quarta-feira, 28 de outubro de 2020

BOAZ - SIGNIFICADO DA PALAVRA

 

O Irmão Bruno Leonardo Baldo Gonçalves, Aprendiz Maçom da Loja Filhos do Pelicano, REAA, GOB-PR, Oriente de Cianorte, Estado do Paraná, apresenta a seguinte questão:

 

PALAVRA SAGRADA

 

Sou Aprendiz Maçom e estou fazendo meu trabalho para aumento de salário sobre a palavra sagrada, pois sempre fico me perguntando o que significa? Por que essa palavra? Assim fiz algumas pesquisas, inclusive muitas em seu blog, pedi ajuda a alguns irmãos Mestres e obtive bastante material, porém não consegui entender ainda o que significa a palavra BOO


Z, qual seria seu significado na íntegra da palavra. Vi em um post no blog o porquê tem BOOZ e BOAZ. mais com minha inquietude de Aprendiz fico me perguntando o que significa as duas palavras.

Bom, como sei que o Irmão é conhecedor de muita coisa da maçonaria, gostaria se possível me ajudasse.

 

CONSIDERAÇÕES

 

BOAZ é o nome de um personagem bíblico mencionado no Antigo Testamento. Tido como um judeu morador de Belém e pertencente à Tribo de Judá, era um homem rico e respeitado proprietário de terras em Belém. A sua história é encontrada no livro de Rute em Rt. 2:1-3 e 1 Cônicas 2:12.

Segundo a descrição bíblica, BOAZ era filho de Salmom e pai de Obed, sendo o bisavô do rei Davi.

BOAZ, por ter sido, segundo a genealogia bíblica, trisavô do Rei Salomão, também aparece dando nome a uma das Colunas Vestibulares do Templo de Jerusalém.

Nome de origem hebraica, BOAZ, segundo alguns autores, significa “rapidez”, contudo, esse significado se altera quando se apresenta junto a uma outra palavra título. Assim, Boaz também significa “na força” ou “em força”.

De acordo com estudiosos, BOAZ, se utilizado como termo complementar de JAQUIM (nome da outra Coluna e que significa “Ele”, ou “Deus” estabelecerá) forma a seguinte frase: “Ele” (Deus) estabelecera com força.

Em primeira análise isso significa o estabelecimento por Deus do Reino de Israel.

Destaco que a leitura em hebraico é feita no sentido da direita para a esquerda.

Vale mencionar que o nome BOAZ também aparece na bíblia, conforme a versão, como BOOZ. Na verdade, trata-se de um equívoco de escrita na tradução da versão latina da Bíblia, conhecida como Vulgata. Já na versão Septuaginta (dos Setenta), do hebraico paro o grego, o nome é grafado como BOAZ.

Cabe mencionar que grafia BOOZ não se coaduna com a escrita hebraica (origem desse nome) já que nesse vernáculo não existem vogais dobradas.

De fato, BOOZ é um erro de grafia na Vulgata que a Igreja resolveu não corrigir em respeito a São Jerônimo, o tradutor da Bíblia para a língua latina.

Comentários a parte, racionalmente não se justifica homenagear alguém perpetuando um erro (informações mais completas a respeito veja no Blog do Pedro Juk – http://pedro-juk.blogspot.com.br - título: BOOZ ou BOAZ?).

Em Maçonaria B, de modo igual também aparece como o nome dado a uma das Colunas do pórtico do Templo. Particularmente o REAA segue alegoricamente a mesma disposição das Colunas do lendário Templo de Jerusalém e descrita em I Reis 7:15-22; II Reis 25:17; II Crônicas ou Paralipômenos 3:15-17 e 4:12-13.

Eram essas as considerações apropriadas para essa ocasião.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

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OUT/2020

terça-feira, 27 de outubro de 2020

REAA - LITURGIA DA TRANSMISSÃO DA PALAVRA.

 

Em 26.10.2020 um Respeitável Irmão do GOB-ES, Oriente de Vitória, Estado do Espírito Santo formula a seguinte questão pertinente ao REAA:

 

PRÁTICA RITUALÍSTICA NA TRANSMISSÃO DA PALAVRA.

