Em 17/05/2017 o Respeitável Irmão
Bernardo Bosak de Rezende, Loa Sephira, 447, Rito Azul (?), GORGS, (COMAB),
Estado do Rio Grande do Sul, pede esclarecimentos para o seguinte:
DELTA DO ORIENTE
Primeiramente, gostaria de dizer que sou muito fã da sua obra. Adquiri
vários exemplares do livro Exegese Simbólica para o Aprendiz Maçom e estou
sempre incentivando os nossos aprendizes a estudarem por ele. É um livro
bastante lúcido e objetivo! Você é um dos me
us escritores maçônicos prediletos,
junto com Castellani, Xico Trolha e o Kennyo Ismail e é um prazer poder
questioná-lo!
Bem, em minha Loja praticamos o Rito Azul (também conhecido aqui no
GORGS como M\L\A\A\ - Maçons Livres Antigos e Aceitos). É um Rito que foi criado pelo
GORGS, mas basicamente é o REAA praticado pelas Grandes Lojas estaduais, ou
seja, o azul (infelizmente no Brasil temos bastante essa deterioração do padrão
ritualístico do REAA).
Minha dúvida é a seguinte: o nosso ritual prega a utilização de dois
triângulos no Oriente: um equilátero com o IOD dentro (preso no dossel) e outro
isósceles com o Olho da Providência (atrás do Trono de Salomão). Neste caso,
qual dos dois "deltas" devemos saudar quando cruzamos o eixo e por
qual motivo? Procurei em várias fontes para compreender a diferenciação dos
dois símbolos, algumas dizem que no fundo remetem ao mesmo simbolismo, outras
dizem que são diferentes, outras que um pode substituir o outro, outras que
dizem que podemos substituir a letra G pelo olho, e por aí vai... Porém, nunca
encontrei a informação de qual delta saudar quando ambos se fazem presentes
dentro do templo.
Para facilitar, anexo abaixo o trecho do ritual que orienta a utilização
de ambos:
“O dossel do Trono
é formado por duas CCol\ Compósitas, uma de cada lado do Trono, ligadas por um arco revestido de
tecido azul celeste, com franjas de prata ou brancas, do centro do qual penderá
um triângulo equilátero, em cujo centro estará, presa por arame invisível, a
letra hebraica Iod.
Na parede do fundo,
no Or\, em um painel, são pintados ou bordados os astros
do dia (o Sol), no lado S\, e da noite (a Lua, em quarto crescente) no lado N\ tendo, no meio dos dois, um triângulo isósceles
com o Olho Onividente ou Olho da Providência, com fundo azul e
raios luminosos.”.
CONSIDERAÇÕES.
Pois é,
lamentavelmente o REAA\, principalmente aqui
no Brasil, continua sendo o rito preferido para acolher deturpações, enxertos e
modificações. Na realidade um verdadeiro atentado contra a sua história e a sua
ritualística.
Sendo um Rito de
ascendência francesa, tradicionalmente ele possui decoração predominantemente vermelha,
o que pode ser constatado em se consultando as resoluções de 1875 formalizadas
pelo Congresso de Lausanne na Suíça, assim como pela história das suas origens
stuartista-jacobita (católica).
Entretanto, aqui no
Brasil, como que na contramão da história, desde 1927 o REAA acabou se
desfigurando por copiar vários costumes de outros ritos, dos quais principalmente
aquele praticado nas Lojas Azuis norte-americanas (também conhecido como Rito
de York americano) e que é de cor predominantemente azul. Dado a isso é que até
hoje em boa parte das Obediências brasileiras o Rito Escocês Antigo e Aceito
continua sofrendo com enxertos e desfigurações ritualísticas, a exemplo da de
ser transformado equivocadamente num rito azulado.
Boa parte disso se deu desde a
época em que Mário Marinho Béhring, fundador das Grandes Lojas Estaduais no
Brasil, buscou reconhecimento para a sua Obediência recém-criada nas Grandes
Lojas norte-americanas. Dado a isso ele acabou trazendo – talvez para angariar
simpatia - da Maçonaria simbólica praticada nos Estados Unidos da América do
Norte (Lojas Azuis), inúmeros costumes estranhos ao
REAA\ e nele acabou os introduzindo. Nesse
sentido, podem-se citar como inapropriados para o escocesismo, por exemplo, a
cor azulada dos seus templos e dos aventais dos Mestres quando originalmente
deveriam ser predominantemente encarnados (vermelhos); a utilização de bastões
pelos Diáconos quando isso não é apropriado no REAA; o Altar dos Juramentos colocado
no Ocidente quando no escocesismo ele fica no Oriente, destacando-se que o que
fica no centro do Ocidente é o Painel da Loja e não o Altar dos Juramentos, etc.
