730 de Prichard no seu Masonry Dissected.

Assim entendo que o Franco-Maçônico básico da Moderna Maçonaria é composto por três graus, Aprendiz, Companheiro e Mestre. Qualquer grau acima desse é particularidade de Rito ou Trabalho. Em síntese, o simbolismo possuí três graus. Acima disso são graus de aperfeiçoamento e nada tem a ver com o simbolismo. A plenitude maçônica é alcançada quando o maçom atinge o grau de Mestre Maçom, só isso. Cada rito maçônico explica a Lenda do Terceiro Grau conforme o seu método doutrinário, portanto, qualquer extensão do mestrado é aperfeiçoamento e não uma regra para se atingir plenitude.

O GOB é uma Obediência Simbólica que atende a plenitude maçônica quando o maçom alcança o Grau de Mestre Maçom. Não existe nenhuma condição para se completar o 3º Grau. Nesse sentido, o Arco Real é um grau lateral, ou de aperfeiçoamento que não condiciona a plenitude do Mestrado. O GOB admite Arco Real e até incentiva a sua prática para dar mais conhecimento aos seus obreiros, mas o simbolismo continua com os três primeiros graus básicos.

b)    Você disse que as Lojas Capitulares deixaram de existir em 1927 com a saída de Behring, porém existem circulares do GOB tratando delas até 1960 e vestígios até 1977. Até quando foi mantida essa característica mista (graus simbólicos e altos graus) no GOB?

Pedro Juk – Existir vestígio não confirma regularidade. Não há registros oficiais. Circulares que mencionam Lojas Capitulares na época estão mais ligadas ao título distintivo da Loja do que a sua existência capitular. O GOB desde 1951 deixou de ser Obediência Mista (simbolismo e altos graus) e adotou apenas os três graus simbólicos. Bem antes desse período o sistema Capitular tinha deixando de existir (inclusive na França). Vestígios desse sistema nas datas mencionadas não condizem com afirmativa história. Reitero, há muita diferença entre títulos distintivos de documentos, cabeçalhos e nome capitular de lojas da prática administrativa e iniciática onde o Athersata, no santuário Rosa-Cruz (Oriente elevado e dividido) era o Venerável da Loja. É certo sim que muitas dessas irregularidades resistiram pontualmente, mas merecem uma análise mais acurada antes de darmos com vestígio de Loja Capitular.

A partir de 1927, com o advento das Grandes Lojas Estaduais Brasileiras, outros rituais do REAA para o simbolismo apareceriam, tanto para as Grandes Lojas quanto para o GOB. Nenhum desses rituais doravante mencionam formato capitular de trabalho único ao simbolismo. Insisto que ainda encontramos muitas Lojas que conservam no seu título distintivo o nome capitular, porém elas não trabalham mais no sistema capitular de outrora. Isto é, a Loja conserva o nome, mas nada tem a ver com o 18º Grau Capitular.

c)    Pelo que entendi da sua apresentação você fala que o Rito de York do sistema inglês tem influência dos antigos de York… Porém entendo que isso foi somente uma imposição da União de 1813. Os antigos seguiam as práticas irlandesas e de York, principalmente se mantendo no ritual de Bristol, e sendo congelada nos EUA com a independência.

Pedro Juk – Há um equívoco no seu entendimento sobre o que eu disse. Comentei sim que os Irlandeses, através de Laurence Dermott, usavam a reunião lendária de York datada de 1926 para assegurar e dar uma sustentação “antiga”. Obviamente que depois das escaramuças entre os Antigos e os Modernos e a união de 1813, o ideário dos “Antigos” prevaleceu em muito nas demonstrações de uma nova forma de trabalho. A cerimônia de Instalação, a adoção dos Diáconos, por exemplo, é obra dos Irlandeses que permaneceu integrada à Maçonaria Inglesa depois do Ato de União de novembro de 1813 – entenda que essa é uma análise muito superficial, pois cabe ainda, nesse contexto, considerações sobre a Maçonaria na Escócia.

No tocante ao princípio da Maçonaria Norte-Americana, esta se serviu da forma antiga, principalmente e depois da organização de Thomas Smith Webb – vide Ducan’s Ritual. Os Norte-Americanos, visando a sua independência por certo não iriam aderir a formas maçônicas de trabalho que estivessem ligadas à Grande Loja dos Modernos, principalmente porque esses últimos se colocavam próximos à Coroa Britânica.

d)    Essa mescla esotérica enfatizada no Adonhiramita você entende que foi por influência da Teosofia?

Pedro Juk – É possível existir essa probabilidade se levarmos em conta que o conteúdo religioso e filosófico Adonhiramita está ligado, ou simulado a uma visão mística do Criador e das Leis do Universo. Destaco, contudo, que é preciso antes perscrutar o primeira Compilação Preciosa do Maçonaria Adonhiramita, a original impressa no século XIX na Filadélfia que é considerada como uma espécie de bíblia da Maçonaria Adonhiramita. Isso antes dessa compilação ter sofrido inúmeras deturpações para não fugir à regra latina de intervir na originalidade.

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

http://pedro-juk.blogspot.com.br

 

OUT/2021

COMPROMISSO - LIVRO DA LEI PARA CANDIDATO DE OUTRA RELIGIÃO

O Respeitável Irmão Fernando Rodrigues de Souza, Loja Virtude e Bondade, 146, REAA, GOB-AL, Oriente de Maceió, Estado de Alagoas, apresenta a seguinte questão:

 

LIVRO DA LEI PARA CANDIDATO DE OUTRA RELIGIÃO

 

Estaremos iniciando um candidato que professa uma religião não-cristã, para isso está sendo providenciado o livro sagrado da tradição religiosa que ele segue para o momento do juramento. Diante disso, as dúvidas são:

1.    Qual deve ser a posição do livro da tradição do candidato no altar dos juramentos? Em cima do livro da lei com o esquadro e compasso por cima dele, ou deve ficar ao lado do livro da lei? E o livro deve estar aberto ou fechado?