 

Eminente e estimado irmão Pedro Juk. Preciso de mais um socorro seu: Diz o Ritual que, na transmissão da Palavra Sagrada, “O 1º Diácono sobe os degraus do Trono, pelo lado norte...”

Dúvida: Sobe pelo lado norte no sentido norte-sul, ombro direito do Venerável Mestre, (tendo eventualmente uma autoridade entre ele e o Venerável Mestre) ou sobe pelo lado norte, mas na parte frontal do trono, ficando de frente para o Venerável Mestre (quase face a face)?

 

CONSIDERAÇÕES:

 

Deixei isso bem claro no Sistema de Orientação Ritualística – GOB Ritualístic
a, item 42.

Nesse sentido, a transmissão se dá pelo lado norte do altar e sob nenhuma hipótese pela frente. Se na oportunidade a cadeira da direita do Venerável estiver ocupada por quem de direito, o ocupante se afasta um pouco para dar lugar para o procedimento entre o Diácono e o Venerável.

Reitero que o ato ritualístico da transmissão nessa oportunidade, se dá pelo lado norte do altar (ombro direito do Venerável). Nessa ocasião o Venerável e o 1° Diácono ficam de frente um para o outro - o Venerável para tal se volta ao Diácono, e nunca o Diácono que se coloca pela frente do Altar, tendo a mesa (altar) entre ambos.

É bom que se diga que o Decreto1469/2016 do GOB que regulamenta a ocupação das cadeiras de honra menciona apenas “duas” cadeiras, uma à direta do trono e outra à esquerda, nenhuma mais. Portanto, na transmissão da palavra é muito mais razoável que o ocupante da cadeira dê espaço para o ato litúrgico da transmissão do que o Diácono ficar se equilibrando sobre o último degrau do sólio pela frente do altar.

 

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

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OUT/2020

domingo, 11 de outubro de 2020

VISITANTE DE OUTRO RITO

 

Em 22/05/2020 o Respeitável Irmão José Antônio Wengerkiewicz, Loja União 3ª Luz e Trabalho, 664, REAA, GOB-SC, Oriente de União da Vitória, Estado de Santa Catarina, solicita esclarecimentos para o que segue:

 

VISITANTE – SINAL DE OUTRO RITO.

 

Solicito que me auxilie na seguinte questão/dúvida. Ao visitarmos Loja de outro Rito, devemos fazer os sinais da Loja visitada ou do nosso Rito, mormente quando se é Aprendiz


. Nesses 31 anos de iniciação, talvez por ignorância de minha parte, não achei norma sobre tal procedimento.

Agradeço a atenção.

 

CONSIDERAÇÕES.

 

Conforme nomeia o Art. 217 do Regulamento Geral da Federação, o maçom regular tem o direito de ser admitido nas sessões que permitem visitantes até o grau simbólico que ele possuir.

Destaca ainda esse mesmo Art. no seu parágrafo único: “O visitante está sujeito à disciplina interna da Loja que o admite em seus trabalhos e é recebido no momento determinado pelo Ritual respectivo.

Desse modo, sob o ponto de vista do Diploma Legal mencionado, o visitante deve se sujeitar às normas da Loja visitada, pois é o que exprime a expressão: “estar sujeito à disciplina...”.

A bem da verdade, a palavra “disciplina” faz referência nesse contexto à resolução que convém ao funcionamento regular da Loja, sempre observados seus preceitos e normas, isto é, o de se submeter ao regulamento.

Em se tratando de Irmãos visitantes, há que antes se lançar mão do bom senso, ou seja, estar informado do Rito que a Loja a ser visitada pratica. Assim, se o visitante não conhecer o Rito praticado, pelo menos procurar antes informações a respeito e até mesmo aprender.

Desse modo, recomenda-se que o visitante evite situações de última hora, chegando com antecedência, de tal maneira a antes aprender as regras ritualísticas da Loja visitada. Esses detalhes são importantes e previnem futuras situações embaraçosas.