Apesar de todos
esses esclarecimentos e alertas emitidos por estudiosos autênticos,
lamentavelmente ainda muitos rituais do escocesismo simbólico no Brasil
continuam a prestigiar essas contradições.
Mas, o mais
lamentável mesmo não é o que Béhring trouxe e consolidou nas suas Grandes Lojas
Estaduais brasileiras, mas sim quando outra Obediência que não a Grande Loja,
já bem mais tarde e conhecedora de todos esses equívocos, ao invés de
simplesmente desconhecê-los, ao contrário, opta por criar um novo rito sob a
absurda justificativa de que ele é um “tipo azulado de escocesismo” e nele
acondiciona todo esse imbróglio em favor dos “inconformados” da época. Em síntese,
no intuito de acomodar situações, se descaracterizou ainda mais a tão sofrida
liturgia original do Rito Escocês Antigo e Aceito.
Esse é o caso do tal
“Rito Azul”, também conhecido por lá (desde os idos anos de 1990) como o rito dos
“Maçons, Antigos Livres, e Aceitos”. Segundo informações
confiáveis, posteriormente seu título seria alterado para rito dos “Maçons,
Livres, Antigos e Aceitos” para fugir da jocosa alcunha que ele houvera
adquirido em razão das suas iniciais primárias - o “rito da MALA”.
Parece que na
concepção de alguns, apoiados na lei do menor esforço, ao contrário de se
corrigir um erro, melhor mesmo é formalizá-lo, pois a boca se entorta conforme
o hábito do cachimbo.
Comentários à parte
vale a pena mencionar que o verdadeiro escocesismo é originário da França.
Primeiramente com 25 graus e conhecido como Rito de Perfeição, ou de Héredon,
ele só passaria a ser conhecido como Rito Escocês Antigo e Aceito, agora com 33
graus, após a criação do seu Supremo Conselho em 1801 nos Estados Unidos da
América do Norte.
Dadas essas explicações, nada justifica a criação
de “outro” REAA\ só porque outra Obediência o
pratica de modo contrário à sua tradição.
Seguem então outros comentários, porém agora mais
específicos à simbologia utilizada pelo REAA\ original, destacando-se o Delta
Radiante por ser o principal objeto da questão apresentada.
No tocante à saudação ao Delta.
Esse costume atualmente
deixou de ser uma obrigatoriedade já que essa conduta era muito comum, mas nos
tempos anteriores ao aparecimento das hoje já extintas Lojas Capitulares. Mencionar
aqui as Lojas Capitulares é importante por existir um elo entre elas e o ato
ritualístico de se saudar o Delta na liturgia do Rito em questão.
Cabe esclarecer que
em parte do primeiro quartel do século XIX o Grande Oriente da França exercia o
governo sobre o simbolismo e também sobre os graus de Perfeição e do Capítulo
do escocesismo, restando ao Supremo Conselho da França os graus de Kadosh e do
Consistório. Naquela oportunidade o Athersata do Capítulo (Grau 18) era também
o Venerável Mestre da Loja Simbólica. Sob a égide do Grande Oriente da França
esse sistema ficaria conhecido como Lojas Capitulares. Mais tarde esse sistema contraditório
seria extinto, ficando o Grande Oriente com o simbolismo, enquanto que os
demais graus acima do terceiro seriam devolvidos ao Supremo Conselho - donde
nunca deveriam ter saído.
Assim, foi pelo
aparecimento dessas Lojas no século XIX que o espaço oriental das Lojas
simbólicas do REAA\ acabou sendo
elevado e demarcado para concordar com a liturgia capitular. Antes, como pode
ser constatado no primeiro ritual do escocesismo simbólico datado de 1804 na
França, o oriente da Loja ficava no mesmo nível do ocidente. Também nele não
havia separação por balaustrada.
