Em 30/10/2019 o Respeitável Irmão
Orlando Voiceman, Loja José Ferreira Vieira, 168, REAA, GLESP (CMSB), Oriente
de Votuporanga, Estado de São Paulo, apresenta a seguinte questão:
USO DA PALAVRA E A EXPRESSÃO "À G∴ D∴ G∴ A∴ D∴ U∴".
Bom dia, Irmão. Acompanho sempre os seus preciosos esclarecimentos sobre
a nossa ritualística e trago uma dúvida. Sempre sou instado na Ordem do Dia a
tecer comentários ou explicações a respeito da nossa simbologia. Às vezes, após
a aplicação de alguma instrução, outras sobre dúvidas levantadas nos estudos do
quarto de hora. Seguimos o REAA e, quando sou inquirido, faço apenas a saudação
às Luzes, não introduzindo minhas explanações com a expressão "À Gl∴ do Gr∴ Arq∴ do Univ∴", por considerar
que seria muito repetitivo fazê-lo duas ou três vezes na mesma sessão. Além
disso, creio que como se tratam de explicações, esclarecimentos diversos, isso
dispensaria a norma, o que acontece, por exemplo, no uso da palavra a bem da
Ordem e do quadro. Na minha concepção, a expressão deve abrir somente peças de
arquitetura para aumento de salário ou específicos trabalhos de instrução.
Pesquisei o assunto, mas não encontrei nada a este respeito, a não ser que esta
obrigatoriedade já não existe no Rito Moderno. O irmão poderia me auxiliar com
seu vasto conhecimento?
CONSIDERAÇÕES
A expressão que exalta a glória do "G∴ A∴ D∴ U∴" é muito comum na Moderna Maçonaria, especialmente
quando utilizada pela Maçonaria Latina se apresentando geralmente nos títulos de documentos (atas, certificados, correspondências), assim como em placas comemorativas,
peças de arquitetura e outros afins do gênero.
Quanto a sua utilização na abertura da fala de um obreiro em Loja durante
o uso da palavra, isso não é comum e nem á parte de procedimentos e costumes. O
certo é não se utilizar dessa expressão, devendo o usuário da palavra, ao
iniciar a sua fala, se dirigir à Loja na forma de costume, isto é, mencionando de
modo protocolar as Luzes da Loja, e genericamente as autoridades presentes e
demais Irmãos. Reitero, sem colocar antes a expressão "À G∴ D∴ G∴ A∴ D∴ U∴".
A bem da verdade a utilização da expressão nos títulos não é uma questão de
"obrigatoriedade", mas de costume.
É recomendável que, antes de se pronunciar repetitivamente e de modo
desnecessário essa expressão, entender que a
designação de "Grande Arquiteto do Universo" dada a Deus pela
Maçonaria objetiva se referir de modo amplo à uma força superior, criadora de
tudo o que existe.
De modo conciliatório, em Maçonaria a expressão "G∴ A∴ D∴ U∴" não faz referência a essa ou aquela religião ou crença, permitindo,
entretanto, que maçons de várias religiões se reúnam numa mesma Loja maçônica com
um mesmo objetivo - o de aprimorar o homem para que ele participe em harmonia com
a sociedade onde ele vive (ditames de respeito, ordem e tolerância).
Cabe mencionar que o título "Grande Arquiteto do Universo"
não é apanágio exclusivo da Maçonaria, e nem por ela não foi inventado. Todavia,
a Moderna Maçonaria, especulativa por excelência e nascida na Grã-Bretanha em
1717, o adotou e o institucionalizou como um único denominador comum para manifestação
de crença em Deus.
Isso se deu principalmente para que os integrantes das Lojas nelas vivessem
em harmonia, sobretudo pelas condições político-religiosas conflitantes que
assolavam a Inglaterra entre os séculos XVII e início do XVIII.
Contudo, cabe lembrar que no decorrer dos tempos a Moderna
Maçonaria se firmou como uma escola de filosofia, moral e bons costumes, não sendo,
inclusive uma religião e nem possui pretensão de concorrer com outras
religiões.
Dando por concluída sua questão, ratifico que a expressão "À G∴ D∴ G∴ A∴ U∴" não é expressão
para que obreiros como regra dela se utilizem para iniciar suas locuções em Loja.
T.F.A.
PEDRO JUK
JAN/2020
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