Existe um aspecto importante na ritualística, a qual é seguir a proposta doutrinária dos trabalhos (forma de se trabalhar do Rito). Com isso, uma sessão aberta em um determinado Rito deve produzir uma liturgia conforme o seu ritual.

Partindo dessa premissa é que todos os presentes na sessão de uma Loja aberta, inclusive visitantes, devem trabalhar conforme a liturgia do Rito praticado pela Loja anfitriã.

Por óbvio que isso não poderia ser o contrário e é por isso que o visitante se sujeita às regras da Loja que o admite – entre essas regras está o de seguir o Rito que ela adota.

Assim, em tudo deve imperar o bom senso, tanto por conta do visitante como por conta do visitado. O visitante se sujeitando às regras do anfitrião, e o visitado se dispondo, com afinco e gentileza, explicar os procedimentos conformes e necessários.

Encerrando esses comentos, nunca é demais lembrar que “bom senso” é uma qualidade que reúne noções de razão e sabedoria, pautando as ações conforme as regras e costumes apropriados para um determinado contexto.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

http://pedro-juk.blogspot.com.br

jukirm@hotmail.com

 

 

OUT/2020

 

terça-feira, 6 de outubro de 2020

ZODÍACO NO REAA - ENTENDA A RAZÃO DAS COLUNAS ZODIACAIS NO TEMPLO

 

Em 19/05/2020 o Respeitável Irmão Fernando Alves Queiroz, Loja Cláudio das Neves, REAA, GOB/MG, Oriente de Uberlândia, Estado de Minas Gerais, apresenta a seguinte pergunta:

 

ZODÍACO NO REAA

 

Gostaria de receber material sobre Colunas Zodiacais, assim como comentários sobre o tema, tenho o propósito de fazer um trabalho para apresentação em Loja e gostaria de agregar mais conhecimentos.

 

CONSIDERAÇÕES.

 

O Zodíaco apareceu nos rituais do REAA como herança da Lojas Mães Escocesas. Dentre outros, essas Lojas organizavam na França os trabalhos concernentes ao simbolismo do Rito. Destaque-se que é dessa época, mais precisamente no ano de 1804 na França, o aparecimento do primeiro ritual do REAA e que seria publicado oficialmente
em 1821 (estima-se) no “Guide des Maçons Écossais”. É bom que se diga que nesta época o simbolismo do REAA enfrentava nos seus primórdios de existência a sua consolidação e aperfeiçoamento.

Até 1815 existiu dentro do Grande Oriente da França, junto com o Segundo Supre Conselho, uma Loja Geral Escocesa com o fito de organizar o simbolismo. Essa Loja Geral viria se extinguir por volta de 1815.

Muitos símbolos e costumes pertinentes às primeiras lojas simbólicas do REAA são frutos hauridos das Lojas Mães Escocesas (Marselha, Paris e Avinhão, por exemplo).

Em linhas gerais, as quatro principais contribuições das Lojas Mães para com o aprimoramento do ritual simbólico do escocesismo nos seus primeiros anos de existência foram: primeiro, a disposição das Colunas Vestibulares B e J tal como a usada pela Maçonaria anglo-saxônica (B à esquerda e J à direita de quem entra); segundo, a aclamação Huzzé; terceiro as constelações do zodíaco[1] fixadas na base da abóbada; quarto, a consolidação da cor vermelha para o Rito.

Outras fontes principais que influenciaram esse primeiro ritual, além daqueles hauridos das Lojas Mães, foram o “Régulateur du Maçom” e os rituais ingleses da Grande Loja dos Antigos (divulgados pela exposição “The Three Distinct Knocks”, de 1760).

Em relação às colunas zodiacais e as constelações do zodíaco dispostas tais como se apresentam hoje, o que se pode dizer é que as doze colunas primitivamente não eram utilizadas, aparecendo nos primeiros tempos apenas as constelações zodiacais, ou os símbolos correspondentes ao zodíaco, cujos quais iam fixados ao alto na base da abóbada - seis no setentrião e seis no meridião. Destaque-se que essa decoração, apenas com constelações (ou os símbolos do zodíaco) ainda é empregada no lugar das colunas zodiacais em muitos templos do REAA atualmente.