Nessa época então, o
procedimento ritualístico para o deslocamento pelo recinto da Loja (sem
separação e desnível do Oriente) era o de que ao se passar diante e próximo ao Delta
Radiante, costumeiramente fazia-se uma parada rápida e formal voltando-se para
o Delta. Nessa oportunidade fazia-se a saudação ao Delta pelo Sinal. Em se
tratando da Maçonaria francesa, essa era uma espécie de cumprimento à Luz, ou o
obreiro alinhado à Luz fazia o Sinal de Ordem.
É oportuno
esclarecer que a Luz é uma alegoria de concepção deísta adotada pela Maçonaria
como Obra da Criação e também como um importante símbolo representativo da
fonte de esclarecimento para o homem. A Luz e a sabedoria fazem oposição às
trevas da ignorância.
Com o espaço
oriental mais tarde já elevado e dividido em função do aparecimento das Lojas
Capitulares à saudação ao Delta, devido à circulação horária se restringir ao
Ocidente, passou a ser feita somente quando alguém cruzasse o eixo imaginário do
Templo (equador) no ponto mais próximo do limite com o Oriente. Alguns rituais,
inclusive previam que a saudação ao Delta fosse feita todas as vezes que alguém,
circulando pelo Ocidente, cruzasse o equador imaginário. Ou seja, tanto próximo
ao limite com o Oriente ou no extremo do Ocidente, próximo à porta. Isso pode
ser constatado em se consultando na França os antigos rituais dos primórdios do
escocesismo simbólico na França do século XIX
Com a elevação do
Oriente, também ficava estabelecido nas Lojas Capitulares que quem nele
ingressasse, imediatamente deveria saudar o Delta pelo Sinal. Do mesmo modo, ao
dele se retirar, antes de descer ao Ocidente, também se fazia a mesma saudação.
Mais tarde e após o
desaparecimento das Lojas Capitulares (vide a sua história nos meados do século
XIX e início do XX), muitos costumes capitulares deixariam de existir no
simbolismo, entretanto, não foi o que aconteceu com o Oriente da Loja simbólica
que se manteve elevado e dividido tal qual como conhecemos atualmente.
Sacramentada essa
divisão e elevação na topografia da Loja simbólica do Rito Escocês, paulatinamente,
desde o final do século XIX e início do XX, à saudação ao Delta foi sendo
abolida e transformada em saudação ao Venerável Mestre, porém apenas quando do
ingresso e saída do Oriente ou às Luzes da Loja imediatamente após o término da
marcha do grau. Assim, no Ocidente ao se circular em Loja, extinguiam-se as saudações
durante as transposições sobre a linha imaginária do equador.
Entretanto, alguns
rituais, mesmo na contramão do que fora consuetudinariamente estabelecido,
ainda insistem anacronicamente em mencionar que essa saudação deva ser feita ao
Delta.
Esclareça-se que a
saudação ao Delta deixou de existir porque essa atitude pode ser confundida com
uma prática de caráter dogmático-religiosa estabelecida como adoração a um
símbolo, o que é altamente desaconselhável nos meios da Sublime Instituição. O
maçom deve compreender que os símbolos não são objetos de adoração na Maçonaria,
mas sim são ícones que veladamente encerram Verdades.
É com essa finalidade e sem proselitismos
religiosos que um único Delta Radiante aparece na Loja ao alto e no centro do Retábulo
do Oriente (parede imediatamente atrás do Venerável). Situado entre o Sol e a
Lua ele é um símbolo aberto à compreensão de todos.
Quanto ao Delta e o significado da
sua representação na Loja.
Historicamente, desde as mais antigas
civilizações o Delta tem sido um símbolo alusivo à divindade. Por esse caráter
ele é representado como um triângulo equilátero, ou seja, composto por três
lados iguais concomitantes aos ângulos internos de sessenta graus. Segundo
Plutarco, Xenócrates comparava o triângulo de lados iguais à divindade, já os
formatos triangulares, que não possuíam o equilíbrio da igualdade, eram
comparados à materialidade humana.
Sob essa óptica Xenócrates então classificava
os triângulos comparando o perfeito equilíbrio do triângulo equilátero
com os atributos divinos, enquanto que os gênios eram associados ao triângulo isósceles
(dois lados iguais) e por fim os homens que, de uma forma geral, eram simbolizados
pelo triângulo escaleno (três lados desiguais). Em síntese era uma
espécie de escala comparativa que se estabelecia pela a perfeição e a
espiritualidade (equilátero), a materialidade trabalhada pelo espírito
(isósceles) e o perfectível sujeito ao aprimoramento (escaleno).
