sábado, 28 de julho de 2018

CÂMARA DE REFLEXÃO II


Em 18/05/2018 o Irmão Aprendiz Alexandre Costa Maldonado, Loja União e Segredo, REAA, Grande Oriente Paulista (COMAB), Oriente de Franca, Estado de São Paulo, solicita o seguinte:

CÂMARA DE REFLEXÃO


Preciso de informações sobre a Câmara de Reflexões/Perseverança.

CONSIDERAÇÕES.

A câmara não é de reflexões, no plural, mas de reflexão, no singular, já que em Maçonaria ela significa a volta da consciência do candidato sobre si mesmo para examinar o seu próprio conteúdo por meio do entendimento da razão. Em linhas gerais é o ato de refletir sobre si.
É bom que se diga que não são todos os ritos maçônicos que adotam a Câmara. No Rito Escocês Antigo e Aceito, que é um dos ritos que a adota, a mesma deve ser compreendida sob três configurações.
A primeira é como um local de medição e interiorização. Esse artifício é utilizado para conduzir o candidato a um momento único - consigo mesmo - quando ficam frente a frente à materialidade e a espiritualidade. Todo o cenário desse apólogo foi arquitetado para chamar atenção do postulante, por meio de símbolos, frases e alegorias, sobre a brevidade e a finitude da vida.
A segunda é que de modo figurado, a Câmara lembra as masmorras que aprisionam o homem. Menciona que são os vícios e os maus costumes que deformam a conduta humana. Nesse sentido, a Câmara é um marco referencial para que o homem se liberte das amarras que dormem nesses calabouços.
Por fim, a terceira que sugere a morte e o renascimento. É uma concepção que compara a vida do homem aos ciclos da Natureza (renovação da vida). É a sua purificação pelos elementos. Nesse sentido a Câmara é a prova da Terra (o primeiro elemento). É o útero, a fecundação; é a escuridão onde a semente, como produto da putrefação do fruto que morreu no inverno começa agora a germinar. É o novo broto da planta que surge. Vem das profundezas da terra em direção à Luz. De maneira geral é o primeiro ciclo do iniciado. É agora o neófito, ou aquele que iniciaticamente se compara a uma “nova planta” (néo = novo; fito = planta, vegetal). O Mestre que o apadrinha é o semeador e o neófito o vegetal que no futuro proporcionará a colheita.
Por esse caráter é que existe toda a simbologia da Câmara de Reflexão no REAA\, das quais a divisa “Vigilância e Perseverança”, onde o termo Vigilância está por sugerir ao postulante que ele vigie diuturnamente a sua consciência e as suas ações, enquanto que para o termo Perseverança, objeto da sua questão, seguem os comentários seguintes.
Alusivo à Câmara de Reflexão, a palavra “perseverança” é o procedimento de ser perseverante; se refere à constância e à firmeza. Relativo ao verbo transitivo indireto “perseverar”, ele sugere ao candidato que se conserve firme e constante no seu objetivo. Assim, o termo “perseverança” ensina que aquele que persiste em seus propósitos acaba um dia vencedor.
Não obstante os ensinamentos maçônicos lembrarem constantemente que todo o trajeto iniciático é e cheio de obstáculos, é na Câmara de Reflexão que o Iniciado se coloca à prova para vencer o seu primeiro grande empecilho, já que nessa fase, embora conduzido por um guia, ele ainda caminha nas trevas. Assim, ele só conseguirá transpor o umbral do Templo se adequadamente for um elemento perseverante.
A alegoria da perseverança está bem representada pela figura de um galo que anuncia o raiar de um novo dia – não desista, pois quanto mais escura é a madrugada, mais próximo está o raiar de um novo dia. Seja perseverante.
Concluindo, é oportuno mencionar que a Câmara é um recinto para se refletir, portanto não são apropriados trotes e brincadeiras com o candidato à iniciação. Na realidade esse é o primeiro contato real que ele tem com a Maçonaria. Assim, espera-se que esse futuro Irmão tenha de nós a melhor das impressões.


T.F.A.

PEDRO JUK

JULHO/2018

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