Assim, as colunas zodiacais foram utilizadas para marcar a posição das constelações zodiacais, já que muitas abóbadas não seguiam essa decoração, isto é, omitiam nela o zodíaco. Provavelmente foi dado a isso que se passou a utilizar meias-colunas verticais - como que encravadas nas paredes - para projetar as constelações ausentes na base da abóbada (marcavam essa existência)

Deste modo, as colunas zodiacais, então colocadas para suprir a falta das constelações, acabariam se tornando elementos obrigatórios segundo muitos rituais do simbolismo do REAA.

Com as suas presenças como símbolos do zodíaco, as colunas então trazem nos seus capiteis, ao invés da constelação fixada na abóbada, pantáculos (símbolos que possuem significado de natureza esotérica) relativos à cada um dos signos do zodíaco

Atinente ao porquê do simbolismo iniciático dessas colunas no REAA, elas correspondem a faixa no mapa celeste que as doze constelações ocupam. Desta forma, o zodíaco, em Maçonaria, nada tem a ver com prognósticos acerca de uma pessoa em relação aos astros no dia do seu nascimento.

No REAA o zodíaco é utilizado apenas como alegoria iniciática. Nesse sentido, os alinhamentos correspondentes à Terra, o Sol e as respectivas constelações zodiacais,

agrupados sequencialmente de três em três, representam a primavera, o verão, o outono e o inverno – nascimento, vida e morte na Natureza adequada ao hemisfério Norte do nosso Planeta.

Sob a óptica iniciática maçônica, esses ciclos são representados no templo pelas colunas zodiacais a partir de 21 de março (constelação de Áries) que é o início da primavera no Norte. Dessa forma, a vida simbólica do Iniciado acompanha a sequência desses ciclos naturais (primavera, verão, outono e inverno).

Emblematicamente se relacionando às etapas da existência humana - a infância, a adolescência, a juventude e a maturidade - essas fases se comparam à primavera, ao verão, ao outono e ao inverno, respectivamente.

Com isso, a jornada iniciática dos três graus universais da Maçonaria seguem as estações representadas pelas colunas zodiacais a partir de Áries (primavera no Norte). É sob esse formato que as colunas vão dispostas, seis ao Norte e seis ao Sul. Divididas em quatro grupos de três, elas marcam os ciclos naturais e indicam o caminho que o Iniciado deve seguir, rompendo o seu percurso ao nascer na primavera para simbolicamente fenecer no inverno e, em seguida, tal como a Natureza revivida, reviver na Luz.

O Iniciado, ao percorrer a senda demarcada pelas colunas zodiacais simula seu aprimoramento como Aprendiz (infância-adolescência) nas seis primeiras colunas, de Áries até Virgem (Norte); o Companheiro (juventude) em Libra ao Sul e o Mestre prossegue nas colunas restantes em direção ao solstício de inverno quando a Natureza se prepara para ficar viúva do Sol (vide cultos solares da Antiguidade).

Assim, esse foi um breve relato sobre o significado da presença das colunas zodiacais nos templos do REAA. Evidentemente que esse é um percurso simbólico, contudo de conteúdo altamente significativo no que concerne à transformação e o aprimoramento – uma das doutrinas do Rito.