2.    Pelo fato dele não ser cristão, qual a posição que o candidato deve estar no momento do juramento? Ou isso não muda?

Desde já, muito obrigado

 

CONSIDERAÇÕES.

 

Concernente à questão 01, menciona o Ritual em vigência do REAA, pagina 17 e explicativo relacionado ao Livro da Lei:



“A Bíblia Sagrada é o L da L de uso nas Lojas que praticam o REAA, no entanto, o iniciado ou maçom tem o direito de prestar os juramentos que a Ordem exige, sobre o Livro Sagrado da sua crença. Neste caso, no momento do compromisso, poderá ser usado outro Livro Sagrado sem que a Bíblia seja retirada do Altar (o grifo é meu)”

Nesse sentido, orienta-se que no momento do compromisso seja oferecido ao candidato o Livro da Lei pertinente a sua fé. Esse Livro não precisa ser aberto, bastando que no momento o recipiendário pouse sobre ele a sua mão direita. Como menciona o explicativo, a Bíblia não deve ser retirada do Altar, devendo, portanto, permanecer no seu lugar aberta com o Esquadro e o Compasso dispostos na forma de costume, sem nada por cima, sobre o centro da superfície do Altar. O outro Livro permanece fechado ao lado da Bíblia, não sendo necessário outro conjunto de Esquadro e Compasso. Basta o Livro fechado.

Referente à questão 02, se a crença do candidato não lhe permitir genuflexão, então, em respeito à sua fé, ele pode prestar o seu juramento em pé. Isso não altera o momento solene.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

Secretário Geral de Orientação Ritualística – GOB

jukirm@hotmail.com

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OUT/2021

domingo, 24 de outubro de 2021

USO DO AVENTAL DO OUTRO RITO

Em 16.05.2021 o Respeitável Irmão Luis Felipe Bezerra Pinto, Loja Forte Castelo do Mar, sem mencionar o nome do Rito, GOB-PE, Oriente de Cabo de Santo Agostinho, Estado de Pernambuco, apresenta a seguinte questão.

 

AVENTAL DE OUTRO RITO

 

Um irmão pertencente ao quadro de Obreiros de uma Loja praticante do Rito Brasileiro é exaltado Mestre, desta forma seu avental vai possuir a identidade do Rito Praticado, mas o mesmo visita lojas do R.E.A.A, no entanto após ser exaltado no Rito Brasileiro, o mesmo


utilizou o Avental do R.E.A.A em vez do seu Rito Praticado. Sabemos que podemos nos filiar em diversas lojas e em Ritos diferentes, mas no caso específico, em que apenas o Irmão é praticante do Rito Brasileiro é correto a utilização de outros aventais sem que o mesmo seja praticante do Rito? Há alguma legislação no GOB que trate sobre o assunto?

 

COMENTÁRIOS

 

É bom que se diga, que avental do grau de Mestre é avental de grau de Mestre independente do rito maçônico. Não importa o rito praticado, e o avental utilizado, o grau é igual para todos os Mestres. Assim, um Irmão que alcançou o 3º Grau, é Mestre Maçom, seja ele de qualquer rito regular. O avental, nesse caso, somente se diferencia para identificar o rito. Independente do avental, a plenitude alcançada é igual para todos.

No tocante ao avental, a praxe é a de que o Mestre visitante de um determinado rito se apresente com os seus paramentos.

No caso exposto na sua questão, o mais comum é que o visitante, no caso sendo do Rito Brasileiro e em visita a uma Loja do REAA, se apresente com os seus paramentos, ou seja com os paramentos do rito da Loja a que ele pertence.

Contudo, salvo melhor juízo, ele pode ser um visitante de passagem pelo Oriente e não esteja de posse dos seus paramentos. Nesse caso, desde que ele esteja trajado nos conformes de costume, nada impede que ele visite uma Loja e dela receba cortesmente um avental para participar dos trabalhos, mesmo que este não seja do mesmo rito que ele pratique. Como dito, é uma questão de se adequar a uma determinada situação sem ferir princípios, isto é, usar de bom-senso antes de tudo.

Vale mencionar que nessa questão estamos tratando do simbolismo,
portanto, em qualquer situação os paramentos utilizados devem ser do simbolismo.

Sobre legislação no GOB, a sua Constituição atende em seu Artigo 2º, Postulados Universais da Instituição Maçônica, IX, o uso de avental em todas as sessões. Consta ainda no Art. 217 do RGF, Parágrafo Único, que o visitante está sujeito à disciplina da Loja que o admite nos seus trabalhos.

Analisando superficialmente esses Artigos dos Diplomas Legais do simbolismo, a Constituição prevê a obrigatoriedade do uso do avental, sem mencionar nenhum aspecto sobre a qualidade de que seja obrigatório o uso do avental desse ou daquele rito. Aqui o que se acentua é o uso do avental, por certo, avental de ritos do simbolismo adotado pelo GOB.

Ainda, no que concerte ao RGF este menciona a adaptação à disciplina da Loja. Certamente essa disciplina é a que se relaciona àquela inerente à liturgia e a ritualística dos trabalhos, o que não se trata, por certo, de se obrigar o visitante a usar o avental do rito da Loja anfitriã.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

http://pedro-juk.blogspot.com.br

jukirm@hotmail.com

 

 

OUT/2021