O termo Delta, (do grego: delta), como substantivo masculino,
designa a quarta letra do alfabeto grego e corresponde à letra “D” do nosso
alfabeto. É a foz caracterizada pela presença de várias ilhas de aluvião,
geralmente de configuração triangular, dispostas à embocadura de um rio,
formando canais até o mar. Assim, pela sua constituição triangular é que o
termo delta é comumente utilizado de modo figurado para designar uma figura
geométrica com três lados.
Em Maçonaria, o Delta aparece no Oriente da
Loja como um triângulo equilátero representando as tríades divinas. Com todos
os lados iguais ele exprime a natureza neutra e o perfeito equilíbrio entre os atributos
da divindade. Por representar desde as antigas civilizações as qualidades
espirituais, no Retábulo do Oriente ele se destaca com um dos seus ápices
voltado para cima. É devido a esses predicados que o Delta na Maçonaria, como
expressão da neutralidade, lembra a cada um que, independente da sua concepção
religiosa, o Criador sempre estará presente. De modo conciliatório, tal qual o
equilíbrio do triangulo equilátero, o Criador é conhecido na Maçonaria como o
“Grande Arquiteto do Universo”. Assim, o Delta não é a representação do
Arquiteto Criador, mas é um símbolo que lembra ao homem da sua inexorável
existência.
Indubitavelmente o Delta Radiante, ou Delta
Luminoso, é um dos principais símbolos que se apresentam em Loja. Ocupando
lugar de destaque sob o dossel ao centro alto da parede oriental, sua única localização
destacada permanece sempre visível para a compreensão de todos.
Símbolo
monoteísta e de concepção deísta, o Delta Radiante como compleição da Divindade,
ou do “Grande Arquiteto do Universo”, revela na mística maçônica que a Loja esotericamente
é a representação alegórica de um segmento do Universo (Cosmos). Como
representação única do Criador, ele também é único na Loja.
Quanto
à representação que vai inscrita no Delta Radiante.
No caso do REAA\, rito de origem
francesa, portanto deísta, mas com inquestionável influência teísta haurida dos
veios anglo-saxônicos que fazem parte da sua história, e ainda o forte alcance
da cultura hebraica sobre a sua conduta ritualística, a representação mais
apropriada prevista para o interior do Delta Radiante é, ou pelo menos deveria
ser, o Tetragrama representativo do nome inefável de Deus.
O tetragrama hebraico, constituído pelas
letras Iôd, Hé, Vav, Hé, lidas da
direita para a esquerda, que é o sentido da escrita hebraica, designa as quatro
letras místicas que vão inscritas no interior do Delta Radiante para ali
figurarem como o nome misterioso de Deus. Muitas vezes o Tetragrama é
substituído no interior do Delta apenas pela letra Iôd, o que é também reconhecido na Maçonaria como símbolo do Grande
Geômetra. Em qualquer das opções, na Loja só deve existir um Delta Radiante,
tendo nele inscrito o Tetragrama ou apenas com a letra Iôd. Nesse sentido, não
existem dois Deltas (triângulos), pois ele, como símbolo único representa para
a Maçonaria teísta o símbolo máximo.
Existem ritos, sobretudo os de concepção
apenas deísta e os ditos racionalistas, que não utilizam o Tetragrama ou a
letra Iôd inscritos no interior do Delta, porém nele utilizam o “Olho
Onividente”, também representativo da Divindade que segue os passos do
Iniciado. Esse é um conceito haurido dos Cultos Solares da Antiguidade onde o
Olho, a exemplo dos persas, era o Olho de Ormuz em alusão ao Sol, ou Luz. Esse
é um conceito mítico e largamente baseado nos mitos solares das antigas
civilizações. O Olho associado ao Delta preconiza a sabedoria e é, nesse
sentido, mais apropriado àqueles ritos que não possuam influências teístas.
No que diz respeito ao REAA, embora ele tenha
tido o seu arcabouço doutrinário urdido na investigação da Natureza, portando
de concepções deístas, ele ao longo da formação da sua liturgia também acabou sofrendo
forte influência teísta haurida dos “Antigos” (anglo-saxônicos), sobretudo
quando da constituição dos seus rituais simbólicos a partir de 1804. Não
obstante essa influência teísta, há também que se considerar a origem do
escocesismo no século XVII onde se fez presente o teísmo jacobita-stuartista (tronco
católico do Rito).
