Em 29/10/2019 o
Respeitável Irmão Jorge Luís B. de Carvalho, Loja Universo, REAA, GOB-RJ, Oriente
do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, apresenta a questão abaixo:
JOIAS, ARCO DE CÍRCULO.
A
curiosidade (conhecimento) me trouxe mais uma vez ao Irmão para me auxiliar no
entendimento simbólico das figuras abaixo:
1 –
Estes semicírculos o que representam? São graduados?
2 -
As aberturas são as mesmas nestes diferentes símbolos?
3 -
O que cada um deles representa em seu conjunto?
Mestre
instalado e Autoridades Estaduais (com esquadro e semicírculo), Grão Mestre e
GM Adjunto, Perfeito e Sublime Maçom – Grau 14 REAA.
Recorri
a diversos livros, perguntei a diversos e conceituados Irmãos, mas não obtive
respostas sobre a simbologia da joia do Mestre Instalado (GOB) utilizada também
nas joias das autoridades estaduais do GOB e secretarias, bem como as joias do Grão
Mestrado Adjunto e Grão Mestrado Geral, sendo que nesses últimos não existe o
esquadro. Diversos escritores falam sobre o Teorema de Pitágoras, mas esse
símbolo pertence aos mestres instalados da Grande Loja.
Temos
também com pequenas divergências uma simbologia no grau 14 semelhante, com
pequenas alterações. Citei apenas o Grau 14 mas, outros graus filosóficos
também possuem essa simbologia.
Mais
uma vez, humildemente agradeço a sua gentileza e presteza em me auxiliar nessa
difícil busca de respostas sobre simbologia maçônica.
CONSIDERAÇÕES.
A despeito de inúmeras especulações sobre as joias
dos Mestres Maçons Instalados, na realidade esse conjunto simbólico deve ser
visualizado sob dois aspectos, ou seja, aquele que qualifica a joia do
Venerável Mestre e a que qualifica a dos Ex-Veneráveis. Ainda nesse contexto, também
as ideias que se coadunam aos costumes da Maçonaria Inglesa e os da Maçonaria
Francesa.
Sem entrar em detalhes, reitero que cerimonial de Instalação
é original na Maçonaria anglo-saxônica. Já na Maçonaria latina (francesa), Instalação
é simplesmente sinônimo de posse.
Em se tratando de joias distintivas, o Esquadro,
utilizado pelo Venerável Mestre, o identifica com o período ancestral da Ordem,
ou seja, com o período operativo e a imprescindível aplicação desse instrumento
nas antigas construções.
Dado a isso é que em qualquer vertente maçônica, o Venerável
Mestre traz consigo como joia distintiva um Esquadro de ramos desiguais.
Isso se dá porque o Esquadro junto ao Venerável representa um dos instrumentos
do ofício, portanto deve possuir ramos desiguais (com cabo e graduação) de tal
modo que a sua figura possa sugerir a construção de um triângulo retângulo, elemento
geométrico fundamental para esquadrejamento dos cantos das construções.
É bom lembrar que a disposição dos ramos do
Esquadro na proporção de três e quatro (catetos) e cinco (hipotenusa) o identifica
como símbolo da 47ª Proposição de Euclides (Teorema de Pitágoras), cujo
elemento é tido na Maçonaria Especulativa como um dos emblemas de Verdade
Universal.
São essas são as qualificações simbólicas atinentes
ao Esquadro como a joia distintiva do Venerável Mestre.
Em se tratando da joia distintiva de Ex-Veneráveis,
em face a existência de duas vertentes maçônicas – a inglesa (teísta) e a
francesa (deísta) – esses emblemas, por questões culturais e doutrinárias acabam
se diferenciando entre elas.
Nesse sentido, na vertente inglesa o Ex-Venerável é
conhecido como "Past Master", ou "Imediate Past
Master" (para o mais recente). Já na vertente francesa ele é o
Ex-Venerável, ou o Ex-Venerável mais recente da Loja.
