Em 18/05/2018 o Irmão Aprendiz
Alexandre Costa Maldonado, Loja União e Segredo, REAA, Grande Oriente Paulista
(COMAB), Oriente de Franca, Estado de São Paulo, solicita o seguinte:
CÂMARA DE REFLEXÃO
Preciso de informações sobre a Câmara de Reflexões/Perseverança.
CONSIDERAÇÕES.
A câmara não é de
reflexões, no plural, mas de reflexão, no singular, já que em Maçonaria ela
significa a volta da consciência do candidato sobre si mesmo para examinar o
seu próprio conteúdo por meio do entendimento da razão. Em linhas gerais é o
ato de refletir sobre si.
É bom que se diga
que não são todos os ritos maçônicos que adotam a Câmara. No Rito Escocês
Antigo e Aceito, que é um dos ritos que a adota, a mesma deve ser compreendida sob
três configurações.
A primeira é como
um local de medição e interiorização. Esse artifício é utilizado para conduzir
o candidato a um momento único - consigo mesmo - quando ficam frente a frente à
materialidade e a espiritualidade. Todo o cenário desse apólogo foi arquitetado
para chamar atenção do postulante, por meio de símbolos, frases e alegorias,
sobre a brevidade e a finitude da vida.
A segunda é que de
modo figurado, a Câmara lembra as masmorras que aprisionam o homem. Menciona
que são os vícios e os maus costumes que deformam a conduta humana. Nesse
sentido, a Câmara é um marco referencial para que o homem se liberte das
amarras que dormem nesses calabouços.
Por fim, a terceira
que sugere a morte e o renascimento. É uma concepção que compara a vida do
homem aos ciclos da Natureza (renovação da vida). É a sua purificação pelos
elementos. Nesse sentido a Câmara é a prova da Terra (o primeiro elemento). É o
útero, a fecundação; é a escuridão onde a semente, como produto da putrefação
do fruto que morreu no inverno começa agora a germinar. É o novo broto da
planta que surge. Vem das profundezas da terra em direção à Luz. De maneira
geral é o primeiro ciclo do iniciado. É agora o neófito, ou aquele que iniciaticamente
se compara a uma “nova planta” (néo = novo;
fito = planta, vegetal). O Mestre que
o apadrinha é o semeador e o neófito o vegetal que no futuro proporcionará a
colheita.
Por esse caráter é
que existe toda a simbologia da Câmara de Reflexão no REAA\, das quais a divisa “Vigilância e Perseverança”,
onde o termo Vigilância está por sugerir ao postulante que ele vigie
diuturnamente a sua consciência e as suas ações, enquanto que para o termo Perseverança,
objeto da sua questão, seguem os comentários seguintes.
Alusivo à Câmara de
Reflexão, a palavra “perseverança” é o procedimento de ser perseverante;
se refere à constância e à firmeza. Relativo ao verbo transitivo indireto
“perseverar”, ele sugere ao candidato que se conserve firme e constante no seu objetivo.
Assim, o termo “perseverança” ensina que aquele que persiste em seus propósitos
acaba um dia vencedor.
Não obstante os
ensinamentos maçônicos lembrarem constantemente que todo o trajeto iniciático é
e cheio de obstáculos, é na Câmara de Reflexão que o Iniciado se coloca à prova
para vencer o seu primeiro grande empecilho, já que nessa fase, embora conduzido
por um guia, ele ainda caminha nas trevas. Assim, ele só conseguirá transpor o
umbral do Templo se adequadamente for um elemento perseverante.
A alegoria da
perseverança está bem representada pela figura de um galo que anuncia o raiar
de um novo dia – não desista, pois quanto mais escura é a madrugada, mais
próximo está o raiar de um novo dia. Seja perseverante.
Concluindo, é
oportuno mencionar que a Câmara é um recinto para se refletir, portanto não são
apropriados trotes e brincadeiras com o candidato à iniciação. Na realidade
esse é o primeiro contato real que ele tem com a Maçonaria. Assim, espera-se que
esse futuro Irmão tenha de nós a melhor das impressões.
T.F.A.
PEDRO JUK
JULHO/2018
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