Dados esses particulares, é que na histórica
do REAA\ o teísmo e o deísmo acabaram se fundindo nas
suas estruturas doutrinárias, o que justifica a presença de um símbolo teísta
como o seu maior emblema e que vai afixado ao alto do Retábulo do Oriente – o
Tetragrama inscrito no Delta Radiante.
Faz-se oportuno comentar que a Maçonaria
anglo-saxônica, ao contrário da francesa, sobretudo aquela praticada no Craft
(raízes inglesas), é de extrema compreensão teísta, entretanto isso não é regra
para se imaginar que todas as vertentes teístas existentes na Maçonaria adotam
o Tetragrama na sua liturgia.
Assim,
cabe ao estudante de Maçonaria bem compreender esses conceitos e diferenças,
sobretudo àquilo que diz respeito à sua estrutura doutrinária. Símbolos não
podem se espalhar indistintamente sem que se perceba antes se eles são apropriados
aos propósitos iniciáticos dos Ritos. A Maçonaria é uma só, mas ela se divide
em duas vertentes principais, a anglo-saxônica (teísta) e a francesa (deísta).
Dessas duas vertentes ainda se proliferam os Ritos e Trabalhos maçônicos, cada
qual com a sua história e os seus conceitos. Muitos símbolos são próprios a
todos os ritos, entretanto, muitos outros, não. Cada símbolo escreve
veladamente o significado dos Painéis da Loja, ou das Tábuas de Delinear. É
fundamental que se compreenda isso.
Por fim, depois de todos esses comentários e respondendo
a sua questão pertinente ao Delta, afirma-se que eles não devem existir em
duplicidade na decoração da Loja. O único Delta existente é o radiante e de
formato equilátero. Por ser único, ele fica ao alto no Retábulo do
Oriente (parede atrás do Venerável). Ratifica-se: esse triângulo não é isóscele!
Aliás, além do Delta, no REAA\ não existe outro tipo
de triângulo solitário no Oriente da Loja, nem no retábulo e muito menos
pendurado no dossel.
Quanto ao triângulo pendente do dossel
mencionado na sua questão, ele nada mais é do que fruto de pura invenção, salvo
se os “criadores” desse tal Rito Azul tenham uma explicação plausível para ele.
Também é bom que se diga que dependendo da
proposta iniciática do rito, o Delta traz no seu interior ou o Tetragrama, ou a
letra Iôd, ou ainda o Olho Onividente. Agora o que não se pode é criar um rito
para nele se juntar aleatoriamente um amontoado de símbolos.
Como mencionado, em respeito à concepção
monoteísta adotada pela Maçonaria, uma Loja traz no seu interior um único
símbolo representativo da presença do Criador, nesse caso, o Delta, que é um
triângulo equilátero e que se apresenta no Retábulo do Oriente (alto da
parede), isto é, sob o dossel e nunca nele pendurado.
No
que diz respeito à saudação ao Delta, como foi anteriormente explicado, ela não
é mais comum durante as perambulações pela sala da Loja. Esse é um costume abolido
porque em Maçonaria não se venera um símbolo. Assim, se essa saudação
porventura ainda persistir como prática ritualística emanada de algum ritual, certamente
ela é contraditória por ferir a liberdade religiosa de outrem. Em Maçonaria,
nesse particular, basta que o símbolo lembre a cada um o porquê da sua presença.
Afinal, o ambiente maçônico não é lugar para que aconteçam proselitismos
religiosos.
Dando por concluído, eram essas as minhas considerações.
Por oportuno aproveitei esse momento para demonstrar o meu repúdio às invenções
que ainda povoam a cultura maçônica. Foi com esse desiderato que eu me fiz
prolixo nessa ocasião - pelo que peço minhas desculpas - pois só assim eu pude
apontar o quão nocivo e desproposital é a falta de cultura e de conhecimento de
causa, sobretudo quando nos referimos àqueles que usam de meios legais para
construir ritualísticas temerárias e, o que é pior, em nome de acomodar as
coisas.
T.F.A.
PEDRO
JUK
JULHO/2018