Por fim, toda essa proposição simbólica demonstrada busca explicar a importância emblemática dos solstícios e equinócios na liturgia maçônica. Não à toa que Câncer aparece no templo sempre ao Norte e Capricórnio ao Sul. Não menos importante ainda é lembrar que os solstícios de verão e de inverno ao Norte (onde nasceu a Maçonaria), correspondem respectivamente às datas comemorativas de João, o Batista e João, o Evangelista (as Lojas de São João). Ainda nesse contexto é bom lembrar que as Colunas B e J, também conhecidas como “pilares solsticiais”, marcam a passagem dos trópicos de Câncer e Capricórnio no templo – o Sol não ultrapassa os Trópicos e o Iniciado percorre os “ciclos”. O resto é estudar e compreender, destacando que o conhecimento esotérico é reservado apenas aos Iniciados. Eis aí os subsídios.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

http://pedro-juk.blogspot.com,br

 

 

OUT/2020



[1] Zodíaco (astronomia) zona circular na esfera celeste, que se estende a cerca de 8° em cada lado da eclíptica e forma a faixa sobre a qual se movem o Sol, a Lua e os planetas em órbita.

 

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

INEXISTÊNCIA DE DEGRAUS NA LOJA DO RITO SCHRÖDER

 

Em 27/04/2020 o Respeitável Irmão David Lorenzo Sotolepe, Loja Unidade, Justiça e Trabalho, 274, GLMRGS, Rito Schröder, sem mencionar o Oriente, Estado do Rio Grande do Sul, solicita esclarecimentos para o que segue:

 

DEGRAUS NA LOJA

 

Lendo seu blog, referente aos degraus, pergunto: Por que o Rito Schröder não tem degraus no Templo?



 

CONSIDERAÇÕES.

 

Não há degraus porque essa é uma característica desse Rito.

Amparado pela simplicidade, não por isso, o Rito Schröder traz profundas lições de humanismo na sua estrutura doutrinária.

Numa síntese da sua história, os seus rituais são oriundos de uma Assembleia que se deu no ano de 1801, constituída por Lojas que compunham a Grande Loja Provincial de Hamburgo. Não obstante a sua ligação com a Primeira Grande Loja de Londres (Modernos de 1717), seus rituais ganharam espaço na Europa, principalmente nas Lojas de língua germânica.

Assim, esses rituais, dos três graus básicos universais (Aprendiz, Companheiro e Mestre), incluindo também a Loja de Mesa e a de Funeral, foram organizados por uma Comissão, cuja direção coube ao Irmão Friedrich Ludwig Schröder, ex-Venerável Mestre da Loja Emanuel Zur Maienblume (Emanuel à Flor de Maio) e Ex-Grão-Mestre Adjunto da Grande Loja de Hamburgo.

Sendo um maçom de grande prestígio e reconhecidamente um grande conhecedor da história que envolvia antigos rituais da Maçonaria, Schröder estudou a exposure relativa aos autodenominados Antigos de Lawrence Dermott, editada em 1760 com

o título de “As Três Pancadas Distintas”. Do mesmo modo assim o fez com A Maçonaria Dissecada, exposure publicada em 1730 escrita por Samuel Prichard. Também perscrutou um Ritual de autoria do maçom Von Grafe. Essas duas últimas referências eram relativas aos costumes do Modernos de 1717 que pertenciam à Primeira Grande Loja em Londres. É provável também que Schröder tenha investigado a revelação (exposure) concernente aos Modernos da Primeira Grande Loja denominada Jakin & Boaz.

Nos seus estudos ele examinou também os graus conhecidos como “graus superiores” que se proliferaram pela Europa, esses provenientes dos Altos Graus do escocesismo instalados na França, principalmente.

Ainda, como nos ensina o saudoso Irmão Rui Jung Neto, Schröder, que emprestaria seu nome ao Rito, por conta das suas pesquisas, concluiu por abolir dos seus rituais todos os “altos graus”.

Do mesmo modo, erradicou as práticas que se relacionavam com ocultismo e também aquelas revestidas de acentuado misticismo, aspectos que infelizmente povoavam a Maçonaria alemã da época – vide, como exemplos, o Rito da Estrita Observância e a história de Cagliostro (cognome de José Bálsamo), famoso ocultista, charlatão e romântico agitador que deslumbrava a Europa na segunda metade do século XVIII (citação de José Castellani in Liturgia e Ritualística de Aprendiz – em todos os Ritos, página 20)

Com isso, Schröder fez uso - em grande parte - do ritual pertinente à Primeira Grande Loja em Londres (Modernos Ingleses de 1717), fazendo nele adaptações para o idioma germânico, incluindo também aspectos da alta cultura, particularidade bastante acentuada na sua época.

