Em 26.04.2018 o Respeitável Irmão
José Ramiro do Nascimento, Loja Mário Behringer, 33, REAA, GLESP, Oriente de
São Paulo, Capital, apresenta a questão seguinte:
SAUDAÇÃO NA MARCHA.
Estou como Mestre de Cerimônias, gestão 2017/2018 e estarei na de
2018/2019.
Assunto: você postou um trabalho sobre macha de Companheiro Maçom onde
diz que no término se faz a saudação as luzes. Eu já pesquisei não encontrei
nada que confirme que a saudação é no fim das machas de Companheiro Maçom ou de
Mestre Maçom. Tenho alguns livros e nada, os sinais de ordem, sinais de
saudação, etc., etc., porém semelhantes é feito com movimentos diferentes. O
prezado Irmão pode me indicar onde eu possa ter estas informações?
CONSIDERAÇÕES:
Mano, isso é
consuetudinário nos Ritos que possuem a ritualística da Marcha do Grau. Esses
passos na realidade são também segredos do grau e as Lojas têm por obrigação
ensinar as minúcias dessa liturgia aos seus obreiros. Em Maçonaria, muitas
coisas não carecem estar explicitamente escritas.
No caso da Marcha
do Grau, se o rito a possuir, todo o obreiro ao entrar formalmente em Loja o
faz pela Marcha e, ao concluí-la, ele imediatamente saúda as Luzes da Loja
(Venerável Mestre, Primeiro e Segundo Vigilantes). Isso é uma regra tão óbvia
que realmente não carece estar explícita no ritual, embora muitas instruções
autênticas a mencionem.
Inerente a sua
liturgia, o que ocorre é que existem três Marchas, cada uma própria a um grau simbólico,
ou seja: a do Aprendiz, a do Companheiro e a do Mestre Maçom.
A do Primeiro Grau
com três passos, a do Segundo Grau com cinco passos e a do Mestre com oito
passos. Explica-se: o Aprendiz, na forma de costume, dá seus três passos, enquanto
que o Companheiro, em seguida, dá por primeiro os três passos do Aprendiz,
somando-se a eles mais dois outros correspondentes ao Segundo Grau, o que
totaliza os cinco passos. Por fim o Mestre que inicia pelos três passos do
Aprendiz, somados aos dois do Companheiro e se completa com os seus próprios
passos, todos dados na forma de costume. Ao final dos passos, o Mestre terá dado
oito passos – três do Primeiro Grau, mais dois do Segundo, mais três do
Terceiro. Por ser uma prática sigilosa, obviamente não farei aqui a descrição
minuciosa de como são dados os passos das respectivas Marchas.
Retomando o
raciocínio, cabe mencionar que uma das características dessas Marchas é a de
que elas são sempre executadas com o Sinal do Grau correspondente composto. Em
síntese, é o único caso em que se anda com o Sinal de Ordem.
Dadas essas
particularidades, seguem outras ponderações.
Em Loja do Primeiro
Grau o Aprendiz deve executar os seus passos compondo o Sinal de Ordem
correspondente ao seu grau. Concluídos os passos ele então saúda pelo Sinal
Penal o Venerável Mestre, o Primeiro e o Segundo Vigilante (segue essa ordem hierárquica)
e a seguir volta ao Sinal de Ordem e permanece aguardando comando. Em Loja do Segundo
Grau o Companheiro inicia a sua Marcha compondo por primeiro o Sinal de
Aprendiz dando com ele os três passos correspondentes ao Primeiro Grau e em
seguida, na devida forma, desfaz o Sinal de Aprendiz pelo respectivo Sinal
Penal. Ato seguido compõe imediatamente o Sinal do Segundo Grau e com ele dá os
dois outros respectivos passos. Concluída a Marcha de Companheiro ele,
obedecendo à hierarquia, saúda pelo Sinal as Luzes da Loja e volta ao Sinal de
Ordem no Segundo Grau. Assim permanece aguardando ordens. Finalmente, em Loja
do Terceiro Grau o Mestre Maçom inicia a sua Marcha como Aprendiz; terminados
esses passos ele desfaz o Sinal de Aprendiz na forma de costume, compõe diretamente
o Sinal de Companheiro e dá os dois passos do Segundo Grau. Concluída essa
etapa, desfaz o Sinal pelo gesto penal e por fim diretamente compõe o Sinal do
Terceiro Grau dando finalmente os três passos de Mestre Maçom. Ao final da
Marcha saúda pelo Sinal como Mestre Maçom as Luzes da Loja.
Como regra, a
saudação às Luzes se dá apenas ao final da Marcha do Grau. O que não se pode
confundir com saudação é a transformação de um para outro Sinal que normalmente
acontece no Segundo e no Terceiro Grau.
Isso se explica
porque nessas ocasiões para passar de um para outro Sinal, necessário se faz
completa-lo pelo movimento conhecido como Sinal Penal. O que não se admite nessas
ocasiões é passar diretamente de um para outro Sinal sem antes
desfazê-lo pela pena simbólica (Sinal Penal).