O termo Mestre Instalado, por força de hábito, o
que não cabe aqui agora comentário, acabou se formalizando na Maçonaria latina
com um título distintivo (não é grau) dado àqueles que foram eleitos um dia
para o veneralato de uma Loja, o que, em linhas gerais acabou se generalizando entre
o Venerável Mestre e os Ex-Veneráveis.
No tocante às diferenças, o "Past Master"
ou o "Imediate Past Master" (maçonaria anglo-saxônica)
utiliza uma joia composta pelo mesmo esquadro utilizado pelo Venerável Mestre,
porém pela parte interna do ângulo, preso aos ramos, soma-se uma representação
pictográfica do Teorema de Pitágoras na proporção 3, 4 e 5.
Já o Mestre Instalado (Ex-Venerável mais recente ou
não) da maçonaria francesa traz consigo uma joia distintiva composta por um Compasso
sobre um Esquadro, sendo que o primeiro se apresenta aberto a 45 graus tendo as
pontas das suas respectivas hastes incidentes a um arco de círculo correspondente
à oitava parte de um total de 360 graus (totalidade cósmica). Ao centro do
conjunto Esquadro-Compasso vai um "Olho Onividente" rutilante, ou mesmo
a figura do Sol.
Significados - Quanto às explicações pertinentes às
joias distintivas, a do "Past Master" (maçonaria inglesa), a
representação pictográfica do Teorema de Pitágoras representa por parte do seu
usuário o domínio e prática restrita àqueles que já ocuparam o cargo de Venerável
Mestre. Em termos práticos, o seu conhecimento habilita o profissional que,
munido do cordel e da trena aplique com precisão a 47ª Proposição de Euclides no
esquadrejamento dos cantos que a posteriori serão levantados a prumo. De modo especulativo
essa alegoria menciona a retidão e o zelo que devem ser aplicados no canteiro
especulativo (Loja). Assim, presente na joia distintiva do "Past
Master" esse emblema exprime que o domínio dessa grande Verdade só é reservado
àqueles que dirigem, ou já dirigiram, os trabalhos simbólicos de uma Loja maçônica.
No que diz respeito ao significado da joia distintiva
do Ex-Venerável (Mestre Maçom Instalado) da maçonaria latina, a abertura do
Compasso a 45 graus – 8ª parte do círculo, representa, em primeira análise, o
comedimento nas ações daquele que foi um dia instalado na cadeira da Loja. Em síntese,
a limitação da abertura do Compasso significa que a Sabedoria deve ser usada
com moderação, pois o poder, se utilizado em excesso e sem limite, pode se transformar
em opressão e tirania. A abertura em 45 graus sobre o arco de círculo também
simboliza a humildade e a limitação do ser humano diante do conhecimento
cósmico da divindade. A abertura a 45 graus simula a metade da abertura máxima
de 90 graus ¼ do círculo – o ângulo reto ou esquadria (abertura áurea). O
Esquadro simboliza o caminho da retidão e o Compasso a justa medida, virtudes
imprescindíveis àqueles que conduzem os trabalhos de uma Loja. O Sol, ou o Olho
Onividente, representa a Sabedoria aplicada às ações de um Mestre Maçom
Instalado.
Cabe lembrar que o REAA, embora possua, por
questões históricas, influências anglo-saxônicas, ele é um rito de raiz
essencialmente francesa.
Por fim, a graduação de um segmento de arco de
círculo associado à abertura do compasso denota limite e comedimento. É o que
eu poderia explanar atendendo ao significado. De resto, variações existem, mas
elas carecem de um estudo acurado já que ao bel prazer dos "achistas",
muitos símbolos indubitavelmente se encontram deturpados.
E.T.
– Esses comentários se prendem apenas à Maçonaria simbólica que é a universal. Ao
colegiado litúrgico dos "graus filosóficos" cabe as explicações
inerentes a essa escola.
T.F.A.
PEDRO
JUK
JAN/2020