Com isso Friedrich Ludwig Schröder apresentou uma Maçonaria imbuída de união de virtudes e não propriamente uma ordem de aparência esotérica. Destacou o espírito


humanista e preservou, sobretudo, os símbolos dentro de uma razão e lógica de que a verdadeira Maçonaria é aquela pertinente aos três primeiros graus simbólicos e praticados nas Lojas de São João. Há que se destacar também que o Rito Schröder é fruto do Século das Luzes, o que lhe dá sobremaneira uma visão humanística e um viés de racionalidade.

Como dito, sua estrutura simbólica fora montada apenas sobre os elementos primordiais para o alcance do objetivo almejado. É especialmente por isso que o Rito Schröder condensa todos os seus elementos simbólicos num tapete que traz sua estrutura iniciática completa. Esse tapete é estendido ao centro do espaço quando a Loja estiver aberta.

Assim, com sua base ritualística estruturada no ritual dos Modernos londrinos de 1717, o Ritual Schröder traz aspectos reformistas sem perder, contudo, as tradições, usos e costumes pertinentes à Sublime Ordem.

Em linhas gerais, atualmente no Brasil as Lojas do Rito Schröder se baseiam nos rituais que foram traduzidos dos originais e revisados pela Loja Absalom Das Três Urtigas, nº 01, em 1960. Essa Loja, Absalom das Três Urtigas, segundo historiadores, teve a sua certidão de nascimento no ano de 1737, portanto, sob essa óptica, é uma das mais antigas em atividade, estando jurisdicionada à Grande Loja dos Maçons Antigos, Livre e Aceitos da Alemanha.

No tocante a sua questão propriamente dita, a inexistência de degraus na topografia da Loja se dá exatamente em cumprimento a uma das características dos trabalhos da Maçonaria anglo-saxônica, cujos quais não adotam separação do Oriente (por degraus e balaustrada) e nem elevam os espaços destinados às Luzes da Loja (Venerável e Vigilantes). Há que se compreender que os Rituais Schröder foram estruturados, como já aqui mencionado, em grande parte nos trabalhos dos Modernos de 1717 que é de vertente anglo-saxônica.

Comentários à parte, vale a pena mencionar também que primitivamente o próprio REAA (rito de origem francesa), no seu primeiro ritual, datado de 1804 e publicado em 1821 no Guia dos Maçons Escoceses na França, também não adotava nenhum degrau no seu espaço de trabalho. Destaque-se que isso só veio acontecer no REAA pelo advento das hoje já extintas Lojas Capitulares (vide essa história – França século XIX). Abolidas essas Lojas, inexplicavelmente o oriente elevado e a balaustrada acabaram permanecendo no simbolismo do Rito. Outros conceitos doutrinários a partir de então passariam a compor a sua liturgia, fazendo com que o escocesismo adotasse o número de sete degraus nos seus templos como segue: um degrau para o Oriente, três para o sólio, dois para o lugar do 1º Vigilante e um para o 2º Vigilante, totalizando assim sete degraus. O número 7 no escocesismo assumiu alto significado se reportando à Criação e o seu dia, o “shabat” (influência hebraica). Além desse significado, o nº 7 tem relação com a idade simbólica de um grau e com as Sete Ciências e Artes Liberais da Antiguidade.

Entenda-se, contudo, que essas aplicações não se coadunam com o arcabouço doutrinário do Rito Schröder, portanto, nele os degraus não fazem nenhum sentido e é por isso que eles não existem.

Nunca é demais lembrar que o objetivo da Moderna Maçonaria é um só, o do aprimoramento humano, transformando bons homens em homens melhores ainda, entretanto, os ritos que a compõem trazem particularidades culturais, filosóficas e doutrinárias, daí existir entre eles, às vezes, sensíveis diferenças.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

http://pedro-juk.blogspot.com.br

jukirm@hotmail.com

 

 

SET/2020