É sempre bom
lembrar que um Sinal do Grau (Gut\, Cord\ e Ventr\), também conhecido como Sinal de
Ordem, se arranja por dois gestos, um estático que se refere à sua composição
propriamente dita e outro em movimento que é o modo correto para
desfazê-lo, ou seja, o Sinal de Ordem sempre é desfeito pela pena simbólica a
ele relativa, forma essa haurida das obrigações (juramentos) que deram origem
aos Sinais de cada grau.
Outro aspecto para
se considerar é o de que, embora toda saudação maçônica seja sempre feita pelo
Sinal Penal, nem sempre esse movimento penal é uma saudação. A questão é a de quando
um Sinal é utilizado para se saudar alguém e a de quando ele acontece para
cumprir outras regras ritualísticas. Nesse sentido é imperativo que o maçom
saiba diferenciar uma de outra situação para não incorrer em aleivosias
ritualísticas.
Um bom exemplo
disso pode ser constatado na execução das Marchas de Companheiro e de Mestre. Nessa
oportunidade, durante a sequência dos passos é prevista mudança de um para
outro Sinal. Note-se que essa mudança não é saudação maçônica, mas sim uma
alteração de Sinal por processo gestual penal – desfazendo um por completo
antes de compor o outro. Nesse caso a saudação somente se dá às Luzes da Loja
ao final da Marcha do Grau. O que ocorre antes é apenas e tão somente
transformação de Sinal.
Outro viés
importante é o de que os passos do grau, em qualquer situação formal de
ingresso, se dão sempre a partir da Marcha do Primeiro Grau. Assim, os passos
do Segundo Grau somam-se obrigatoriamente aos do Primeiro Grau e os do Terceiro
Grau, somam-se aos do Companheiro e aos do Aprendiz. A ordem para tal é sempre
se iniciar do menor para o maior.
É oportuno também
esclarecer que o termo “diretamente” normalmente utilizado ao se mencionar
a troca de sinais durante a Marcha (o que não é saudação) significa o ato de se
passar de um para outro sinal na forma de costume, isto é, desfazendo por
completo um sinal antes de compor o seguinte. Em absoluto o termo “diretamente”
nesse caso denota passar de um para o outro sinal “diretamente” sem antes
desfazer por completo o anterior. Assim, o termo aqui também implica em não se
saudar as Luzes durante na transição do sinal, porém passar diretamente de um
para outro na forma de costume (desfazendo-o pelo Sinal Penal).
Eram essas as
explicações plausíveis para a ritualística que envolve os passos do Grau. Na
realidade, nos primeiros rituais do escocesismo simbólico a partir de 1804 em
solo francês, não existiam marchas distintas para cada grau. O que existia era
o conjunto denominado “Passos Regulares do Rito” e que se davam simplesmente por
“oito passos normais”. Com a evolução e aprimoramento dos rituais a
partir dos meados do século XIX, esses oito passos seriam divididos por graus
simbólicos, mas que no final da jornada iniciática atingem o total de oito passos.
Alegoricamente, esses
oito passos, juntados ao ponto Cord\ que fica oculto no
coração de H\ dentro do esq\, perfazem o número “nove”, número esse considerado como a
chave da Grande Iniciação no REAA\.
Concluindo, a
liturgia de um rito maçônico esconde nas suas entrelinhas o verdadeiro segredo
da Arte - a doutrina iniciática. Os passos relativos às Marchas correspondem
de modo sintético a toda a jornada do maçom na senda iniciática. Da retidão dos
primeiros passos, passando pela busca de conhecimento no Norte e no Sul até a
simulação da marcha anual do Sol em sua eclíptica. Ao final desse trajeto o
Mestre encontrará o verdadeiro significado do Oriente da Loja.
T.F.A.
PEDRO JUK
JULHO/2018.
Lendo na íntegra o seu esclarecimento,percebi que grande parte das lojas vem instruindo de forma equivocada a marcha do G2,sendo instruído 3 passos e não 2..
ResponderExcluirNa realidade são "cinco", três do Aprendiz mais "dois" do Companheiro. O Companheiro sai do eixo por um passo e a ele retorna por mais um. Esse deslocamento lateral tem o desiderato de ensinar que o Companheiro, agora mais instruído, pode se deslocar em busca de mais conhecimento e em seguida, retomar o rumo em direção à Luz.
ExcluirPerfeito, cada loja e soberana e por seus usos e costumes algum detalhe pode ser diferente.'.
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ResponderExcluirA Sindicância em relação à entrada de novos profanos na Maçonaria deveria ser bem mais rígida. Muitos que são aceitos na Maçonaria não estão à altura dessa Ordem milenar e acabam nos expondo. O sigilo é fundamental. Nem todos estão aptos a conhecer e receber as grandes verdades.
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